Júlia Souza de Melo

Artista Visual

Olá! Seja bem vinde à uma parcela do meu universo particular.

Meu nome é Júlia Souza de Melo e sou de Amargosa, Bahia. Atualmente resido em Vitória da Conquista, onde curso Nutrição na UFBA. Sou uma amante das medicinas complementares e terapias holísticas. Faço uso de óleos essenciais, homeopatia, plantas medicinas nas formas de chás, escalda pés, tinturas, banhos de corpo... não é a toa que fui carinhosamente apelidada de "bruxona" pelos meus amigos.

Sempre me senti conectada ao mundo das artes. Se existe forma mais bela de comunicarmos a nossa essência, eu desconheço. Ao longo dos meus 22 anos, me permiti experenciá-la nas mais diversas modalidades: desenho, pintura, música, escrita, dança, canto - não era um processo constante e mantinha apenas poucos registros. Me via mais como uma apreciadora do que uma artista em si. Somente no final de 2020 iniciei um processo de mudança da minha relação com esse universo e, desde então, tenho me permitido explorar o meu potencial criativo.

Estou vivendo um intenso movimento de reconexão comigo mesma, minha ancestralidade e o sagrado feminino e a pintura tem me acompanhado lado a lado nessa trajetória.

Minha forma de me expressar refletia muito a minha relação comigo mesma: cinza e regida por muita cobrança e perfeccionismo. Não nego que o produto final fica esteticamente belo, mas o processo de construção era desgastante e envolvia muita borracha e recomeços.

Atena (2020)

Para ser honesta essa imagem nem é minha. Vi no Pinterest e, por estar em um momento muito envolvida pela mitologia grega, decidi reproduzi-la. Não é a toa que ela distoa um pouco das outras produções verdadeiramente autorais.

Metamorfosei-se (2020)

Esse foi o primeiro marco de mudança. O símbolo da borboleta nos olhos não foi escolhido por acaso. Estava realmente entrando em um processo de reconstrução da forma com que eu via o mundo. Eu costumava parar para desenhar apenas quando ia presentear alguém. Esse foi como um presente para mim mesma.

Nesse ano, sinto que meu processo de mudança está acontecendo em x2, x3.... fica até difícil responder ao questionamento de "quem é Júlia". Vivencio um contínuo estado de transição. E isso não passou despercebido em minhas produções. Queria que a arte estivesse mais presente em minha vida, mas de uma forma diferente. Queria que ela me libertasse ao invés de me aprisionar. Nada de contornos definidos ou estruturas anatomicamente perfeitas. Dessa vez, deixaria o emocional me guiar. Sem cobranças. E com muita cor - vantagens de morar com um primo em idade escolar: sempre tem tinta guache e pincel em casa!

O

Em um momento de angústia emocional, me lembrei de um minicurso de Arteterapia que realizei na UFBA em 2018 e decidi recorrer às tintas para sublimar minhas emoções.

Foi um processo totalmente intuitivo, desde à escolha das cores até as formas que apareciam no papel. Usei meus dedos como pincéis para trazer mais honestidade ao momento.

A obra original é a da esquerda, mas prefiro ela de ponta cabeça - me lembra uma paisagem oriental.

QUE

Nesse mesmo dia decidi tentar o processo inverso. Se é possível me descarregar colocando minhas emoções em um papel, seria possível me recarregar expressando nele o que eu gostaria de estar sentindo?

Dessa vez o processo foi mais analítico-associativo. Escolhi movimentos e cores mais pacíficos - e um pouco de alegria expressa no amarelo.

TE



Mais uma vez me senti sufocada em minhas próprias emoções e mais uma vez recorri às tintas como refúgio terapêutico - e mais uma vez preferi a pintura de ponta cabeça haha

FAZ

Dessa vez me permiti pintar antes de estar à beira de explodir. Copo cheio com uma gota transborda. Por que não beber um pouco antes de chegar à borda?

Gosto de analisar as pinturas ao final do processo e buscar simbolismos e respostas em meio ao caos de cores e movimentos aparentemente abstratos.

Engraçado como o laranja é uma cor tão viva e o preto parece a todo custo tentar escondê-la.

SENTIR?

Mulher selvagem (2022)

Ainda na ideia de usar os dedos, arrisquei pintar algo menos abstrato. A ideia era usar uma cor em cada dedo e não lavar as mãos até que tudo estivesse pronto. Quase uma brincadeira. Tinha a aquarela na palma da minha mão - ou na ponta dos meus dedos.

Ancestralidade (2022)

Decidi mudar a logística. Queria tentar algo mais colorido, então fui obrigada a ir lavando as mãos para mudar as cores utilizadas. Fiz dessa pintura uma homenagem à todas as mulheres da minha família que vieram antes de mim - e como sou guiada pela força delas.

Auto-abraço (2022)

Quando me mudei para Vitória da Conquista, em 2017, não tinha intimidade com ninguém para dar um abraço - vazio que gerou grande incômodo e resultou em lágrimas. Em uma recente consulta, fui questionada com que frequência me abraçava. Nunca havia pensado nisso. Talvez a Júlia de 2017 pudesse ter evitado essa ausência se tivesse visto no espelho alguém com quem pudesse demonstrar tamanho afeto. E você, já se abraçou hoje?

Lua plantada na terra (2022)

Somos ensinadas desde a menarca à relacionar nosso sangue à algo sujo, vergonhoso e cheio de dor - desconhecemos seu poder. Nosso sangue é rico em nutrientes e quando o descartamos, estamos comparando-o a um dejeto, um lixo. Plantar a lua é reconhecer a nossa potência, encerrar o ciclo devolvendo à natureza a vida que ela nos proporciona e entrando em plena sintonia com a mãe-terra. É a essa força que devemos relacionar a nossa menstruação.

Yin-Yang (2022)

Segundo a cultura chinesa, somos formados pelas forças Yin e Yang. Enquanto o Yang representa luz, barulho, mental, atividade, masculino, o Yin traz consigo o escuro, silêncio, intuição, descanso, feminino. Vivemos em uma sociedade extremamente Yang, com um conceito distorcido de produtividade. Cabe à todos nós buscar a nossa força Yin e encontrar o equilíbrio que almejamos.

Mulher. Leão. Leonina (2022)

Essa semana fui comparada `à uma leoa e me senti muito orgulhosa do meu processo. Durante a minha vida deixei a timidez e a insegurança falarem mais alto e esse comentário foi um marco de que minhas mudanças internas estão tornando-se também externas. Estou deixando surgir a leoa/leonina que existe em mim - e que por tanto tempo ficou escondida.

Arte (como) terapia (2018)

Como havia mencionado anteriormente o minicurso de Arteterapia que fiz, achei justo encerrar minha exposição com a obra que deu o pontapé inicial na modalidade artística que escolhi me expressar aqui.

Apesar de estar nesse movimento de reduzir o perfeccionismo, não pude evitar deixar as obras em ordem cronológica - dentro de cada subgrupo. Queria que vocês acompanhassem ao longo da página o meu longo processo pessoal.

Espero que tenham gostado e se permitido sentir tantas emoções aqui presentes! Abraços afetuosos (=

Instagram: @souzamju