Filogenômica da subtribo Pleurothallidinae (Orchidaceae) com aplicação em estudos filogeográficos em Barbosella miersii, espécie endêmica da Mata Atlântica
Anna Victoria Silvério R. Mauad, Viviane da Silva Pereira
& Eric de Camargo Smidt
Pleurothallidinae é a maior subtribo de orquídeas, e ocupam quase todos os tipos de hábitats do Neotrópico. Com raras exceções, estudos filogenéticos na subtribo utilizam poucos marcadores moleculares e que não são variáveis o suficiente para discriminar as espécies e muitos gêneros. Com isso, a instabilidade nomenclatural que permeia o grupo é mantida, o que impede o avanço de discussões sobre conservação e evolução do grupo. A falta de conhecimento acerca de quais marcadores plastidiais são mais variáveis nos levou a realizar o primeiro estudo filogenômico em Pleurothallidinae, como tem sido feito para outras orquídeas. Como resultado, os dez genomas plastidiais (plastomas) analisados são muito similares quanto à estrutura e uso de códon, e variaram apenas em tamanho e na composição dos pseudogenes da família ndh. Identificamos 13 proteínas sob seleção positiva, 62 loci polimórficos de microssatélites e também as dez regiões com maior variabilidade de sequência (hotspots mutacionais), para as quais desenhamos primers. Para os próximos passos, iremos testar a viabilidade dos dez hotspots mutacionais identificados, bem como a performance dos seus respectivos primers, para o estudo filogeográfico de Barbosella miersii, espécie de Pleurothallidinae endêmica da Mata Atlântica brasileira e classificada como “em perigo” pela IUCN. Também realizaremos a caracterização do sistema reprodutivo da espécie para ajudar na interpretação dos padrões filogeográficos. As flores de B. miersii possuem características miófilas e são muito diferentes das demais espécies do gênero. Nossos resultados preliminares indicaram que a espécie não se reproduz por apomixia, é dependente de polinizador, pois os indivíduos não frutificam em casa de vegetação e também não houve formação de frutos nos tratamentos de agamospermia em flores intactas e em flores emasculadas. Além disso, pode haver um sistema de autoincompatibilidade parcial ou total, visto que houve formação de frutos no tratamento de autopolinização, porém todos foram abortados.