Reportagem sobre medicamentos genéricos

Reportagem do programa de televisão Fantástico sobre a qualidade dos medicamentos genéricos

No dia 20/08/2021 a equipe docente de Projetos Integradores propôs uma atividade de debate sobre a reportagem do Fantástico de 29/01/2017. A reportagem avaliou comparativamente os medicamentos genéricos de venda expressiva com os respectivos medicamentos referências. A emissora contratou os serviços do Cedafar (UFMG), um laboratório habilitado para a realização de estudos de equivalência farmacêutica. A maneira como os estudos foram conduzidos e o enfoque sobre alguns pontos revelaram possíveis inconsistências e vieses da matéria jornalística. Dentre os pontos que foram debatidos, podem-se citar os tópicos:


  • Afirmou-se que o perfil de dissolução procurava prever a velocidade com que o fármaco era liberado na corrente sanguínea quando presente no organismo do paciente. No entanto, nem todo método de perfil de dissolução mimetiza precisamente as condições in vivo.


  • Declarou-se que existem diversos testes usados para registrar um medicamento genérico, mas o teste de bioequivalência farmacêutica não foi realizado. Assim, descartou-se o único teste in vivo e que é soberano para avaliação da presença do fármaco em concentrações estatisticamente aceitáveis no organismo, quando comparam-se os medicamentos genérico e referência.


  • Informou-se que somente um lote de cada medicamento foi usado nos testes. Porém, o medicamento referência poderia apresentar variações entre diferentes lotes, que poderiam representar parâmetros fora da especificação. Da forma como os estudos foram conduzidos, essa possibilidade não pode ser verificada.


  • Questionou-se a aprovação de medicamentos pela ANVISA cujos métodos analíticos não eram farmacopeicos e que foram desenvolvidos propriamente pelos laboratórios farmacêuticos. Porém, a ANVISA permite o desenvolvimento de métodos de análise próprios e uma vez que estes são comprovadamente discriminativos e validados podem ser usados na avaliação da qualidade de um medicamento.


  • O ex-secretário nacional de Vigilância Sanitária informou que se um medicamento não atinge resultados satisfatórios na dissolução, provavelmente não será bem absorvido e que tem de se apresentar semelhante ao referência. No entanto, o teste de dissolução é um teste de caráter rotineiro na indústria farmacêutica usado na liberação de um medicamento para a comercialização, não sendo o melhor para se correlacionar a absorção do fármaco no organismo.


Além dos pontos citados, os alunos abordaram outros tópicos que poderiam atribuir um caráter questionável a reportagem. Com o debate foi possível concluir que seria preciso mencionar diversas informações não veiculadas na matéria, para que esta cumprisse com seu propósito elucidativo.