Como a troca de recurso interfere na estrutura de redes de interação entre Simbiontes?
Lucimara Silveira de Lima & Sabrina B. Lino Araujo
Em algumas interações simbióticas, como parasitismo, herbivoria e em alguns mutualismos, o nível trófico dos consumidores depende intensamente da interação com o nível trófico dos recursos. Tal dependência exige que os consumidores estejam constantemente explorando os recursos ao seu redor, podendo, inclusive, resultar na troca de recurso por parte de alguns indivíduos, ampliando o repertório de interações deste consumidor. Portanto, tanto a história evolutiva do recurso, quanto às possibilidades do consumidor em adquiri-los podem ser determinantes na estruturação desta rede de interação ao longo do tempo evolutivo. Diante disso, nosso objetivo é analisar como a estrutura da rede de interação consumidor-recurso evolui sob diferentes intensidades de troca de recurso. Assim, buscamos responder às seguintes perguntas: A intensidade de troca de recurso promove variações nas métricas de estrutura de rede?, Se sim, qual intensidade de troca de recurso que melhor se ajusta aos padrões das redes empíricas?, Qual a variação dessa intensidade ótima entre as comunidades estudadas? Como a estrutura da rede evolui no tempo? Para isso, utilizamos dados obtidos a partir de um modelo teórico baseado em indivíduos, em que consumidores hipotéticos evoluem ao longo da filogenia de recursos reais. O modelo assume que a troca de recurso decai com a distância filogenética dos recursos e a intensidade deste decaimento é um parâmetro controlável do modelo. Neste relatório, as interações resultantes da dinâmica deste modelo foram comparadas com interações de redes empíricas reais entre parasito-anuro de seis localidades. Foi possível observar entre as comunidades estudadas uma relação entre a variação de intensidade de troca com os valores de métricas empíricas e simuladas de cada localidade. A maioria se apresentou de forma significativa no intervalo ótimo para as métricas de rede. Esperamos com este trabalho contribuir com o entendimento da dinâmica evolutiva das redes de interação entre organismos simbiontes, seus efeitos sobre a diversificação dos indivíduos e também como próximos passos analisar como a intensidade de troca de recurso modela as interações ao longo do tempo evolutivo.