đź“– 39. Malaquias

O livro de Malaquias, o último do Antigo Testamento, é uma convocação profética ao arrependimento, à adoração verdadeira e à esperança messiânica. Ele se dirige a um povo que, embora tenha retornado do exílio e reconstruído o templo, se encontrava espiritualmente apático, negligente no culto e desanimado em relação às promessas divinas. Para o cristão presbiteriano, Malaquias convida à avaliação profunda da qualidade da fé professada, da integridade da adoração e do zelo pela santidade do Senhor. Temos cultuado a Deus com reverência ou com rotinas vazias? Nossas expectativas espirituais ainda estão vivas, ou estamos resignados com um cristianismo morno?

Desde o início, Deus declara: “Eu vos amei”, mas essa afirmação é recebida com indiferença. A falta de percepção do amor divino resulta em desleixo espiritual. Isso se revela na maneira como os sacerdotes e o povo oferecem sacrifícios defeituosos, evidenciando que não consideravam a Deus digno do melhor. No contexto da adoração reformada, essa crítica nos chama a considerar como temos nos aproximado de Deus: com temor e honra ou com banalidade? Damos a Ele o melhor do nosso tempo, serviço, atenção e recursos?

Malaquias confronta os líderes religiosos que causam tropeço ao povo, por não ensinarem nem viverem a verdade da Palavra. A liderança é especialmente responsabilizada pela corrupção da fé, e esse ponto tem forte implicação para a igreja presbiteriana, que valoriza o ensino fiel e o governo eclesiástico baseado na Escritura. Os presbíteros e pastores têm guardado o conhecimento e ensinado com fidelidade? E os membros — têm examinado a Escritura, buscando crescimento espiritual e discernimento?

Outro ponto forte do livro é a denúncia contra o desprezo à aliança, tanto com Deus quanto no casamento. O povo estava profanando o sagrado ao abandonar suas esposas e se unir a mulheres pagãs. Aqui vemos a ênfase na fidelidade como expressão da aliança, tema tão presente na teologia reformada. A aliança não é apenas um conceito teológico, mas um chamado à lealdade prática em nossos relacionamentos. Como temos vivido a fidelidade em nossos lares, casamentos e compromissos diante de Deus?

Deus também desafia o povo sobre os dízimos e ofertas, revelando que a negligência com os recursos consagrados ao Senhor traz empobrecimento espiritual e material. O cristão presbiteriano é chamado à generosidade não como um dever imposto, mas como resposta de gratidão ao Deus que supre. Estamos contribuindo com alegria e liberalidade para a obra de Deus? Ou temos retido por incredulidade, desinteresse ou egoísmo?

Um tema recorrente em Malaquias é o questionamento cínico do povo: “Em que te servimos?” ou “Onde está o Deus do juízo?”. Essa atitude de incredulidade e ironia revela um coração endurecido. O Senhor responde com a promessa do envio de um mensageiro que preparará o caminho, apontando diretamente para João Batista e, consequentemente, para a vinda de Cristo. Isso desafia o cristão a reavaliar sua postura diante da demora aparente das promessas de Deus. Temos esperado com fé, ou nos tornamos insensíveis e críticos diante da Palavra?

A promessa do “Dia do Senhor” aparece de forma intensa. Será dia de juízo para os ímpios e de cura e alegria para os que temem o nome do Senhor. Essa dualidade reforça o ensino reformado sobre a soberania de Deus na salvação e o destino eterno de cada ser humano. Vivemos com essa consciência eterna? Nosso temor do Senhor é autêntico, moldando nossas escolhas e prioridades? Estamos prontos para o dia da visitação de Deus?

O livro termina com uma lembrança da Lei de Moisés e a promessa do retorno do profeta Elias antes do grande e terrível dia do Senhor — uma clara ponte entre os dois testamentos. Assim, Malaquias encerra com esperança: Deus não esqueceu do Seu povo e cumprirá tudo o que prometeu. O cristão presbiteriano, com sua ênfase nas promessas da aliança, é chamado a viver entre o “já” e o “ainda não”, mantendo-se firme na fé e zeloso em boas obras. Estamos de fato preparados para o cumprimento final de todas as coisas? Temos vivido como aqueles que esperam vigilantes pelo Rei?