A VISÃO PSICOSSOCIAL DA SOCIEDADE NO QUE DESRESPEITO AO PACIENTE QUE SOFRE COM TRANTORNOS MENTAIS

Data de postagem: Oct 20, 2016 2:22:10 AM

A VISÃO PSICOSSOCIAL DA SOCIEDADE NO QUE DESRESPEITO AO

PACIENTE QUE SOFRE COM TRANTORNOS MENTAIS

Society psychosocial vision in infringement patient suffering with mental trantornos

Sociedad de visión psicosocial en el sufrimiento infracción del paciente con mental

trantornos

Carmen Suzan Gonçalves Teixeira¹

Marcia Alves Gonçalves²

Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia. Faculdade de Enfermagem. Eunápolis, BA

RESUMO O saber psiquiátrico por muito tempo isolou os doentes mentais e seu familiares da sociedade, por acreditarem que o exilio era necessário para sua proteção, pois a doença era sempre vista com muito medo e aversão e essas reações interferiram na cidadania do paciente, sendo estes internados em instituições privadas para receberem o tratamento. Diante da reforma psiquiátrica houve uma mudança na forma de cuidado dos pacientes com transtornos mentais deste modo, temos como objetivo analisar a visão que a sociedade tem em relação ao doente mental e ao tratamento que lhe é ofertado. Trata-se de uma pesquisa de revisão literária qualitativa.

Palavras-Chaves: Saúde Mental, Família, Serviço de Saúde Mental, Exclusão Social, Percepção.

ABSTRACT The psychiatric knowledge for a long time isolated the mentally ill and their families in society, believing that the exile was necessary for their protection because the disease was always seen with much fear and loathing, and these reactions interfere with the citizenship of the patient, these being hospitalized in private institutions to receive treatment. Given the psychiatric reform was a change in the care of patients with mental disorders in this way, we have to analyze the vision that society has in relation to the mentally ill and the treatment that is offered to him. This is a qualitative literature review of research.

Keywords: Mental Health, Family, Mental Health Services, Social Exclusion, Perception.

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Graduanda em enfermagem, do 8º período, da Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia - Unesulbahia

² Graduanda em enfermagem, do 8º período, da Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia - Unesulbahia

A visão psicossocial da sociedade no que desrespeito ao paciente que sofre com transtornos mentais

Teixeira CSG, Gonçalves MA

INTRODUÇÃO A doença mental mesmo sendo um assunto que vem ganhando espaço quanto a sua abordagem na sociedade, ainda é uma doença sem causa específica e de difícil entendimento e esclarecimento³. No entanto o adoecer psíquico é facilmente percebido pela mudança de comportamento do indivíduo, onde esta conduta se difere do que outrora era normal para uma sociedade resultando na exclusão social dando início ao isolamento dos doentes que não são aceitos, por não seguirem os padrões do que se é considerado ser normal³. Ao analisar a história da saúde mental é possível observar que a exclusão dos indivíduos que são acometidos por essa patologia vem desde os primórdios, pois a doença era sempre vista com muito medo e aversão e essas reações interferiram e continuam interferindo na cidadania do paciente. Mesmo com a reforma e com novos tratamentos o preconceito e exclusão ainda acontecem até mesmo com a integração dos familiares e amigos ao seu tratamento¹. Essa exclusão se perpetuou por longo tempo digamos que até nos dias de hoje, pois em muitos casos para que o paciente seja tratado de sua “loucura” ele precisa ser mantido em um lugar longe de amigos e familiares fora do mercado de trabalho sem vínculo social, sem poder conviver com a sociedade, ou seja, se tornou um processo histórico que acaba refletindo em todas as esferas da vida social desse indivíduo¹. A sociedade ainda impõe e faz com que o paciente acredite que essa exclusão é necessária causando o conformismo e os fazendo acreditar que era o melhor para eles e para sociedade, o que se faz entender é que o saber psiquiátrico por sua vez acreditando que seria a melhor forma de tratamento implantou um isolamento do doente com os familiares e a sociedade argumentada por uma proteção necessária para ambos¹. Mas como uma forma de querer trazer melhorias para esses doentes surgiu então uma proposta de reforma psiquiátrica que se iniciou na década de 70 para defender os direitos humanos dos excluídos da razão¹. A reforma psiquiátrica surgiu para questionar a instituição asilar e a prática médica e para humanizar a assistência, fazendo com que houvesse ênfase na reabilitação ativa em detrimento da custódia e da segregação. Essa reforma veio e vem causando grande impacto nas práticas de profissionais e familiares desses pacientes¹. Portanto temos como objetivo analisar a visão que a sociedade tem em relação ao doente mental e ao tratamento que lhe é ofertado, pois observa a necessidade de desmitificar a ação de tratamento do doente mental e o preconceito que encontra na sociedade.

METODOLOGIA O presente estudo trata-se de uma de revisão bibliográfica, que busca analisar a visão que a sociedade tem em relação ao doente mental e ao tratamento que lhe é ofertado sendo um estudo descritivo, analítico e com enfoque qualitativo, que versa sobre o papel das famílias e instituições dentro do tratamento ofertado aos transtornos mentais e aos pacientes acometidos por eles, assim como os mesmo vêm as mudanças que foram estabelecidas na reforma psiquiátrica. Portanto, foi realizada uma analise das informações disponíveis sobre o olhar da sociedade aos doentes mentais, sendo que o material para o desenvolvimento dos artigos foram coletados no portal Scielo, uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção de artigos e trabalhos científicos, através da pesquisa das seguintes palavras chaves: saúde mental, família, serviço de saúde mental, exclusão social e percepção.

DESENVOLVIMENTO Diante dos quadros de pacientes que sofrem por transtornos mentais, é possível observar que desde os primórdios esses indivíduos sofrem certo tipo de preconceito, mesmo que não seja de uma forma implícita, mas isso pode ser observado através de atitudes que são tomadas pela sociedade, por familiares e até mesmo por alguns profissionais que deveriam estar ao lado para ajudar e por falta de conhecimento muitas vezes acabam tomando medidas que não seriam cabíveis. A reforma psiquiátrica aconteceu para fazer uma ponte tentando estabilizar o relacionamento entre familiares, profissionais e pacientes. No entanto mesmo com novas atitudes e tratamentos a exclusão e o preconceito ainda é algo que está bem arraigado na sociedade, que muitas vezes não sabe como agir e se portar nessas determinadas situações. Com a inserção da família no tratamento há alguns relatos de familiares que não estão aceitando de modo passivo essa transferência, pois outrora o tratamento desses doentes dependia exclusivamente dos psiquiatras e das medicações e agora passa a ser responsabilidade também da família, que por sua vez dizem não ter condições para lidar com o doente mental, por não possuir recursos financeiros ou emocionais. Por isso ainda se ver uma resistência para levar adiante a reforma, por conta da desinformação de familiares por ter receio em perder um espaço de tratamento que seria os hospitais psiquiátricos e o medo de alguns profissionais também em perder o emprego e pôr fim a falta de vontade política. Tais ações mostram uma visão distorcida do fechamento dos hospitais psiquiátricos vendo negativamente essa questão e se opondo à reforma psiquiátrica¹. Nessas situações em que o indivíduo é acometido por alguma doença de desordem mental, é muito comum perceber a desmotivação de pacientes e familiares, a frustração de não saber o que está acontecendo, de não saber controlar o seu próprio corpo ou dos familiares por não reconhecerem mais determinadas atitudes, levando-os a resistirem o tratamento ou ficarem temorosos amedrontados diante de qualquer mudança no que desrespeito ao seu tratamento². É possível observar que em relação ao doente mental ainda existem visões insatisfatórias com sentimentos e posicionamentos que são negativos que em momento algum ira favorecer na relação e reintegração deste paciente ao meio social, pois são muitas vezes julgados como seres que não tem juízo, sem razão e agressivos e assim dificulta ainda mais o convívio deste individuo seja no seu âmbito de trabalho ou até mesmo em seu próprio lar. Vale ressaltar que alguns desses julgamentos vem de onde deveriam vir o apoio, pois os familiares por estarem inseridos de forma ativa na sociedade acabam compactuando de forma direita e indireta com tais ações, reproduzindo discursos insanos e moralistas, muitas vezes acrescidos pelo desgaste emocional e pelo sofrimento familiar, por não saber como lidar com a situação, dificultando uma ressocialização. Ao julgarem e não priorizarem a inserção do paciente com transtornos mentais, esses indivíduos se veem em uma posição deque, pela sua moral ou posição hierárquica,está acima de qualquer probabilidade doadoecer metal, ataque ou crítica. Para que isso não aconteça devemos romper com o paradigma da loucura como sinônimo de incapacidade e de periculosidade e com as práticas que advogam medidas de tutela e de exclusão. A relação familiar na terapêutica psicossocial antes era vista como um fator negativo no processo de tratamento, após a reforma psiquiátrica observou-se a importância da inserção da família no tratamento das pessoas e do convívio do paciente na sociedade. Deste modo, demonstra-se a necessidade e a importância da opinião familiar no tratamento do paciente, bem como, a história familiar para melhor compreensão do quadro do cliente². A visão psicossocial da sociedade no que desrespeito ao paciente que sofre com transtornos mentais. Ao abordamos a relação da família no tratamento do paciente, observamos o ponto da perspectiva familiar enquanto ao trabalho exercido pelos profissionais no CAPS, demostrando não só o tratamento com o paciente mais com o familiar, e o papel da gestão frente ao centro. É importante ressaltar que o acompanhamento ao paciente além de ser exercido por uma equipe multidisciplinar abordando todas as suas necessidades não deve focar apenas da doença, mais em todo o contexto envolvido por ela, incluindo deste modo a família e sociedade². Ao analisar alguns depoimentos feitos por familiares referentes a conduta dos trabalhadores podemos observa que os mesmos se sentem acolhidos pelos profissionais, buscando a interação e participação no tratamento dos clientes, mostrando desta forma a importância da participação dos mesmos na busca da melhor ação de tratamento para dos pacientes e inserção na sociedade. Ao mesmo tempo alguns se referem que este acolhimento não ocorre, pois em algumas situações, sente-se desamparada do ato de cuidar ao não serem solicitados para ajudar, desenvolvendo o sentimento de frustração². Além disso, observa se que a interação da família no ato do cuidar e um pouco complexa, pois alguns não contribuem para o tratamento, deixando de administrar os medicamentos dos pacientes ou até mesmo encaminha-los para o centro, necessitando que a equipe tenha que flexibilizar os horários para a hora oportuna. Em alguns depoimentos ainda a relatos que a equipe por sua vez não passa todas as informações necessárias para o auxílio deste cuidado, desta maneira, os familiares pedem uma relação de troca mais intensa com a equipe, pois o seu conhecimento sobre o sofrimento psíquico vem se construindo junto a pessoas externas ao serviço². Para melhorar a inserção desses pacientes na sociedade a busca por mais tratamentos está sendo aprimorada, é interessante observar as mudanças que foram acontecendo para a melhoria quanto o tratamento, pois anteriormente a família era excluída e após o movimento da reforma psiquiátrica os familiares são inseridos neste tratamento visando a melhor qualidade de vida do doente e da família. Nessa assistência ao paciente o enfermeiro por sua vez precisa conhecer e compreender sobre esse contexto para disponibilizar ao paciente todo o apoio necessário, trabalhando junto ao doente e seus familiares³. Mesmo com tantos leques que podem ser abertos no que desrespeito ao tratamento e melhoria de vida desse paciente, o preconceito ainda é algo bem arraigado na sociedade como um processo cultural, cultura essa definida por costumes, leis, moral, artes e hábitos adquiridos pelo homem, desse modo a saúde e a doença também são influenciadas por essa cultura, e se o indivíduo não está entre os parâmetros ele é excluído e esquecido, e quando lembrados é de forma preconceituosa tornando-se um incômodo para a sociedade. Desta forma é importante ressaltar que é necessário que haja maiores esclarecimentos para a população mediante as doenças mentais para que os preconceitos e estigmas diminuam³. O reconhecer e aceitar fazem toda a diferença no tratamento, pois quando a família do paciente mental, define-o como aquele que tem um comportamento diferente, isso vai indicar padrões de comportamentos não aceitos por eles mesmos; ainda se referem aos pacientes como aquele que faz criancices e a doença como meio de vida, tentando normalizar o estranho, o que pode dificultar o tratamento³. Contudo as famílias demostram a importância do CAPS como serviços de atenção à saúde mental, sendo de extrema importância social e que deveria haver mais centros em funcionamento pelas cidades, relatando assim o trabalho dos gestores. Entretanto os familiares reconheçam algumas dificuldades enfrentadas pela equipe do CAPS em seu cotidiano, consideram o trabalho da equipe importante, não só para os sujeitos em sofrimento psíquico, mas também para a sociedade como um todo, sobretudo para as famílias que convivem cotidianamente com esses sujeitos. Além disso, ressaltaram que a equipe deve se orgulhar do trabalho desenvolvido demostrando assim, o olhar positivo ao trabalho exercido pelos profissionais³.CONSIDERAÇÕES FINAIS A inclusão da família ao tratamento do doente mental e importante, pois antes mesmo de desmitificar o olhar da sociedade para o doente mental e indispensável demostrar à família que este cliente não precisa ser isolado do convívio familiar, onde ocorre por muitas vezes a primeira exclusão social que acaba afetando o convívio do paciente com o restante da sociedade. Portanto os familiares são importantes peças no tratamento do sujeito em sofrimento psíquico, servindo de grande apoio as equipes do CAPS e as estratégias desenvolvidas para o tratamento dos mesmos, observa-se que apesar da resistência de muitos aceitarem esta inclusão da família torna indispensável, pois paciente com doenças mentais aderem muito mais ao tratamento quando recebem o apoio familiar. Apesar do preconceito ainda estar presente na avaliação do doente mental foi feito um grande progresso no comportamento da sociedade em relação à visão distorcida que apresentava sobre clientes com problemas psiquiátricos. Com a reforma houve um avanço não só sobre esta visão da sociedade, mas com a forma dos profissionais e familiares tratarem este público. Entretanto é preciso que haja uma conscientização social mais eficaz quanto às doenças mentais, para que este público sejam inseridos novamente na sociedade podendo conviver e se relacionar de forma que não interfira em sua ética moral, mesmo não agindo da mesma forma que o restante da população formando assim uma sociedade mais capaz de conviver e aceitar a diferença do outro da melhor forma possível, até que isso se torne um padrão, mesmo que distinto.REFERÊNCIAS (1) MACIEL, S.C. et al. Exclusão social do doente mental: discursos e representações no contexto da reforma psiquiátrica. Psico-USF, v. 13, n. 1, p. 115- 124, jan./jun. 2008. (2) Camatta MW, Schneider JF. A visão da família sobre o trabalho de profissionais de saúde mental de um centro de atenção psicossocial. 2009 JUL-SET; 13(3):477-84 . (3) Spadini LS, Souza MCBM. A doença mental sob o olhar de pacientes e familiares. 2004.