A partir de agora, vamos discutir a comunicação de uma maneira integrada, afinal, para que os objetivos de marketing sejam alcançados, tudo o que será feito e falado pela empresa deve ter uma relação e estar integrado. Assim, nesta lição, temos como principal objetivo apresentar e discutir a Comunicação Integrada de Marketing.
E, para isso, apresentaremos sua função, objetivo e como as ferramentas de comunicação são usadas por essa ação. Por isso, fique atento a todas essas informações para que, ao final desta lição, você compreenda e saiba como realizar uma ação de comunicação e marketing de maneira que as propostas e objetivos possam ser atingidos para que tragam resultados lucrativos à empresa.
Para comunicar, é preciso integrar as informações? E se cada meio de comunicação passasse uma informação ao mercado, quais seriam os resultados? Talvez, essas perguntas lhe pareçam comuns e básicas, mas são extremamente importantes para que os resultados das ações de marketing e comunicação de uma empresa sejam alcançados.
Imagine se, na televisão, a empresa falasse algo ao consumidor, e na internet essa informação fosse completamente diferente. Iria confundir, não é? Será que essa ação iria trazer confiabilidade para a empresa, ou poderia transparecer ao cliente uma falta de organização na questão da comunicação?
Nesta lição, discutiremos a importância da Comunicação Integrada nas ações de mercado das empresas, marcas, produtos e/ou serviços. Afinal, comunicar envolve todo um processo, que você já conhece, e que não pode ter falhas, caso contrário, a informação não será entregue da maneira correta ao consumidor. Isso pode vir a comprometer o sucesso das empresas, marcas, produtos e/ou serviços.
As empresas estão enfrentando uma situação de mercado, em que comunicar não é uma escolha, mas sim uma necessidade. A concorrência é grande, o consumidor está cada dia mais seletivo, e as empresas precisam vender, lucrar e manterem-se ativas no mercado.
Mas como isso acontece no dia a dia? Vamos conhecer a história (fictícia) de Lúcia, uma empreendedora que está há muito tempo no mercado e vem enfrentando uma concorrência grande.
Lúcia trabalha com estética, na área de manicure e pedicure. Possui diversos cursos, atendendo seus clientes com qualidade e segurança, além disso, procura atender e oferecer serviços de acordo com as tendências de mercado, como unhas em gel e artísticas. Porém, mesmo realizando diversas ações de comunicação, os resultados não foram aqueles que ela esperava.
Para divulgar seus serviços, Lúcia usa de mídias digitais, como Instagram, Facebook e WhatsApp, além disso, confeccionou panfletos que deixou em locais parceiros como salões de beleza e lojas de roupa. Mas os resultados não foram os esperados, e, além disso, Lúcia percebeu que suas clientes estavam confusas quanto às promoções e à comunicação feita.
Não conseguiam entender o dia certo de cada promoção, o que era ou não serviço da empresa e qual mensagem e imagem Lúcia queria transmitir em suas informações. Devido aos resultados não serem os esperados, ela procurou entender por que isso estava acontecendo.
A primeira ação de Lúcia foi comparar e observar todas as suas ações de comunicação, para entender qual ruído (falha) poderia ter acontecido. Comparando uma a uma, ela percebeu que o problema estava na mensagem.
Isso mesmo, o serviço que ela oferecia não era o que estava “confundindo e afastando” suas clientes, mas, sim, a forma como ela estava falando. Não havia uma integração entre as informações, e cada meio usado dizia uma coisa diferente a suas consumidoras.
No Instagram, Lucia havia postado uma promoção para o dia de terça-feira, com descontos exclusivos para as clientes antigas, no procedimento de colocação de unha postiça decorada, porém, no Facebook, a promoção também era na terça-feira, mas para novas clientes e de outros serviços, alongamento em gel e unhas artísticas.
Por mais que as promoções fossem diferentes, elas eram para o mesmo dia da semana. A falha, aqui, neste caso, foi não criar um cronograma e um plano de comunicação de marketing, integrando os meios e as informações.
Agora, sabendo do problema, estava na hora de arrumar sua comunicação e marketing. E foi o que Lúcia fez, ela planejou, criou objetivos e metas e ficou atenta para que todas suas mensagens estivessem relacionadas e organizadas de forma que não deixassem suas clientes confusas e com dúvidas.
Estamos falando de comunicação e marketing há um bom tempo, não é? E talvez você ache um pouco repetitivo se eu lhe perguntar se você sabe o que é comunicação, mas para que esse momento de estudo seja completo, precisamos discutir um pouco mais sobre esse tema.
Pare para pensar por um instante. O que é comunicação?
Bordenave (2017), um dos grandes autores da área da comunicação, nos diz, em seus estudos, que a comunicação está tão presente em nosso dia a dia que é capaz de ser confundida com a nossa própria vida. E, portanto, ela é uma necessidade básica para o ser humano.
Além disso, a comunicação evolui com o passar do tempo, usando diferentes formas e meios de transmitir as mensagens, tanto entre as pessoas como pelas empresas no mercado. E a comunicação nas organizações?
Sim, precisamos falar desse assunto também, afinal, o marketing trabalha a comunicação entre empresas, mercado e consumidores, em busca de determinados objetivos.
Rocha e Trevisan (2018) afirmam que a comunicação que as empresas realizam, hoje, no mercado, é uma ferramenta muito importante e que deve ser pensada e vista como um diferencial competitivo frente a seus concorrentes para a venda de seus produtos e/ou serviços, ou até mesmo na construção de sua marca no mercado.
É importante ressaltar que, nesse momento, discutiremos a comunicação mercadológica, ou seja, a comunicação de marketing, para que as empresas saibam como traçar suas estratégias no mercado em que atuam. Assim, é preciso compreender que é pela comunicação que as empresas querem informar, persuadir e lembrar seus públicos sobre o que vende (KOTLER; KELLER, 2019).
Você deve entender essa forma de comunicação como uma voz da empresa com o mercado, e que tem o objetivo de dialogar e criar relacionamento com seus consumidores. Além disso, outro ponto que precisamos discutir é que, com a evolução da tecnologia, deixamos de ser apenas consumidores de uma empresa e passamos a ser usuários, e de acordo Rocha e Trevisan (2018, p. 4):
Como usuários, não queremos a chateação de manuais difíceis de compreender, de ligações infindáveis para soluções ou a longa espera por algum produto ou serviço: queremos autonomia. Em contraposição, consumidor é caracterizado como pessoa física ou jurídica que adquire produtos e serviços para consumo próprio.
Desta forma, para que o consumidor de uma empresa, marca, produto ou serviço seja visto e tratado como usuário, é preciso conhecer suas necessidades e oferecer a ele algo além de um produto ou serviço que atenda suas necessidades e desejos de consumo no mercado.
Rocha e Trevisan (2018) apresentam as necessidades que devem ser conhecidas pelas empresas, para que o consumidor seja percebido como usuário, sendo essas a de:
Hospitalidade: o usuário da empresa deve se sentir à vontade nos meios de comunicação da empresa, como site e aplicativo, ou na loja, nos momentos em que está em contato com a marca, produto ou serviço.
Acessibilidade: é preciso que a empresa esteja disponível em todos os lugares e de diversas maneiras, sendo suas informações fáceis, descomplicadas, acessíveis a todos e compreensíveis.
Usabilidade e Integração: realizadas em todas as formas de contato da empresa com seus usuários, desde as mídias online até o ponto de venda.
Entender e trabalhar os consumidores como usuários auxilia as empresas na realização de suas ações de comunicação e marketing com o mercado. E, agora que você já entendeu a importância da comunicação de uma maneira geral, vamos falar sobre a Comunicação Integrada de Marketing.
Vamos partir da ideia de que uma comunicação sempre irá depender da outra, ou seja, é preciso integrar todos os processos e fluxos de comunicação para que a empresa consiga atingir seus resultados esperados no mercado.
Assim, podemos definir a Comunicação Integrada de Marketing como aquela que reconhece “[...] a importância de comunicar a mesma mensagem para os mercados-alvo” (ODGEN; CRESCITELLI, 2007, [s. p.]). É preciso entender que todas as variáveis de marketing comunicam algo ao mercado e consumidor, sendo necessário gerenciá-las.
Observe a Figura 1, apresentada por Kunsch (2019).
Figura 1 - O Mix da Comunicação nas Organizações / Fonte: adaptada de Kunsch (2019).
Pelo Mix da Comunicação nas Organizações, todas as informações são integradas e relacionadas, para que os objetivos propostos no planejamento de marketing sejam alcançados.
Além disso, Lupetti (2014) afirma que a comunicação integrada só acontece quando há um gerenciamento dessas informações e ações, criando relacionamentos com o mercado e seus públicos. E para que essas ações ocorram, a autora divide a comunicação em quatro formas distintas, sendo elas:
Comunicação Institucional.
Comunicação Administrativa.
Comunicação Interna.
Comunicação Mercadológica.
A Comunicação Institucional busca criar uma imagem e identidade de uma marca na mente dos públicos que a empresa tem. É por meio dessa forma de ação que a empresa criará e realizará ações, planejamentos e estratégias para se tornar conhecida, respeitada e admirada por seu público-alvo (LUPETTI, 2014). É nesse momento que a empresa busca conquistar a confiança, a credibilidade e a simpatia de seus usuários. Vamos a um exemplo para que você possa compreender melhor.
Com a Pandemia da Covid-19, diversas empresas deixaram de apresentar e vender seus produtos no mercado e buscaram realizar ações institucionais, incentivando o uso de máscaras, isolamento social e todos os cuidados com a saúde. Nesse momento, o que as empresas estavam fazendo nada mais era do que uma ação institucional, ou seja, estavam “vendendo” uma ideia, um conceito e, com tudo isso, buscando deixar sua imagem e marca positiva na mente de seus públicos.
Já a Comunicação Administrativa envolve toda a comunicação que é realizada dentro da empresa e que irá refletir no atendimento ao público. É por meio dessa forma de comunicação que a organização cria e organiza seus fluxo e rede de comunicações, dentro da empresa, e que auxiliarão na venda de seus serviços no mercado (LUPETTI, 2014; KUNSCH, 2019). Nesse momento, falamos daquela comunicação mais burocrática, como um comunicado do departamento de Recursos Humanos avisando de um recesso de feriado.
Dentro da Comunicação Administrativa, também, encontramos a Comunicação Interna, sendo essa responsável pela troca de informações com o público interno da empresa. É nesse momento que serão realizadas ações para ouvir o colaborador e informá-lo do que acontece ou irá acontecer externamente na empresa. Essa forma de comunicação deve acontecer paralelamente com a circulação normal da comunicação entre os setores da organização.
Imagine a seguinte situação: uma empresa cria uma ação promocional, com diversos produtos com descontos imperdíveis. Divulga em suas mídias digitais, usa meios off-line, como carro de som, panfletos, além de propaganda na televisão, nos horários mais nobres e com maior audiência de mercado. Mas nenhuma informação sobre essa ação é compartilhada com os seus funcionários, e, quando o público chega ao ponto de venda com o desejo de compra, ninguém sabe explicar sobre a promoção. E você sabe o que acontece nesse momento? O consumidor (usuário) vai embora insatisfeito, sendo até capaz de comprar na concorrência para satisfazer sua necessidade e desejo de consumo.
Por fim, a Comunicação Mercadológica, que tem como função e objetivo pensar na promoção dos produtos e/ou serviços no mercado, trabalhando em parceria com a publicidade, propaganda e marketing. É por essa forma de comunicação que todo o planejamento de comunicação da empresa será realizado para que os objetivos sejam alcançados.
Essas informações são confirmadas por Lupetti (2014, p. 19), ao afirmar que “a comunicação mercadológica abrange toda forma de comunicação capaz de atingir um objetivo de marketing, e deve ser elaborada com base no quadro sociocultural do consumidor-alvo”.
Para realizar tais ações, as organizações contam com ferramentas de comunicação, como a propaganda, a promoção de vendas, a venda pessoal, o merchandising, o marketing de relacionamento e digital, entre outros que discutiremos mais à frente em outros momentos de estudo.
Mas será que, apenas, conhecer essas formas de comunicação basta para que a comunicação seja integrada? Com certeza não! É preciso ter e criar um Planejamento de Comunicação Integrada. É por esse planejamento que a empresa apresentará as orientações de como as estratégias de comunicação e marketing devem ser realizadas. Segundo Vasconcelos (2009), um bom planejamento de comunicação integrada deve conter as etapas de:
Introdução: explicação do problema de comunicação a ser resolvido bem como dos objetivos e metodologia.
Situação atual: analisando como está o mercado e o produto (tanto para a empresa quanto para o mercado).
Objetivos de mercado e da comunicação: definir o que a empresa deve fazer para atingir suas metas e objetivos de mercado.
Estratégia – Planejamento: com a definição do público-alvo da campanha, dos canais de comunicação que serão usados, das ações a serem realizadas, o período da campanha e as mídias escolhidas para veiculação das mensagens.
Orientação para a mensagem: quais são os apelos e formas de comunicação a serem usados (institucional ou mercadológica).
Orçamento: resumo dos custos e verbas disponíveis para a campanha.
Conclusão: um resumo do problema e uma defesa das estratégias propostas.
Recomendações finais: apresentação e alerta dos pontos mais importantes do plano.
Com todas essas informações, os responsáveis pela comunicação e o marketing da empresa serão capazes de traçar um plano que atenda às necessidades de mercado. Em resumo, a comunicação integrada não envolve apenas a criação de ações, em conjunto para as ações de marketing com o mercado. É preciso planejar, entender o mercado, conhecer o público e, assim, definir os objetivos e metas a serem atingidos.
Ao final desta lição, você compreendeu como a Comunicação Integrada de Marketing funciona, e sua importância para as empresas. É sim necessário, além de relacionar os meios que serão usados nas ações de marketing, fazer com que as mensagens também estejam integradas, evitando ruídos na comunicação.
Aos profissionais de marketing e as empresas cabe a decisão de como realizar essa comunicação. E o desafio aqui, qual será? Planejar ações de comunicação e marketing de forma integrada, evitando falhas, pois essas muitas vezes acabam afastando o consumidor da marca, empresa, produto e/ou serviço. Com essas ações, a chance de sucesso na comunicação das empresas é maior, além de conseguir um diferencial competitivo frente a seus concorrentes.
BORDENAVE, J. E. D. O que é comunicação. São Paulo: Brasiliense, 2017.
KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson, 2019.
KUNSCH, M. M. K. (org.). Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas. São Caetano do Sul: Difusão, 2019.
LUPETTI, M. Gestão Estratégica da Comunicação Mercadológica. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
ODGEN, J. R.; CRESCITELLI, E. Comunicação Integrada de Marketing: conceitos, técnicas e práticas. São Paulo: Pearson, 2007.
ROCHA, M.; TREVISAN, N. Comunicação Integrada de Marketing. São Paulo: Saraiva, 2018.
VASCONCELOS, L. R. Planejamento de Comunicação Integrada. São Paulo: Summus Editorial, 2009.