III - Racionalidade argumentativa e filosofia

Argumentação e lógica formal

Argumentação e retórica

Argumentação e filosofia

«A lógica e a argumentação são áreas filosóficas fundamentais e transversais em relação ao conhecimento humano de maneira geral (e não apenas às chamadas ‘ciências sociais e humanas’), e absolutamente nucleares para a formação de um espírito crítico, dialógico e construtivo nos nossos jovens (e quiçá filhos e/ou familiares) e futuros concidadãos. São-no de uma forma incomparavelmente bem mais marcante e decisiva do que aquelas com que a matemática e as disciplinas tecnológicas, para as quais está virada hoje em dia a atenção dos media e de alguns sectores de relevo na nossa sociedade, contribuem para o efeito. Acresce que o ensino da lógica e da argumentação parece ser igualmente essencial para uma formação abrangente nas competências necessárias à própria frequência dos cursos tecnológicos, como alguns especialistas da didáctica destes têm vindo a sugerir nos últimos anos, talvez sem o impacto merecido. Mas uma apercepção clara destas ideias por parte dos agentes e instituições com responsabilidades na planificação e organização curricular do ensino secundário em Portugal, ainda não teve a expressão e alcance há muito esperados pelos filósofos directamente interessados pelo assunto.”

In «Prefácio», - O lugar da lógica e da argumentação no ensino da filosofia, Faculdade de Letras, Coimbra, 2010.

O poder da palavra

“Não há uma receita infalível para um bom discurso político, mas, segundo José Manuel dos Santos, (…), é sempre um bom princípio seguir as dicas dos clássicos. "Um discurso político tem de ter as três dimensões que Aristóteles apontava na 'Retórica': pathos (a capacidade de tocar nos sentimentos), ethos (a credibilidade, autoridade de quem fala), logos (argumentação, racionalidade). Tirando isso, não há uma receita." Para nos ficarmos pelos clássicos (e para equilibrar gregos e romanos), recorde-se que, segundo Cícero, um bom discurso deve cumprir três propósitos: docere (ensinar), delectare (agradar), movere (comover, afetar emocionalmente).”

Filipe Santos Costa , in Expresso, 7 de setembro de 2014