Segundo o estudo “Benefícios Econômicos do Saneamento Brasileiro”, apresentado pelo Instituto Trata Brasil e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), seriam necessários mais de R$ 18 bilhões para universalizar o sistema de saneamento básico na Bahia.
Fora as dificuldades de obtenção destes recursos, principalmente devido a crise que por hora se abate sobre a nação brasileira, maior desafio ainda é e tem sido, a aplicação eficiente de recursos, que vão se perdendo pelo caminho até a efetiva finalização dos projetos. Conforme a CEBDS, apenas 5% a 10% dos recursos chegam ao destino final.
Em Salvador, segundo a EMBASA, nos últimos anos, 2,5 milhões de pessoas foram beneficiadas com novas ligações de esgoto instaladas. Desde 2007, como principal executora do Programa Água para Todos (PAT), do governo do estado, a Embasa assegurou recursos para investimentos superiores a R$ 8 bilhões e até 2014 havia alcançado abrangência em 364 dos 417 municípios baianos.
Convém, entretanto, observar que a viabilidade de implantação destes serviços de saneamento pela EMBASA só é possível mediante subsídios cruzados, sendo que principalmente a receita do município de Salvador é que permite tal expansão.
Em Salvador, a Embasa afirma estar investindo R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 354 milhões em abastecimento de água e R$ 857,6 milhões em esgotamento sanitário. De 2007 a 2014, afirma haver implantado cerca de 200 mil ligações intradomiciliares de esgoto, mantendo uma média de 2.300 ligações executadas por mês.
Apesar de tais investimentos, as áreas sem ligações domiciliares à rede do Bahia Azul[1], também denominadas de “trechos críticos” crescem ano a ano. Se em 2006 eram por volta de 18, hoje ultrapassam uma centena.
O que se infere destes dados, portanto, é que a média de 2.300 ligações por mês é inferior ao número de novas ocupações irregulares. Certo que para universalizar o esgotamento sanitário é necessário também cuidar de outros aspectos como, sistema viário, limpeza pública e drenagem, dentre outros fatores.
Fora isto, também pode-se considerar a necessidade de mudanças na legislação, que restrinjam a instalação do abastecimento de água aos domicílios que possuam ligação à rede de esgoto.
O Brasil distribui, diariamente, cerca de 44 milhões de metros cúbicos de água, sendo que apenas 5 milhôes são coletados pelas redes e retornados ao meio ambiente com tratamento adequado. Em consequência, pode-se afirmar que cerca de 39 milhões de metros cúbicos de esgoto são despejados in natura, no solo e nos cursos d’água.
Tal fato tem um efeito avassalador no meio ambiente, principalmente nos recursos hídricos e reflete-se nos mais variados setores da sociedade, com impactos diretos na economia e na saúde pública.