đź“– 21. Eclesiastes


O livro de Eclesiastes apresenta um discurso profundo e, por vezes, desconcertante sobre o sentido da vida humana e a busca por significado em um mundo marcado pela transitoriedade e pelo sofrimento. O autor, tradicionalmente identificado como Salomão, examina diversas áreas da existência — riqueza, prazer, trabalho, sabedoria — e conclui que, sem Deus, tudo é vaidade e inutilidade. Para o cristão presbiteriano, que acredita na soberania e providência divinas, essa mensagem é um convite a reconhecer a futilidade das coisas passageiras e a buscar a verdadeira alegria na comunhão com Deus. Temos refletido sobre onde realmente depositamos nossa esperança e nosso contentamento?


Eclesiastes destaca a repetição cíclica e a aparente ausência de sentido na vida humana sob o sol, levando o leitor a confrontar a fragilidade da existência e a inevitabilidade da morte. Esse contraste desafia a visão mundana e materialista, lembrando que a verdadeira esperança transcende a temporalidade. A teologia reformada, ancorada na eternidade de Deus e na redenção em Cristo, oferece uma perspectiva que supera essa aparente desesperança. Estamos vivendo à luz da eternidade ou nos deixamos dominar pelo presente passageiro?


O autor também chama a atenção para a justiça divina que, no tempo presente, parece estar oculta, com injustiças prevalecendo e os sábios e tolos experimentando destinos semelhantes. Essa realidade desafia o senso humano de justiça imediata, mas aponta para o juízo final de Deus, quando tudo será esclarecido. Para o cristão presbiteriano, essa certeza do juízo vindouro é um fundamento sólido para a fé e a perseverança. Como temos vivido sabendo que Deus é justo e fará tudo certo no Seu tempo?


Outro tema recorrente é o convite para aproveitar os dons que Deus concede — o trabalho, o prazer moderado, os relacionamentos — como bênçãos provisórias que devem ser desfrutadas com gratidão. No entanto, o livro adverte contra a busca desenfreada dessas coisas como fins em si mesmos. A vida cristã é um equilíbrio entre desfrutar as bênçãos e manter o foco no propósito eterno. Temos discernido bem entre o uso saudável dos bens terrenos e a idolatria que eles podem representar?


Eclesiastes também enfatiza a limitação do conhecimento humano e a soberania de Deus sobre o tempo e os acontecimentos. O “tempo de nascer e tempo de morrer” (Ec 3) mostra que a vida é regida por Deus, e que o homem deve reconhecer sua dependência total do Criador. O cristão presbiteriano é chamado a viver com humildade, confiando na providência divina e aceitando que nem tudo está ao nosso alcance. Temos cultivado essa humildade? Como temos reagido diante das incertezas da vida?


A busca pela sabedoria, tão valorizada no Antigo Testamento, é aqui relativizada diante da percepção de que a sabedoria terrena é limitada e traz consigo tristeza, pois aumenta a consciência da fragilidade humana. Essa tensão nos convida a buscar uma sabedoria maior — a sabedoria de Deus revelada em Cristo, que nos oferece consolo e propósito. Estamos direcionando nossa busca pelo conhecimento para Deus ou para as coisas passageiras?


O capítulo final do livro oferece uma conclusão que é um verdadeiro chamado à obediência: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos, porque isto é o dever de todo homem” (Ec 12:13). Essa ênfase na reverência a Deus e na obediência resume o verdadeiro sentido da vida. Para o cristão presbiteriano, que crê na autoridade das Escrituras e na centralidade da aliança, essa é a base da fé e da vida prática. Estamos vivendo em reverência a Deus, obedecendo Seus mandamentos com alegria?


Por fim, Eclesiastes desafia o cristão a viver com propósito e sob a perspectiva eterna, valorizando a graça de Deus e confiando na redenção prometida. É um convite para que, mesmo em meio à transitoriedade e às dificuldades, permaneçamos firmes, conscientes de que nossa esperança está no Deus vivo, que nos chama a viver para Sua glória. Estamos ancorados nessa esperança? Como isso tem moldado nosso viver diário?