ESCOLA SECUNDÁRIA DE CASCAIS - João Mateus

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE CASCAIS - MEMÓRIA DESCRITIVA

Numa atitude de recusa a uma Escola formada pela aglutinação blocos uniformes, disseminados de forma indiferente pelo terreno e igualmente o Grande Edifício “Bloco”- Caixa invólucro indiferente aos espaços que contem, procura-se a criação de um que edifício pensado de uma forma global mas que respeite as diversas unidades que o compõem e reconheça a identidade própria de cada um dos seus elementos. A imagem da arquitectura desta escola deverá reflectir a orgânica estrutural e que os diversos núcleos funcionais deverão ser facilmente reconhecidos. Na organização espacial, destacam-se três realidades ou grandes conjuntos:

O EDIFÍCIO PÁTIO / O EDIFÍCIO ALONGADO / O EDIFÍCIO DO GINÁSIO

O EDIFÍCIO PÁTIO tem por base o conceito de “Claustro”. É uma realidade que se desenvolve em torno de um espaço exterior que é o pátio. É o espaço de eleição, o “coração da escola” o grande Átrio ou Praça da Escola em volta do qual se acontece a vida social da escola. É o local da sociabilidade por excelência. Um espaço seguro que aconchega as componentes da aprendizagem informal e que pretende criar boas capacidades de forma a ser apropriado livremente pelos utentes da Escola de uma maneira construtiva. Este “Edifício Pátio” é composto por uma unidade de configuração quadrangular que contem as circulações principais, em um torno do qual se vão aglutinar os diversos núcleos autónomos. Aqui encontramos as Áreas Sociais e de Convívio para alunos, docentes e funcionários, e o Núcleo de Formação de Adultos, destacando-se volumetricamente a Biblioteca / Centro de Recursos, a Sala Polivalente / Auditório, os Serviços Administrativos, a Direcção com identidades volumétricas próprias. Estes espaços, mais próximos dos acessos, estabelecem uma ligação mais directa com a comunidade exterior. Pretende-se que esta unidade do tipo “Claustro”, com um sistema de circulações em dois pisos em volta do pátio, esteja longe de ser um espaço uniforme. Procurou-se criar pontos de surpresa com enriquecimento dos percursos onde a sua percepção seja variada. Por vezes caminhamos entalados entre paredes, noutro ponto é aberto por uma colunata e deixa ver o pátio… outra vez somos chamados a olhar para dentro das salas. O nosso percurso é pontuado por acontecimentos que nos “amolgam” e que nos “provocam” no normal percurso, com que a dizer “estamos aqui”. É o caso da Biblioteca / Centro de Recursos, do Refeitório, da Loja Escolar, da Sala Polivalente / Auditório e da Sala de Alunos, onde envidraçados nos vão mostrando os diversos espaços e nos convidam a entrar. Esta solução de criação de um pátio constitui igualmente uma certa memória da tipologia dos diversos pátios e galerias existentes na actual escola.

O EDIFÍCIO ALONGADO, é um volume com uma tipologia “em linha”, construído ao longo de si mesmo. É o edifício das aulas que contem a totalidade dos espaços de ensino. Tem uma face que olha o mar ali bem próximo. Acontecem aqui os currículos formais da aprendizagem. As Salas de Aula Normais, e os espaços de ensino específicos tais como os Laboratórios, Oficinas de Arte e as Salas de TIC (Técnicas Informáticas de Comunicação) desenvolvem-se no seu sentido longitudinal. A sua estrutura principal de circulação é um espaço “corredor”, de percurso desencontrado, ao longo do qual poderemos ter a possibilidade de conhecer as diversas produções e investigações ali produzidas, em zonas criadas para exposição livre de trabalhos. O tema principal na concepção deste Edifício é a Luz Natural. Quanto mais atenção dermos ao aproveitamento racional da luz natural, na concepção de um edifício, tanto melhor será a sua eficiência energética. A optimização da área de janela e a sua envolvente, é a chave principal para a resolução dos principais problemas respeitantes ao sobreaquecimento no Verão e perdas térmicas no Inverno, e que originam importantes gastos energéticos. A opção por orientar este longo edifício no sentido Nascente-Poente, no sentido de optimizar o seu equilibro energético - iluminação natural e ganhos térmicos, foi uma das apostas iniciais o desenvolvimento deste projecto. A concepção desta unidade é dominada predominantemente pelos aspectos de iluminação natural e da utilização de técnicas passivas de climatização natural. Foi criada uma grelhagem, na da fachada Sul, com um sistema de palas sombreadoras e refectoras de posição fixa, cuja configuração e inclinação, mercê da variação de inclinação da radiação solar ao longo do ano, evita a entrada da radiação solar indesejada no Verão e por outro lado, durante o Inverno permite obter ganhos térmicos significativos. Os sistemas de iluminação natural englobam igualmente a concepção de uma série de lumiductos, poços de luz revestidos interiormente a material altamente reflectante (espelho), criados para fazer chegar a luz natural, de forma controlada, às zonas mais interiores do edifício, tais como salas de aula profundas (laboratórios) ou corredores interiores. A luz é captada na zona da cobertura e é conduzida através de múltiplas reflexões até às zonas mais interiores do edifício. Este sistema inovador de lumiductos, com já alguma experiência de utilização no nosso país, permite proporcionar um ganho lumínico indirecto em zonas que tradicionalmente seriam escuras o que originaria um sobrecusto de utilização, com recurso a gastos de energia com luz artificial. O design da fenestração na fachada Norte deste edifício será alvo de estudo criterioso no sentido de ser assegurado o equilíbrio entre as necessidades de iluminação natural dos respectivos espaços e as necessidades de redução de perdas térmicas no Inverno.

O edifício das Aulas, apoia-se sobre o pequeno morro existente na zona sudoeste, de forma a ficar sobrelevado relativamente ao restante terreno. Foi esta situação que permitiu a interpenetração desencontrada dos respectivos pisos entre o Edifício Alongado e o Edifício Pátio. Desta intercepção nasce o espaço “vazado” de Convívio Exterior Coberto (CEC) – “Esplanada” (no prolongamento do espaço de alunos. Constatou-se que o ângulo formado pela orientação dos blocos da antiga escola e a direcção Nascente poente é um ângulo muito próximo de 36º, que é precisamente o ângulo formado entre dois lados não adjacentes de um Pentágono. Esta figura geométrica, está formalizada neste projecto na solução do Auditório e da Sala Polivalente Desportiva (Sala de Ginástica).

No sentido perpendicular ao grande eixo do Edifício da Aulas nasce um grande eixo de atravessamento ao longo de toda a Escola desde a Portaria até ao Edifício do Ginásio, sendo possível atravessar todo o conjunto edificado em percurso “a coberto” desde a Portaria até ao edifício do Ginásio.

O EDIFÍCIO DO GINÁSIO ocupa a zona mas a Sul do terreno. Posiciona-se sensivelmente no mesmo local do antigo Pavilhão Desportivo.

Foi considerada ao nível do piso superior deste edifício uma Sala Polivalente Desportiva (Sala de Ginástica), para além do programa, para uma utilização diversificada. Será implementada um acesso mais generoso nesta zona do terreno escolar, de forma a possibilitar uma utilização destas instalações por parte da comunidade exterior. No topo sudoeste deste edifício prevê-se a realização de uma parede de escala, que constitui uma modalidade praticada na escola.

Tendo por base o conceito de criarmos uma “Escola para Todos”, todo este edifício foi pensado para qualquer dos seus espaços tivessem uma boa acessibilidade. Neste sentido diversos sistemas de rampas com inclinações não superiores a 6% foram considerados. È o caso da rampa que faz a ligação entre a Portaria e o Piso 1 do edifício, a rampa de acesso para viaturas que também poderá ser facilmente utilizada como alternativa às escadas e o conjunto das duas rampas que fazem a ligação entre o edifício da Aulas e o Ginásio. Considerou-se igualmente um Elevador localizado de modo a poder servir os 3 níveis da escola.

João do Rosário Mateus

Seguem-se desenhos do anteprojecto de Arquitectura