As doenças mentais têm sido reconhecidas como uma preocupação significativa de saúde pública e uma das principais causas de incapacidade a nível mundial, particularmente com a perda de anos produtivos da vida do doente (Singh et al., 2022). O relatório Global Burden of Disease (2019) destaca um aumento de cerca de 80 milhões para mais de 125 milhões à escala mundial de anos de vida perdidos atribuíveis às perturbações mentais (Singh et al., 2022). As questões individuais, sociais, culturais, políticas e económicas são determinantes fundamentais para o bem-estar mental. As doenças mentais podem, por sua vez, contribuir para a deterioração da saúde física e um crescimento social e económico mais fraco de um país. Importa salientar que não possuir uma boa saúde mental tem consequências sociais, pessoais e económicas adversas e profundas a longo prazo.

Neste sentido é importante a prevenção e promoção da saúde mental. Para tal, foi concebida, pelo psicólogo Leonardo Abrahão, uma Campanha, em janeiro de 2014, quando profissionais de saúde da área de psicologia de Uberlândia, Minas Gerais no Brasil, saíram às ruas, foram às instituições e aos meios de comunicação social da cidade para falar às pessoas sobre a Saúde Mental, a Saúde Emocional, o significado da vida, qualidade de vida e harmonia nas relações humanas. Desde 2014, Janeiro Branco tem vindo a consolidar-se como a maior campanha do mundo em prol da construção de uma cultura de Saúde Mental na humanidade. Profissionais das mais variadas áreas, instituições sociais, políticos, artistas, líderes religiosos e cidadãos sensíveis à causa abraçaram a Campanha e a sua proposta para a psicoeducação das pessoas. Esta Campanha chama à atenção para o facto de muitas pessoas confundirem a saúde mental com a doença mental, contudo, alerta para a ideia de que possuir uma mente saudável não está relacionado com a ausência de qualquer doença, mas com uma série de fatores que implicam diretamente o sentimento de se sentir bem. Em suma, ter saúde mental significa estar bem consigo próprio e com os que o rodeiam, saber lidar e aceitar não só as exigências da vida, mas também as emoções, sejam elas boas ou desagradáveis, e reconhecer os seus limites, procurando ajuda quando necessário.

Afinal de contas, porquê Janeiro Branco? Bem, já existem outras campanhas que utilizam cores diferentes, certamente entre as mais recordadas estão o Setembro Amarelo, o Outubro Rosa e o Novembro Azul, e todas as cores foram escolhidas para se referirem a algo que simboliza a campanha. Janeiro refere-se ao início de um novo ciclo, uma vez que é o primeiro mês do ano em que as pessoas estão mais emocionadas e cheias de planos e objetivos. E, como numa 'folha ou painel em branco', todos podemos ser inspirados a escrever ou reescrever as nossas próprias histórias de vida", pois quem se preocupa com a mente cuida da vida. A Campanha Janeiro Branco pretende chamar a atenção da sociedade e dos profissionais de saúde para a importância das questões relacionadas com o universo da saúde e, especialmente, para as questões envolvidas nos cuidados de saúde mental. Com um enfoque reflexivo, a Campanha realiza-se em janeiro, porque, cultural e simbolicamente, o mês traz um significado de renovar esperanças, projetos pessoais e planos de vida, um “renascimento” que estimula o mais sensível que a Campanha procura.

Vamos fazer o que é importante pela nossa saúde mental!

Singh, V., Kumar, A., & Gupta, S. (2022). Mental Health Prevention and Promotion-A Narrative Review. Frontiers in psychiatry, 13, 898009. Disponível em: https://doi.org/10.3389/fpsyt.2022.898009

Enfermeira Adriana Saldanha,

Aluna do Curso de Mestrado em Enfermagem Comunitária e do Curso de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem Comunitária da Escola Superior de Saúde de Viseu em colaboração com a Unidade de Cuidados na Comunidade Pedra da Sé do Centro de Saúde de Tábua