É comum os professores darem aos seus alunos trabalhos que envolvem a pesquisa de informação. Habitualmente os alunos procuram a informação que precisam para abordar o tema em livros ou na Internet, sendo esta última cada vez mais frequente. No entanto o processo de pesquisa de informação não é tão simples como pode parecer à primeira vista. Fazer um trabalho de pesquisa bem feito exige trabalho, dedicação e a aplicação correta de várias técnicas e procedimentos.
De um modo simplificado para fazer um trabalho de pesquisa é necessário:
Saber em que consiste o trabalho, ou seja, qual é o meu problema, ou a minha pergunta de investigação,
Saber qual é a informação necessária, como e onde encontrar essa informação,
Perceber o significado da informação que encontro e saber se essa informação está correta e se serve para o que eu quero,
Comparar a informação de várias fontes fontes, tendo em conta o que eu sei e o meu problema,
Organizar as ideias e comunicá-las a uma audiência (pessoas que vão ler o que escrevo ou ouvir o que eu digo).
Saber e fazer tudo isto não é fácil, pelo que é preciso recorrer ao apoio do professor e do professor bibliotecário. Um trabalho de pesquisa bem feito deve contar sempre com o apoio do professor bibliotecário, para além do professor da disciplina em que é feito o trabalho. Em seguida iremos explicar de modo resumido as oito fases de um trabalho de pesquisa, segundo o modelo do processo de pesquisa de informação (ISP - Information Seek Process) e a investigação orientada (Guided Inquiry). O modelo ISP é um modelo teórico criado pela investigadora Norte Americana Carol Kuhlthau. Este modelo tem sido testado e melhorado por Kuhlthau e por outros investigadores ao longo de mais de 30 anos. A investigação orientada, mais conhecida pelo nome inglês Guided Inquiry, é um método de trabalho baseado no ISP mas que usa técnicas, instrumentos e processos próprios. A investigação orientada desenvolve-se ao longo de oito fases que iremos explicar a seguir.
Como fazer um trabalho de pesquisa?
Abertura - serve para pensares no que já sabes, com o que te preocupas, e o que tens mais curiosidade em saber acerca do tema geral (que normalmente é dado pelo professor). ["porque é que este tema, ou questão, merecem ser estudados?" Como é que a pesquisa se ajusta ao meu mundo? Porque é que isto é importante? o que é que para mim é convincente sobre a investigação? Porque é que isto interessa?]. Deves conversar com outras pessoas acerca do que te interessa.
Imersão - serve para criares um conhecimento de fundo sobre o tema geral (ou seja, para ficares com uma ideia geral sobre o tema dado), e para descobrires ideias interessantes. Deves conversar com outras pessoas acerca do tema geral. Nesta fase deves começar a fazer um diário de pesquisa onde deves escrever pequenas reflexões no final de cada atividade. O diário irá acompanhar-te até ao final da pesquisa.
Exploração - serve para entrares dentro do assunto que estás a tratar, participando nas atividades propostas pelo professor (exemplo: visitar um museu, ler um texto, ver um vídeo, etc.). Depois de participares na atividade proposta pelo professor deves trabalhar com os teus colegas, discutindo os temas principais, conceitos, e ideias que te inspiram, que te perturbam, ou que captaram a tua atenção na experiência de imersão. Podem fazer uma lista, uma colagem, ou uma representação gráfica para registar as ideias à medida que as discutes com outras pessoas.
Identificação - serve para identificares o foco, ou seja, para saberes exatamente o que vais investigar. Antes de iniciares as sessões trabalho desta fase deves rever o teu diário de pesquisa e sublinhar o que achares interessante. Nesta fase deverás agrupar as ideias que estão no diário em torno de uma ideia agregadora. Quando encontrares ideias que não encaixam nessa ideia agregadora, deves criar uma nova ideia agregadora até teres três ideias agregadoras. Para encontrares as ideias agregadoras deves usar um diagrama de aglomerados. Depois irás usar um diagrama de identificação para te ajudar a criar uma questão de investigação. Nesta fase deves começar a registar as fontes de informação que poderão ter interesse na ferramenta registos que faz parte do diário de pesquisa.
Recolha - serve para reunires informação importante e para ampliares e aprofundares o teu conhecimento. Nesta fase irás recolher informação detalhada a partir de diversas fontes interessantes para aprenderes sobre a questão de investigação. Nesta fase deves aprender e aplicar:
como aplicar estratégias de pesquisa,
como realizar uma pesquisa compreensiva,
como usar diversas fontes com diversos média,
quais são os critérios para avaliar diferentes tipos de fontes,
a definir uma estrutura para gerir a recolha de informações úteis (exemplo: citações, Bibliografia, etc.)
quais são as estratégias chave para informação importante nas principais fontes,
como determinar a importância da informação,
a compreender quando parafrasear e quando fazer citações textuais
o que se deve incluir num resumo,
como interpretar,
como expandir o que está no texto.
Sobre o que ainda não souberes destes 11 itens deves pedir ajuda ao professor bibliotecário.
Criação - serve para refletires sobre o que aprendeste, indo além dos factos para perceber o sentido, para criares, organizares e comunicares a tua aprendizagem numa apresentação criativa. Nesta fase irás criar os produtos de acordo com o que foi combinado com o teu professor.
Partilha - serve para aprendenderes com os teus colegas e eles contigo, partilhando a vossa aprendizagem, em que cada um conta a sua história. Nesta fase partilhas os produtos que foste desenvolvendo durante a fase de criação. A comunicação oral, normalmente com recurso a um suporte visual é uma componente importante da partilha.
Avaliação - serve para avaliar até que ponto é que as metas de aprendizagem foram alcançadas, para refletir sobre o conteúdo e sobre o processo. Nesta fase avalias o que aprendeste sobre o tema e sobre a forma de fazeres trabalhos de pesquisa. Para fazeres a tua avaliação irás basear-te nas rubricas, de acordo com o que foi combinado com o professor.
Nota informativa para professores e professores bibliotecários: se está interessado(a) em aprender a aplicar este método poderá contactar Simão Lomba.