Aprendizagem da Matemática

Texto:

PAIS, L.C. Ensinar e aprender matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

Abaixo, nossa análise sobre o texto “Aprendizagem da Matemática” e sua relação com “Aprender Ciências”.

A articulação entre o saber matemático e o contexto educacional é uma maneira de valorizar o plano existencial do aluno e a componente profissional do trabalho docente. Entretanto, é bom realçar que iniciar a aprendizagem a partir de uma realidade próxima do aluno não significa substituir o saber escolar pelo senso comum: segundo nossa visão, isso negaria a função transformadora da educação escolar. Quanto a esse aspecto, a especificidade pedagógica do ensino fundamental é ainda maior, porque os alunos estão vivenciando os primeiros contatos com a formalização do saber e estão quase totalmente dominados pelos conhecimentos aprendidos fora da escola. No entanto, o objeto da aprendizagem escolar tem uma essência que não é a mesma dos saberes do cotidiano.

O saber escolar modifica o estatuto de muitos conhecimentos consolidados pelas experiências de vida cotidiana; assim, pode surgir a necessidade de realizar verdadeiras rupturas e cortes, tal qual descreve Bachelard (1996), quando analisa a passagem do conhecimento natural para o saber científico. No conflito dessa passagem, surgem os obstáculos cuja superação requer uma retomada de consciência para remover velhas concepções e abrir espaço para a formação de um novo conhecimento. São noções construídas para enfatizar a descontinuidade entre os conhecimentos naturais do senso comum e o plano elaborado pela objetividade característica do saber científico. Bachelard tratou desses conceitos para revelar as condições do que chamou de formação do espírito científico, ou seja, para a instauração do território das ciências.

Pais afirma, portanto, que valorizar as experiências cotidianas do aluno e contextualizar conceitos não substitui o senso comum. Pelo contrário, agrega novos conhecimentos ao que o aluno já sabe, formalizando seu saber. Já o saber científico, ao ser construído, exige o rompimento com concepções do senso comum que podem prejudicar a aprendizagem, formando um “espírito científico” ao formar o sujeito para trabalhar a ciência em busca de novos conhecimentos.

A teoria sociointeracionista apresentada no texto destaca a valorização da dimensão social, considerando principalmente a vivência dos alunos. Além dessa teoria, há a multiplicidade contida na formação de conceitos, que propõe outras relações entre o sujeito e sua aprendizagem, considerando: o desenvolvimento de intuições a partir de informações e observações; as circunstâncias de determinado momento; teorias que estudam a aprendizagem; as condições da comunidade em que o sujeito está inserido; referências históricas que influenciam o desenvolvimento dos conhecimentos.

Relacionando textos:

Aprendizagem da Matemática (Pais, 2006) e Aprender Ciências (Moraes, 2007)

Compreender regras:

Os alunos devem ser capazes de reconstruir o que já conhecem para ter um entendimento de algum conceito novo, podendo compreender os motivos de determinada regra existir e poder ser aplicada com propriedade.

Contextualização do saber:

É muito importante que as aprendizagens da sala de aula estejam contextualizadas com as experiências cotidianas dos alunos, relacionando-as a diversas vivências para efetivar o aprender.

Toda aprendizagem passa pela expressão de algum tipo de pensamento:

Ao expressarmos conceitos, introduzimos elementos novos por meio da linguagem, relacionando o sujeito com o mundo em que vive. Utilizamos novas palavras ou atribuímos novos significados as já conhecidas. Além disso, cada professor tem uma visão da educação e de algumas concepções que considera mais adequadas, influenciando nos processos de ensino/aprendizagem.

Expansão da aprendizagem:

O desenvolvimento do conhecimento ocorre a partir das experiências que o aluno já vivenciou e da compreensão que ele tem de cada conceito, contextualizados em situações que lhe façam sentido.

Estabelecer articulações:

Há crescimento quando há interação com os outros e com o meio, valorizando as diferenças entre pontos de vista diversos. O aluno dever ser desafiado e incentivado a desenvolver autonomia, aprendendo a pensar e superar dificuldades.

Imagem disponível em: http://www.vilhenademoraes.com.br/duvidas.asp?CODIGO=36

No texto “Aprendizagem de Matemática”, o autor apresenta alguns desafios da prática docente. Utiliza o termo rizoma para ilustrar a complexidade existente na aprendizagem matemática; a expressão usina de produzir articulações para afirmar que a relação linear de transmissão de conhecimento já não é viável, sendo substituída por multiplicidades; e a palavra labirinto para dizer que a aprendizagem pode seguir diversos caminhos, que se encontram e se afastam de forma complexa. Por isso, deve-se compreender os desafios existentes em relação a aprender e, especialmente, aprender Matemática.

Uma articulação no conhecimento pode utilizar recursos em sala de aula como softwares e dinâmicas, permitindo atividades diversificadas para a construção do entendimento dos conceitos. A tabuada, por exemplo, representa uma discussão em torno da articulação de compreensão e memorização. Ela pode ser decorada e utilizada repetidamente, porém antes deve ser compreendida. Sem o entendimento do sentido da multiplicação, como resultado de adições, a memorização pode falhar em determinadas circunstâncias, como na contextualização com situações cotidianas.

Memorizar é importante culturalmente, pois é necessário lembrar e relembrar dados, informações e acontecimentos. Porém, a memorização utilizada apenas como repetição de fórmulas e regras resolve problemas padronizados de forma eficiente, já que é preciso somente realizar o mesmo processo para o mesmo tipo de situação. No momento em que o padrão ou a circunstância mudar, aquele processo mecânico de somente repetir não será mais adequado, causando a impossibilidade de resolver o problema sem ter compreensão sobre ele.

Para que o conceito tenha sentido para o aluno, é necessário contextualizá-lo, respeitando suas vivências cotidianas. Sujeito e objeto devem interagir, de modo que possa haver uma compreensão da relação entre o saber e o contexto. A prática científica, por outro lado, elimina o contexto para tornar o saber genérico e objetivo. Essa característica do conhecimento matemático enquanto ciência influencia a ação do professor, podendo prejudicar a aprendizagem, pois não inclui um contexto significativo para o aluno.

Citando o trecho do texto de Pais a respeito da substituição do saber no processo de aprendizagem: