DEPRESSÃO E ESPIRITUALIDADE - Nathália Santana Meira

Data de postagem: Oct 15, 2016 2:45:4 AM

DEPRESSÃO E ESPIRITUALIDADE

Nathália Santana Meira, graduanda em Enfermagem, UnesulBahia

Saúde Mental I – Professor Diego Leal

Porto Seguro, 2016

RESUMO: No mundo inteiro, a depressão atinge um número cada vez maior de pessoas, e dentre todos os distúrbios psiquiátricos, ela ocupa o terceiro lugar em prevalência. Este estudo tem como objetivo explicitar a correlação entre a depressão e espiritualidade, mostrando os fatores que causa a depressão e a importância da espiritualidade no tratamento da doença. A metodologia utilizada foi a análise de conteúdo através de uma pesquisa descritiva.

Palavras chave: Depressão, doença, suicídio, espiritualidade, tratamento

INTRODUÇÃO

A Depressão é apontada nos dias de hoje como a quarta doença mais presente no mundo. Estima-se que a doença afete 121 milhões de pessoas, e menos de 25% dos deprimidos tem acesso ao tratamento. Calcula-se que 5 a 10% da população mundial sofrerão ao menos um episódio de depressão ao longo da vida. As mulheres apresentam chances maiores de deprimir (10 a 20%) do que os homens (5 a 12%). Cerca de 15% dos deprimidos graves se suicidam (OMS, 2002). Segundo o DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4° edição), a característica essencial de um episódio depressivo maior é um período mínimo de duas semanas durante as quais há um humor deprimido ou perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades. Em crianças e adolescentes o humor pode ser irritável ao invés de triste. A pessoa também deve experimentar pelo menos quatro sintomas adicionais, extraídos de uma lista que incluí: alterações no apetite ou peso, sono e atividade psicomotora; diminuição da energia; sentimentos de desvalia ou culpa; dificuldades para pensar, concentrar-se ou tomar decisões; pensamentos recorrentes sobre morte ou ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio. A doença é classificada quanto: leve, moderada e grave, já nos quadros moderados e graves sempre há necessidade de se mapear se há presença de ideias de morte ou ideação suicida (BARBOSA; MACEDO; SILVEIRA; 1011).

A prevenção do suicídio é de muita importância no enfrentamento do problema na sociedade atual, pois sabe-se da importância da avaliação dos fatores de risco (impulsividade, agressividade, retraimento, falta de suporte social) e dos fatores de proteção (presença de suporte social, mecanismos de coping) para um melhor manejo do paciente suicida, o que precisa de uma abordagem ao mesmo tempo direta, complexa e multidisciplinar. São direcionadas as formas de tratamento mais eficazes, que dependem de uma combinação de medicações e psicoterapia, como também, a adoção de estratégias para intervenções preventivas na área de saúde pública, educação em saúde e o papel de divulgação por parte das mídias, que atentem para a identificação das pessoas com risco de suicídio e encaminhamentos possíveis (BARBOSA; MACEDO; SILVEIRA; 1011).

1 DEPRESSÃO

A depressão é uma doença do foro mental reconhecida desde os tempos mais remotos da humanidade. Não obstante esta longa carreira histórica e muitos avanços no seu tratamento, trata-se de um quadro de saúde mental que ainda apresenta algumas controvérsias, nomeadamente sobre os limites entre tristeza e apatia normais e patológicas, os fatores que predispõem à depressão, os neurotransmissores envolvidos, aspectos culturais, etc.

Segundo Varella (2013), é importante distinguir a tristeza patológica daquela transitória provocada por acontecimentos difíceis e desagradáveis, mas que são inerentes à vida de todas as pessoas, como a morte de um ente querido, a perda de emprego, os desencontros amorosos, os desentendimentos familiares, as dificuldades econômicas, etc. Diante das adversidades, as pessoas sem a doença sofrem, ficam tristes, mas encontram uma forma de superá-las. Nos quadros de depressão, a tristeza não dá tréguas, mesmo que não haja uma causa aparente. O humor permanece deprimido praticamente o tempo todo, por dia e dias seguidos, e desaparece o interesse pelas atividades, que antes davam satisfação e prazer.

1.1 CAUSAS

O distúrbio está ligado à menor produção de substâncias como serotonina e endorfina. Elas facilitam a comunicação entre neurônios e influenciam diretamente na sensação de bem-estar. Mas o que desencadeia esse processo ainda não foi definido com precisão pela ciência. Há vários motivos, como uma doença, um forte sentimento de perda ou até fatores genéticos. Segundo dados de 2012 da Organização Mundial da Saúde, 5% da população global sofre de depressão. E, até 2030, ela deve se tornar a doença mais comum do mundo (FERRAZZA, 2016).

DIAGNÓSTICO

Segundo Varella (2013), para diagnosticar a depressão requer a presença de cinco ou mais dos seguintes sintomas que incluam obrigatoriamente espírito deprimido ou anedônia, durante pelo menos duas semanas, provocando distúrbios e prejuízos na área social, familiar, ocupacional e outros meios da atividade diária:

Estado deprimido: sentir-se deprimido a maior parte do tempo, quase todos os dias;

Anedônia: interesse ou prazer diminuído para realizar a maioria das atividades;

Alteração de peso: perda ou ganho de peso não intencional;

Distúrbio de sono: insônia ou hipersônia praticamente diárias;

Problemas psicomotores: agitação ou apatia psicomotora, quase todos os dias;

Falta de energia: fadiga ou perda de energia, diariamente;

Culpa excessiva: sentimento permanente de culpa e inutilidade;

Dificuldade de concentração: habilidade frequentemente diminuída para pensar ou concentrar-se;

Idéias suicidas: pensamentos recorrentes de suicídio ou morte.

TRATAMENTO

O tratamento antidepressivo deve ser compreendido de uma forma globalizada levando em consideração o ser humano como um todo, incluindo dimensões biológicas, psicológicas e sociais. Portanto, o tratamento deve abranger todos esses pontos e utilizar a psicoterapia, mudanças no estilo de vida e a terapia farmacológica. Deve-se mencionar que não se trata "depressão" de forma abstrata mas sim pacientes deprimidos, compactuados em seus meios sociais e culturais e compreendidos nas suas dimensões biológicas e psicológicas (SOUZA, 1999). Os antidepressivos são positivos no tratamento agudo das depressões moderadas e graves, porém não diferentes do efeito placebo em depressões leves. Existe uma evidência contundente na literatura de que os antidepressivos são eficazes no tratamento da depressão aguda moderada e grave, quer melhorando os sintomas (resposta), quer eliminando-os (remissão completa) (FLECK et al, 2003).

2 ESPIRITUALIDADE

A espiritualidade é a dimensão peculiar de todo ser humano e o estimula na busca do ser superior, da experiência transcendente na buscativa de dar sentido e resposta aos fatores fundamentais da vida. A espiritualidade não é monopólio das religiões ou de algum movimento espiritual, ela é inerente ao ser humano (BOFF, 2016).

A espiritualidade permite ao ser humano ser mais criativo diante aos problemas existentes. O papel da espiritualidade na prática clínica em saúde mental toma uma posição marcadamente preventiva. O que não implica na exclusão desta estratégia no tratamento de um quadro clínico já instalado. É justamente a posição preventiva que torna a espiritualidade uma poderosa ferramenta no cuidado ao paciente com transtorno psíquico (GOMES; FARINA; FORNO, 2014).

Uma das formas recentes de abordagem da religiosidade/ espiritualidade em saúde mental é quanto à sua capacidade de promover resiliência em situações de adversidade, traumas e estresse agudo ou crônico. Diferentes variáveis têm sido utilizadas para estudar a espiritualidade, como afiliação religiosa, prática de ritos, oração, entre outras. Essas variáveis indicam o peso que a dimensão espiritual ocupa na vida da pessoa e possibilitam que o rigor metodológico indique se há ou não associação com saúde. Há um número já considerável de estudos que apontam para associação entre espiritualidade e saúde (ZIMPEL; MOSQUEIRO; ROCHA, 2015).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Contudo e independentemente de quaisquer polémicas, a depressão, contrariamente àquilo que às vezes é socialmente difundido, não é uma reação de "pessoas fracas" que não conseguem resolver os seus problemas, mas sim uma doença grave e muitas vezes incapacitante. Porém a produção de conhecimento e a discussão a respeito do tema ainda são escassas, a sociedade apresenta grande resistência em trazer o assunto à tona.

Os profissionais de saúde no geral têm pouca informação sobre formas de detecção de casos de depressão com risco suicida e da própria abordagem feita no atendimento às pessoas com tentativas de suicídio. Cabe aos profissionais de saúde ter uma educação em saúde continua buscando praticas assertivas para intervir na patologia, colocar em pratica o uso do diagnóstico de enfermagem, estimulando o indivíduo a busca pela espiritualidade.

REFERÊNCIAS

VARELLA(2016):Depressão.Disponívelem:http://drauziovarella.com.br/letras/d/depressao/

Boff, L. (2006). Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante,

BARBOSA, OLIVEIRA; MACEDO M. COSTA; SILVEIRA CARVALHO. Depressão e o suicido, Rio de Janeiro, (2011): Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582011000100013

FERRAZZA, (2016): mundo estranho; O que causa a depressão? Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/saude/o-que-causa-a-depressao/

FLECK et al, (2003): Diretrizes da Associação Médica Brasileira para o tratamento da depressão (versão integral): Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v25n2/v25n02a13

SOUZA, (1999): Tratamento da depressão: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44461999000500005

GOMES SOARES; FARINA; FORNO DAL, (2014): Espiritualidade, Religiosidade e Religião: Reflexão de Conceitos em Artigos Psicológicos: Disponível em: file:///C:/Users/Dene/Downloads/Dialnet-SpiritualityReligionAndReligion-5155073.pdf