(1991) Acrílico em papel (restaurado em 2023)
Evocação dos diversos êxodos, tanto bíblicos como existenciais.
Texto
Evocam-se aqui os diversos êxodos, bíblicos e existenciais. Os violentados ou desejados, ou impostos ou necessários, com todas as suas vicissitudes.
A Árvore da vida (ao fundo, à esquerda) lembra a expulsão do Éden que conduz ao primeiro êxodo. A perda da comunhão com Deus – ou com os outros – leva a um afastamento, apenas superável por meio da reconciliação.
O castelo simboliza a tirania de todos os grandes impérios (de ontem e de hoje), tão ilusórios quanto caducos. Porém, ao largo da história, provocaram a deslocação de multidões de refugiados ou deportações forçadas de populações inteiras, também aludidas na Bíblia.
O deserto recorda o êxodo bíblico e a longa marcha do povo de Deus em direção à Terra prometida.
Finalmente, a porta, onde se encontra incrustada a Cruz de Cristo. É a porta estreita, através da qual somos chamados a peregrinar em modo de conversão. Por ela se esgueira um fio de sangue que tem sua fonte numa tulipa e que escorre pelos dedos de uma mão. Tanto pode ser o sangue de Cristo, derramado por todos para a remissão dos pecados, como o sangue de tantos que perdem a vida nos êxodos da existência. Mas a vida tem a última palavra, na nova planta que brota ainda no deserto, depois de ultrapassar o umbral da porta.
As sombras reforçam os contrastes inerentes para quem se aventura nos caminhos da vida, entre as esperanças e fracassos, os avanços e tropeços, os ideais sonhados e a sede e desgaste dos passos dados. O mesmo contraste se sublinha entre o pavimento rígido e o deserto arenoso.
Tudo decorre sob o sol sempre nascente de Deus que a todos ilumina e acalenta.