ENTENDENDO A ESQUIZOFRENIA: PERSPECTIVA DA ENFERMIDADE NA INFÂNCIA

Data de postagem: Oct 13, 2009 7:52:23 AM

ENTENDENDO A ESQUIZOFRENIA: PERSPECTIVA DA ENFERMIDADE NA INFÂNCIA

Kaliandra Sampaio

Sabrina Andrade

kallysampaio@hotmail.com

RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de relatar sobre a Esquizofrenia na Infância, conhecida como EI, em geral esta é uma doença psiquiátrica crônica, ela é frequentemente associada à incapacidade funcional significativa, com alteração do funcionamento social e deterioração cognitiva, ou seja, perca do processo da aquisição de conhecimento. Algumas pesquisas realizadas ao tema, tem a percepção que é pouca das pessoas com o transtorno que têm um prognóstico considerado favorável ao transtorno, apesar de ser realizado um processo terapêutico otimizado com antipsicóticos, permanecendo elevadas as taxas de recaídas, sintomas residuais e de descontinuação do tratamento farmacológico. Na tentativa de complementar o tratamento farmacológico para Esquizofrenia outras abordagens têm sido desenvolvidas e testadas, dentre elas, as psicoterapêuticas propostas como a Terapia Cognitiva Comportamental tem sido a mais estudada e desenvolvida, recomendada em países como Inglaterra e Estados Unidos como terapia complementar aos Antipsicóticos no tratamento da Esquizofrenia crônica com sintomas de baixo impacto ao paciente. Apesar dos resultados preliminares obtidos até ao momento serem auspiciosos mais e melhores investigações e estudos metodologicamente rigorosos serão necessários para que abram portas para uma abordagem mais completa desta complexa e desafiadora doença.

PALAVRAS-CHAVE: Saúde Mental. Esquizofrenia. Terapia Cognitiva Comportamental. Tratamento.

.INTRODUÇÃO

A Psicose pode ser definida como uma desordem mental, ela pode ocorrer como resultado de uma doença psiquiátrica, como a esquizofrenia, ou seja, ela é a perda de contato com a realidade, provocando delírios e alucinações, assim prejudicando a resposta afetiva, além de tornar a capacidade em perceber a realidade comprometida, na qual, somada a outros sintomas, o relacionamento interpessoal costuma estar bastante prejudicado, interfindo de forma essencial no convívio social. Definidas assim as características clássicas da psicose como: prejuízo em perceber a realidade, presença de delírios, alucinações e ilusões, fala incorreta e agitação.

A existência de psicoses na infância durante muitos anos foi questionada, tanto pela família e sociedade, quanto pela classe médica, chegando até ser negada a sua existência, principalmente devido a questões conceituais e às diferentes classificações existentes, que sofreram modificações ao longo do tempo com os estudos realizados na área. A Esquizofrenia segundo a Organização Mundial de Saúde (2000) é conhecida como uma das doenças psiquiátricas mais graves e que desafiam a medicina, com a necessidade de ser estudada até hoje. Segundo a Classificação Internacional das Doenças ela é uma enfermidade complexa, caracterizada por distorções do pensamento, da percepção de si mesmo e da realidade externa, além de inadequação e com dificuldades de afeto (OMS, 1998). A esquizofrenia é uma doença (transtorno) que segundo a Organização Mundial de Saúde atinge cerca de 1% de população mundial, ou seja, milhões de pessoas em todo o mundo (OMS, 2000). Classificada hoje pela psiquiatria como uma síndrome, ela é caracterizada por uma série de sintomas e sinais que costumam surgir pela primeira vez, na forma de um surto psicótico, normalmente no final da adolescência ou nos primeiros anos de vida adulta.

Salientamos que a Esquizofrenia Infantil – EI – é uma forma rara e mais grave de esquizofrenia, além de ser muito difícil ser reconhecida em suas etapas iniciais, isso quando ela é caracterizada pelo início de sintomas psicóticos antes dos 12 anos, onde se acredita que há um componente hereditário mais forte na etiologia da doença, crianças diagnosticadas com tal enfermidade têm taxas maiores de anormalidades do desenvolvimento do transtorno, com inespecíficos marcadores do prejuízo precoce no neurodesenvolvimento.

Uma vez que a causa da enfermidade ainda é desconhecida, o tratamento é direcionado assim, para o controle dos sintomas da doença e inclui o emprego de medicamentos antipsicóticos (p.ex.: clozapina, clorpromazina, haloperidol, risperidona, ferfenazina). Há um interesse crescente no modelo cognitivo de psicoterapia estimulado por grande número de resultados de pesquisa, demonstrando sua eficácia em uma série de transtornos psiquiátricos e distúrbios médicos. A psicoterapia é útil no tratamento em crianças que já estejam estabilizadas e em fazem o uso dos antipsicóticos, melhorando a sua capacidade de comunicação, elevando a sua autoestima e facilitando a socialização. Neste meio o psicoterapeuta também pode ajudar aos responsáveis a compreenderem melhor o problema da criança acometida com o transtorno, e assim, participar dos ajustes necessários para estimular o desenvolvimento da criança.

Referencial Teórico

Conforme Costa (2000, p.27) a esquizofrenia é um transtorno causado por diversos fatores biopsicossociais que interagem, criando situações, que podem ser favoráveis ou não ao aparecimento do transtorno, ou seja, é uma desordem psiquiátrica caracterizada por quadro de psicose crônica ou recorrente, levando a piora progressiva das capacidades funcionais.

A esquizofrenia é uma patologia que leva a distorções no pensamento, percepção e emoções. (Organização Mundial da Saúde, 1992).

O termo esquizofrenia foi criado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler em 1911, a partir das raízes gregasschizo (dividida) e phrene (mente) = mente fendida, onde publica sua monumental monografia intitulada “Demência precoce ou o grupo das esquizofrenias”, que fundaria a visão científica contemporânea sobre essas psicoses. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a esquizofrenia é uma patologia psiquiátrica crônica grave, que leva a distorções no pensamento, no comportamento, na percepção e nas emoções, ou seja, é um transtorno mental complexo que dificulta o indivíduo a fazer a distinção entre as experiências reais e imaginárias, pensar de forma lógica, ter respostas emocionais normais e comportar-se normalmente em situações sociais. Especialistas em saúde mental não tem certeza das suas reais causas, no entanto, há hipóteses que alguns fatores genéticos e ambientais podem estar envolvidos, mas no momento ainda nada é muito consistente.

A esquizofrenia trata-se de um dos principais problemas de saúde pública e sem reais e eficazes tratamentos da atualidade, exigindo considerável investimento e atenção do sistema de saúde e causando grande sofrimento para a pessoa atingida pela doença e sua família. Apesar da baixa incidência, por ser uma doença de longa duração, acumula-se, ao longo dos anos, um número considerável de pessoas portadoras desse transtorno, com diferentes graus de comprometimento e de necessidades (NETO, 2000; p.22).

A esquizofrenia pode se subdividir em seis tipos, de acordo com a sintomatologia predominante na ocasião da avaliação, são eles: simples, paranóide, desorganizado ou hebefrênico, catatônico, indiferenciado ou simples e tipo residual.

Tipo simples: A esquizofrenia simples é uma das mais comuns, tem sintomas como, emoções erráticas, isolamento social, quase ausência de relações afetivas, mudança de personalidade, e por vezes depressão.

Tipo paranóide: é também um dos tipos mais comuns, no quadro clínico, predominam delírios e alucinações, além da perturbação do afeto e pragmatismo, propensão a ataques de fúria e a brigas.

Tipo desorganizado ou hebefrênico: a característica principal é a desorganização do pensamento; o discurso é incoerente, as associações de ideias são ilógicas; comportamento infantil, o prognóstico é ruim, principalmente pelo rápido desenvolvimento de sintomas negativos, como embotamento afetivo e perda da volição.

Tipo catatônico: caracteriza pelos sintomas psicomotores proeminentes, que podem se alternar, como hipercinesia, estupor ou obediência automática e negativismo. Atitudes e posturas forçadas podem ser mantidas por longos períodos, com apatia física e expressões faciais fora do normal, e episódios de agitação extrema podem ocorrer.

Tipo indiferenciado: é a mais complicada de ser caracterizada; o quadro preenche critérios para esquizofrenia, mas não satisfaz os critérios para o tipo paranóide, desorganizado ou catatônico.

E por fim o tipo residual: é a forma crônica da doença, onde se percebe uma progressão clara dos sintomas psicóticos da esquizofrenia; no estágio mais tardio, há predominância de sintomas negativos.

Como já relacionado no texto a esquizofrenia geralmente tem seu início no final da adolescência ou início da fase adulta, ela afeta tanto homens quanto mulheres, no entanto, nas mulheres, a esquizofrenia tende a começar mais tarde e ser mais branda. Porém, a esquizofrenia de início precoce é definida como o aparecimento de sintomas psicóticos específicos e prejuízos nas funções adaptativas, facilmente confundida com o autismo, podendo ocorrer em casos raros porém já registrados depois dos cinco anos de idade, na qual é conhecida como Esquizofrenia Infantil (EI), estudos dizem que “a esquizofrenia infantil é rara e pode ser difícil diferenciá-la de outros transtornos de desenvolvimento da infância, pois possui traços extremamente comuns como o autismo”.

Os critérios de diagnósticos para esquizofrenia em crianças são os mesmos para a forma adulta, exceto que as crianças deixam de atingir os níveis esperados de desempenho social e acadêmico, de certa forma a imaturidade normal do desenvolvimento da linguagem e a separação entre a realidade e a fantasia tornam difícil o diagnóstico da esquizofrenia em crianças, principalmente, com idade abaixo dos nove anos.

As causas da esquizofrenia ainda são bem obscuras e variadas, há muitas hipóteses, mas o fator orgânico é inegável e estudada profundamente, assim como a genética, onde há muitas discussões e poucas conclusões, onde se acredita que a forte tendência para desenvolver esquizofrenia aumenta quando há algum familiar próximo com a doença. Para ou autores Kaplan, Sadock e Grebb (1997), esse fator genético é reforçado pelo fato de que, em gêmeos monozigóticos, se um desenvolver a doença o outro também irá desenvolver, mesmo se criados separados e com diferentes pais. Também se sabe que a incidência é maior em gêmeos monozigóticos do que em dizigóticos.

No entanto, há os fatores ambientais, que também são considerados como fatores principais para a origem do desencadeamento do transtorno, tendo como preponderância na ativação do comportamento psicótico, o abuso de substâncias como droga e álcool.

Sintomas e Diagnostico

Geralmente, os sintomas da esquizofrenia se desenvolvem em processo lento, podendo durar meses ou até anos. Às vezes, podem ocorrer vários sintomas e em fortes graus, e outras vezes, podem ocorrer somente alguns deles ou em pequenos graus.

Em regra, inicialmente, pode apresentar os seguintes sintomas:

∙ Sensação de tensão ou irritabilidade;

∙ Dificuldade para dormir;

Dificuldade de concentração com o desenvolvimento da doença, problemas com pensamentos, emoções e comportamento se desenvolvem, incluindo:

∙ Nenhuma emoção (apatia);

∙ Crenças ou pensamentos falsos que não têm base na realidade (delírios);

∙ Ver ou ouvir coisas que não existem (alucinações);

∙ Dificuldade de prestar atenção;

∙ Pensamentos que "pulam" entre assuntos que não estão relacionados (pensamento desordenado);

∙ Comportamentos catatônicos ou hiperativos;

∙ Isolamento social.

Além dos sintomas elencados a cima, em casos mais graves, estes pacientes com transtorno podem apresentar alto grau de ansiedade, depressões e até comportamentos suicidas.

Os sintomas de esquizofrenia observados são essencialmente do tipo negativo e do tipo positivo, associados à desorganização do pensamento. Pode até ocorrer atividade delirante e alucinações, mas na prática são raras vezes identificados como tal. Podem assemelhar-se a sintomas compulsivos inicialmente. Nota-se também o predomínio de alucinações visuais em detrimento das alucinações auditivas.

Os sintomas positivos da esquizofrenia estão presentes com maior visibilidade na fase aguda da doença. São sintomas positivos os delírios e as alucinações, sendo mais frequentes as alucinações auditivas; pensamento e discurso desorganizado, alterações do comportamento com ansiedade, descontrole dos impulsos e agressividade.

Os sintomas negativos da esquizofrenia estão relacionados não com novos comportamentos, mas sim, pela ausência de um comportamento usual. Refletem um estado deficitário ao nível da motivação, das emoções, do discurso, do pensamento e das relações interpessoais, como a falta de vontade ou de iniciativa; isolamento social; apatia; indiferença emocional; pobreza do pensamento.

Na esquizofrenia infantil os sintomas aparecem habitualmente onde, normalmente, as crianças passam a se desinteressar pelas atividades que realizadas frequentemnete, acompanhadas de isolamento. O início do quadro da esquizofrenia na infância para se chegar ao diagnóstico costuma ser lento e complexo, devido à interpretação da alteração do comportamento como período de transição entre as fases normais do desenvolvimento ou como consequência de algum acontecimento marcante, o quadro é facilmente confundido com depressão, pois a criança retroceder ou cresce retraída, perde o interesse pelas atividades rotineiras e habituais e passa a apresentar distorções do pensamento e da percepção.

Como ocorre com os adultos, a criança pode ter alucinações, delírios e paranoia, temendo que as outras pessoas estejam maquinando para lhe causar danos ou que estejam controlando seus pensamentos, com a sensação de serem perseguidas 24 horas. A criança esquizofrênica também pode apresentar contenção das emoções, nem a sua voz nem suas expressões faciais alteram-se em resposta a situações de emocionais, no caso de alegrias e tristezas. Quando os sinais e sintomas estão presentes, como os delírios e as alucinações, com queda no rendimento escolar, insônia, agitação, agressividade o diagnóstico é mais evidente, é importante saber que a Organização Mundial da Saúde e a Associação Americana de Psiquiatria utilizam os mesmos critérios de diagnósticos para crianças e adultos.

Tratamentos e A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC)

O tratamento da esquizofrenia é composto pela terapêutica medicamentosa, psicoterapia e socioterapia. O tratamento medicamentoso é fundamental para controle da esquizofrenia, mas na avaliação dos pacientes, os prejuízos acarretados pelo tratamento medicamentoso podem ser tão intensos quanto os sintomas do transtorno. O tratamento recebido pelos portadores de esquizofrenia dificilmente se coloca à altura da complexidade do transtorno, que deve ser tratado em diversas frentes para que o paciente possa atingir uma boa qualidade de vida (SOUZA et. al, 2013)

Para o tratamento da Esquizofrenia, a utilização de exames complementares para o diagnóstico não é essencial, já que não há um teste clínico (anamnese + exame físico) específico, capaz de identificar a esquizofrenia infantil ou em adultos. O diagnóstico baseia-se na entrevista com o médico psiquiatra, de acordo com a sintomatologia apresentada e sua evolução. Os estudos por imagem têm sua importância, não por diagnosticar, mas sim pela propriedade de uma maior compreensão de estruturas cerebrais envolvidas na doença, existem estudos que revelaram através de tomografia computadorizada de crânio, uma dilatação de ventrículos consequente a uma redução do parênquima cerebral em alguns pacientes, esses mesmos achados têm sido encontrados em crianças, já evidenciando o comprometimento e também a gravidade de áreas cerebrais atingidas.

A intervenção adequada para o cuidado da esquizofrenia, envolve os tratamentos com apoio multidisciplinar, farmacológico, psicossocial e inclusão da família e a mais recente e inclusiva a Terapia Cogtiniva Comportamental.

Deve-se fazer um diagnóstico diferenciado de cada paciente, respeitando sua individualidade. A avaliação e a assistência devem ser feitas por uma equipe multiprofissional, composta no mínimo de médico psiquiatra, terapeuta ocupacional, enfermeira com especialização em psiquiatria e assistente social (MALLA, 2001; p.103).

No tratamento farmacológico no primeiro episódio da esquizofrenia consiste no uso de medicamentos antipsicóticos, dessa forma existem dois tipos de drogas antipsicóticas: os antipsicóticos típicos ou convencionais (antagonistas de dopamina (D2)) e os atípicos, (antagonitas dopaminérgicos e serotoninérgicos).

Já no tratamento psicossocial como menciona, MACCAY et all. 1996, p.34, a intervenção consiste no tratamento do paciente, baseado no envolvimento deste com atividades sociais e ocupacionais. Ela está sendo utilizada para diminuir o estigma da doença mental perante a sociedade, no clico familiar e ao próprio usuário que, muitas vezes, sente-se inibido ao procurar ajuda, causando maiores danos a sua condição, o que com antecipação poderia ser evitada.

No que diz respeito à ajuda e intervenção familiar, ela se tornou uma alternativa indispensável no tratamento esquizofrênico e em todas suas etapas, evidencia-se que esta deve ter um conhecimento, de suas características, limitações, medos e inseguranças, afinal gera instabilidade no momento em que a família se depara com essa nova situação, já que ocorre uma desorganização do grupo na tentativa de se adaptar. Se a família não for ajudada neste momento, sua adaptação pode resultar em modelos de relacionamento que contribuem pouco para a estabilização e melhora do paciente e, leva todo o grupo ao sofrimento emocional e psicológico.

E por fim podemos citar a então Terapia Cogtiniva Comportamental, por muito tempo, a principal forma de tratamento para pacientes severamente comprometidos por doenças mentais, como a esquizofrenia, estava relacionada somente ao uso de medicação antipsicótica, recentemente este quadro mudou, com o procedimento da terapia cognitiva comportamental (TCC) tem se mostrado uma das técnicas psicoterápicas de melhor eficácia utilizada no tratamento das psicoses. Esta que é destinada a pacientes refratários, ou seja, para aqueles que, apesar do uso de antipsicóticos, verifica-se a persistência de sintomas suficientes para causarem prejuízos significativos nas esferas social, familiar e profissional.

Cuidados de Enfermagem

O enfermeiro é o profissional mais próximo de paciente internado em hospitais psiquiátricos, com a doença de transtorno psicótico, como a (esquizofrenia). As responsabilidades de um enfermeiro da área de saúde mental, além de um papel fundamental no tratamento e melhora do paciente, incluem o monitorização do estado fisiológico após a ingestão de medicamentos para assim estabeler um vínculo de comunicação para o autocuidado do paciente; cuidar do paciente com base na intimidade; com base na tomada de decisão em vez de apenas seguir as instruções do médico; além de notificar o profissional responsável da saúde sobre efeitos colaterais; evitar o estresse do paciente; instruir sobre a importância de uma rotina diária com horários estabelecidos para a alimentação e descanso; entre outros.

Assim, o profissional de enfermagem psiquiátrica está fundamentada no relacionamento interpessoal enfermeiro/paciente, além de humanizado, através do qual observa os aspectos biopsicossociais do ser humano, onde também a enfermagem observa efeitos colaterais da medicação e acompanha a saúde geral do jovem paciente e de sua família.

No campo psicossocial, pode se envolver em diversas atividades, tais como a visita domiciliária, a coordenação de grupos de pacientes em oficinas e outros temas. A promoção do acesso do paciente e família aos recursos da comunidade pode contribuir para a reabilitação do doente e da família.

É comum que o tratamento desta área seja considerado como a continuidade dos cuidados, este é um fator significativo na assistência de enfermagem psiquiátrica como documentado por estudos de investigação, que diz “Continuidade dos cuidadores”, ou seja, a equipe de tratamento é contínua e é responsável por seu pacientes, sejam eles pacientes internados ou ambulatoriais. Um estudo para investigar e comparar as crenças de enfermeiros de saúde mental 'sobre as intervenções possíveis para esquizofrenia com aqueles dos psiquiatras, tem identificado consonância quanto as intervenções mais prováveis de serem úteis, tais como medicamentos antipsicóticos para a esquizofrenia e as terapias psicossociais.

No núcleo familiar a avaliação das necessidades específicas e as ações de enfermagem são aplicadas de acordo com a individualidade de cada família. Assim, têm-se uma reorganização com uma anamnese prévia dos sintomas dos pacientes e uma prevenção para futuros episódios, melhorando a qualidade de vida do grupo familiar, seu papel frente à sociedade e entre seus próprios membros, evitando a deterioração definitiva que leva à incapacidade mental.

As ações de enfermagem ocorrem em serviços específicos para o atendimento do primeiro surto e em serviços de saúde primária. Assim que pacientes e famílias apresentam uma melhor aceitação da nova condição, são encorajados a enfrentá-la através de atividades com recursos da comunidade, o que possibilita a recuperação da vida social e, uma reabilitação mais rápida e eficiente.

A prática em enfermagem psiquiátrica se baseia em ações que visam melhorar a condição da qualidade de vida do paciente e de sua família, a contribuir no controle do surto da doença, torná-la estabilizada, a ajudar na integração social após o aparecimento da doença, e a cooperar na adesão ao tratamento e à adaptação de sua nova condição, tornando a abordagem empática e a comunicação uma forte arma da equipe de enfermagem para o tratamento e vínculo com o paciente portador de esquizofrenia.

DISCUSSÃO E RESULTADO

De acordo com o estudo, foi possível compreender que a esquizofrenia é um tipo de psicose, uma enfermidade que causa pensamentos e sentimentos estranhos e um comportamento pouco usual. É uma enfermidade psiquiátrica crônica que não afeta por igual a quem sofre dela, pouco comum em crianças, e é muito difícil ser reconhecida em suas primeiras etapas, está é uma desordem cerebral que deteriora a capacidade das pessoas para pensar, dominar suas emoções, tomar decisões e relacionar-se com os demais.

A Esquizofrenia Infantil é considerada de forma rara, nesta condição aparece habitualmente entre os 5 anos, têm traços extremamente comuns ao autismo, e somente com uma evolução posterior, com o aparecimento de sintomas psicóticos, propriamente ditos, permitirá um diagnóstico certo. Após um período inicial "preliminar - entre o início dos sintomas e os sinais que permitem o diagnóstico", as crianças se isolam, param de frequentar a escola, tornam-se agressivas e progressivamente apresentam uma deterioração da vida emocional com comprometimento importante. O quadro clínico pode variar de momentos de total apatia para outros de uma excitação impulsiva exagerada. Este acontecimento exige diagnóstico diferencial com os Transtornos Bipolares do Humor, mas o comprometimento "da aprendizagem, do conhecimento" e social é mais evidente na Esquizofrenia que se mostra frequentemente como uma síndrome deficitária, apesar das suas possibilidades inibidas e ou desinibidas do comportamento.

CONCLUSÃO

A esquizofrenia costuma se manifestar por meio de surtos psicóticos, em que a pessoa "perde contato com a realidade" e vivencia delírios (como acreditar que tem poderes especiais ou sofre influências de objetos) ou alucinações (ver, ouvir ou sentir coisas que não existem).

Quando relacionado ao tratamento, ainda não existe um tratamento curativo para a esquizofrenia, embora alguns sintomas possam ser controlados com medicamentos e psicoterapia. Os medicamentos antipsicóticos podem facilitar a correção de algumas anomalias químicas no cérebro. Onde alguns fármacos são bastante utilizados. Contudo, as crianças são particularmente propensas a sofrer os efeitos secundários destes medicamentos antipsicóticos, como tremores, lentidão de movimentos e espasmos musculares, pelo que estes medicamentos devem ser utilizados com grande precaução.

Atualmente, os critérios de diagnóstico para uma criança são os mesmos para o adulto. "No caso infantil, entretanto, é necessário saber diferenciar a alucinação e o delírio daquilo que é próprio da criatividade da criança, do 'amigo imaginário”. O esquizofrênico rompe com a realidade, desorganizando a si mesmo e sua família, por isso, o tratamento e a terapia deve incluir também os familiares do paciente.

Podemos concluir que é fundamental a investigação detalhada de todas as informações sobre o início e o desenvolvimento da doença. Também é importante investigar sobre os antecedentes pré-mórbidos, ou seja, como era o funcionamento da criança antes da doença, se possível filmagens e fotos da criança nos diversos ambientes: escola, casa de parentes e passeios. Outro ponto importante é a história familiar de esquizofrenia na família, o que aumenta o risco do desenvolvimento da doença.

ABSTRACT

This work was developed in order to report on Schizophrenia in Childhood, known as EI in general this is a chronic psychiatric illness, it is often associated with significant disability, with a change in social functioning and cognitive impairment, or miss of the knowledge acquisition process. Some research carried out subject, has the perception that it is little people with the disorder who have a prognosis considered favorable to the disorder, despite being performed an optimized therapeutic process with antipsychotics, remaining high relapse rates, residual symptoms, and discontinuation of pharmacological treatment. In an attempt to supplement the pharmacological treatment for schizophrenia other approaches have been developed and tested, among them, the psychotherapeutic proposals such as Cognitive Behavioural Therapy has been the most studied and developed, recommended in countries like England and the United States as a complementary therapy to antipsychotics in treatment of chronic schizophrenia with symptoms of low impact to the patient. Despite the preliminary results obtained so far are more and better research and methodologically rigorous studies Auspicious will be needed to open doors to a more comprehensive approach to this complex and challenging disease.

KEYWORDS: Mental health. Schizophrenia. Cognitive Behavioral Therapy. Treatment.

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