Olá, estudante do Ensino Médio. Você deve ter reparado que, quando tratamos de assuntos relacionados ao agronegócio, este é um tema extremamente importante em nossas análises, não é mesmo? Sendo assim, dedicaremos boa parte dos conteúdos aqui abordados para tratar sobre essas questões. Na última lição, entendemos um pouco mais sobre como funciona a distribuição física, seus principais conceitos e os canais de distribuição que possuem, suas estruturas, seja na forma da venda ou compra direta entre produtores e consumidores, seja através de intermediários e seus diferentes níveis de relacionamentos.
Na lição de hoje, aprenderemos um pouco mais sobre as atividades que a logística desempenha e entenderemos cada uma delas, para saber atuar de acordo com as necessidades que forem surgindo. Você está pronto(a) para embarcar mais uma vez e conhecer como funciona esse sistema?
Já apresentei a você algumas questões em lições anteriores, como: você já parou para pensar como que um tênis que você compra chega até a sua casa? Quais são os canais que ele utiliza? Na lição de hoje, imagine algo relacionado ao setor do agronegócio. Como que o milho ou a soja, produzidos em uma grande propriedade rural, de uma região do interior do Brasil, podem chegar a países do outro lado do mundo? Você pode ter pensado: através da logística. Sim, está correto. No entanto, como são os canais de distribuição? Quais atividades logísticas foram utilizadas nesse processo? Será que um consumidor da China compra diretamente do Brasil? Ou será que uma pessoa na China que vai ao supermercado e adquire um produto feito à base de soja, ou milho brasileiro, teve que utilizar de vários intermediários existentes entre o produtor de soja brasileiro e a entrega do produto nas prateleiras do supermercado chineses?
É claro que, para cada cadeia de produção, seria necessário mais do que uma lição, então, não pretendo aqui identificar todos os componentes das cadeias específicas citadas. No entanto, esperamos ter levado você a pensar um pouco mais sobre como as atividades logísticas estão presentes nas mais diversas situações. Sendo assim, vamos entender sobre essas atividades logísticas?
No estudo de caso de hoje, contaremos uma história fictícia, mas que reflete a realidade de pequenos produtores. Luísa, uma jovem que morava em uma pequena propriedade rural, estava superanimada com a época da colheita de uma plantação de milho que ela cuidou durante meses. Luísa se dedicou muito para plantar, cultivar e colher o milho, mas, o que ela não sabia, era que: por trás de tudo isso, havia um processo logístico importante.
Numa manhã ensolarada, trabalhadores estavam no campo colhendo o milho que havia crescido. Eles se certificaram de colher os grãos e armazená-los em silos para manter a qualidade. Ao mesmo tempo, em um depósito, equipes organizavam os grãos, separando-os por tipo e qualidade, e se preparavam para transportá-las.
Perto da propriedade de Luísa, havia um depósito onde o milho finalmente chegava em grandes silos. Funcionários descarregaram os grãos, verificaram a qualidade e começaram a separá-los para atender aos diferentes compradores, como fábricas de alimentos e fazendas. Cada grão era tratado com cuidado, devidamente acondicionado e etiquetado para ser enviado aos compradores.
Os caminhões estavam prontos para carregar o milho colhido e levá-lo para diferentes lugares. Ele atravessaria diversas estradas para entregar o milho a pontos de distribuição locais e regionais. Cada etapa dessa jornada foi planejada cuidadosamente para que o milho chegasse aos lugares certos em boas condições.
Após alguns dias, Luísa resolveu vender esse milho, pois o preço estava de seu agrado. Assim, solicitou à cooperativa que estava armazenando seus grãos, e pouco tempo após, a venda foi realizada. Ao receber essa solicitação, a cooperativa então realizou a entrega a um empresário agroindustrial, que irá transformar esse milho em diversos outros produtos derivados. Após o processamento, os produtos seguiriam seu caminho até os grandes supermercados de atacado, antes de chegar aos de varejo e, por fim, serem consumidos pelos clientes.
Essa narrativa ilustra como cada atividade logística desempenha um papel crucial tanto para o produtor rural quanto para as demais empresas. Assim, é fundamental que você sempre tenha em mente que, desde o ato de plantar até a entrega final, inúmeras pessoas e etapas colaboram harmoniosamente para assegurar que os produtos agrícolas cheguem às mãos dos compradores. Por isso, da próxima vez que saborear um alimento à base de milho ou pensar no cultivo agrícola, lembre-se de que tudo isso somente é possível graças a uma complexa cadeia logística no âmbito do agronegócio, com suas diversas etapas e atividades interligadas.
Podemos dizer que, em termos gerais, sobretudo relacionando a cadeia de suprimentos, a logística existe para transportar e posicionar os estoques com o objetivo de conquistar benefícios em relação a tempo e local e proporcionar um menor custo total possível. Os estoques, por si só, possuem um valor limitado, a menos que sejam direcionados e posicionados de forma precisa, de modo a facilitar a transferência de propriedade no processo de venda ou a criação de valor agregado.
Acontece que, se uma empresa não consegue executar corretamente a demanda por tempo e local, acaba por não ter produtos à venda. Da mesma forma, para que uma cadeia de suprimentos consiga atingir o máximo de eficiência é necessário que todos os setores trabalhem de forma integrada, sendo que as relações existentes entre eles implicam no sucesso da gestão logística como um todo.
Segundo Giacomelli e Pires (2016), para representar as suas interações costuma-se dividir o trabalho logístico em cinco grandes áreas: (1) processamento de pedidos; (2) estoque; (3) transporte; (4) armazenamento, manuseio de materiais e embalagem; e (5) rede de instalações. A integração entre essas grandes áreas gera habilidades necessárias para que se obtenha o valor logístico e se dê sentido e traga eficiência para a cadeia logística. Vamos compreender melhor cada uma dessas áreas!
A primeira grande área que vamos aprender na lição de hoje é relacionada ao processamento de pedidos. Talvez porque seja a primeira atividade logística que a empresa desenvolve, pois é onde acontece o primeiro contato entre o cliente e o fornecedor. Segundo Giacomelli e Pires (2016), nessa etapa, o valor da informação necessária para se alcançar um desempenho satisfatório muitas vezes tem sido subestimado historicamente. No entanto, os aspectos da informação são essenciais para o correto planejamento e processamento das operações que virão na sequência. Se houver uma falta de compressão parcial dessas informações, pode trazer distorções ou falhas operacionais nos processos, o que pode afetar as operações logísticas.
É fundamental alinhar o fluxo de informações com o andamento das atividades de produção. Não tem muito sentido uma empresa acumular pedidos no escritório, repassá-los em grandes lotes, utilizar-se de um centro de distribuição e depois entregá-los de forma individual. Da mesma forma, a comunicação via internet permitiu que o pedido fosse feito direto com o cliente, de maneira que o transporte terrestre, mesmo que mais lento, acaba por gerar um benefício ao cliente e a empresa devido ao seu custo total mais baixo. Sendo assim, torna-se possível equilibrar os componentes dos sistemas logísticos.
Cabe, dentro desse item, destacar a previsão e comunicação das solicitações feitas pelos clientes e o papel dos sistemas de informação nesse processo. Podemos ainda, diferenciar o funcionando desse recebimento de informações, se existe um equilíbrio entre as operações impulsionadas pela capacidade de resposta aos pedidos, ou se a empresa é mais voltada a previsão de vendas ou necessidade de suprimentos. Quanto mais puxado o projeto da cadeia de suprimentos, maior a importância de se obter informações corretas e em tempo oportuno, relacionadas aos comportamentos de compra do cliente.
Nessa etapa, as solicitações dos clientes são transformadas em pedidos e são processadas. Envolve a administração das solicitações, o recebimento do pedido, a entrega, o faturamento e a cobrança. Dessa forma, uma empresa que possui competência no processamento de pedidos, demonstra que tem grandes habilidades logísticas.
O setor de estoques terá destaque especial nas lições futuras, portanto, me limito a apenas citar alguns aspectos relacionados à área da logística que ele representa. Segundo Bowersox et al. (2014), a necessidade de estoque de uma empresa está muito atrelada a sua instalação e ao nível desejado do serviço ao cliente. De maneira geral, uma empresa pode obter grandes quantidades de estoques, para estar pronta sempre que procurada por seus clientes. No entanto, isso pode representar um custo muito alto, o qual a empresa não está disposta a pagar. Assim, a estratégia principal de estoque é conseguir que o serviço ao cliente seja realizado com o menor nível de estoque possível, sendo que um projeto bem executado pode levar a níveis extremamente baixos de estoque. Já um projeto com grande diferencial em relação às necessidades reais, pode levar a custos logísticos desnecessários.
Muitas estratégias podem ser utilizadas para que seja possível o menor investimento financeiro em estoques, conseguindo-se o maior giro de estoque, ao mesmo tempo em que são satisfeitas as necessidades de serviço dos clientes. Para auxiliar nesse processo, pode ser combinado cinco aspectos do desdobramento seletivo, a qual veremos mais a fundo em outras lições: (1) segmentação dos principais clientes; (2) rentabilidade do produto; (3) integração dos transportes; (4) desempenho baseado no tempo; e (5) desempenho competitivo.
Quando falamos em transporte, ele representa uma das áreas mais vistas por quem não é da área logística. Isso porque, é a área da logística que trabalha com os movimentos de mercadorias e os custos são altos, principalmente no Brasil. Estes custos também são os mais visíveis aos administradores ou gestores responsáveis. Esse processo pode se dar de três maneiras básicas: a primeira delas é quando se decide operar uma frota particular; uma segunda opção seria a contratação de serviços feito por especialistas, dedicados ao transporte; em uma terceira, a empresa pode contratar apenas o serviço de transportadores quando forem necessários. Podemos, ainda, separar em três importantes pontos de atenção: o custo, a velocidade e a consistência.
Em relação ao custo, podemos dizer que é o pagamento pelo carregamento entre duas localizações geográficas e todas as despesas necessárias para fazer esse deslocamento. A principal tarefa é realizar esse transporte com o mínimo de custo possível, implicando a utilização do tipo de transporte menos custoso, o que reduz o desembolso da empresa com essa operação.
Em relação à velocidade, podemos dizer que é o tempo necessário para completar essa operação. E, veja que ele está muito atrelado com o item anterior, pois algumas empresas podem ser capazes de oferecer um serviço mais rápido, no entanto, provavelmente irão cobrar taxas mais altas. Por outro lado, quanto mais rápido o serviço de transporte, menor o tempo que esse estoque ficará em trânsito e, portanto, indisponível ao cliente. Sendo assim, a seleção do método de transporte mais adequado depende dos aspectos velocidade e custo do serviço.
Em último lugar, quando olhamos para a consistência do transporte pensamos sobre a confiabilidade que ele oferece. Isso pode estar intimamente relacionado com a qualidade do transporte. Se um determinado tipo de transporte possui um custo relativamente baixo e apresenta velocidades distintas em cada entrega, talvez essa redução do custos não compense a falta de previsão da entrega, isso porque, essas oscilações de tempo podem causar diversos danos, inclusive a insatisfação por parte do cliente, promessas falhas por parte da empresa, ou até mesmo, o cancelamento de pedidos por não cumprimento de prazo de entrega.
Além do mais, se não se tem certeza do tempo de demora de uma entrega, isso faz com que a empresa tenha de aumentar os seus estoques a níveis de segurança mais altos. Sendo assim, mesmo que pareça estranho, um transporte mais demorado pode ser o escolhido na maioria das situações para uma empresa, tanto pelo seu baixo custo, quanto pela previsibilidade do tempo médio de segurança maior possibilitado.
Novamente, esse item será explorado com maior propriedade em lições futuras, cabendo aqui uma breve noção dos itens nele incluídos. Assim, como as primeiras três fases já apresentadas podem representar uma espécie de arranjo operacional nas suas diferentes formas, esta função combina-se com outras áreas da logística, para apresentar uma solução operacional à empresa.
Quando são necessárias as instalações de distribuição de um sistema logístico, a empresa pode optar por escolher serviços de um especialista ou operar sua própria instalação. Embora pareça fácil, a decisão sobre armazenamento de estoque pode ser um tanto quanto complexa, visto que se não for bem executada pode gerar danos aos produtos, ineficiência quanto às suas locomoções futuras e, até mesmo, deixar de se aproveitar de atividades que podem ser executadas no período em que os materiais estão armazenados, e que representam uma forma de agregar valor a eles, como classificação de transporte, separação de pedidos ou, até mesmo, modificação e montagem de produtos de acordo com alguma estratégia utilizada.
O manuseio de produtos, o armazenamento, a classificação e a montagem, são feitos para atender os requisitos solicitados pelo cliente. Sua mão de obra e capital investido são extremamente relevantes aos custos logísticos totais. Dessa forma, quanto menos manuseados forem os produtos, menor será o potencial de danos, existindo para tanto diversos mecanismos automatizados que auxiliam nesse processo. Além disso, os produtos podem ser armazenados de diferentes formas, sobretudo em embalagens maiores, de forma agrupadas, para que se facilite a sua locomoção. Dessa maneira, se forem integrados de maneira eficaz, as operações logísticas de uma empresa, isso poderá representar um ganho de competitividade em relação aos seus concorrentes, principalmente ao serem reduzidos os manuseios e se aumentar a eficiência dos sistemas de armazenagem.
O último item a ser abordado, segundo as classificações de Bowersox et al. (2014) e Giacomelli e Pires (2016), trata do projeto de rede de instalações. Esse item relaciona a disposição das instalações de acordo com as suas operações, tendo como foco a eficiência do processo. Esse foi um fator negligenciado por muito tempo nas questões econômicas, no entanto, o número, tamanho e relação com a geografia das instalações pode ser utilizado para execução de operações que possuem relação direta com a capacidade de serviço ao cliente e seus custos. A instalação de um projeto de rede é uma das grandes funções da logística, pois trata-se da estrutura que será utilizada para o envio de produtos e materiais ao cliente.
Essas instalações podem ser representadas através de lojas, fábricas, centros de distribuição, entre outros, sendo que a principal preocupação é determinar a quantidade e localização de cada tipo de instalação necessária para que o trabalho logístico atenda às necessidades específicas dos clientes. Essa rede ainda integra habilidades de informação e de transporte relacionados com o processamento de pedidos do cliente, o armazenamento de estoques e o manuseio dos materiais.
Esse projeto exige uma cuidadosa análise geográfica, sendo que quando uma empresa está envolvida na atividade global, toda a atividade que possui acaba por se tornar um processo ainda mais complexo, e esse processo apresenta a necessidade de constantes melhorias e adequações de acordo com as leis de oferta e demanda existente em cada período, visto que itens como variedade de produtos, clientes, fornecedores ou produção, estão em constante mudança. Se tratando de um ambiente competitivo, a empresa que melhor reagir a ele, encontrará melhores condições no mercado, conquistando assim, uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes.
Você enquanto técnico(a) em agronegócio precisa compreender as atividades da logística por diversas razões. Primeiramente, isso contribui para a eficiência operacional, desde a produção até a distribuição, reduzindo custos e melhorando a rentabilidade. Além disso, a satisfação do cliente é influenciada pela entrega oportuna e em boas condições, o que também está ligado à logística.
O gerenciamento de estoques desempenha um papel crucial, especialmente em produtos perecíveis, e minimiza perdas. Além disso, a logística possibilita o acesso a diversos mercados, inclusive internacionais, e fornece dados para decisões estratégicas. E não podemos esquecer que também auxilia na adaptação a mudanças no mercado, como regulamentações e demandas dos consumidores. Por fim, a logística no agronegócio contribui para a sustentabilidade, otimizando recursos e reduzindo o impacto ambiental. Portanto, a compreensão das atividades logísticas é essencial para o sucesso e a competitividade neste setor.
Na etapa de aplicação dos conhecimentos de hoje, deixo a você uma pesquisa a fazer. Digite em algum site de pesquisa as palavras: atividades logísticas. Descreva em poucas palavras o que encontrou a respeito e relacione com os conteúdos aprendidos na disciplina até agora. Faltou algum termo a ser explicado? Você encontrou algum dado de uma notícia recente que te chamou a atenção?
Faça uma breve descrição, ou se preferir, guarde o link do material, artigo ou vídeo que encontrou e leve a seu professor na próxima aula. Quem sabe, através desta tarefa, não surja uma oportunidade para que vocês discutam, até mesmo em aulas, sobre temas relacionados à logística, sobretudo, se forem referentes ao setor do agronegócio.
Dessa forma, ao realizar essa tarefa, você dará um passo adicional na construção do seu conhecimento, demonstrando envolvimento com os tópicos estudados e incentivando a participação de seus colegas!
BOWERSOX, D. J. et al. Gestão logística da cadeia de suprimentos. Revisão técnica: PIGNANELLI, A. Tradução: FARIA, L. C. de Q. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
GIACOMELLI, G.; PIRES, M. R. S. Logística e distribuição. Porto Alegre: SAGAH, 2016.