João Mateus - ESCOLA EB 2,3 DE VALONGO DO VOUGA home contactos
Projecto: 1989
Construção: 1993
Arqº. João do Rosário Mateus
com colaboração do Arqº Jorge Gouveia e do Arqº Luís Virgílio Cunha
http://www.eb23valongodovouga.net/portal/index.php?option=content&task=view&id=67&Itemid=95
Perspectiva
Esboços
A ARQUITECTURA DA ESCOLA EB 2.3 DE VALONGO DO VOUGA
Actualmente fala-se muito sobre edifícios energicamente eficientes. No entanto o Edifício da Escola EB 2.3 de Valongo do Vouga construido nos finais dos anos 90, constitui um marco onde foram experimentados sistemas inovadores.
ANTECEDENTES
Em 1987 o Departamento de Engenharia Electrotécnica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (DEE) conjuntamente com a Ex - Direcção Geral dos Equipamentos Educativos do Ministério da Educação submeteram um processo de candidatura de uma escola ao Programa EDIFÍCIO 2000 da Comissão das Comunidades Europeias - CCE. Este programa promovia o desenvolvimento de projectos de arquitectura tendo por base princípios de aproveitamento passivo de energia solar, por forma a produzir edifícios com elevado grau de eficiência energética.
Relativamente aos Programas VALOREN e SIURE as candidaturas foram subscritas conjuntamente pelo DEE e pela Direcção Regional de Educação do Centro do Ministério da Educação.
O carácter inovador do projecto com introdução de tecnologias ou componentes solares passivas, justificou o recurso a consultadorias promovidas pelo Departamento de Engenharia Electrotécnica da FCTUC e suportadas pela CCE nomeadamente no campo da iluminação natural, conforto térmico, monitorização e luz artificial, que acompanharam e forneceram contributos importantes ao desenvolvimento do projecto.
O projecto da ESCOLA DE VALONGO DO VOUGA foi elaborado em 1989 na Ex - Direcção Geral dos -Equipamentos Educativos do Ministério da Educação, com Equipa técnica das várias especialidades (Estruturas, Águas e Esgotos, Electricidade, e Aquecimento Central) coordenada pelo autor do projecto Arqº. João do Rosário Mateus, à data em serviço naquela Direcção Geral. A obra foi lançada pela Direcção Regional de Educação do Centro do ME e foi comparticipada pelo Município de Agueda.
Neste edifício procurou-se optimizar diversos sistemas construtivos experimentais de comportamento solar passivo tais como as PALAS SOMBREADORAS / DIFUSORAS de radiação solar, LUMIDUCTOS E CLARABÓIAS AJUSTÁVEIS (adiante descritos).
Em 1989, No CONGRESSO INTERNACIONAL "BUILDING 2000" da CEE, Comissão das Comunidades Europeias em CRETA - Grécia, o Arqº. João do Rosário Mateus, apresentou o Projecto da ESCOLA E.B. 2.3 de VALONGO DO VOUGA – N.º 741P.
DESCRIÇÃO DO PROJECTO
Contrariamente ao processo de projecto seguido para a maior parte dos edifícios onde só após a definição da forma arquitectónica se introduzem sistemas activos para melhorar o conforto térmico e visual dos seus ocupantes, na ESCOLA EB 2.3 DE VALONGO DO VOUGA houve à partida a intenção de construir um edíficio que pudesse responder à variação climática da sua envolvente por virtude da sua forma, uso inteligente de materiais, ou introdução de dispositivos construtivos especiais, no sentido de reduzir gastos energéticos adicionais de aquecimento / arrefecimento e de iluminação artificial para reposição de níveis aceitáveis de conforto.
Estes princípios e tecnologias não deverão ser limitativos da concepção arquitectónica, mas pelo contrário enriquecedores da solução, constituindo referência obrigatória e atenta entre muitas outras como geradoras da forma arquitectónica. A consideração dos dispositivos construtivos experimentais, tais como "lumiductos", "clarabóias ajustáveis" e "palas sombreadoras", foram encaradas como novos elementos do vocabolário compositivo, a somar aos tradicionalmente aceites (janelas, estores, portadas, alpendres, telhados etc.).
O edíficio escolar de Valongo do Vouga é constituído por um corpo com desenvolvimento alongado que contém os espaços de aulas e um corpo destacado quadrangular com refeitório, biblioteca e salas de professores. A configuração e implantação do corpo principal no sentido Este-Oeste, resulta da necessidade de orientar as salas a Sul, obtendo uma maior superfície exposta à radiação solar directa com maior equilíbrio da iluminação natural ao longo do dia. As circulações, escadas e instalações sanitárias situam-se na zona Norte do edifício. Procurou-se reduzir ao mínimo indispensável a área de fenestração da fachada Norte.
O critério de colocar as grandes salas de aula rectangulares em posição transversal relativamente ao eixo de desenvolvimento do edifício, trouxe como consequência a localização das janelas no lado menor da sala. Esta opção de projecto foi desencadeadora da criação dos dispositivos de compensação de luz natural no fundo das salas como os lumiductos para o R/C e clarabóias no 1º Piso.
Fachada Sul
Corte - Verão
Corte - Inverno
Claraboias orientáveis
Topo do Luniducto
Interior do Lumiducto
Zona inferior do Lumiducto no R/C
Os LUMIDUCTOS são sistemas construtivos que conduzem a luz solar captada na cobertura, até às salas do R/C. São basicamente compostos por uma clarabóia com reflector e um espaço vazio de "poço" vertical (3m X 1m), revestido interiormente a espelho, que atravessa o piso superior. A luz captada no reflector da clarabóia é conduzida através de reflexões sucessivas nas paredes do "poço" sendo depois reflectida para o tecto da sala do R/C.
As CLARABOIAS ORIENTÁVEIS apresentam um sistema móvel constituído por duas placas basculantes articuladas na parte superior que podem tomar duas posições - Inverno e Verão. Na posição de Inverno permite-se a entrada directa da radiação solar para ganhos térmicos, enquanto que na posição de Verão as placas rodam para Sul e fazem obstrução à entrada directa de radiação solar possibilitando a captação da luz solar difusa do quadrante Norte.
As PALAS SOMBREADORAS / DIFUSORAS são um sistema fixo justaposto pelo exterior à fachada Sul, realizado em betão armado, constituído por palas horizontais e oblíquas que, devido à variação anual da altura do sol, funcionam no Verão como sombreadores de envidraçados e no Inverno permitem a entrada de radiação solar directa para ganhos térmicos. Estas palas funcionam igualmente como difusores de luz natural para o tecto das salas.
As JANELAS a Sul, ocupando toda a largura da sala, foram dimensionadas no sentido de favorecer esse ganho solar directo para aquecimento das salas. As paredes laterais entre as salas foram realizadas em alvenaria maciça de tijolo por forma a constituirem, conjuntamente com a laje de betão do pavimento (revestida a mosaico de grés), zonas de acumulação térmica.
Em complemento do efeito de ganho directo foi introduzido um sistema de aquecimento central a lenha de controlo automático.
Para avaliar das qualidades físicas do edifício, aferir do comportamento dos sistemas experimentais instalados e permitir uma gestão racional de energia,por forma a garantir um bom nível de conforto com baixo consumo de energia, foi instalado um sistema computacional distribuído pelo edifício para recolha e tratamento estatístico de dados ambientais (temperaturas, humidade, teor de anidrido carbónico, iluminação, radiação solar incidente e velocidade do vento).
Arqº. João do Rosário Mateus
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