Olá,
Bem vindo ao Sínodo.
A partir de agora também fazes parte desta caminhada em Igreja.
Sínodo é uma estrutura de consulta da Igreja. Existe o Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa, que reúne representantes de todos os bispos do mundo para falarem sobre algum tema pertinente para a Igreja. Há ainda o Sínodo Diocesano, que é convocado pelo Bispo, com a presença de sacerdotes e leigos para refletir sobre algum tema importante para a Diocese.
A palavra Sínodo significa, por si, caminho ou percurso feito em conjunto.
Sim. Em 2001 D. José Augusto Pedreira pediu que se refletisse sobre as perspetivas e desafios da nossa diocese.
Recentemente alguns temas foram impulsionadores de novas perspetivas para a Pastoral da Igreja e ação social. Em 2018 foi sobre os jovens, que resultou na Exortação Apostólica pós-sinodal "Christus vivit" e em 2019 sobre a Amazónia, a partir do qual o Papa Francisco escreveu a Exortação Apostólica pós-sinodal "Querida Amazónia".
Em 1965, depois do sucesso do Concílio Vaticano II, os bispos pediram ao Papa Paulo VI que se mantivesse uma estrutura semelhante ao Concílio para favorecer a auscultação, reflexão e discernimento da Igreja.
O Papa Francisco na celebração dos 50 anos da instituição do Sínodo dos Bispos pediu que se impulsionasse esta estrutura e melhorasse a participação de todos os cristãos. Desde os leigos, com possibilidade de participação de outras confissões cristãs e até outras religiões, com os religiosos, sacerdotes e bispos, com o Santo Padre. Para responder a este repto o Papa convocou este Sínodo sobre o tema da Sinodalidade.
Ou seja, o tema é: Por uma Igreja sinodal - comunhão | participação | missão
Pela primeira vez a participação dos cristãos leigos num Sínodo será na primeira pessoa, para além da participação representativa - pelos Bispos. Assim, todos poderão discernir, refletir e partilhar sobre o que é a Igreja e, mais importante, perceber o que Deus quer da Igreja.
O Senhor impele a missão da Igreja para que seja sacramento do cuidado.
O mundo elevou o seu grito, manifestou a sua vulnerabilidade: o mundo precisa de cuidado.
Coragem! Em frente! Obrigado!
Francisco
É este o tema do Sínodo e estas três dimensões estão profundamente interrelacionadas. Elas são os pilares vitais de uma Igreja sinodal. Não há hierarquia entre elas. Pelo contrário, cada uma enriquece e orienta as outras duas. Há uma relação dinâmica entre as três que deve ser articulada tendo em conta as três em conjunto.
Pela sua graciosa vontade, Deus reúne-nos como povos diversos de uma só fé, através da aliança que oferece ao seu povo. A comunhão que partilhamos encontra as suas raízes mais profundas no amor e na unidade da Trindade. É Cristo que nos reconcilia com o Pai e nos une uns aos outros no Espírito Santo. Juntos, somos inspirados pela escuta da Palavra de Deus, através da Tradição viva da Igreja, e com base no sensus fidei que partilhamos. Todos temos um papel a desempenhar no discernimento e na vivência do chamamento que Deus faz ao seu povo.
Um chamamento ao envolvimento de todos os que pertencem ao Povo de Deus – leigos, consagrados e ministros ordenados – para se empenharem no exercício de uma escuta profunda e respeitosa uns dos outros. Esta escuta cria espaço para ouvirmos juntos o Espírito Santo e guia as nossas aspirações para a Igreja do Terceiro Milénio. “A participação fundamenta-se no facto de que todos os fiéis estarem capacitados e serem chamados a colocar ao serviço uns dos outros os dons que cada um recebeu do Espírito Santo. [...] Na Igreja sinodal, toda a comunidade, na livre e rica diversidade dos seus membros, é convocada para rezar, escutar, analisar, dialogar, discernir e aconselhar na hora de tomar as decisões pastorais mais de acordo com a vontade de Deus”. É preciso esforçar-se genuinamente por assegurar a inclusão das pessoas marginalizadas ou que se sentem excluídas.
A Igreja existe para evangelizar. Nunca podemos estar centrados em nós mesmos. A nossa missão é testemunhar o amor de Deus no meio de toda a família humana. Este Processo Sinodal tem uma dimensão profundamente missionária. Destina-se a deixar que a Igreja testemunhe melhor o Evangelho, especialmente com aqueles que vivem nas periferias espirituais, sociais, económicas, políticas, geográficas e existenciais do nosso mundo. Deste modo, a sinodalidade é um caminho pelo qual a Igreja pode cumprir mais frutuosamente a sua missão de evangelização no mundo, como fermento ao serviço da vinda do Reino de Deus.
«O objetivo deste Processo Sinodal não é proporcionar uma experiência temporária ou única de sinodalidade, mas proporcionar uma oportunidade para todo o Povo de Deus discernir em conjunto como progredir no caminho para ser uma Igreja mais sinodal a longo prazo.»
Vademecum
Depois da publicação do Documento Preparatório e do Vademecum, iniciou a 10 de outubro 2021 em Roma, e a 17 de outubro nas restantes dioceses do mundo, a Fase Diocesana, que se estenderá até abril 2022.
Nesta etapa deverão ser preparadas, em cada Diocese, momentos de oração, reflexão e partilha que favoreçam o discernimento, guiado pelo Espírito Santo, para que se coloque por escrito as opiniões e conclusões recolhidas. Esta consulta será sintetizada e enviada para a Fase Regional / Continental.
Através do Processo Sinodal, Deus conduz-nos no caminho comum da conversão através da experiência que fazemos uns com os outros. Deus chega até nós através dos outros e chega aos outros através de nós, muitas vezes de maneira surpreendente.
Eis-nos aqui, diante de Vós, Espírito Santo!
Eis-nos aqui, reunidos em vosso nome!
(...)
Nós vo-lo pedimos
a Vós, que agis sempre em toda a parte,
em comunhão com o Pai e o Filho,
pelos séculos dos séculos.
Amen.
Indicamos aqui os principais, que enunciam a sinodalidade como forma, como estilo e como estrutura da Igreja:
• fazer memória do modo como o Espírito orientou o caminho da Igreja ao longo da história e como hoje nos chama a ser, juntos, testemunhas do amor de Deus;
• viver um processo eclesial participativo e inclusivo, que ofereça a cada um a oportunidade de se expressar e de ser ouvido;
• reconhecer e apreciar a riqueza e a variedade dos dons e dos carismas que o Espírito concede em liberdade, para o bem da comunidade e em benefício de toda a família humana;
Este Vademecum foi concebido como um manual que acompanha o Documento Preparatório ao serviço do itinerário/percurso sinodal. Os dois documentos são complementares e devem ser lidos em conjunto um com o outro. Em particular, o Vademecum dá apoio prático à(s) Pessoa(s) (ou Equipa) de Contacto da Diocese, designada pelo Bispo diocesano, para preparar e reunir o Povo de Deus, de modo que possa dar voz à sua experiência na sua Igreja local.
Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para Ele cumprir na terra, foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes, para que santificasse continuamente a Igreja e deste modo os fiéis tivessem acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito. Ele é o Espírito de vida, ou a fonte de água que jorra para a vida eterna; por quem o Pai vivifica os homens mortos pelo pecado, até que ressuscite em Cristo os seus corpos mortais. O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo, e dentro deles ora e dá testemunho da adopção de filhos
Desde o Concílio Vaticano II até à atual Assembleia, temos vindo a experimentar de forma cada vez mais intensa a necessidade e a beleza de «caminhar juntos». (...) Segundo o Beato Paulo VI, o Sínodo dos Bispos devia repropor a imagem do Concílio Ecuménico e refletir o seu espírito e o seu método. (...) Devemos continuar por esta estrada. O mundo, em que vivemos e que somos chamados a amar e servir mesmo nas suas contradições, exige da Igreja o reforço das sinergias em todas as áreas da sua missão. O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milénio.
Ao longo do seu nono quinquénio, a Comissão Teológica Internacional levou a cabo um estudo acerca da sinodalidade na vida e na missão da Igreja. (...) desde os primeiros séculos que se designa com a palavra “sínodo” as assembleias eclesiais convocadas a vários níveis (diocesano, provincial ou regional, patriarcal, universal), para discernir, à luz da Palavra de Deus e na escuta do Espírito Santo, sobre questões doutrinais, litúrgicas, canónicas e pastorais que se vão apresentando ao longo do caminho.
O tema da sinodalidade não é um capítulo de um tratado de eclesiologia; muito menos, uma moda, um slogan ou um novo termo para usar ou instrumentalizar nas nossas reuniões. Não! A sinodalidade exprime a natureza da Igreja, a sua forma, o seu estilo, a sua missão. E, portanto, falamos da Igreja sinodal, mas evitando pensar que se trata de um título entre outros, uma forma de a conceber, mas que prevê alternativas.
Iluminado pela Palavra e fundamentado na Tradição, o caminho sinodal enraíza-se na vida concreta do Povo de Deus. Com efeito, apresenta uma peculiaridade que é igualmente um recurso extraordinário: o seu objeto – a sinodalidade – é também o seu método.
(Ciclo de Conferências - Capela do Rato)
29 novembro, 21.30h
– A sinodalidade na vida da Igreja:
interpelação espiritual, tarefa estrutural, estilo pastoral.
Prof. Doutor José Eduardo Borges de Pinho (professor emérito de eclesiologia na FT/UCP)
9 Dezembro, 21.30h
– Caminho sinodal e discernimento comunitário
Como elaborar consensos e tomar decisões?
P. José Frazão Correia, SJ (diretor da revista Brotéria)
13 dezembro: 21.30h
– Como entrar em processo sinodal?
Cristina Inogés-Sanz (teóloga leiga da comissão metodológica-Roma)
Em breve partilharemos mais informações e propostas de formação e de encontros.
Na reunião, a oração comunitária e a liturgia desempenharão um papel vital. A escuta uns dos outros assenta na escuta da Palavra de Deus e do Espírito Santo.