Padrões de diversidade de Samambaias e Licófitas da Mata Atlântica
Amabily Bohn, Paulo Henrique Labiak Evangelista
& Marcia C. Mendes Marques
Samambaias e licófitas são linhagens distintas que compartilhas um ciclo de vida único dentre as plantas vasculares. Das 1389 espécies que ocorrem no Brasil, 934 ocorrem na Mata Atlântica e muitas linhagens se diversificaram nesse bioma. A Mata Atlântica possui uma grande extensão latitudinal e longitudinal, clima e geomorfologias bastante diversas e um histórico de mudanças climáticas ocorridas no Quaternário, resultando em diversas fitofisionomias. Alguns estudos avaliam a diversidade de samambaias e licófitas da Mata Atlântica, mas a maioria apresenta apenas dados sobre a riqueza de espécies em pequenas áreas, o que impede um maior entendimento dos padrões e processos relacionados à diversidade deste grupo de plantas. Buscando preencher esta lacuna, propomos uma abordagem multidimensional – integrando diversidade taxonômica, funcional e filogenética – com o intuito de desvendar padrões ecológicos e história evolutiva desses grupos ao longo da Mata Atlântica. No primeiro e segundo capítulos, avaliaremos como as dimensões da diversidade são distribuídas e se são congruentes entre si, se estão compreendidas em Unidades de Conservação atuais e como elas podem ser afetadas pelas mudanças climáticas futuras. As análises destes capítulos estão em andamento, no entanto, realizamos uma exploração dos dados levantados até o momento para avaliar o espaço funcional de espécies que ocorrem em diferentes subformações da Mata Atlântica. Utilizamos a lista de espécies e 11 atributos obtidos da Flora do Brasil (apenas para samambaias), além de informações sobre presença/ausência das espécies nas subformações. No total, 823 espécies de samambaias e 111 de licófitas ocorrem no bioma, sendo 44% endêmicas e 97% nativas. Além disso, a maior parte delas são ervas (94%) com hábito exclusivamente terrestre (42%). Espécies de samambaias que ocorrem na Floresta Ombrófila Densa e Mista preencheram uma maior área se comparado ao espaço funcional total (ca. 95% e 87%, respectivamente). Estas florestas apresentam uma combinação de temperatura, umidade e sombreamento favoráveis para o estabelecimento e reprodução destas espécies. Por outro lado, espécies presentes nos Manguezais apresentaram um espaço funcional bastante restrito (ca. 9% do total), ainda que aninhado no espaço funcional das Florestas Ombrófilas, o que pode representar a especificidade de estratégias funcionais nestes locais.