Transtorno Bipolar do Humor

Data de postagem: Oct 20, 2016 1:1:58 AM

Transtorno bipolar do humor

Resumo

Nesse Artigo será abordado o transtorno de humor bipolar (THB) que são enfermidades graves, de evolução crônica e que geram forte impacto social, familiar e educacional, por compartilharem sintomas comuns e frequentemente se apresentarem em morbidade, o seu diagnóstico diferencial torna-se difícil, porém imprescindível, visto que medicamentos utilizados no tratamento podem agravar a bipolaridade. Dentro desse estudo será abordado quadro clinico, tratamento e diagnostico de forma geral.

Palavras-chave: Transtorno bipolar, quadro clínico, tratamento e diagnostico.

Abstract

In this article we shall discuss bipolar disorder (BD) which are serious illnesses, chronic evolution and generate strong social, family and educational impact, because they share common symptoms and often present in comorbidity, their differential diagnosis becomes difficult but essential, since drugs used in treatment can aggravate bipolarity. In this study will be discussed clinical picture, diagnosis and treatment.

Key words: Bipolar disorder, clinical features, treatment and diagnosis.

Introdução

No passado, o transtorno bipolar era conhecido pelo nome de psicose maníaco-depressiva, uma doença psiquiátrica caracterizada por alternância de períodos de depressão e de hiperexcitabilidade ou mania. Nesta fase, a pessoa apresenta modificações na forma de pensar, agir e sentir e vive num ritmo acelerado, assumindo comportamentos extravagantes como sair comprando compulsivamente tudo o que vê pela frente, ou então investindo em empreendimentos acreditando que renderão lucros vertiginosos, ou envolvendo-se em experiências perigosas sem levar em conta o mal que podem causar.

Os transtornos bipolares estão relacionados a algumas alterações funcionais do cérebro, que possui áreas fundamentais para o processamento de emoções, motivação e recompensas. É o caso do lobo pré-frontal e da amígdala, uma estrutura central que possibilita o reconhecimento das expressões fisionômicas e das tonalidades da voz. Junto dela, está o hipocampo que é de vital importância para a memória. A proximidade dessas duas áreas explica por que não se perdem as lembranças de grande conteúdo emocional. Por isso, jamais nos esquecemos de acontecimentos que marcaram nossas vidas, como o dia do casamento, do nascimento dos filhos ou do lugar onde estávamos quando o Brasil ganhou o campeonato mundial de futebol (ROCCA, 2008).

Outro componente envolvido com os transtornos bipolares é a produção de serotonina no tronco-cerebral (o cérebro arcaico), uma substância imprescindível para o funcionamento harmonioso do cérebro (ROCCA, 2008).

Descrição do quadro clínico:

Mania

A mania afeta o humor e as funções vegetativas, como sono, cognição, psicomotricidade e nível de energia. Em um episódio maníaco clássico, o humor é expansivo ou eufórico, diminui a necessidade de sono, ocorre aumento da energia, de atividades dirigidas a objetivos (por exemplo, o paciente inicia vários projetos ao mesmo tempo), de atividades prazerosas, da libido, além de inquietação e até mesmo agitação psicomotora. Pensamento torna-se mais rápido, podendo evoluir para a fuga de ideias. A falar é caracterizado por prolixidade e pressão para falar. As ideias costumam ser de grandeza, podendo ser delirantes. Geralmente a crítica está prejudicada e os ajuizamentos emitidos se separam da realidade do paciente (SOARES, 2005).

A maior dificuldade no diagnóstico ocorre em episódios em que há irritabilidade, ideias delirantes paranoides, agitação psicomotora e sintomas depressivos com labilidade afetiva. Quando ocorre os sintomas depressivos estar presentes em grande quantidade, o quadro é chamado de episódio misto ou até mesmo de depressão agitada. Não há consenso sobre o número de sintomas necessários para esta diferenciação. (SOARES, 2005).

Hipomania:

A hipomania é um estado parecido à mania, porém mais leve. Geralmente, é breve, durando menos de uma semana. Há mudança no humor constante do paciente para euforia ou irritabilidade, reconhecida por outros, além de hiperatividade, tagarelice, diminuição da necessidade de sono, aumento da sociabilidade, atividade física, iniciativa, atividades prazerosas, libido e sexo, e impaciência. O estrago ao paciente não é tão intenso quanto o da mania. A hipomania não se apresenta com sintomas psicóticos, nem requer hospitalização (SOARES, 2005).

Diagnostico

A diversidade de sintomas possíveis no transtorno bipolar pode significar que a condição permanecerá desconhecida em muitos pacientes por muito tempo. Fazer um diagnóstico equivocado, muitas vezes de transtorno depressivo maior, também pode ser problemático, uma vez que antidepressivos podem desencadear um episódio de mania em uma criança que está predisposta a desenvolver transtorno bipolar, além de induzir ao tratamento inadequado e uma deterioração nos sintomas, dificultando ainda mais o diagnóstico correto (ALMEIDA, 2010)

A entrevista clínica detalhada constitui formalmente um diagnóstico, baseado em uma história abrangente dos sintomas passados e atuais, complementada por registros médicos e entrevistas com a família. Em particular, a entrevista com o paciente deve constituir a presença de episódios passado ou correntes de sintomas maníacos ou depressivos, duração e a gravidade dos episódios, incluindo a presença de ideação suicida ou homicida , impacto dos episódios no trabalho, papéis sociais e familiares, presença de morbidades (como abuso de substâncias, transtornos de personalidade, transtorno de ansiedade, incluindo o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), se já foram administrados tratamentos e qual foi sua eficácia e a história familiar do paciente (MATTOS, 2005).

Tratamento:

O tratamento para transtorno bipolar costuma durar por muito tempo, até mesmo anos. Ele costuma ser feito por diversos especialistas de várias áreas – como psicólogos, psiquiatras e neurologistas. A equipe médica, primeiramente, tenta descobrir quais são os possíveis desencadeadores da alteração de humor. Podem ser investigados os problemas médicos ou emocionais que influenciam no tratamento ((ALCHIERI,2004).)

Existe algumas formas comuns de tratamento do transtorno bipolar que são hospitalização, caso o paciente tenha comportamento perigosos, que ameace a própria vida e a de outras pessoas, uso diário de medicamentos para controle das alterações de humor costuma ser uma prática bastante indicada no início do tratamento. Quando os sintomas já estão controlados, o tratamento avança e o foco passa a ser manter as alterações de humor do paciente estáveis. Se o caso do paciente for de dependência física ou psíquica de substâncias como álcool, drogas ou cigarro, o tratamento também deverá também reabilitar o paciente desses vícios (ALCHIERI,2004).

A psicoterapia é uma outra parte importante do tratamento de transtorno bipolar. Neste sentido, vários tipos de terapia podem ser úteis. Estes incluem a terapia cognitiva comportamental, psicopedagogia, terapia familiar. E Medicamentos antipsicóticos e antiansiedade para problemas de humor costumam ser prescritos pelos médicos, bem como remédios antidepressivos. As pessoas com transtorno bipolar têm mais chance de apresentar episódios maníacos ou hipomaníacos se tomarem antidepressivos. Por essa razão, os antidepressivos só são receitados para as pessoas que também estão tomando um estabilizador de humor (ALCHIERI,2004).

Conclusão

Falhas e erros podem acontecer no diagnósticos, portanto os profissionais da saúde mental, além de clínicos gerais, devem conhecer estas síndromes para evitar demora no diagnóstico e na instituição do tratamento ou sua inadequação. Por fim, o transtorno bipolar do humor pode estar associado a outras patologias psiquiátricas, tais como déficit de atenção e hiperatividade e transtorno de personalidade borderline, ambos intimamente associados ao consumo de substâncias psicoativas (Sasson et al., 2003).

De modo, a avaliação diagnóstica do psiquiatra deve ser cuidadosa, requerendo, na maior parte dos casos, algumas consultas com o paciente, familiares e grupos de convívio até a construção de um diagnóstico responsivo às estratégias de tratamento farmacológicas e psicossociais.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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