Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à última lição de nossa disciplina. Sei que você já deve estar ansioso(a) pela finalização do Ensino Médio, e, de fato, ele está muito próximo, mas segure a ansiedade, pois ainda temos um tempinho juntos por aqui.
Na lição passada, estudamos os processos de controle de materiais, conhecendo os diferentes tipos de materiais, os conceitos de estocagem inteligente e os métodos de planejamento das necessidades de materiais, em que enfatizamos a importância da redução de custos, dos desperdícios e da obsolescência de produtos, contribuindo, assim, para a eficiência e a sustentabilidade do agronegócio.
Agora, nesta última lição, o objetivo será destacar a importância do estoque no agronegócio, fornecendo a você uma compreensão abrangente da gestão de materiais em propriedades rurais e ressaltando a relevância de um sistema eficaz de gestão de estoques para garantir o abastecimento adequado de insumos e produtos, a satisfação dos clientes, a redução de desperdícios e de perdas e, claro, a maximização dos lucros.
Além disso, conversaremos sobre os desafios enfrentados pelos agricultores na questão da gestão de estoques, destacando a importância da adoção de tecnologias e práticas eficientes para otimizar esse aspecto fundamental do negócio agrícola, bem como a necessidade de reconhecer e valorizar a gestão de estoques como um elemento essencial para o sucesso e a sustentabilidade do agronegócio.
Vem comigo para darmos este último passo juntos?
Embora a gestão de estoques seja fundamental para o sucesso no agronegócio, muitos agricultores enfrentam desafios significativos na implementação de práticas eficazes, devido à falta de acesso a tecnologias avançadas e à resistência à adoção de novas metodologias. Essa lacuna tecnológica e cultural pode resultar em uma gestão inadequada dos estoques, levando a problemas, como desperdícios de recursos, perdas financeiras e insatisfação dos clientes. Além disso, a falta de controle preciso dos estoques pode tornar as operações agrícolas mais vulneráveis a flutuações no mercado, impactando, negativamente, a competitividade e a sustentabilidade das empresas rurais.
Outra questão importante é a complexidade da cadeia de suprimentos no agronegócio, que, muitas vezes, envolve múltiplos fornecedores, diferentes culturas e sazonalidades. Nesse cenário, a coordenação eficaz entre os diversos elementos da cadeia de abastecimento pode se tornar um desafio, especialmente quando não há sistemas integrados de gestão de estoques em vigor. A falta de sincronização entre a demanda e o fornecimento de insumos e produtos agrícolas pode levar a excessos ou a escassez de estoque, afetando a eficiência operacional e a rentabilidade das empresas.
Além disso, a dependência excessiva de métodos tradicionais de controle de estoques, como anotações manuais e memória, pode limitar a capacidade dos agricultores de realizar análises precisas e tomar decisões estratégicas. Isso pode resultar em uma gestão reativa em vez de proativa, em que os agricultores estão constantemente correndo atrás dos problemas em vez de antecipá-los. A falta de investimento em sistemas de gestão de estoques modernos e eficazes pode, portanto, representar uma barreira significativa para o desenvolvimento e a competitividade do agronegócio.
Estamos vendo desde a lição passada que a gestão de estoques no agronegócio é essencial para assegurar a disponibilidade contínua de produtos agrícolas, minimizar desperdícios, garantir a qualidade dos produtos e manter a competitividade no mercado. Nesse contexto, como você, futuro(a) Técnico em Agronegócio, pode desempenhar um papel fundamental na gestão de estoques para promover o sucesso e a sustentabilidade das operações agrícolas?
Vamos aprender sobre isso!
Para ilustrar a aplicação prática do conteúdo a ser estudado nesta lição, utilizaremos o caso de João. Ele e sua família tinham uma propriedade familiar no interior do Brasil e dedicavam a vida ao cultivo de grãos. João, agora maior de idade, começou a auxiliar os pais e tios em algumas atividades mais administrativas do local, e, apesar de contente com o que estava aprendendo, enfrenta constantes desafios na gestão de estoques, especialmente durante a temporada de plantio. As anotações eram desorganizadas e os métodos utilizados para o controle eram antiquados, o que, frequentemente, resultava em situações de escassez ou excesso de insumos, comprometendo a eficiência de sua produção.
Um dia, durante a preparação para a próxima safra, João conheceu Maria Eduarda, uma Técnica em Agronegócio, e, depois de algumas conversas, Maria Eduarda ofereceu-se para o ajudar a implementar um sistema de gestão de estoques mais eficaz na propriedade. João e sua família, embora hesitantes no início, devido à sua falta de familiaridade com a tecnologia, aceitaram a oferta. Eles reconheciam a necessidade de mudança para garantir o sucesso de seu negócio, mas tinham receio de não se acostumarem, porém Maria Eduarda disse que estaria ali, oferecendo suporte e, com isso, os convenceu. Com as orientações de Maria, começaram a utilizar um software de gestão de estoques personalizado, que permitia o registro detalhado de todos os insumos, desde sementes e fertilizantes até equipamentos agrícolas. Eles aprenderam a programar as datas de entrega, controlar as quantidades e monitorar os níveis de estoque em tempo real. Gradualmente, foi possível perceber os benefícios de uma gestão mais organizada e estratégica.
Na safra seguinte, viu-se uma melhoria significativa na produção e relacionaram isso ao novo sistema de gestão de estoques, pois, por meio dele, foi possível evitar desperdícios, garantir o abastecimento adequado de insumos e atender às demandas do mercado de forma oportuna. A propriedade tornou-se mais eficiente e lucrativa, e João sentiu-se mais confiante e capacitado na atividade desempenhada.
Assim, a história de João e sua família ilustra a importância da gestão de estoques no agronegócio e demonstra como a adoção de práticas modernas pode transformar a realidade de pequenos agricultores. Ao investir em tecnologia e capacitação, os agricultores podem superar desafios e garantir um futuro próspero para suas operações agrícolas. Neste caso em específico, podemos chamar a atenção para a atuação da Técnica em Agronegócio, que soube propor algo eficiente para a propriedade, respeitando as limitações das pessoas que ali atuavam e, principalmente, oferecendo apoio.
Agora, sabendo o quanto o trabalho de Técnico(a) em Agronegócio pode fazer diferença em situações como essas, vamos nos aprofundar?
No mundo do agronegócio, entender o papel do estoque é essencial, visto que ele é como um jogador-chave na cadeia de produção, agindo de diferentes maneiras conforme as necessidades. Por meio do estoque, pode-se controlar a oferta de produtos no mercado, impulsionar as vendas ou até mesmo marcar a diferença quando a demanda supera a oferta (como na entressafra), já que, muitas vezes, os clientes querem seus produtos na hora, sem esperar pela entrega. De acordo com Malinsk (2018), a gestão de materiais é fundamental em uma propriedade rural, garantindo que todos os setores tenham o que precisam para funcionar bem. Isso envolve desde a compra e o armazenamento dos materiais até o fornecimento para os diferentes setores e o controle do estoque.
Sendo assim, entender quando e quanto suprir, afeta diretamente os estoques. Se suprirmos antes do necessário, acabamos com estoques grandes demais. Mas, se esperarmos muito, corremos o risco de ficar sem recursos. Além disso, é preciso pensar na quantidade, pois um estoque muito grande pode resultar em materiais parados, enquanto pouco estoque, pode causar falta, o que não é bom, pois isso afetará os processos no agronegócio. Diante disso, o que pode auxiliar nessa questão é um sistema eficaz de gestão de estoques, visto que ele garante que tenhamos os insumos e os produtos certos, na quantidade certa, no lugar certo e na hora certa. Esse controle ajuda a valorizar os fornecedores e atender às expectativas dos clientes, sem contar que evita atrasos, reclamações e prejuízos e permite um planejamento adequado da produção.
Desde antes do plantio ou da criação começar, a administração de materiais é um desafio constante para as propriedades rurais, pois o sucesso financeiro da empresa pode depender, em parte, de quão bem conseguimos gerenciar nossos estoques. Não ter um bom controle pode causar uma série de problemas, como perda de tempo, desconfiança dos funcionários, fornecedores e clientes. Para lidar com isso, podemos dividir a administração de materiais em quatro fases: programação, distribuição, aquisição e estocagem.
Na fase de programação do estoque, é preciso definir metas claras, determinar padrões e especificar as datas de entrega dos insumos. Além disso, precisamos decidir quais itens serão estocados, em que quantidade e suas características. Neste processo, é importante manter registros organizados e atualizados do estoque, além de controlar as entradas e as saídas de produtos de acordo com sua demanda e programar os reabastecimentos dentro de prazos definidos. Tudo isso ajuda a manter o fluxo de produção eficiente e evitar problemas no agronegócio.
No Brasil, os agricultores têm acesso limitado às tecnologias avançadas para melhorar o cultivo de diferentes tipos de plantações, como cana-de-açúcar, grãos , frutas e hortaliças. Porém, isto, combinado com o trabalho árduo dos agricultores, contribui para que o país seja reconhecido como um dos maiores e mais eficientes produtores agrícolas do mundo. No entanto, mesmo com todas essas tecnologias disponíveis, o gerenciamento nas propriedades rurais, especialmente nas pequenas, enfrenta desafios significativos em um mundo globalizado. Como destacado por Araújo et al. (2017), o baixo nível tecnológico dos agricultores familiares brasileiros não se deve apenas à falta de acesso à tecnologia, mas também à falta de capacidade e de condições para adotar inovações, mesmo quando elas estão disponíveis.
Segundo Malinsk (2018), muitos agricultores não adotam sistemas de controle de estoque por falta de tempo e pela dificuldade em lidar com tecnologias mais avançadas. Os softwares e os programas disponíveis, geralmente, exigem que os usuários tenham conhecimento técnico em informática, o que nem sempre é comum no meio rural, dificultando a adoção dessas ferramentas. Além disso, um problema comum é a persistência de agricultores que confiam apenas em sua memória e em suas anotações para controlar suas atividades e seus custos. Esse método, na maioria das vezes, leva a problemas, pois, sem uma organização adequada, é impossível realizar uma análise precisa da situação de qualquer propriedade, independentemente do tamanho.
Na gestão de propriedades rurais, muitas vezes, a coleta e a organização de dados, tomada de decisões e ações que decorrem delas não são tratadas de maneira adequada na literatura nacional e internacional. Para Malinsk (2018), geralmente, os estudos se concentram nos aspectos financeiros e econômicos, como custos, finanças e contabilidade. A gestão da propriedade rural, especialmente das pequenas, é abordada de maneira fragmentada e específica. No entanto, a gestão de estoques é uma ferramenta essencial para auxiliar nas decisões de qualquer empreendimento agrícola. Se um produtor rural não controla seu estoque, corre o risco de perder produtos e insumos, devido a vencimento, à falta de uso ou até mesmo furtos, o que resultaria em diminuição da produção e dos lucros.
Sendo assim, nos dias de hoje, confiar apenas na memória ou em papéis anotados é arriscado, e desnecessário, visto que temos muitos sistemas de gestão de estoques disponíveis. Os autores Silva e Castro (2015) propõem a utilização de dois módulos em um sistema de gestão de estoque. O primeiro módulo, operado em um computador de mesa, é responsável pelo cadastro de insumos e notas fiscais de entrada, realizando as seguintes funções:
Cadastrar novos insumos e os associar às respectivas culturas para as quais são aplicáveis.
Excluir insumos que não são mais utilizados.
Registrar notas fiscais e adicionar as quantidades adquiridas ao banco de dados do estoque.
No segundo módulo, é utilizada uma interface móvel (smartphones, tablet), responsável pelo registro efetivo das movimentações dos itens do estoque, com as seguintes funções:
Registrar os itens e suas quantidades em trânsito, como quando estão fora do armazenamento ou no campo.
Dar baixa nos itens em trânsito após sua utilização.
Consultar a disponibilidade do estoque.
A gestão eficaz de estoques é um elemento crucial para o sucesso no agronegócio, especialmente em um contexto globalizado e competitivo. A capacidade de manter um controle preciso dos insumos, dos produtos e dos materiais é essencial para garantir a eficiência operacional, a satisfação dos clientes e a maximização dos lucros. Em um setor tão dinâmico como o agronegócio, onde os ciclos de produção podem ser influenciados por uma série de fatores externos, como condições climáticas, flutuações de preços e demanda do mercado, a gestão de estoques torna-se ainda mais vital. Ela permite que os agricultores estejam preparados para enfrentar desafios e aproveitar oportunidades, de forma ágil e eficiente. Além disso, um controle adequado dos estoques contribui para a redução de desperdícios e perdas, seja por vencimento de produtos, obsolescência seja furtos. Isso ajuda a manter os custos operacionais sob controle e promove uma utilização mais sustentável dos recursos, algo essencial em um setor tão dependente da natureza como o agronegócio.
Em um contexto geral, notamos que a tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante na gestão de estoques no agronegócio. Soluções de software e aplicativos móveis estão se tornando cada vez mais acessíveis e fáceis de usar, permitindo que mesmo os agricultores mais tradicionais possam adotar sistemas de gestão de estoques eficazes. Essas ferramentas simplificam as tarefas administrativas e fornecem insights valiosos, por meio de análises de dados em tempo real, possibilitando uma tomada de decisão mais informada e estratégica.
Portanto, é essencial que os agricultores reconheçam a importância da gestão de estoques e estejam dispostos a investir tempo e recursos na implementação de práticas e tecnologias que possam otimizar esse aspecto fundamental do seu negócio. Ao fazer isso, estarão não apenas garantindo a sua própria sustentabilidade e sua competitividade, mas também contribuindo para o desenvolvimento sustentável do setor agrícola como um todo. Em suma, a gestão de estoques é uma peça-chave no quebra-cabeça do agronegócio moderno. É um componente essencial para garantir a eficiência operacional, a sustentabilidade econômica e ambiental e o sucesso a longo prazo das empresas agrícolas. Portanto, é fundamental que os agricultores reconheçam sua importância e adotem práticas e tecnologias que permitam uma gestão eficaz dos estoques em suas operações.
Querido(a) estudante, de acordo com os conhecimentos adquiridos, acredito que tenha ficado claro o quanto você, futuro(a) Técnico(a) em Agronegócio precisa entender da importância da gestão de estoques. Uma gestão eficiente dos estoques minimiza desperdícios, assegura a qualidade dos produtos e contribui para a competitividade das empresas rurais. Além disso, um controle preciso dos estoques permite que as operações agrícolas respondam de forma mais ágil às flutuações de mercado, e claro, em um setor cujos fatores, como sazonalidade e demanda variável são constantes, compreender e aplicar práticas eficazes de gestão de estoques é essencial para o sucesso e o crescimento das empresas do campo. Seu papel enquanto Técnico(a) em Agronegócio será fomentar essas informações e auxiliar os produtores rurais na escolha e na implementação desses sistemas.
Agora, como último desafio da disciplina, trago a você a oportunidade de imaginar-se trabalhando em sua tão nobre profissão de Técnico(a) em Agronegócio. Assim, imagine que você é o(a) gerente de uma fazenda familiar que se dedica ao cultivo de soja em uma região agrícola proeminente. Recentemente, você enfrentou desafios na gestão de estoques durante a temporada de plantio. Devido a um sistema desorganizado de controle de estoques, você enfrentou problemas, como a falta de insumos essenciais no momento certo e o excesso de estoque de outros itens, resultando em desperdícios e custos adicionais.
Considerando todo o conteúdo aprendido até aqui, sobretudo, em nossa última lição, responda os seguintes questionamentos:
Quais são os principais desafios enfrentados na gestão de estoques no agronegócio, com base na situação descrita?
Como a má gestão de estoques pode afetar a eficiência operacional e a rentabilidade de uma empresa agrícola?
Quais são os benefícios de um sistema de gestão de estoques eficaz para uma fazenda ou empresa agrícola?
Que medidas você tomaria para melhorar a gestão de estoques na fazenda, considerando os problemas enfrentados?
De que maneira a tecnologia pode ser aproveitada para otimizar a gestão de estoques no agronegócio?
Como vimos durante toda a lição, a gestão de estoques é um aspecto crucial para o sucesso e a sustentabilidade no agronegócio. Assim, ao refletir sobre a situação hipotética apresentada e responder às questões propostas, você poderá compreender melhor os desafios enfrentados pelos agricultores na gestão de estoques e desenvolver soluções estratégicas para melhorar a eficiência e a rentabilidade de suas operações agrícolas. A adoção de práticas modernas e o aproveitamento da tecnologia podem desempenhar um papel fundamental na otimização da gestão de estoques e no fortalecimento do setor agrícola como um todo. E, assim, finalizamos a última lição desta disciplina. Espero que você tenha muito sucesso em sua jornada profissional.
Obrigado por sua participação e pelo privilégio de termos feito parte de sua jornada de aprendizado.
ARAÚJO, J. S. et al. Implementação de práticas de manejo ambiental numa propriedade rural de base familiar no município de Mari, Paraíba. Revista Educação Ambiental em Ação, Novo Hamburgo, n. 61, set./nov. 2017. Disponível em: http://revistaea.org/ artigo.php?idartigo=2897. Acesso em: 17 fev. 2024.
MALINSK, A. Cadeias produtivas do agronegócio I – Propriedade agrícola e produção. Porto Alegre: Sagah, 2018.
SILVA, G. T.; CASTRO, J. A. B. de. Proposta de sistema de controle de estoque de insumos para o pequeno produtor. Revista Eletrônica Competências Digitais para Agricultura Familiar, Tupã, São Paulo, Brasil, v. 1, n. 1, p. 42-53, 2015. Disponível em: https://owl.tupa.unesp.br/recodaf/index.php/recodaf/article/view/3. Acesso em: 17 fev. 2024.