TESTEMUNHOS - 02

16º Aniversário


por -

Helder Casimiro Pimentel Pereira



 EXCELENTÍSSIMOS SENHORES

A Emissora Católica de Angola festeja hoje o seu 16º aniversário. Não posso deixar passar esta oportunidade sem expressar todo o meu reconhecimento a quantos por meu intermédio tendes anunciado nela os vossos produtos e atividades.

A todos estou grato e a todos espero continuar a servir de intermediário nas vossas campanhas publicitárias.

Não posso igualmente deixar de testemunhar o meu profundo reconhecimento a Rádio ECCLESIA pelo apoio que sempre me tem dispensado Desejo, de modo muito particular, entre em funcionamento quanto antes o Novo Centro Emissor que ergueu e equipou na 7ª Avenida da Zona Industrial, para que a sua voz chegue nítida e benfazeja a todos os recantos desta Angola portentosa.

Luanda/8/1970.       

Helder C.P. Pereira - (fal.)

 

O meu último abraço...  

 

Joaquim Duarte - 1995 

 Desde o ano distante de 1973, na Messe de Oficiais da Força Aérea, em Luanda, aquando da minha despedida, que eu sempre supus ser até breve, o que não veio a acontecer, deixei de ter contacto com o Pe. José Maria Pereira, meu querido Diretor na Emissora Católica de Angola.

Soube, entretanto, pelo comum amigo Belo Marques, que o Pe. "Zé Maria" tinha estado em Lisboa há anos e que brevemente voltaria mas para regressar sempre ao Brasil, onde resolvera dedicar-se a uma obra social.

Em Agosto do ano passado, o Pe. Zé Maria escreveu-me uma carta, dando-me conta que estaria nas Termas de Monte Real, onde o procurei, "baldamente", porque já se tinha retirado. Mas, encontrei-o depois, antes do seu regresso, em Fátima, no Santuário, no dia da peregrinação daqueles que estiveram no Ultramar, integrado na procissão que acompanhou a Virgem até à Capelinha das Aparições.


Acenou-me duas vezes e com que alegria os nossos olhos voltaram a brilhar de contentamento. Eu era amigo sincero do Pe. José Maria. O Pe. José Maria era meu amigo sincero. Fora em Angola que nos conhecemos, ainda nos tempos da Rádio ECCLESIA, no Seminário, na estrada de Catete.

Nos momentos fugazes que se seguiram ao abraço de reencontro, o amigo voltou a fugir-me, porque outros, como que impelidos por uma força demolidora, quase o obrigaram a seguir os seus passos.

O Pe. "Zé Maria" ainda esbracejou levemente. Custava-lhe voltar-me as costas. Disse-lhe que voltaria a procurá-lo mais logo, e ainda o vi, ao longe, mais uma vez e agora para sempre!

Os tempos distantes da Calçada de Santo António perdem-se já na saudade. A sua figura de Paz, de Bondade, de pronta ajuda, ficará connosco até ao novo reencontro que, desta vez, tenho a certeza já ninguém nos separará.


Aveiro, 20 de Fevereiro de 1993 Joaquim Duarte - falecidoo.o.o.o.o.o.oRádio Ecclesia - "memories" Por gentileza de: Inocêncio Pereira"Um Benemérito de Angola"-1995  o . o . o . o . o . o . o

 Há já algumas décadas que vivo ligado à Rádio, a par de servir na Imprensa. Passei por várias Emissoras e conheço algumas das melhores de Portugal (com Moçambique incluído).

Comparativamente, tenho de afirmar que o volume de trabalho, a qualidade radiofónica que apresenta, a programação que oferece, a produção que serve os

auditores e tudo o mais que os ouvintes não podem observar "in loco" dão à EMISSORA CATÓLICA credenciais de grande estação !...

Mantendo-se, presentemente, 24 horas (todos os dias) no "ar", a RÁDIO ECCLESIA cumpre muito bem a sua missão. A diversificação dos seus programas (vivos ou de cabina); a miscelânea em música, palavras e publicidade que preenche o seu programa tipo; a disciplina horária que a si própria impôs dão à Emissora Católica todo o cunho de uma estação cheia de movimento e que é recebida com geral agrado .


Servia na Rádio Pax, na Beira/Moçambique, quando escutei, pela primeira vez, um programa especial da Rádio ECCLESIA, de Luanda. Ainda hoje me recordo dele. A partir de então, jamais deixei de acompanhar, de perto ou de longe, a Emissora Católica de Angola.

Naturalmente que sou seu ouvinte, sempre que posso escutar rádio. E não sei que mais admirar: se o esforço que ali se faz para corresponder ao interesse e à confiança dos muitos milhares que lhe dão recetividade, se a fidelidade de uns tantos (a maioria) e a junção de outros novos simpatizantes e amigos, que acabam por se tornarem dedicados à causa daquela casa, que além de servir o comércio e a indústria serve o público e a Igreja !...

Mais, muito mais poderia acrescentar, mas o espaço tem se ser compartilhado...

... não me interroguem quem sou, donde vim e para onde vou...

Sou português,

estou ao serviço da comunidade...

... sempre com Deus e com a Família ...


Rádio ECCLESIA " memories "1970Zé de Gaia - falecido

PAIXÕES … RÁDIO…LEMBRO-ME…


Emílio Guilherme Cosme

Luanda, Angola, Rádio ECCLESIA. Lembro-me. Alguém disse que é de nos lembrarmos que existimos e que tudo à nossa volta, volta. Por isso, lembro-me. Estive lá, estive cá, sem os holofotes dos famosos. Simples de explicar. Eu era o de rapaz da caneta. O escriba. O que batia palavras nas tec...las. O que imaginava rádio a matraquear a Remington. Eu era o que estava dentro e fora do estúdio. Quase na sombra, na retaguarda. Era o tal que não se via. É verdade que os outros também não. Mas eles brilhavam por aparelhos de som. Tinham microfones na boca. Modulavam formas de dizer. Faziam-se ouvir. Logo, eram vistos. Eram vistos pela voz. Eu não. Mas, no fundo, eu estava com eles, eles estavam comigo. E até fomos cúmplices, malandros nas brincadeiras, bons companheiros, espertos rapazes. Estivemos todos na rádio, na mesma estação, nos “sixties”. Sabem o que eram os “sixties”? Claro que sabem: contracultura, revolução, Beatles, Rolling Stones, excessos de drogas, extravagâncias de roupas, “Proibido, Proibir”, independências, racismos, sexismos em causa. E foi então num palco assim, que experimentei na ECCLESIA, e logo na ECCLESIA, o ferrete da …

Aconteceu no “Equipa Um”, programa de Carlos Brandão Lucas. Aconteceu manhãzinha, minutos depois das oito, que um censor bem atento, de ouvidos colados na ECCLESIA, não gostou de um certo texto. Era meu. Passava ao lado do asfalto, ignorava a cidade branca. Metia-se pelo musseque, falava da cidade negra, dessa Luanda da areia, pobre, rota, miserável. Óbvio que o verbo do texto não desaguava na praia do “politicamente correto”! Mas melhorava (piorava) com o som: vozes exaltadas, resmungos das “senhoras-donas”, choros de crianças com fome, tudo entrelaçado por Zeca, Sérgio Godinho e Fanhais “vemos, ouvimos e lemos…” Resultado: programa encerrado. Nem mais um pio, por um mês. Quanto a mim, mandaram-me escrever para longe. 



“Exportaram-me” para Novo Redondo, como se fosse um pária. Finalmente, dizer mais duas coisas. Não foi a ECCLESIA a calar, a encerrar o “Equipa”. A emissora passava tudo? Claro que não! Não não dava tempo a sem-vergonhas, não favorecia notícias género “filho matou a mãe e guardou-a no frigorífico”. Era uma rádio católica, dava-se a um certo respeito, usava de um certo crivo. Mas, curiosamente, o seu crivo tornou-se largo. Ao “inventar” produtores independentes, ao vender-lhes “tempos de antena”, a emissora abriu-se a pensamentos, ideias, programas que viriam a desafiar limites tacanhos, muito burros da censura! E a ECCLESIA só ganhou com o desafio! Tornou-se rádio referência. Primeira a trabalhar sem dormir. Primeira em toda a Angola com programas “tecnicamente muito bons, intelectualmente intocáveis, esteticamente admiráveis”... Ouvi, li isto, lembro-me. E alguém disse que é de nos lembrarmos que existimos e que tudo à nossa volta, volta…

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Emílio Guilherme Cosme




* * * 



Emílio Guilherme Cosme

Perto do mar

Pés na areia

Perdidos em grãos

Ao longo do sol!

Ali, no remanso da onda,

Quando a tarde era tarde

Em água de pez,

Morria a gaivota

Ave negra

De asas caídas…

Ali, quando o sol era sangue,

E o tempo parecia cansado

Senti eu, no rumor do mar,

No hirto silêncio da praia,

Uns pés parados a andar

Uns pés a quererem voar!

E ao sentir assim, afiei os olhos e vi,

Vi no céu uma mão

Um dedo a escrever nas nuvens,

Sobre pés sós, muito sós,

Um puro, sensível e simples,

Um exaltante poema!

 

Em Angola inteira o momento foi vivido com igual emoção, graças à arrojada iniciativa da EMISSORA CATÓLICA DE ANGOLA que, heroicamente _ é bem o termo _ decidiu, com meios mais que mínimos, enviar a Houston o autor destas linhas e um dos melhores locutores angolanos - Luís Pereira Venâncio - que da própria base de Houston, fizeram a cobertura integral do acontecimento chegando ao ponto de poder utilizar os microfones da Voz da América, numa saudação ao mundo, onde se fala a língua portuguesa!

Foram momentos de grande tensão pela escassez de meios ao nosso dispôr... Nas ligações intercontinentais tivemos dificuldades incríveis! Foi graças apenas à solidariedade humana, à boa vontade da Compª Portuguesa Rádio Marconi, dos Correios de Angola e de Portugal, que as reportagens foram efectuadas "em cima da hora". Momentos de indescritível ansiedade, como por certo adivinha, viveram estes dois elementos, num período em que todas as linhas estavam saturadas, onde a simples palavra Angola punha as telefonistas em sérios embaraços, por, na sua maioria nem saber onde ficava a terra, que língua ali se falava, etc.

Seja como fôr, RÁDIO ECCLESIA, por intermédio do seu programa "Luanda__69", marcou presença, honrosamente, no histórico momento em que o homem pôs o pé na Lua!

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 Rádio ECCLESIA ___"memories" 1970

 

Foi precisamente o conhecimento do interesse que o autor destas linhas mantém por tudo quanto diga respeito em geral à Ciência e à Técnica, e em especial a quanto se prenda com o Espaço, suas fases de conquista, seus problemas constantes, etc., que levaram o programa "Luanda ___ 69", da Rádia Ecclesia-ECA, a convidar-nos para uma das mais honrosas - ainda que muito difíceis - reportagens: A primeira viagem do homem à Lua!

Em Julho de 1969 o mundo viveu horas de enorme expectativa. Três homens, semelhantes a todos nós, vogavam no espaço a caminho da Lua, e faziam-no com surpreendente facilidade e eficiência.

Seguiam-se horas de repouso, horas de trabalho dentro da nave, horas de transmissão de programas divulgativos de televisão. E quando depois de várias circunvoluções em torno da Lua, o módulo de serviço e o módulo lunar se prepararam, ficando cada um independente e em breves minutos a nave que devia pousar pela primeira vez na história, noutro planeta, com homens a bordo, executou sua manobra com incrível perfeição e tocou a superfície lunar, ouvindo-se a voz calma de Neil Armstrong anunciar que a águia havia pousado na base da Tranquilidade, o mundo inteiro emocionado, mal se apercebendo da grandiosidade do momento que vivia naquele instante!

 

 OBSERVATÓRIO DA MULEMBA

 

 Bettencourt Faria - (fal.)  

Durante mais de dez longos anos o Observatório da Mulemba, centro privado de investigação espacial, em Luanda, tem procurado, no seu sector de divulgação cultural, emitir, através de vários programas da EMISSORA CATÓLICA DE ANGOLA e de outras emissoras de radiodifusão, informações actualizadas sobre o que no mundo se vai passando, nos ramos a que se dedica. Milhares de fiéis ouvintes têm assim colhido, de forma condensada, mais exacta, elementos preciosos que de outro modo, por certo, não poderiam alcançar.