* WELWITCHIA MIRABILLIS

 Welwitchia  Mirabillis

No Deserto do NAMIBE

Frederico Welwitsch

Nascido na Áustria, mas escolhendo Portugal como Pátria adotiva, Frederico Welwitsch desembarcou em Lisboa por volta de 1833 e até à sua morte jamais deixou de estar ao serviço da terra lusa, não se poupando a esforços para que os seus sólidos conhecimentos de botânica tivessem aplicação na flora, quer continental e insular, quer, sobretudo, na angolana.

Frederico Welwitsch, ao desembarcar na capital do nosso país pensava seguir depois para os Açores e Cabo Verde, para explorações, a mandado da União Itinerária de Wintemburgo.

Mas, seduziram-no de tal modo os encantos daquele cantinho europeu mesmo debruçado no Atlântico e foi, além disso, tão bem recebido pela Corte, que desiste da viagem e fixa-se em Lisboa.

Iria ele, não como filho de Portugal, mas como português de adoção, seguir os trilhos de um Tomé Pires, de um Garcia de Orta ou de um Padre João Loureiro, que tanto na China como na Índia bastante contribuíram para que fossem os portugueses os pioneiros na exploração das plantas exóticas? 

Nos primeiros tempos limitou-se a percorrer a costa, recolhendo materiais de interesse. Após um anos de adaptação na capital, parte para o “interior”, onde sofre os ataques do clima, tendo perdido muito tempo inativo devido às febres intensas e ao escorbuto. Esteve dois anos no Golungo Alto, donde arrancou para as Pedras Negras.

Voltou a Luanda e em Junho de 1859 saiu para o Sul: Moçamedes, Cabo Negro e Baía dos Tigres.

Quando, numa sua viagem de Moçamedes para Cabo Negro, viu uma planta disforme, de cor cinzenta e escura agarrada às areias escaldantes do deserto e se debruçou sobre o exemplar desconhecido para o mirar curiosamente e já com interesse científico, não poderia supor que entre ele e aquele exemplar exótico, visto por si pela primeira vez, se iria dar como que uma simbiose, uma absorção de identidades. Quem fala hoje, nela, fala no cientista e quem pronuncia o nome do Homem, lembra-se logo das folhas agrestes, da corola seca e rugosa da estranha habitante do NAMIBE, enorme para uma flor, feia e escura, rija e selvagem, mas que atrai irresistivelmente todos quantos pisam as escaldantes areias do deserto de Moçâmedes.

Uma grande anémona das dunas _ assim o terá julgado Frederico que, após a ter submetido a estudo, lhe deu o nome de “Tomboa Angolensis”, em virtude dos nativos da região a denomirarem “tumbo”.

Para além do valor científico desse “aborto do reino vegetal”, como já a apelidaram, não se lhe conhece nenhuma utilidade. Segundo observações feitas, das várias espécies de fauna que povoam o deserto do Namibe, só o rinoceronte acidentalmente mastiga as suas folhas, se apertado pela sede. Mas não as ingere.

Frederico Welwitsch morre em 1872. Passados anos o botânico inglês Dr. J. Dalton Hooker dá à Tomboa Angolensis o nome de welwitchia Mirabillis, em homenagem ao iminente naturalista que a descobrira, estudara e classificara.

Entretanto, o primeiro trabalho de Frederico Welwitsch para Portugal, foi uma estreita colaboração com o Dr. Bernardino Gomes, no Horto Botânico da Escola Médica de Lisboa.

Por volta de 1840 foi Conservador do Jardim Botânico da Ajuda, mas demitiu-se em 1844.

Sentindo-se preso pelas burocracias da época e com as suas possibilidades esgotadas na Metrópole, Welwitsch volta-se para o Ultramar. Em Maio de 1850, em virtude de ter concluído os estudos sobre a Flora Lusitana, oferece-se ao Governo para explorar as Províncias Ultramarinas, o que foi aceite.

Fixaram-lhe um salário de 200$00 mensais, com mais 1.200$00 de subsídio para material e despesas preparatórias. Partiu para Londres, onde adquiriu o material necessário ao trabalho que iria efetuar em terras de África.

Em Agosto de 1853 embarcou para Angola o grande naturalista. Na sua passagem pela Madeira, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, recolheu preciosas coleções, mau grado a escassez de tempo. A 30 de Setembro chega a Luanda onde se instala e elege para sua base de operações.

Considerada a maior descoberta do século XIX, no campo da Botânica, aparece gravada na placa que cobre o túmulo de Frederico Welwitsch, no cemitério de Kensal-Green, na Inglaterra.

Simbiose estranha mas real, dando para sempre o nome do Homem à flor árida do deserto e ligando, indissoluvelmente, o austríaco às terras quentes do sul de Angola !

Rádio ECCLESIA – “memories” - 1954/1975

Além Paraíba/BRASIL – Janeiro/2003 – Lisboa/PORTUGAL


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