LIÇÃO 3 - Empreendedorismo
e Gestão Empresarial
e Gestão Empresarial
Olá estudante! Aprender sobre empreendedorismo e gestão empresarial é algo extremamente importante para quem quer ser dono do próprio negócio. Para trabalhar com isso é necessário desenvolver uma mentalidade correta, entender como funciona a organização de um negócio, desenvolver ações e estratégias para a empresa e criar processos que gerem uma rotina produtiva e organizada.
Nesta lição, vamos discutir os caminhos para empreender e organizar o seu próprio negócio. Discutiremos também algumas ferramentas que poderão lhe auxiliar tanto na criação do primeiro negócio quanto na organização e aprimoramento de um negócio existente.
Ao longo do nosso curso você poderá ver a importância de saber gerenciar e desenvolver um software por meio de diferentes processos e métodos. Independentemente de estar como funcionário de uma empresa ou por meio de seu próprio negócio, essas habilidades serão bastante úteis para o sucesso dos seus futuros produtos de software que desenvolverá. Assim, é útil compreender também como podemos planejar o nosso próprio negócio. Quais caminhos posso seguir para criar um negócio e me tornar um empreendedor. Este é, sem dúvida, o sonho de muitas pessoas, mas não é uma tarefa fácil ou simples de ser concretizada.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) sugere que mais de 24% das micro e pequenas empresas no Brasil fecham com menos de dois anos de existência e esse percentual alcança 50%, quando se considera as empresas com até quatros anos de existência. Você consegue explicar por que isso acontece? Esses dados alarmantes lançam luz sob a necessidade de que os empreendedores brasileiros sigam alguns passos básicos ao buscarem empreender e ter o seu próprio negócio (SEBRAE, 2013).
Num outro sentido, temos no Brasil um crescimento exponencial de startups que, mesmo na pandemia, continuou crescendo o número desse tipo de empresa. Você sabe que é uma startup? Bom, você já deve ter ouvido falar sobre elas, mas para não ficar dúvidas, basicamente as empresas do tipo startup têm como característica principal a utilização intensa de tecnologia para auxiliar num problema do cotidiano (ex. Youse) ou propor um novo modelo de negócio (ex. UBER, Airbnb). Assim, quando juntamos as características de um empreendedor com bons conhecimentos em tecnologia, podemos criar boas soluções com grandes condições de serem um sucesso.
Atualmente, é bastante comum concursos de inovação, sejam eles financiados por uma organização do mercado ou pelo próprio governo federal, estadual ou municipal. O objetivo desses concursos são sempre os mesmos, buscar soluções criativas para problemas do cotidiano e, na grande maioria das vezes, a solução criativa passa por uma solução tecnológica, seja um aplicativo móvel, um sistema web ou mesmo um sistema baseado em equipamentos inteligentes (IoT – Internet das Coisas).
Imagine que você vai participar de um concurso de Inovação da prefeitura da sua cidade, mas para participar desse concurso, você precisa organizar a sua proposta de produto inovador. Você quer propor para a prefeitura da cidade um aplicativo móvel que facilite o acesso dos estudantes de nível médio a todos os tipos de benefícios que eles possuem e que a prefeitura fornece (ex. desconto no transporte público, meia-entrada em show/cinema/teatro, descontos em empresas conveniadas à prefeitura, acesso a programas sociais, entre outros). A sua ideia é que por meio desse aplicativo o estudante consiga consultar, solicitar ou cancelar esses tipos de benefícios sem a necessidade de ir em diversos órgãos da prefeitura.
Para realizar o seu projeto é necessário planejamento dos passos a serem seguidos para a sua execução. É necessário identificar os riscos associados a esse projeto, é necessário demonstrar claramente como esse projeto será realizado, quanto ele irá custar e quais benefícios ele poderá trazer para os seus usuários.
Planejar adequadamente uma ideia é o primeiro passo para que você obtenha sucesso e o seu objetivo seja alcançado.
Assim, você deve, inicialmente, pensar no porquê desse projeto. Se você tivesse que justificar o seu projeto para alguém, o que você diria? No caso do nosso projeto para a prefeitura, uma possível justificativa seria: os estudantes passam longos períodos em filas e precisam ir aos diferentes setores da prefeitura para terem acesso aos seus benefícios. Nada pode ser consultado via internet, apenas nos locais em que se encontram os setores responsáveis pelos benefícios nas prefeituras.
Você também deve definir um objetivo para o seu projeto. Por exemplo, o objetivo do nosso Case poderia ser: criar um aplicativo móvel para a prefeitura XYZ que permita o acesso dos estudantes aos seus benefícios sociais. O aplicativo móvel deverá ser finalizado até o final do ano corrente para que no início do próximo ano letivo já esteja disponível para os estudantes. O aplicativo deverá ter um custo máximo de R$50.000,00.
E como benefícios do seu projeto, podemos citar: agilidade na consulta de dados dos serviços sociais destinados aos estudantes da prefeitura XYZ, não necessidade de deslocamento físico até as Unidades da prefeitura e, por consequência, os estudantes terão maior tempo livre para lazer e estudos ao invés de passar longos períodos em filas ou em deslocamento para um local.
Os elementos que citei anteriormente são apenas alguns itens obrigatórios de um projeto que visa o desenvolvimento de algum produto ou serviço. Outros elementos que poderão ajudá-lo a tornar esse projeto algo concreto, como uma empresa, são: o planejamento financeiro e o planejamento de marketing. Mesmo que você vença o concurso de inovação, esse pode ser apenas o primeiro passo para que a sua ideia seja o produto principal de uma futura startup, por exemplo. Você pode oferecer o serviço do seu aplicativo para as prefeituras ao invés de se contentar com apenas uma prefeitura. O que acha?! Uma boa ideia, hein!
Contudo, para minimizarmos os riscos de que tudo isso dê errado, precisamos ter alguns conhecimentos de planejamento e gestão empreendedora. Vamos lá!
Para iniciarmos as nossas discussões, vou apresentar para vocês o PMCanvas©, de autoria do professor José Finochio Júnior. Apesar do PMCanvas ser uma ferramenta utilizada pela Gerência de Projetos, ela pode ser facilmente adaptada para organizarmos a proposta de um novo negócio. A figura 1 apresenta a estrutura do PMCanvas.
A figura é organizada em cinco grupos principais, sendo eles: o grupo do “Por quê?” e envolve a justificativa do projeto, o objetivo SMART e os benefícios. O segundo grupo é “O quê?” e envolve o produto e os requisitos deste produto. O terceiro grupo é o “Quem?” e envolve os stakeholders externos e fatores externos ao projeto e a equipe do projeto. O quarto grupo é o “Como?” e envolve as premissas do projeto, grupos de entrega e as restrições. O quinto e último grupo é o “Quando e Quanto?” e envolve os riscos, a linha do tempo e os custos do projeto.
O primeiro elemento, mas que não está devidamente organizado em nenhum grupo, é o chamado Pitch. Está localizado no topo do modelo e deve identificar o projeto por meio de uma única frase. Se considerarmos o nosso exemplo do aplicativo móvel para prefeitura, poderíamos chamar o Pitch de “Aplicativo móvel para controle de benefícios sociais em Prefeituras”.
A justificativa do projeto deve se referir a algo baseado no passado, pode ser associado aos problemas já vivenciados e que continuam no projeto. O objetivo SMART tem a seguinte estrutura e que justifica o seu nome:
Specific (específicos);
Measurable (mensuráveis);
Attainable (atingíveis);
Realistic (realistas);
Time Bound (temporizáveis).
As cinco palavras do SMART significam que o objetivo do projeto deve ser claro (específico), deve ser mensurável (eu sei qual o tamanho dele), deve ser tangível, ou seja, não pode ser algo impossível ou muito difícil de ser conseguido, deve ser realista e adequado com a realidade em que ele está sendo proposto e deve ter um tempo para ser finalizado. Vou retomar aqui o objetivo do nosso Case para exemplificar para vocês:
Criar um aplicativo móvel para a prefeitura XYZ que permita o acesso dos estudantes aos seus benefícios sociais. O aplicativo móvel deverá ser finalizado até o final do ano corrente para que no início do próximo ano letivo já esteja disponível para os estudantes. O aplicativo deverá ter um custo máximo de R$50.000,00.
Perceba que o objetivo anterior tem todos os elementos SMART que mencionei anteriormente. Os benefícios estão associados aos resultados que se pode esperar daquele projeto e, mais uma vez, retomo o nosso exemplo:
Agilidade na consulta de dados dos serviços sociais destinados aos estudantes da prefeitura XYZ, não necessidade de deslocamento físico até as Unidades da prefeitura e, por consequência, os estudantes terão maior tempo livre para lazer e estudos ao invés de passar longos períodos em filas ou em deslocamento para um local.
O grupo do “O quê?” destaca o Produto, que é o resultado do seu projeto. Por exemplo: aplicativo móvel para a gestão de benefícios sociais. O item Requisitos destaca os elementos que precisam existir para que atenda às expectativas do usuário. Esse item é muito semelhante a uma lista de requisitos funcionais de um software. Exemplo: consultar benefícios sociais; solicitar cancelamento de benefícios; solicitar cadastramento em benefícios; receber notificações nas modificações associadas ao benefício do estudante, entre outros que se aplicam ao aplicativo.
O grupo do “Quem?” destaca os stakeholders externos, ou seja, aqueles stakeholders que não estão sob o controle do gerente de projetos, mas que devem ser listados porque podem influenciar de alguma forma no projeto. Aqui é importante que você se lembre da nossa lição sobre Gestão dos Stakeholders. Destaque também os fatores externos que podem influenciar no projeto, seja positivamente ou negativamente (ex. cenário econômico do país e o setor em que a empresa está envolvida). O item Equipe se refere àquelas pessoas que possuem responsabilidade dentro do projeto e serão os viabilizadores das entregas (ex. programadores, analistas e gerente do projeto).
O grupo “Como?” destaca as Premissas, ou seja, neste item são destacadas as suposições que certamente existirão no projeto e não estão sob o controle do gerente do projeto (ex. data limite que o projeto deverá ser entregue ou o orçamento total do projeto). No mesmo grupo, temos o “Grupo de entregas”. Esse grupo se refere àquilo que o projeto vai entregar. No caso do nosso exemplo de aplicativo móvel para prefeitura, o grupo de entrega pode ser os módulos de funcionalidades que o aplicativo terá (ex. gestão de estudantes, gestão de benefícios e emissão de alertas). Na seção de Restrições, temos que descrever as limitações associados ao projeto, por exemplo, apenas 2 programadores da equipe de cinco poderão participar do projeto ou o orçamento não permite que mais de um analista faça parte do projeto. Sempre associe as restrições às limitações que o projeto tem.
Por fim, no grupo do “Quando e Quanto?”, nós destacamos os riscos do projeto, ou seja, eventos futuros e incertos que podem comprometer o projeto (ex. ausência de patrocinador para o projeto ou, no caso do nosso Case, a não conquista do concurso de Inovação da prefeitura XYZ). Temos também nesse grupo, a linha do tempo do projeto que sugere uma organização temporal das entregas do projeto. Essa linha do tempo pode ser organizada conforme as práticas do XP e do SCRUM, por exemplo, com entregas em no máximo em 30 dias (ex. SCRUM) ou de sete em sete dias (ex. XP). O último elemento são os custos em que devem ser descritos os custos de cada entrega do projeto, como custos com recursos humanos (pessoas) e/ou serviços. Por exemplo, você pode calcular que a hora de trabalho de um programador é de R$50,00, e ele precisará fazer a entrega do primeiro incremento em 7 dias, trabalhando oito horas por dia, conforme sugere o XP, logo temos: (7 * 8) * 50 = R$ 2.800,00 associado ao custo do recurso humano programador para a primeira entrega do projeto.
Para complementar as nossas discussões a respeito da organização de um projeto e de um futuro negócio, apresento para vocês a estrutura do Business Model Canvas (BMC) – Quadro 1, desenvolvido por Alexander Osterwalder.
Perceba que a estrutura é muito semelhante ao PMCanvas©, mas o BMC tem um foco mais voltado para negócios ao invés de projetos e pode lhe ajudar na organização do seu plano de negócios. Posso dizer para vocês que o PMCanvas© ajuda na proposta do negócio enquanto o BMC ajuda no planejamento do negócio. Geralmente, o BMC tem uma maior aplicação em negócios já consolidados e que buscam se organizar internamente e compreender o ambiente externo à organização.
Você como um técnico em Análise e Projeto de Sistemas percebe uma oportunidade no mercado para criar uma startup que forneça soluções tecnológicas para Cidades Inteligentes. Como primeiro passo para viabilizar a sua ideia, você decide utilizar o PMCanvas©. A sua primeira reflexão acerca da proposta de negócio que quer desenvolver é se perguntar o “por quê” você quer desenvolver esse tipo de negócio. Na sequência você reflete sobre o objetivo do seu negócio seguindo a estrutura SMART. Como primeira parte da organização do seu projeto, você define os benefícios que essa organização poderá oferecer a seus futuros clientes.
Num segundo momento, você descreve o produto(s) ou serviço(s) que a sua empresa pretende fornecer e então define os requisitos associados a esses produtos e serviços.
A terceira etapa é definir quem serão os principais interessados nos seus produtos e/ou serviços e quem pode influenciar, positivamente ou negativamente, no seu negócio. Você também deve definir uma equipe que estará envolvida com essa sua proposta de negócio. A equipe são aquelas pessoas que viabilizarão a sua proposta (ex. programadores, analistas, engenheiro de software). Também é importante que você defina as premissas do seu projeto de negócio e as entregas que o seu projeto pretende fazer quando for sendo finalizado (defina as entregas por incrementos). As restrições que envolvem a sua proposta também devem ser identificadas e documentadas no seu planejamento.
Por fim, você deverá estimar os riscos associados a essa proposta, uma linha do tempo em que o projeto poderá ocorrer e os custos associados a essa proposta. Esses são elementos básicos que uma proposta de um novo negócio ou projeto deve conter para ser apresentado a possíveis investidores.
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JÚNIOR, J. F. Project Model Canvas: gerenciamento de projetos sem burocracia. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2013.
OSTERWALDER, A. A Better Way to Think About Your Business Model. Harvard Business Review, v. 6, p. 1, 2013. Disponível em: https://hbr.org/2013/05/a-better-way-to-think-about-yo. Acesso em: 08 jul. 2022.
SEBRAE. Entenda o motivo do sucesso e do fracasso das empresas. Sebrae, [2022]. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/bis/entenda-o-motivo-do-sucesso-e-do-fracasso-das-empresas,b1d31ebfe6f5f510VgnVCM1000004c00210aRCRD. Acesso em: 08 jul. 2022.