📖 11. 1 Reis


O livro de 1 Reis inicia-se com os últimos dias do rei Davi e a ascensão de Salomão ao trono de Israel. Esse momento de transição marca a continuidade do pacto davídico, mas também revela as tensões da sucessão e os desafios do poder. Salomão começa seu reinado buscando sabedoria, e sua oração em Gibeão demonstra uma postura de humildade diante da responsabilidade que recebera. A resposta de Deus, concedendo-lhe sabedoria, riqueza e honra, destaca a importância de um coração voltado ao Senhor. A fé presbiteriana valoriza profundamente a busca pela sabedoria que procede de Deus — temos nós orado com sinceridade por discernimento em nossas decisões diárias e no serviço à igreja?


Salomão se destaca como o construtor do templo em Jerusalém, obra que cumpre o desejo de Davi e manifesta a presença de Deus entre o povo. O templo é descrito em grande detalhe, enfatizando tanto sua beleza quanto seu propósito espiritual: ser a casa do Senhor, lugar de oração, arrependimento e comunhão. No entanto, mesmo diante da grandiosidade da edificação, Salomão reconhece que Deus não pode ser contido em estruturas humanas. O cristão presbiteriano, que valoriza a adoração reverente e centrada na Palavra, encontra aqui um chamado à centralidade do culto e à humildade diante da santidade de Deus. Estamos nós cultivando uma espiritualidade que não depende de formas externas, mas que busca a presença viva de Deus?


A dedicação do templo é um ponto alto do livro. Salomão ora reconhecendo a aliança com Davi e pedindo que Deus ouça o clamor do povo em tempos de crise, exílio ou pecado. Ele intercede não apenas por Israel, mas também pelos estrangeiros que virem a orar naquele lugar. Isso já antecipa o desejo missionário do coração de Deus. A igreja presbiteriana, como povo da nova aliança, é chamada a ser casa de oração para todos os povos. Como temos acolhido o necessitado, o estrangeiro e o diferente em nossas comunidades? Nosso culto expressa uma fé que inclui, intercede e abençoa?


Apesar do início promissor, Salomão começa a se afastar do Senhor à medida que se associa a mulheres estrangeiras, acumula riquezas e adota práticas idólatras. O coração que outrora buscava sabedoria se corrompe por compromissos políticos e espirituais contrários à vontade de Deus. O livro nos mostra que grandes dons não são garantia de fidelidade contínua. A sabedoria, quando não acompanhada de temor ao Senhor, torna-se vaidade. O cristão presbiteriano é desafiado a perseverar em integridade mesmo após conquistas. O que tem desviado nosso coração? Temos sido vigilantes contra os pequenos desvios que, com o tempo, nos afastam de Deus?


Como consequência da infidelidade de Salomão, Deus anuncia a divisão do reino. Após sua morte, o reino se divide entre Roboão, seu filho, e Jeroboão, líder das tribos do norte. O cisma entre Judá e Israel não é apenas político, mas espiritual: Jeroboão institui cultos idólatras para manter o povo longe de Jerusalém. Essa ruptura trará consequências devastadoras ao longo da história. O livro nos adverte sobre líderes que distorcem a fé para manter poder e controle. Temos cultivado uma fé baseada na verdade de Deus ou em conveniências pessoais e institucionais? Nossos líderes são guiados pela fidelidade à Palavra ou por interesses humanos?


A história dos reis que se sucedem tanto no norte quanto no sul revela uma espiral de decadência espiritual. Poucos reis fazem o que é reto perante o Senhor, e a idolatria se torna uma praga constante entre o povo. Em meio a esse caos, Deus levanta profetas — entre eles, o notável Elias — para confrontar reis, chamar o povo ao arrependimento e demonstrar que o Senhor ainda reina. A fé presbiteriana destaca o papel profético da igreja: anunciar a verdade mesmo em tempos de infidelidade generalizada. Temos sido profetas fiéis em nossa geração? Denunciamos o pecado com coragem e proclamamos a esperança com compaixão?


O ministério de Elias, especialmente nos confrontos com Acabe e os profetas de Baal, é um dos pontos mais dramáticos do livro. Elias é um homem de fé intensa, mas também de profunda angústia. Ele desafia a idolatria, ora por fogo do céu, e ao mesmo tempo enfrenta o desânimo e a solidão. Deus o sustenta, tanto com pão e água quanto com revelações de Sua presença. O cristão fiel também passa por altos e baixos, e Deus não o abandona. Temos reconhecido a presença de Deus mesmo nos desertos espirituais? Quando nos sentimos sozinhos, lembramos que Ele fala também na brisa suave?


O livro de 1 Reis termina com uma mistura de juízo e esperança: os reis continuam a errar, o povo segue dividido, mas Deus permanece fiel. Ele preserva um remanescente e continua a falar por meio de seus servos. Isso nos aponta para a fidelidade divina diante da infidelidade humana. A história de Israel é, em muitos aspectos, a nossa própria história: cheia de altos e baixos, mas conduzida pela mão graciosa do Senhor. Estamos ouvindo a voz de Deus hoje, em meio à confusão e às divisões do mundo? Permanecemos confiantes de que Ele cumprirá Sua promessa em Cristo, o Rei que jamais falhará?