A Atualidade do Antigo Testamento para o Cristão Presbiteriano


O Antigo Testamento não é uma parte ultrapassada da Escritura, relegada ao tempo da Lei e dos ritos cerimoniais. Pelo contrário, ele é a sólida base sobre a qual o Novo Testamento repousa. A confissão de fé presbiteriana afirma que “todo o conselho de Deus” está nas Escrituras — e isso inclui plenamente os 39 livros do Antigo Testamento. Como poderíamos compreender a obra de Cristo sem conhecer o Êxodo, os sacrifícios levíticos, as profecias de Isaías ou a promessa feita a Abraão?


De Gênesis a Malaquias, vemos um Deus soberano formando um povo, revelando Sua vontade, e apontando para a redenção final. O relato da criação mostra um Deus que cria com propósito, ordem e bondade — fundamentos essenciais para a cosmovisão cristã. Se cremos que fomos criados à imagem de Deus, como isso molda nossa visão sobre o valor da vida, do trabalho e da dignidade humana hoje?


A Lei mosaica, muitas vezes mal compreendida, revela o caráter santo e justo de Deus. Embora os rituais e cerimônias tenham sido cumpridos em Cristo, os princípios morais permanecem válidos. O cristão presbiteriano entende que a Lei nos conduz à graça, pois ao revelar nossa incapacidade de cumpri-la perfeitamente, aponta para a necessidade de um Redentor. Será que reconhecemos diariamente nossa dependência da graça, ou nos deixamos enganar por um senso de justiça própria?


Os livros históricos não são apenas registros antigos; eles são testemunhos vívidos da fidelidade de Deus mesmo diante da infidelidade humana. A aliança é rompida repetidamente pelo povo, mas Deus permanece fiel. Isso nos leva a perguntar: temos sido fiéis à aliança da graça, selada pelo sangue de Cristo, ou agimos como Israel, confiando em nossos próprios caminhos e ignorando o chamado ao arrependimento?


A sabedoria dos livros poéticos — como os Salmos, Provérbios e Eclesiastes — oferece direção prática e espiritual para a vida cotidiana. Os Salmos nos ensinam a orar em meio à dor, a celebrar em meio à alegria e a confiar mesmo na escuridão. Provérbios nos orienta a viver com temor do Senhor em nossas decisões diárias. Estamos realmente buscando sabedoria do alto para nossas escolhas, ou temos vivido guiados por nossos próprios entendimentos?


Os profetas maiores e menores nos confrontam com uma mensagem clara: Deus é santo e não tolera o pecado, mas é também misericordioso e convida ao arrependimento. Eles clamam contra a injustiça, a idolatria e a indiferença espiritual — males ainda presentes em nossos dias. Será que temos dado ouvidos aos profetas de Deus, ou calamos suas palavras porque nos incomodam e expõem nossos ídolos modernos?


A unidade das Escrituras se manifesta no fato de que o Antigo Testamento aponta constantemente para Cristo. Ele é o verdadeiro Cordeiro, o Sumo Sacerdote perfeito, o Rei justo prometido, o Profeta por excelência. O cristão presbiteriano, alicerçado nas Escrituras e nas doutrinas da graça, é chamado a ler o Antigo Testamento com lentes cristocêntricas. Temos buscado ver Cristo nas páginas do Antigo Testamento, ou lemos apenas como relatos históricos desconectados do evangelho?


Portanto, o Antigo Testamento é indispensável. Ele nos revela o Deus que age na história, que fala por meio da Sua Palavra e que cumpre Suas promessas. Ele nos chama à fidelidade, à adoração verdadeira e ao temor do Senhor. Que a Igreja de Cristo hoje, especialmente nós, presbiterianos, não negligenciemos essas Escrituras, mas meditemos nelas com reverência, buscando viver com integridade diante do mesmo Deus que falou a Israel e que hoje nos fala por meio do Seu Filho.


Nos próximos capítulos, iremos discorrer desta mesma forma a respeito dos livros do Velho Testamento, trazendo suas principais lições e uma pergunta que nos leve a reflexão a todo momento.


Você está preparado (a)? Então avancemos!