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A ATUALIZAÇÃO DE VALORES HISTÓRICOS: UMA NOTA TÉCNICA

O objetivo dessa nota é apresentar uma maneira simples de transformar valores históricos - de até 56 anos atrás - para preços de hoje. Para isso buscou-se apoio em alguns livros que discutem a pesquisa econômica, como por exemplo Munhoz (1989). De acordo com o autor num contexto inflacionário a observação de uma série de valores monetários crescentes não permite ao pesquisador concluir sobre o que realmente tenha ocorrido com o fenômeno ali representado, já que os valores incorporariam um crescimento real e um crescimento nominal, este decorrente do simples aumento nos preços. Na realidade, a tarefa de observar uma série é extremamente dificultada, porque nos últimos 56 anos a moeda brasileira trocou de nome sete vezes e perdeu 15 zeros, como pode ser visto na Tabela 1.

TABELA 1

AS MOEDAS BRASILEIRAS NAS ÚLTIMAS DÉCADAS

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ANOS MUDANÇAS NO PADRÃO MONETÁRIO

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1942- Em outubro os mil réis perdem três zeros e surge o cruzeiro. O símbolo da moeda passa a ser Cr$.

1964- Em dezembro o centavo do cruzeiro é extinto.

1967- Em fevereiro,o cruzeiro perde três zeros e vem o cruzeiro novo com centavos.O símbolo torna-se NCr$.

1970- Em maio, retorna o cruzeiro, que perde a designação de "novo". O símbolo passa a ser Cr$.

1984- Em novembro, o centavo do cruzeiro é extinto.

1986- Em março, o cruzeiro perde três zeros e é criado o cruzado.

1989- No dia 16 de janeiro, o cruzado perde três zeros e vira cruzado novo e é simbolizado por NCz$.

1990- No dia 16 de março,o cruzado novo é extinto e volta o cruzeiro. O símbolo passa a ser Cr$.

1993- Em agosto, o cruzeiro perde três zeros e é criado o cruzeiro real.

1994- Em julho é extinto o cruzeiro real e surge o real.

FONTE: Zero Hora, 1.3.94,p.3

Argumenta Munhoz (1986), mais adiante, que a única maneira de concluir a respeito seria com o deflacionamento da série, isto é, com a utilização de deflatores, eliminando-se o crescimento puramente nominal (ou inflacionário), e obtendo-se uma série em valores constantes ou reais. O uso de deflatores é portanto obrigatório nos trabalhos de pesquisa econômica pois dificilmente pode ser desenvolvido algum tipo de investigação em que não se faça necessário o deflacionamento de séries monetárias. Segundo Haddad (1987,p.134) o ano de 1944 pode ser tomado como o marco inicial dos Índices Nacionais de Preços elaborados com regularidade. e é justamente quando iniciam as séries preparadas pela Fundação Getúlio Vargas. Dos cinco índices levantados pela FGV, havia um índice geral resultante da média dos índices de atacado e varejo, cuja finalidade era servir de deflator para o índice do movimento de negócios. Anos depois, com a inclusão do índice de custo da construção civil, completou-se a composição do índice geral que hoje se conhece. Na realidade, o Índice Geral de Preços é considerado a melhor aproximação das taxas de inflação no Brasil. Isso porque, em lugar de ser um índice elaborado a partir de levantamentos de preços, ele é construído a partir da ponderação de outros índices: o Índice de Preços no Atacado (peso 6), o Índice de Custo de Vida no Rio (peso 3) e o Índice nacional de Custo da Construção (peso 1).

Com a finalidade de facilitar a técnica de transformar-se valores históricos para preços de hoje, organizou-se uma série de fatores com base no IGP-DI da FGV, apresentada nesse site!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ZERO HORA. As mudanças da moeda brasileira. 1.3.94,p.3

MUNHOZ,D.G. Economia Aplicada. Técnicas de pesquisa e Análise Econômica. Editora de Brasília, 1989

HADDAD,P. Índice de Preços.In: IBGE. Séries Estatísticas Retrospectivas. Rio de Janeiro: IBGE,1986.