Nesta altura, ainda vivo com o tal sentimento triplo - de alegria, pelo privilégio que me concederam, de preocupação pela responsabilidade que o cargo implica, e de serenidade, muita serenidade, pela confiança e pelo incentivo que, generosamente me têm transmitido.

Mas mais do que isso, o sentimento de que, nesta caminhada, eu e a Marlene não estaremos sós. Vós estareis connosco. Todos vós. Todo o Distrito Rotário. E só assim, todos juntos, vamos conseguir os objetivos a que nos propusemos.

A todos agradecemos profundamente.

Em primeiro lugar, gostaria de começar por sublinhar o excelente trabalho desenvolvido pelo Governador 2014-15, Cº. Fernando Pires Laranjeira e a sua equipa. A sua liderança foi plena de dinamismo, os Clubes corresponderam, e as concretizações são dignas de um sentido reconhecimento.

Parabéns, Companheiro Governador, meu caro Amigo Fernando Laranjeira. E obrigado por me obrigares a esforço adicional para manter a dinâmica que o Distrito evidencia.

Parabéns também à Esposa, Cª. Conceição, pela complementaridade que tem demonstrado ao lado de seu Marido. O ano 2015-16 vai agora começar, mas a sua preparação já demonstrou que os nossos cônjuges são pilares fundamentais, para um melhor ou menos bem conseguido trabalho nosso. Aliás, para o bom exercício desta nossa missão, sacrificamos, normalmente as pessoas que mais amamos e que nos estão mais próximas, a Família, os Amigos, etc., que privamos do nosso convívio estando, assim, a doarmos também um pouco deles.

Um afetuoso abraço para ambos, Fernando e Conceição.

E, meus caros Amigos, também não posso esquecer a história. A história enriquecida, ano após ano, por todos os outros Companheiros que nos antecederam, desde há quase 90 anos, em Portugal, e há mais de 110 anos no mundo. Afinal, foram eles que nos permitiram estar hoje aqui, e, para eles, vai também a minha sentida homenagem.

Naturalmente que, de entre todos, sobressai, desde logo, o nosso Companheiro Paul Percy Harrys, o Presidente Emérito, o fundador de Rotary, a primeira e a mais internacional das organizações de clubes de prestação de serviços, integrada por profissionais que implementam actividades humanitárias, promovem a ética e buscam a paz e a compreensão mundial.

Vamos iniciar mais um Ano Rotário com o entusiasmo que é natural em todos os projectos que abraçamos. Partimos cheios de sonhos, acalentados com a vossa presença e, sobretudo, com a vossa participação.

Antes de continuar, permitam-me lembrar que estou a dirigir-me a todos os presentes, e que, quando falo em Companheiros, incluo nestes, também os nossos Companheiros de Clubes Jovens, o Interact, o Rotaract e o Rotary Kids. Também eles são Rotários. Também eles comungam dos mesmos ideais, também eles, realizam projectos e acções, também eles nos enriquecem e, ao contrário do que muitas vezes possamos pensar, não há barreiras nem conflito de gerações. E, a existirem, não será, seguramente, por culpa exclusiva de uma das partes. Há, sim, complementaridade que a todos enriquece. Há ainda, lições de vida e exemplos de conduta sobre os quais, nós, os de maior idade e os ditos de mais experientes, por vezes, deveríamos meditar e com eles aprender. Porque é fantástico conviver com os nossos Jovens!

Já vos disse que eu não sou o que mais sei, subscrevendo, aliás, as sábias palavras do nosso Companheiro Governador, 2014-15, do D.1960, António Mendes, a quem mais uma vez saúdo, mas sou o que tenho maior responsabilidade. Esta, a responsabilidade, eu não posso delegar. Mas posso delegar funções. Posso e devo delegar tarefas.

Como vos tenho dito, caros Companheiros, vejam o Governador, mas sintam o Amigo. O Amigo que mais do que falar vai querer escutar. Vai querer perceber os problemas dos Clubes, do Distrito. Vai querer ajudar. Vai querer ajudar-vos a ajudar.

O Governador e a sua equipa vão querer estar convosco, em todas as ocasiões mas, em especial, na altura das dificuldades.

Ao longo destes últimos meses temos vindo a trabalhar, a definir objectivos e metas, a definir a estratégia para o ano que agora se inicia. As reuniões, os seminários de informação e formação decorreram com muito entusiasmo e eficiência. Vós, em cada um dos vossos Clubes, tereis o vosso plano de actividades delineado, fundamentado e alinhado com o Distrito Rotário e com o Rotary International, que visam a melhoria da qualidade de vida nas comunidades, locais e mundiais. Mundiais, sublinho. Porque nós fazemos parte integrante de um Movimento Internacional – o Rotary – e a nossa responsabilidade não é só com a nossa Comunidade local. É com o Mundo. Não se esqueçam da nossa Fundação de Rotary Internacional.

O trabalho a sério, os nossos planos, as nossas metas, os nossos sonhos, vão agora começar a ser concretizados. E isso faz-se com acção. Temos que ser interventivos. Todos. E temos 365 dias para os concretizar.

O serviço em Rotary não é uma tarefa de uma pessoa isolada, mas sim um trabalho realizado em conjunto, consensualmente, feito com companheirismo e compreensão mútua por todos os intervenientes, em todas as ações de serviço.

Mas nada é estático, caros Companheiros. Hoje em dia, como eu costumo dizer, a única coisa permanente é a mudança. E, citando Paul Harris, “se Rotary quiser ser senhor do seu destino, deverá ser evolucionário sempre e revolucionário algumas vezes”. Deveremos ponderar nisto. Para o nosso Distrito e para o nosso Movimento.

A Equipa Distrital, todas as Comissões Distritais, estão imbuídas do mesmo espírito interventivo e disponíveis para trabalharem em conjunto com os Clubes, sempre que estes assim o entenderem. Afinal, é nos Clubes que os sonhos se materializam. É nos Clubes que a obra acontece. Eu e a Equipa Distrital vamos estar atentos e contribuir com as nossas ações para o sucesso do nosso Distrito e do Movimento Rotário. Mas, se porventura alguma vez nos distrairmos não se inibam de nos contactar. Sejam guerreiros! Solicitem-nos!

E todos Vós Companheiros que integram cada Clube do nosso Movimento, mantenham a mesma atitude participativa e interventiva. Não entreguem o Clube ao Presidente. Sejam irreverentes, aportem as vossas ideias, não se limitem a estar em Rotary. Sejam actores. Sejam Rotários. Rotary é serviço. E lembrem-se que “mais beneficia quem melhor serve”.

Rotary é uma organização de profissionais e homens de negócios que se juntam para servir. Para darem de si antes de pensar em si. Esta definição de Rotary é a mesma em qualquer parte do mundo. E, cada Clube Rotário é um conjunto de profissionais com tarefas muito diversas que irá servir na área geográfica da sua implantação, de acordo com as suas oportunidades locais e de acordo com a sua individual maneira de pensar.

Um Clube Rotário, é assim, como que uma grande orquestra, com os mais variados instrumentos, cada um com sons diferentes, mas todos interpretando a mesma pauta, corretamente sintonizados, com o mesmo fim em mente – transmitir harmonia, paz, bem-estar, alegria, ou seja, o ideal de servir e uma procura permanente de melhoria das necessidades básicas a que todos têm direito.

Logo, cada Clube é sempre original. Esta é, caros Companheiros e Amigos, uma realidade fantástica. Cada Clube, cumprindo os mesmos princípios universais de Rotary, e prosseguindo os mesmos valores, pode ele próprio ser original, diferente, mantendo uma autonomia criativa, adaptada às especificidades da comunidade e da região em que se insere. Será a dedicação e serviço de cada Companheiro que tornarão cada Clube interessado, interveniente e transformador da comunidade em que está implantado. Apelo, profundamente, a essa vossa dedicação.

Que este magnífico espaço, onde nos reunimos hoje, construído para que os mais variados instrumentos musicais e intérpretes tão diferenciados sejam um conjunto harmonioso e único, nos sirva de inspiração para que cada um de nós seja o intérprete fiel dos sons tão diferentes que individualmente produzimos mas que, na sua diversidade, se complementem e consigamos interpretar a mesma “pauta”, concretizando os tão almejados anseios da construção de um mundo melhor.

Já Platão dizia, e Paul Harris consignou no seu livro, “Esta Era Rotária” - “… por intermédio da música a alma aprende a harmonia e o ritmo, e mesmo uma disposição para a Justiça…”.

No nosso Movimento temos representadas as mais diversas actividades profissionais, mas, no meu entender, ainda muitas não fazem parte do leque do nosso Quadro Social, e, quanto mais diversificado ele for, mais rico ele será e maior será o seu encanto e a sua sedução.

Deveremos continuar o trabalho que tem vindo a ser feito de abrir o nosso Movimento à Comunidade. Levá-lo a perscrutar o mundo dos negócios nas nossas regiões, assumindo atitudes de desafio ao seu desenvolvimento.

Reflectir internamente é excelente, é gratificante, é construtivo, mas de nada serve se não fizermos eco dessas nossas preocupações junto das instituições que, na realidade, podem exercer as acções que conduzam à mudança necessária, daquilo que, na nossa sociedade carece de ser modificado.

Se formos sensores de alertas para desvios de rumos ou reajuste de direcções, se promovermos o debate com irreverência construtiva, com todos os parceiros, já estaremos a contribuir para o bem da sociedade.

E, hoje em dia, Companheiros, servir eficientemente só é possível em parceria, com todas, repito, todas as instituições públicas e privadas. Vamos construir pontes, fazer parcerias. O Rotary precisa das instituições, das empresas e também elas precisam de Rotary.

Rotary deverá ser também um motor de progresso da sua região atraindo ao seu convívio os empresários, os empreendedores, que ainda cá não estejam.

Temos aqui presentes e ou representadas instituições e empresas, públicas e privadas, e estamos nós, todos, cidadãos, que nos preocupamos connosco e com o nosso vizinho. Desafio todos a darem as mãos, a concretizarem parcerias e a trabalharem em conjunto. Desta forma os resultados serão bem melhores e mais profícuos. E não nos devemos inibir de abraçar qualquer projecto que entendamos ser benéfico para a Comunidade, mesmo que ele não seja de nossa iniciativa.

Queremos uma economia dinâmica mas não canibalizada pela finança. Defendemos o empreendedorismo responsável, com responsabilidade social.

Um tecido empresarial forte e com sentido de responsabilidade social, cria riqueza e oportunidades de trabalho, contribui para uma melhoria da sua comunidade e para o bem-estar social.

As cidades têm também a sua gestão competitiva. As cidades não são apenas grandes avenidas, grandes rotundas, grandes edifícios. Também as cidades se devem focalizar nas pessoas. É preciso que os Municípios estejam atentos a isso. É preciso criar condições para que as empresas se fixem. É preciso apoiar as microempresas. A sua contribuição à sociedade vem de longa data e geram oportunidades de emprego, inovações e avanços tecnológicos, e poderão crescer de forma sustentada, contribuindo para o enriquecimento da economia, do aumento de postos de trabalho e da melhoria da qualidade de vida das populações.

Parafraseando L. Binstock, “O trabalho não é necessário apenas para ganhar a vida. A sua função principal é fazer a vida”.

É, de facto, um dia de júbilo que aqui estamos a viver, com o calor da vossa presença amiga e generosa.

Como rotários, nós não precisamos de inovar nada, nem de dominar nada nem ninguém. Precisamos de prosseguir, apenas, dignamente uma atitude moral e humilde, num espírito de sã convivência, de bem-fazer, procurando a aproximação e a permuta de conhecimentos, e que haja pessoas cultas mas também sociedades civilizadas.

Nós, rotários, não somos santos, nem génios, nem sábios. Somos apenas homens. Homens e Mulheres que prezam o bem como fim maior do ideal de servir, e que se prezam de o praticar por imposição e dever das suas próprias consciências.

Nós procuramos a prática de um princípio de humildade, aquele princípio que nos faz aceitar a falibilidade das nossas certezas e acreditar que os outros nos podem ajudar a ter uma visão mais completa e global sobre a realidade.

Ao contrário do que eu imaginava, e que a maior parte das pessoas ainda pensa, para se ser Rotário, não é indispensável ser rico. Para se ser Rotário basta ser generoso, servir, participar e colaborar servindo.

Numa sociedade materialista como a nossa, precisamos continuar a cultivar o espírito de serviço.

E, sem querer ser fastidioso, vou aludir a um outro pensamento, este de Martin Luther King, “Todas as pessoas podem ser grandes porque todas podem servir. Não é preciso ter um diploma universitário para servir. Não é preciso fazer concordar o sujeito e o verbo para servir. Basta um coração cheio de graça. Uma alma gerada pelo amor”.

Também em Rotary tenho confirmado que a maneira mais fácil de crescer como pessoa é cercar-me de pessoas melhores do que eu.

Caros Companheiros, o nosso Distrito será, sobretudo, aquilo que nós quisermos que seja. Quantos mais participarmos, mais ideias se equacionarão, mais apuradas serão as decisões, a discussão será mais rica e a decisão mais apurada.

Um dos projectos que vamos continuar a trabalhar, é o do reforço do Quadro Social, com a manutenção activa e interventiva dos Companheiros e a entrada de novos elementos que interiorizem o ideal rotário.

Todos nós temos, ou tivemos, um Padrinho em Rotary. Pois, meus Amigos, temos obrigação de retribuir tornando-nos também Padrinhos de um ou mais Companheiros. E eu não acredito que, no nosso ciclo de amigos, nas nossas empresas, nas nossas comunidades, não tenhamos ninguém que não sinta como nós e que não comungue dos nossos ideais de construirmos um mundo mais equilibrado, mais justo e mais fraterno.

Há tempos, ouvia alguém dizer que o mundo será melhor quando todos forem rotários... Eu acredito que sim. E enquanto os direitos humanos não prevalecerem, enquanto as pessoas não forem o foco da sociedade, o Rotary não acaba nunca. Somos pessoas, a trabalhar para pessoas. Como diria o nosso Companheiro António Mendes, “somos gente, que gosta de gente, de toda a gente”.

Por isso, tragam um Amigo! Formemos uma grande Família Rotária, onde sócios actuais, ex-sócios, cônjuges e filhos de rotários e amigos, todos se sintam felizes e se continue a alimentar uma atmosfera de calor e atenção. E não esqueçamos os cônjuges e filhos de companheiros falecidos. Estes devem também merecer o nosso carinho.

Lembremo-nos de que, às vezes, tudo o que uma pessoa precisa é de uma mão para segurar e um coração para entendê-la.

Estaremos atentos à Comunidade local, sobre a qual também já começámos a reflectir, no sentido de podermos ser úteis na dinamização e alavancagem de acções/projectos de carácter social.

“Seja um Presente para o Mundo”, é o nosso lema para este Ano Rotário de 2015-16.

O significado deste lema é fantástico. Alumiado pelas velinhas que, em 2014-15, “fizeram o Rotary brilhar”, abre-se para nós uma nova oportunidade de nos doarmos ao mundo.

O presente é aquilo que oferecemos de alma e coração. É a nossa capacidade de nos doarmos que, na verdade, tem muito a ver com o nosso principal e sempre actual lema – “Dar de Si Antes de Pensar em Si”.

Este lema transmite-nos um sentimento de paixão, de amor, de retribuição da felicidade de termos nascido. Nós nascemos para sermos felizes. Mas só o seremos se o não formos sozinhos. Não se trata de darmos, apenas, presentes materiais, mas antes, de nos doarmos de alma e coração em prol dos mais carenciados. Temos que ser capazes de não darmos só o que nos sobra, e é tanto, mas ainda um pouco do que nos faz falta. Só assim estaremos, de facto a ser um presente para o mundo.

Como referiu o nosso Presidente de R. I., Ravi Ravindran, “todos nós temos algo a oferecer independentemente de quem somos e do nosso estilo de vida. Podemos oferecer os nossos talentos, conhecimentos, habilidades, empenho, dedicação e devoção. Através do Rotary, podemos usar estas dádivas para fazer uma diferença verdadeira na vida das pessoas e no mundo”.

E eu não posso deixar de voltar a sublinhar que nós, quando entramos em Rotary, assumimos um compromisso com o Mundo. E, se um dos nossos objectivos é a compreensão entre as nações e a paz mundial, como podemos estar em paz quando a maior parte da população não tem acesso aos cuidados básicos, quer na área da pobreza, da saúde, da alfabetização, dos recursos hídricos, etc..

Por isso, apelo para que não vos esqueçais de incluir nos vossos projectos a nossa Rotary Foundation. Ela é, meus caros Amigos, o coração do nosso Movimento.

O mundo é uma aldeia. E a nossa aldeia é o mundo.

Nós vamos ajudar o mundo. Os Clubes têm que ser capazes de assumir esse compromisso. Rogo-vos, imploro-vos que não olvidem isso. E desafio as instituições, as empresas, as pessoas em geral, a associarem-se aos nossos projectos humanitários, locais e mundiais, a abraçarem esta nobre causa, contribuindo, assim, para um mundo mais equilibrado, mais humanizado e mais justo.

Falei-vos de esperança, sim. Mas esperança exige perseverança.

Nesta caminhada todos vamos deparar-nos com algumas dificuldades e problemas, e, por momentos, podemos ter vontade de desistir. É isto que distingue as pessoas. Uns, chegam a esta fase, desistem, e não voltam a ter dificuldades para ultrapassar, é certo, mas também nunca vão ter a possibilidade de alcançar os tão desejados sonhos. Outros, continuam a sua caminhada. E é aqui que devemos olhar o horizonte e seguir em frente, mais confiantes e seguros. É aqui que todos nós temos a grande oportunidade. Temos apenas uma oportunidade na vida. E vamos ter apenas uma oportunidade no Ano Rotário de 2015-16. O tempo que temos é curto, e há muito para fazer.

Rotary é companheirismo e amizade.

Rotary é participar, é solidariedade, é tolerância, diria mais, é respeito, é compreensão, é paz, é alegria.

Rotary é humanização.

Rotary é, em suma, amor.

E porque Rotary é um ponto de encontro de pessoas, culturas e ideias, participem!

Sejam irreverentes!

E sonhem!

Bem hajam!

António Vaz