đź“– 12. 2 Reis


2 Reis dá continuidade à narrativa do declínio espiritual de Israel e Judá, iniciada em 1 Reis. O livro abre com a transição do ministério profético de Elias para Eliseu, simbolizada pela sua ascensão aos céus em um redemoinho, e pelo manto que cai sobre seu sucessor. Eliseu passa a atuar com poder semelhante ao de Elias, realizando sinais que apontam para a ação redentora de Deus, mesmo em tempos de trevas. Esses relatos não são apenas milagres isolados, mas demonstrações de que Deus continua presente e agindo mesmo quando os reis e o povo o rejeitam. O cristão presbiteriano é lembrado aqui da soberania de Deus sobre a história, que jamais cessa de chamar seu povo de volta. Estamos sensíveis às ações de Deus nos tempos difíceis? Reconhecemos que Ele ainda levanta servos fiéis em meio à decadência?


Ao longo do livro, tanto o reino do norte (Israel) quanto o do sul (Judá) continuam a experimentar ciclos de infidelidade. Poucos reis se mostram fiéis ao Senhor; a maioria promove idolatria, alianças políticas equivocadas e injustiça social. O reino do norte é o primeiro a ser destruído, levado ao exílio pelos assírios, como consequência de sua persistente desobediência. A narrativa deixa claro que esse julgamento não foi repentino, mas o resultado de advertências constantes ignoradas. Isso nos lembra que o juízo divino é sempre justo e misericordioso, pois é precedido por múltiplos chamados ao arrependimento. Em nossas vidas, temos dado ouvidos aos avisos do Senhor ou estamos endurecendo o coração diante da correção?


O ministério de Eliseu é rico em sinais da graça e do juízo de Deus: a purificação das águas de Jericó, a multiplicação do azeite da viúva, a ressurreição do filho da sunamita, a cura de Naamã e o juízo sobre Geazi. Esses eventos mostram que Deus cuida dos humildes e resiste aos soberbos. Deus age com compaixão e com justiça, atendendo aos necessitados e disciplinando os que distorcem sua Palavra. Para a igreja presbiteriana, que valoriza tanto a doutrina quanto a piedade, essas histórias reforçam que a teologia correta precisa se manifestar em ações de justiça, misericórdia e santidade. Nossa fé tem sido prática e compassiva? Temos testemunhado da graça de Deus em palavras e atitudes?


Com o avanço da história, vemos reis como Joás e Ezequias tentando restaurar a fidelidade ao Senhor, promovendo reformas e confiando em Deus diante de ameaças externas. Ezequias, especialmente, destaca-se como um rei piedoso, que ora, busca o profeta Isaías e confia na intervenção divina diante do império assírio. Sua história nos ensina que a fé corajosa pode mudar o curso de uma nação. Entretanto, sua posteridade mostra fragilidade, e logo Judá retoma o caminho da desobediência. Isso nos alerta para a necessidade de vigilância constante e de discipulado contínuo. Estamos nos esforçando para viver e ensinar a fé com firmeza, de modo que a próxima geração também ande nos caminhos do Senhor?


Em contraste com Ezequias, o reinado de Manassés representa o ponto mais sombrio da história de Judá. Ele não apenas introduz idolatria, mas também profana o templo, promove a injustiça e derrama sangue inocente. Sua influência negativa reverbera por gerações, e embora tenha se arrependido no fim, o estrago já estava feito. Essa parte do livro nos mostra que o pecado não afeta apenas o indivíduo, mas toda a comunidade. A fé reformada ensina que vivemos em aliança e que nossos atos têm efeitos coletivos. Como temos avaliado o impacto de nossas decisões espirituais sobre a igreja, a família e a sociedade?


O reinado de Josias oferece um breve alívio e esperança. Ao encontrar o Livro da Lei no templo, ele reage com temor e promove uma renovação nacional, eliminando ídolos e restaurando a adoração ao Senhor. Sua atitude é um exemplo poderoso de reforma verdadeira baseada na Palavra de Deus. Como herdeiros da tradição reformada, somos chamados a buscar constantemente o retorno às Escrituras como norma de fé e prática. Estamos atentos à Palavra ou temos permitido que tradições humanas ou negligência espiritual tomem o lugar da vontade de Deus? A igreja continua reformando-se, segundo as Escrituras?


Mesmo com os esforços de Josias, o destino de Judá está selado por causa dos pecados acumulados. O livro termina com a destruição de Jerusalém pelos babilônios, a queima do templo e o exílio do povo. É um momento trágico, mas não o fim da história. A presença do rei Joaquim sendo tratado com honra na Babilônia sugere que Deus ainda guarda sua promessa e que a esperança messiânica permanece viva. A destruição física não anula os propósitos eternos de Deus. O cristão presbiteriano é lembrado de que, mesmo em meio à disciplina, a graça soberana de Deus preserva um remanescente. Em que temos colocado nossa esperança quando tudo ao redor parece ruir? Continuamos confiando na fidelidade do Senhor?


Assim, 2 Reis nos conduz por uma jornada de fidelidade e infidelidade, de juízo e graça, de queda e esperança. Cada rei, cada profeta, cada decisão aponta para a necessidade de um Rei perfeito, que viria não apenas para restaurar Israel, mas para redimir toda a criação. Em Cristo, temos o cumprimento final dessas promessas. E hoje, como povo da nova aliança, somos chamados a viver com fidelidade, vigilância e esperança, sustentados pela Palavra e guiados pelo Espírito. Temos reconhecido a nossa posição nesse grande plano redentor de Deus?