Efeito das mudanças climáticas na biodiversidade de beija-flores da Mata Atlântica
Alejandro R. González, Fernanda T. Brum, Thais B. Zanata
& Isabela G. Varassin
Os beija-flores são importantes polinizadores, aumentando o sucesso reprodutivo e o fluxo gênico das plantas. Na Mata Atlântica, existem mais de 40 espécies de beija-flores que interagem com mais de 240 espécies de plantas. As mudanças climáticas afetam a distribuição das espécies, resultando na reestruturação das comunidades e, consequentemente, alterando outras dimensões da diversidade, como a composição funcional e filogenética. As interações entre plantas e beija-flores são estruturadas pelos traços funcionais e pela história evolutiva das espécies. Desta forma, alterações na diversidade funcional e filogenética das comunidades de beija-flores pode impactar suas funções ecossistêmicas, afetando a estrutura das interações. Portanto, ao analisar as mudanças das diferentes dimensões da diversidade em cenários climáticos futuros, é possível avaliar se a magnitude e direção das alterações será semelhante entre as dimensões.
Utilizamos modelagem de nicho ecológico para prever a distribuição da diversidade taxonômica, funcional e filogenética dos beija-flores na Mata Atlântica na atualidade e nos anos 2050 e 2070. A partir desses cenários, analisamos mudanças na riqueza de espécies, no espaço funcional e na história evolutiva das comunidades.
Ao analisar os mapas de distribuição das três dimensões da diversidade encontramos altos valores de riqueza na área da Serra do Mar no sudeste da Mata Atlântica, em porções da área Espinhaço-Mantiqueira e Mata Atlântica do norte. Observamos diminuição da riqueza nas três dimensões em grande parte da Mata Atlântica, especialmente na área sul da Mata Atlântica do norte e na área Espinhaço-Mantiqueira, sendo mais drástica nos cenários de 2070. Também observamos aumento na riqueza das três dimensões em áreas ao sul da Mata Atlântica, sendo maior na riqueza taxonômica que na riqueza funcional e filogenética. Nosso estudo demonstra a importância de avaliar os efeitos das várias dimensões da diversidade para entender as mudanças das comunidades em cenários futuros.