Todas as pessoas, independentemente da extensão ou gravidade de suas deficiências, têm o direito básico de fazer diferença, por meio da comunicação, nas condições de sua própria existência – American Speech and Hearing Association.
A comunicação alternativa (CAA) é um recurso cujo objetivo é possibilitar uma via de comunicação para a pessoa que não possua outra forma de se comunicar ou quando essa forma de não seja suficiente para dar suporte as trocas sociais, ou manifestar seus desejos, sentimentos e questionamentos.
Na escola a CAA possibilita a pessoa com deficiência uma forma substitutiva ou complementar de se comunicar, usando recursos pedagógicos que vão minimizar as dificuldades nesta área tornando o processo ensino aprendizagem mais significativo.
Quem são os parceiros dessa comunicação?
Todos que fazem parte do convívio dessa pessoa são os parceiros: colegas, professores, família, amigos e profissionais da escola, pois a comunicação acontece no contexto e não isoladamente.
Denominada “Comunicação Alternativa – confecção de pranchas, orientações e adaptações de atividades em época de Covid-19”, a cartilha foi desenvolvida juntamente com docentes e alunas da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos) e utiliza os Símbolos de Comunicação Pictórica (PCS – Picture Communication Symbols) do software Boardmaker, da Tobii Dynavox. Como o programa é pago, a cartilha conta com autorização do uso das imagens, concedida pelo gerente da América Latina de Tecnologia Assistiva da Tobii Dynavox, Juan Jose Bernal.
Além dos cuidados em relação ao vírus, a cartilha traz também uma grande variedade de atividades que podem ser realizadas em casa e adaptadas com os Símbolos de Comunicação Pictórica (PCS), como o uso de música, a leitura de livros, o preparo de receitas, atividades de autocuidado, entre outras.
“A comunicação alternativa é um recurso terapêutico que favorece o engajamento nas diferentes atividades, a comunicação funcional e a interação nos diferentes contextos sociais. Então, a ideia é que a cartilha proporcione um maior amparo aos pais e profissionais por meio das diversas atividades propostas para aplicar na rotina do paciente em casa, durante o isolamento social”.
Texto por Mariana Gurian Manzini - Doutora em Educação Especial pela UFSCar e Terapeuta Ocupacional pela Unesp.
Essa deficiência refere-se ao comprometimento do aparelho locomotor, podendo ser causa de grandes limitações físicas, dependendo das partes afetadas e do tipo de lesão.
"Os principais tipos de deficiência física, segundo o Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999, são: paraplegia, perda total das funções motoras dos membros inferiores; tetraplegias, perda total da função motora dos quatro membros e hemiplegia, perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo. Ainda são consideradas as amputações, os casos de paralisia cerebral e as ostomias (aberturas abdominais para uso de sondas)". (Nova Escola, 2011)
É muito comum a deficiência física estar associada às deficiências sensoriais (visuais ou auditivas), deficiência intelectual, TEA e outras, sendo necessário que o professor do AEE leve tudo isso em conta para pensar em um plano de atendimento para o aluno.
Existe uma associação frequente entre a deficiência física e os problemas de comunicação, como nos caso de alunos com paralisia cerebral onde a fala poderá se apresentar alterada ou ausente e acontece com bastante frequência ser avaliado erroneamente como pessoa com deficiência intelectual.
[...] é necessário que os professores conheçam a diversidade e a complexidade dos diferentes tipos de deficiência física, para definir estratégias de ensino que desenvolvam o potencial do aluno. De acordo com a limitação física apresentada é necessário utilizar recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação buscando viabilizar a participação do aluno nas situações práticas vivenciadas no cotidiano escolar, para que o mesmo, com autonomia, possa otimizar suas potencialidades e transformar o ambiente em busca de uma melhor qualidade de vida. (BRASIL, 2006, p. 29)
São recursos que eliminam barreiras de qualquer natureza que dificultam ou impeçam as pessoas de exercerem sua cidadania (direito de ir e vir, de trabalhar, de lazer, de aprender).
O professor do AEE ao reconhecer as dificuldades que o aluno apresenta, reconhece também e principalmente as suas habilidades e traça seu plano de atendimento. Qualquer que seja a habilidade do aluno ela será estimulada para alcançar seu desenvolvimento. Assim, um piscar de olhos, um olhar, um apontar será valorizado e utilizado. Para as dificuldades, esse professor irá procurar recursos de acessibilidade para eliminar barreiras que impeçam ou dificultem sua participação na sala de aula ou em suas atividades de vida diária. A comunicação do AEE com serviços de saúde que atendem ao aluno é necessária e muitas vezes imprescindível para encontrar o melhor recurso de acessibilidade para o aluno.
As estratégias favoráveis, no sentido de qualificar a interação do aluno com o grupo e promover acesso ao conhecimento escolar só podem acontecer com o trabalho colaborativo entre o professor de sala de aula e professor do AEE.
Tesoura Adaptada
Tesoura Mola
Engrossador de lápis
Colher adaptada e Fixador de mão em tira
Muitas vezes na escola, quando o aluno não fala, a mãe explica ou até mesmo os profissionais observam, acabam percebendo que ele comunica de várias maneiras: com sorriso e choro, com o olhar, com manifestação de seu corpo. Essa comunicação (alternativa) é importante no cotidiano, porém, para que esse aluno tenha suporte ao seu desenvolvimento, minimizando suas dificuldades e maximizando suas possibilidades, será necessário uma comunicação mais organizada, onde todos possam comunicar com ele e ele possa interagir com as pessoas e com o conhecimento.
Nesse contexto a comunicação alternativa é fundamental, enquanto recurso que oportuniza ao aluno sem fala ou com dificuldades em sua oralidade, a expressão de sua linguagem, necessidades e desejos, assim como participar de maneira mais autônoma do processo educativo
Algumas práticas já usadas na escola, como trabalho com reálias, miniaturas, imagens, fotos, desenhos devem ser valorizados como início da comunicação alternativa, sendo apresentados como objetos para escolha ou para serem apontados como resposta por exemplo. Devemos respeitar as etapas de aprendizagem dos símbolos: objeto real, miniatura, fotografia, desenho em preto e branco , símbolos gráficos.
Existem vários sistemas de símbolos gráficos que são conhecidos internacionalmente e utilizados para a confecção de pranchas e cartões de comunicação, entre eles o Bliss, PEC e o PCS que é um dos mais usados, pelo grande número de símbolos que representam um grande vocabulário e pela facilidade de reconhecimento é encontrado em livro ou programa de computador.
As atividades buscam favorecer e evolução progressiva da simbolização, trabalhando com jogos, recursos com fotos imagens e palavras, livros sensoriais, pop ups, sonoros, imagens variadas, brinquedos vídeos, animações, músicas, histórias adaptadas, pareamentos.
Atividades com miniaturas, reálias, fotos e figuras.
Histórias: livros adaptados com recurso de acessibilidade.
Estratégias visuais na perspectiva da Comunicação Alternativa e Aumentativa: reálias, foto e palavra.
Atividade com Comunicação Alternativa e Aumentativa com recursos de acessibilidade, plano inclinado, letras do alfabeto imantadas, prancha com nome.
Pareamento com vogais.
Brinquedo de causa e efeito.
Pareamento com formas e cores.