Necessidade de reflexão e discernimento espiritual.
Sendo a primeira obra realizada com tintas a óleo, optou-se por algo mais experimental.
A figura feminina, como em muitas das outras obras, representa a alma (cf. Cântico dos Cânticos e o poema “Noite escura” de são João da Cruz).
Os círculos, à volta do olho, da boca e do ouvido, destacam os canais de comunicação e de receção de informação. É por aí que a alma acolhe estímulos visuais, sonoros e sabores que estimulam, interpelam, despertam, alertam… Muitos são contraditórios, ambíguos e traiçoeiros. É o que simboliza a diversidade de cores e diâmetros. Outros círculos rodeiam o brinco, representativo dos bens materiais, exteriores, necessidades distintas, mais ou menos imprescindíveis.
É, pois, necessário fazer pausa, para fazer uma triagem do que serve e não, para refletir e, sobretudo, discernir. Daí a postura reflexiva, de olhos fechados, para escutar a voz interior e nos reencontrarmos, despojados do exterior, fazendo eco do que se passa no íntimo, das respostas a dar às solicitações externas. As lágrimas podem expressar a dor que as escolhas, por vezes, implicam. Também podem ser expressão do chamado dom das lágrimas, de que fala santo Inácio de Loiola, graça espiritual concedida por Deus, tanto por consolação como por arrependimento sincero de pecados.