O prédio do Diretório Acadêmico era composto pelo apartamento para os estudantes, pelo restaurante e pelo amplo salão de festas. Ele ficava ao fundo das instalações do Banco do Estado de Minas Gerais (BEMGE), antigo Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de Minas Gerais, e seu prédio possuía uma sede da agência e um apartamento para residência do gerente.
Todo o problema começou quando as festas estudantis, que iam até a madrugada, começaram a incomodar o gerente e suas famílias. Essa situação gerou atrito entre os estudantes e os gerentes, de forma que chegou a tal ponto em que foi necessário a proposta, por parte do banco, para tornar o apartamento sobre a sede em uma república para os professores. A proposta foi aceita e os professores ali foram instalados.
O Diretório Acadêmico pagava um aluguel simbólico ao banco, entretanto, esses valores não estavam sendo repassados e os atrasos se tornaram constantes. A situação ficou tão calamitosa que houve até ameaças de despejo. Quando isso ocorria, os alunos iam pedir a interseção de seus professores, os quais prontamente atendiam e negociavam para que a ação fosse sustada diretamente com a direção do Banco.
O Banco teve a deixa que precisava para se livrar daquele problema quando o Banco Central ordenou através de uma resolução que todos os bancos se desfizessem de 30% do que excedesse seu capital das propriedades imobiliárias. O BEMGE rapidamente colocou o prédio do Diretório Acadêmico e a república dos professores a venda. Pouco tempo após o anúncio o INPS apareceu como interessado, com a finalidade de ali instalar suas dependências em Diamantina. Tendo em vista todo o transtorno que seria gerado, os professores Walter José de Carvalho e Rubens Guzella, foram procurar pelo Presidente do BEMGE para solicitar um prazo para que eles tentassem resolver a situação.
O Prof. Walter tinha amizades em comum com o Coronel Otávio Aguiar de Medeiros, que na época havia sido transferido para Belo Horizonte para cuidar das agitações estudantis existentes na época. Através dessas amizades o professor procurou pelo Coronel Medeiros e expôs o problema da venda do Diretória, fazendo questão de ressaltar que aquela era uma comunidade tranquila e que nunca havia gerado problemas ao governo, porém, que com a situação era eminente o acontecimento de protestos. O Coronel estava com viagem já marcada para Diamantina e aproveitou para tomar conhecimento da situação pessoalmente. Na data da visita foi montada uma comissão para que o recebesse e estivesse a par de toda situação. Após realizar sua visita e constatar que era absurda a decisão de expulsar os alunos do alojamento e gerar uma agitação desnecessária ele voltou a Belo Horizonte, repassando para seu superior (General Marcondes Filho) aqueles fatos, o qual ligou para o então Governador, Israel Pinheiro, e sustou a venda do prédio.
Por fim, o BEMGE pressionado de um lado pelo Banco Central e por outro pelo Comando do Exército, resolveu entregar o comando do prédio à Faculdade, em regime de comodato, tendo o contrato assinado pelo então Diretor Augusto César.
DE CARVALHO, Walter José. Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina - Sua História. 1. ed. Diamantina: Gráfica Urgente, 2000.
FERNANDES, Antônio Carlos; CONCEIÇÃO, Wander. Caminhos do desenvolvimento: síntese histórica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri 1953 - 2005. 1. ed. Diamantina: UFVJM, 2005.