Mitologia

Grandes heróis da era medieval

A emocionante história de Ben Hur

BEN HUR - Parte I

A emocionante história de Ben Hur é uma obra do romancista norte-americano Lewis Wallace, natural de Indiana. O livro apareceu em 1880 e foi traduzido em todas as línguas. Em 1959 essa obra foi levada ao cinema, o que rendeu ao diretor William Wyler 11 oscars e diversas premiações internacionais.

Estamos em Jerusalém, no ano 21 de nossa era. Em seu palácio, de espessas paredes brancas, a viúva de Itamar Hur, príncipe de Jerusalém, entretinha-se com seus dois filhos. Tirzá, menina de quinze anos, e Judá, rapaz de dezessete anos, a quem chamavam também de Ben Hur (filho de Hur).

- Mãe - dizia o jovem -, que futuro me espera? Messala explicou-me que eu, sendo judeu, era inferior aos romanos! Por que? Qual o motivo de sermos menosprezados?

- Nenhum, meu filho! Não te esqueças dos grandes homens de que a nossa história está cheia. Não tivemos legisladores, guerreiros, poetas e monarcas sublimes? Lembra-te de David, Moisés, Salomão... Mas dize-me Judá, teu amigo de infância, Messala, está de volta a Jerusalém?

- Meu amigo! - respondeu Judá tristemente - Meu amigo falou-me hoje como fala um superior, um conquistador, e com que tom de orgulho e desprezo!

- Escutai! - interrompeu Tirzá -, escutai o barulho, os gritos na rua!

Judá dirigiu-se ao grande terraço e de lá percebeu que chegava Valério Grato, o novo procônsul de Roma, a cavalo, cercado de legionários e cavaleiros. Descontente com suas leis duras e vexatórias, a multidão o acompanhava com vaias e gestos ameaçadores:

- Cão! Abaixo o tirano! Ladrão! Ladrão!

Para ver melhor, Judá apoiou-se ao muro. Uma telha, que havia muito estava rachada, desprendeu-se e caiu, atingindo a cabeça do procônsul.

Quando os legionários entraram no palácio dos Hurs para procurar o culpado, Messala os seguiu e apontou para Judá.

- É ele! É ele o assassino!

- Aquele? - exclamou, admirado, o oficial -. Mas é uma criança!

- Judá odeia os romanos. Eu sei. Ele quis matar o procônsul. A mãe dele e a irmã são também culpados. Prendei-os todos!

Ilustração mostra os detalhes do acidente

Valério Grato lançou à prisão a mãe e a irmã de Ben Hur e mandou este para as galés, donde ninguém jamais voltava com vida. Judá, porém, animado de um terrível desejo de vingança, resistiu três anos.

As ilustrações abaixo detalham Judá sendo conduzido pelos soldados romanos e posteriormente escravizado nas galés.

BEN HUR - Parte II

Durante um combate naval contra os piratas, Judá salvou a vida do comandante das galés, Quinto Arrio, ao cair no mar entre as chamas do navio.

Arrio, impressionado pelo nobre comportamento de Judá, concedeu-lhe a liberdade e o adotou.

Ben Hur salva Arrio da morte

Em Roma, o filho adotivo do rico duúnviro Quinto Arrio não se entregou aos prazeres da juventude. Aprendeu com os romanos o ofício das armas e sua organização militar, a fim de poder, um dia, livrar a própria pátria de sua tirania.

No mês de julho de 29, Ben Hur voltou ao Oriente. Estacionou primeiro em Antióquia. Nessa cidade da Síria realizavam-se corridas de carros, das quais Messala participava. Judá viu nisso uma excelente ocasião para exercer sua vingança e também se inscreveu para a disputa.

Corrida de bigas (carros). Ben Hur contra Messala

A quadriga do romano era formada de quatro esplêndidos cavalos negros, a do judeu, de quatro puros-sangues árabes de cor branca. A corrida revelou-se emocionante desde a partida. As duas quadrigas, bem dirigidas pelas mãos de seus condutores, passavam como o vento em torno da arena, sem se distanciar uma da outra. Após algumas voltas, um espantoso ruído abalou o circo. Pôde-se ver, então, o carro de Messala pender para a direita, com uma das rodas quebrada, e o romano ser precipitado ao solo. Ben Hur chegou à meta vencedor, enquanto os clamores ecoavam em todo o circo.

O judeu havia humilhado o romano, gravemente ferido. Mas outros deveres mais importantes o esperavam: achar sua mãe e sua irmã e organizar a luta contra o opressor romano.

Nessa mesma cidade de Antióquia, Judá tinha conhecido um venerável ancião a quem chamavam "O eleito de Deus". Era o mago Baltasar, o egípcio, que lhe contou como tinha visto o Menino Jesus na manjedoura. Judá escutava, enlevado, o relato da viagem dos três magos, orientados pela Estrela até Belém.

- Mas que aconteceu com o menino? - perguntou Ben Hur -. Onde se encontra esse rei esperado por todos os judeus, o Messias que abaterá a tirania romana e estabelecerá a unidade de Israel? Serei seu soldado! Eu lhe entregarei meu reino!

A fim de se por a serviço de Jesus e também para encontrar Tirzá e sua mãe, Ben Hur partiu para Jerusalém. Lá ele viu Jesus com seus próprios olhos: não estava vestido de púrpura nem de ricas vestes, como ele esperava, mas caminhava descalço e fazia milagres. Viu-o ressuscitar um morto, devolver a vista aos cegos, curar os leprosos. Viu-o curar da lepra sua própria mãe e sua irmã Tirzá. Ben Hur tinha vindo a Jerusalém combater por um rei vingativo e lhe entregar seu reino. Mas o que viu foi Jesus subir o Gólgota para o suplício da cruz. Viu-o de cabeça descoberta, mãos atadas, olhando para a multidão com ar de bondade. Então Ben Hur compreendeu que para agradar àquele rei seria inútil levantar a espada, pois Ele não aspirava a outra vitória senão a do amor entre os homens.

Texto e imagens extraídos do livro

Heróis de Livros Maravilhosos

Freitas Bastos

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