Distribuição das formações vegetais da Mata Atlântica: passado, presente e futuro
Weverton C. F. Trindade & Márcia C. M. Marques
A Mata Atlântica é um hotspot de biodiversidade formado por um mosaico de diferentes tipos de vegetações e ecossistemas. Esses ecossistemas, já muito fragmentados, estão gravemente ameaçados pelo desmatamento e pelas alterações climáticas. Ecossistemas inseridos dentro de refúgios climáticos – regiões climaticamente estáveis ao longo do tempo - possuem grande valor para conservação, pois podem facilitar a persistência e diversificação de espécies durante períodos de mudanças ambientais. Porém, pouco se sabe sobre onde e quão preservados estão esses refúgios na Mata Atlântica. Neste trabalho, estamos investigando os potenciais impactos de alterações climáticas do passado e do futuro sobre a distribuição dos ecossistemas e refúgios climáticos da Mata Atlântica. Para isso, modelamos a distribuição de 236 espécies de plantas indicadoras dos principais tipos de vegetação da Mata Atlântica e comparamos as assembleias florísticas que elas formam ao longo do tempo. Identificamos 187 potenciais assembleias, que podem ser divididas em 34 ecorregiões dentro de 4 grandes grupos, cada um deles dominado por espécies indicadoras de um tipo de vegetação diferente. As projeções para o passado e para o futuro sugerem que a distribuição e composição dessas assembleias florísticas mudaram significativamente nos últimos 21 mil anos, mas as mudanças estimadas para as próximas décadas podem ser ainda maiores. Os mapas de distribuição dessas assembleias serão sobrepostos com o mapa de uso e cobertura da terra do MapBiomas, a fim de avaliar o quão preservados estão os ecossistemas localizados em refúgios climáticos. Os refúgios preservados possivelmente ainda representam importantes centros de diversificação da Mata Atlântica. Esperamos que esse trabalho contribua para conservação e até mesmo restauração dessas regiões que preservam importantes histórias sobre a vida do nosso planeta.