Sabendo que a nossa saúde depende directamente daquilo que comemos, urge abordar a obesidade como um grave problema de saúde pública que requer uma intervenção a curto prazo. A solução passa por todos nós, técnicos de saúde, pais, educadores, responsáveis pela alimentação nas escolas e, de certa forma, toda a sociedade em geral.
A Organização Mundial de Saúde define obesidade como uma doença em que o excesso de gordura acumulada pode atingir graus capazes de afectar a saúde. Assim sendo, pode ser definida como uma doença crónica, de causas variadas, constituindo uma ameaça para a saúde e um importante factor de risco para o desenvolvimento e agravamento de outras doenças.
Segundo a mesma organização se não intervirmos rapidamente sobre a obesidade, mais de 50% da população mundial será obesa em 2025.
Em Portugal, nas crianças dos 7 aos 9 anos de idade, a prevalência da obesidade é de cerca de 31,56% (Direcção Geral de Saúde, 2005). Constatando esta situação, temos que tentar inverte-la, dando condições às nossas crianças para um crescimento tranquilo e harmonioso sem, contudo, sermos muito rígidos, tendo sempre em conta as diferenças e a individualidade de cada um.
Após o nascimento, a alimentação mais saudável é conseguida através da amamentação, sendo o leite materno o alimento mais completo em termos de nutrientes, encontrando-se sempre à temperatura ideal e sem perca de tempo na sua confecção, salientando-se também os laços que se estreitam na relação mãe/filho.
Com a introdução dos alimentos, devemos ter em conta que uma dieta variada e equilibrada mas pobre em gorduras, permite um desenvolvimento saudável das nossas crianças. Ao longo do dia os alimentos devem ser distribuídos em seis refeições diárias tendo em conta que a bebida de eleição deverá ser sempre a água. Paralelamente a uma boa alimentação, deverão as nossas crianças praticar exercício físico regular. Este exercício deverá ser feito, no âmbito escolar, e também na família, pois trará a esta todos os benefícios, não só do exercício físico, mas também do tempo em que passam efectivamente juntos.
É de extrema importância que a família esteja atenta à publicidade enganosa transmitida durante os programas infantis, em que todas as guloseimas são passadas aos olhos das nossas crianças prometendo-lhes,”serem os maiores”. Ajudarem as nossas crianças a serem críticas em relação à publicidade é com certeza prepará-las para o futuro.
Um principio também muito importante, diz respeito à compra dos alimentos já embalados, que, para além de se verificar os prazos de validade seja também prática frequente a leitura das calorias e aditivos a que o produto está sujeito e só depois decidir se vale mesmo a pena adquiri-lo.
Sabendo que as nossas crianças passam muito tempo nos infantários e escolas e fazendo também aí várias refeições por dia, cabe a estas instituições oferecer o que é nutricionalmente correcto para cada criança atendendo à sua fase de desenvolvimento. Manter a sopa como prato essencial e, garantir que as crianças a consumam, nomeadamente as mais velhas (1º, 2º e 3º ciclo), é sem duvida uma atitude correcta em termos nutricionais. Deverão também, os alimentos mais saudáveis terem uma apresentação mais apelativa,”os olhos também comem”, sendo facilitado o seu consumo, estimulando a vontade de os consumir novamente. É também importante que as escolas incentivem os alunos a serem intervenientes na sua própria alimentação, para que a vejam como parte integrante, facilitando a adopção de uma alimentação saudável.
Às associações recreativas cabe o papel de incentivar actividades ligadas à prática do exercício físico para todas as idades, promovendo o contacto dos mais novos com os mais velhos, facilitando as relações e promovendo a inter ajuda.
O Centro de Saúde tem como função entre outras, facilitar informação adequada através de sessões de educação para a saúde, ou outras estratégias, para a sensibilização dos mais jovens, e de todos aqueles que lhes estão directamente ligados, quer sejam pais ou educadores.
Somos todos responsáveis. Como tal, deveremos contribuir eficazmente para o desenvolvimento harmonioso das nossas crianças e jovens, permitindo-lhes usufruir de um futuro mais saudável.
Comer bem significa dar qualidade ao nosso futuro.
Enf. Regina Ferreira
Pós – Licenciatura em Enfermagem de Saúde Comunitária
Centro de Saúde de Tábua