(1995) Acrílico em papel
A leveza dos nossos desejos e ilusões.
A obra pretende realçar a fragilidade das nossas expectativas. Tão belas quanto brilhantes, mas passiveis de jamais se realizarem ou deixarem um amargo de boca na memória ou no coração. A desilusão tem o tamanho da ilusão prévia. Mas esta tem a força do encanto.
O título alude tanto à leveza quanto à volubilidade daquilo que não ganha peso.
As asas de borboleta, de cor contrastante com o fundo, conjugam beleza e leveza. Mas, sem corpo a uni-las, adivinha-se-lhe a precaridade.
Em baixo, a rosa dourada alia o inconciliável: a fragilidade das pétalas com um metal precioso. O amarelo em flores é, por vezes, interpretado como esmorecimento ou fragilidade dos sentimentos.
A grande quantidade de joias denuncia a demasiada necessidade material, encobrimento de fragilidade de personalidade.
O tabuleiro de emana do olho, à esquerda, alude à tendência calculista de quem persegue objetivos mas sem controlo ilustrado pelas esferas que nele deslizem soltas. A mão, abaixo do olho direito, aparece como reivindicação afirmativa da pessoa e a ave dourada como desejo de liberdade.
Finalmente, o fundo em tom púrpura mas já esbatido, conjuga veleidade de luxo e desgaste do tempo.