2. OLHAR

Observamos com os cinco sentidos para conhecer a realidade que nos rodeia e trazê-la para o nosso cérebro e coração. No entanto, também precisamos ser observados, escutados, cuidados, para seguir em frente. Olhamos para os nossos colegas, para os nossos alunos, para as famílias dos nossos colégios, e às vezes, sem perceber, condicionamos a sua energia, alegria, autoestima e até mesmo a sua fé. Olhamos para Deus, e, às vezes, esquecemo-nos de que cada um de nós é importante porque Deus está sempre a olhar-nos, a ouvir-nos e a cuidar-nos.

O olhar tem o poder de nos mudar. Temos de aprender a olhar. E, em primeiro lugar, a olhar para nós mesmos, com as nossas fraquezas e riquezas, mas, acima de tudo, como filhos de Deus, que nos olha com o Seu Amor.

E como olhamos para o outro? Quando olhas para um aluno com carinho, estás a incentivá-lo a crescer. Quando olhas para um novo colega com empatia, estás a ajudá-lo a apaixonar-se pelo seu trabalho. Quando o teu olhar para uma família é de compreensão, estás a encorajá-la a juntar-se à equipa como comunidade. Como é doloroso quando nos olham com desconfiança ou desdém!

Mas o olhar também tem que ir mais longe. Olhar para o mundo ao mesmo tempo com compreensão e com sentido crítico. Não podemos estar no mundo e olhar para o lado, fazendo de conta que não vemos,  diante de situações de injustiça. E se nós não o fizermos, os nossos alunos também não o farão; temos que aprender a olhar para que eles também o façam: um olhar que leve à ação e não se contente com o queixume e a lamentação.

Os nossos centros e os nossos colégios, não são bolhas; estão no mundo, numa cidade,  numa vila, num país. Como é que os nossos colégios observam a sociedade que os rodeia? São estruturas capazes de aprender com a sociedade, ou são bolhas isoladas cada vez mais distantes da vida da comunidade?

E como é que a sociedade olha para os nossos colégios? Compreendem-nos? Desejam-nos? Olham-nos como parte deles? Se não melhorarmos esse olhar, estamos destinados a ficar sozinhos.

Olhar é diferente de ver. Olhar tem uma intencionalidade. Um olhar que acredita nas pessoas fá-las melhores. Um olhar empático com o mundo leva à ação. Mas não olhamos apenas com os olhos; olhamos com todos os sentidos: direcionamos nossos olhos, os nossos ouvidos e a atenção de todo o nosso corpo. E o olhar também é escuta. Uma escuta ativa com todo o nosso ser: com a nossa visão, a nossa audição, os nossos gestos, a nossa palavra, numa conexão autêntica que dá protagonismo e confiança à pessoa ouvida: "durante alguns minutos, 100% de mim está contigo, porque tu és o mais importante neste momento".

A nossa tarefa neste assunto é educar o olhar dos nossos professores, dos nossos diretores, dos nossos alunos e dos nossos colégios na totalidade. Um olhar que os enriqueça interiormente, que semeie esperança e transforme o mundo.