Natureza
28/10/2008 - A história, por mim mesma, por esta causa
28/10/2008 - A história, por mim mesma, por esta causa
Sabem aquela máxima: “estudar a história a fim de assegurar o presente e prever e preservar o futuro"?
Morando algum tempo no Estado do Arizona, (EUA) em uma cidade quase fronteiriça com o México, por volta de uns dois meses atrás, era uma tarde penosa de 50ºc, rachando o asfalto do deserto, naquele dia não tomei coragem de sair de casa. Como em todo deserto onde existe vida, as casas são dotadas de ar condicionado central e controle de umidade para que possamos sobreviver aonde a água não chega. Do Brasil, levei comigo alguns poucos livros sobre ciências políticas, um tema da qual aprecio muito, enfadada de ver a China e os Estados Unidos levarem todas as medalhas olímpicas, desliguei a televisão e comecei folhear alguns dos livros, somente a fim de ler algo em português, e aproveitar o clima fresco dentro de casa. Abrindo o livro a qualquer sorte e fazendo ar de pouca graça li uma frase que me despertou tamanha curiosidade: “pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos". A frase, que nem o autor soube explicar quem proferiu, me levou a querer saber o significado. Eu tinha em mente que na guerra mexicana os Estados Unidos haviam tomado o Estado da Califórnia, Nevada, Utah, parte do Colorado, a maior parte do território do Novo México e do Arizona. Uma coisa a mais me despertou, os motivos eram cristalinos, mas eu queria saber a maneira como isso foi feito e decidi então estudar sobre essa guerra. Tentarei ser breve no assunto, mas jamais deixando de demonstrar o motivo pelo qual me levou a escrever e a fazer a comunidade.
O México vivia em torno de 1821, sob o domínio espanhol. Menos de 20 anos depois de emancipar-se, o mesmo perdia para os Estados Unidos a sua “Amazônia" setentrional, sem florestas tropicais, mas de clima temperado, composta de vastas e fertilíssimas terras, onde jaziam o ouro da Califórnia, as pastagens do Texas e as riquezas adormecidas de imensos e gigantescos lençóis petrolíferos. A Califórnia era enaltecida e descrita como a mais rica, a mais bela e a mais saudável região do mundo...
Todo esse vasto espaço de enormes tesouros naturais foi perdido para o país vizinho,
“cujos habitantes o ocuparam primeiro pacificamente, como hóspedes bem-vindos, comprando e demarcando terras de propriedade privada e nelas se instalando. Depois, numa segunda fase ( tá bom, não vou ser tão legal), numa segunda estratégia, proclamando ali uma república títere - a República do Texas - e finalmente pelas armas com a invasão militar e os exércitos de conquista e anexação, executores de um cálculo de expansão política, militar e econômica verdadeiramente inexorável tal como o lobo da fábula de La Fontaine, inventando um pretexto para devorar o cordeiro".
Quando o governo mexicano despertou para o perigo e tomou medidas para deter a ulterior imigração era demasiado tarde.
Ao saber, no dia posterior, por intermédio de amigos, a questão das demarcações de terras indígenas no Brasil e no estado onde nasci, a sua proporção e a maneira que estava sendo conduzida, titubeei em achar que mera semelhança fosse pura coincidência. O meu Estado iria sofrer aquilo que ainda estava por gerir no meu cérebro o que eu havia acabado de ler sobre a guerra mexicana, e mais, eu estava morando no Estado que antes pertencera ao México e fora palco da estratégia americana. Fiquei inconformada, e comecei a procurar meios de obter mais informações e passar informações, pois pensei “o povo brasileiro está sabendo disso”? Eu não participava da mídia nacional naquele momento, e o único instrumento que achei para aliviar a minha agonia e ansiedade enquanto eu permanecia naquele país, foi fazer essa comunidade no Orkut a fim de saber informações sobre o que realmente estava acontecendo no Mato Grosso do Sul. Tive a infelicidade de saber que não era só o meu Estado que estava a ser tomado, e sim grande parte da nossa riqueza, a Amazônia, Raposa Serra do Sol, o nióbio, dentre outras que a mídia não faz questão de nos contar.
A situação do Brasil tem certas analogias com a do México à medida que desperta hoje a cobiça inconfessável de superpotências estrangeiras, que têm como ponta de lança algumas das chamadas Organizações Não Governamentais (ONG) cuja ação se espalha pelo mundo inteiro, e cuja linguagem é precursora, introdutória e preparatória do assalto à soberania, Não tendo obviamente a reserva, o comedimento e a dissimulação do discurso diplomático,
corremos o risco de ver até mesmo a ONU fazer aqui, de forma bem mais refinada e eficaz, o papel que os Estados Unidos fizeram com menos hipocrisia.
Há mais joio do que trigo, nos problemas da preservação da cultura indígena. O cavalo de tróia de falsos ecologistas, falsos antropólogos, falsos indianistas e falsos evangelizadores que se introduz sorrateiramente na Amazônia dia após dia.
Claro que nós brasileiros estamos ligados à perplexidade da crise de governabilidade, da inconstitucionalidade e do retrocesso institucional. Hoje, acredito, nos empurraram e ainda nos empurram ocupar nossos pensamentos nessas crises. Querem nos fazer esquecer de uma causa muito maior que é não ver nossas vidas dissipadas por lobos que irão na hora certa comer os despreparados cordeiros. A presa somos nós, brasileiros, diante de uma certeira e visível ameaça à soberania nacional.
Mayara Barros Pagani
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Uma floresta em agonia
Motivo de orgulho para os brasileiros, a Amazônia nunca esteve tão ameaçada desde a época do seu descobrimento. Suas árvores são tombadas para em seu lugar aparecerem extensas plantações agrícolas. As madeiras de lei são contrabandeadas nas barbas das autoridades para empresas internacionais, outras ficam por aqui mesmo em alguma madeireira clandestina. Às vezes, o fogo ateado por fazendeiros inescrupulosos, se encarrega por dizimar o que sobra e o que se encontra pela frente. Um estudo já comprovou que o fogo destrói boa parte dos nutrientes encontrados no solo.
Animais de beleza rara são vendidos a preço de banana para colecionadores estrangeiros. Animais que, na maioria das vezes, são transportados sob condições de tortura, em pequenas caixas mal acabadas. Muitos acabam morrendo antes mesmo de chegarem ao seu destino.
Para este tipo de gente, a Amazônia se tornou uma grande fonte de riqueza e poder. Ainda há os que se aproveitam da fragilidade das leis brasileiras para se apoderarem de plantas medicinais, se fazendo passar por turistas. Nossas plantas são colhidas e levadas para fora. São analisadas por pesquisadores, transformadas em remédios, cápsulas, comprimidos, e depois vendidos a preços astronômicos. Temos nossas plantas e árvores roubadas, depois ainda temos de pagar um altíssimo preço pelo resgate.
Talvez, quando não existirem mais árvores para derrubar, animais para matar, os destruidores da natureza se conscientizem da importância do que ela representa para todos nós. Vendo tantas notícias tristes sobre a destruição da natureza, particularmente na Amazônia, o melhor a fazer é incentivar a destruição total de uma vez, já que as tentativas para tentar acabar com o desmatamento é ou se faz inútil. Somente assim, incentivando a destruição total de uma vez por todas, quando os assassinos da natureza - com os cofres entupidos de dinheiro -, não tiverem mais o que cortar, quando o clima começar a mudar e a água dos rios secarem completamente, talvez assim eles se lembrem das florestas verdes e exuberantes que um dia destruíram em prol do seu prazer de viver em casas luxuosas. Mas do que adianta o luxo e o prazer se não tiverem água potável para beber, animais soltos na natureza para apreciarem? E se as chuvas cessarem, devido à extinção das florestas? Sim, acabando com as florestas tropicais, a tendência é que a temperatura terrestre também aumente, provocando o chamado efeito estufa. Grande parte da poluição lançada no ar é filtrada pelas florestas. A possibilidade é que a Terra seria transformada num grande deserto, tornando-se inabitável, pois a temperatura se elevaria de tal modo que se tornaria insuportável. Quem sabe não tenha sido esta a causa da extinção da vida em outros planetas? O que dizer de Marte, que poderá ter abrigado vida milhões de anos atrás? É possível que ele tenha abrigado vida, com florestas exuberantes e animais, povoando todos os cantos do planeta. Então vieram os marcianos, descobriram que as florestas poderiam ser uma ótima fonte de riqueza. Dizimaram tudo: árvores, animais, lagos, rios... transformando o planeta num grande deserto. A temperatura chegou a extremos, impossibilitando sua permanência por lá. Mas havia outro planeta próximo, a Terra, cheio de florestas magníficas, animais extraordinários, rios e lagos fartos, um oceano infinito... Enviaram, assim, alguns seres para poderem mapear e colonizar o planeta antes que a sua raça marciana se extinguisse.
Será que somos marcianos vivendo no planeta Terra? Vamos destruir as coisas boas que encontramos aqui. Voltemos para Marte, nosso antigo habitat. Reconstruiremos as florestas, os rios e lagos. Repovoaremos a terra com homens e animais. Aliás, qual a diferença entre um homem e um animal? Um animal só mata para sobreviver ou para se defender. Apenas por esta questão já podem ser considerados superiores. O homem mata por prazer e por ganância.
As florestas agonizam. O mundo não vai acabar daqui a alguns anos, ele está acabando desde que o homem pôs os pés sobre a terra.
Al Avec
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