Olá, estudante! Seja bem-vindo a mais uma lição do curso Técnico em Agronegócio na disciplina de Logística e Gerenciamento de Estoques. Vimos diversos conceitos desde o início do ano nessa disciplina, e eles nos auxiliarão ao longo da nossa caminhada. Na última lição, vimos sobre os diversos tipos de custo que podem existir nas empresas, sejam eles relacionados ao processo logístico ou não, englobando setores do agronegócio ou não. Na lição de hoje, falaremos um pouco mais sobre a análise desses custos, principalmente no principal objetivo de uma empresa em muitos casos, a redução dos seus custos, sobretudo os custos logísticos envolvidos no processo, bem como uma análise voltada para o agronegócio. Aprendendo assim, um pouco mais sobre aquilo que, muito em breve, será parte do seu dia a dia profissional. Vem comigo nessa jornada!
Imagine que uma empresa tem a possibilidade de trabalhar com custos menores, mas não sabe dessa possibilidade. Bom, isso em si já apresenta um grande problema, pois, muitas vezes, seus concorrentes já sabem dessa possibilidade e reduzem esse custo, conseguindo assim, apresentar um menor preço no mercado. Isso fará com que nossa empresa perca uma parcela do mercado que poderia estar atendendo.
Pense no agronegócio, agora, imagine que um produtor rural tem a possibilidade de mudar o tipo de insumo que adquire e, com isso, conseguir uma maior produtividade. Ou ainda, mesmo que consiga a mesma produtividade do insumo anterior, a alcance através de um custo menor. Considerando que o produtor rural provavelmente atua em uma estrutura de concorrência perfeita, ou seja, que o preço de sua produção é dado pelo mercado e que ele não pode interferir na composição dessa variável, a maneira mais interessante, e talvez a única saída, seja a redução de custos ou um aumento da produtividade.
Se ambas situações acontecerem ao mesmo tempo, isso representará o melhor cenário para esse produtor rural. Mas isso já é fruto de trabalho conjunto com outros profissionais e não sua função como Técnico em Agronegócio. Viu como é importante entender sobre custos e como conseguimos reduzi-los, seja atuando em empresas em geral, no agronegócio, ou seja, focado em processos logísticos, gerenciamento de estoque, ou qualquer outro setor que atuamos. Vamos aprender um pouco mais sobre isso na lição de hoje então!
A história de hoje trata de um caso real, relatado por Kotler e Keller (2018). Trata-se de um episódio ocorrido com a Holland Binkley Company e sua parceria com a Lincoln Electric, que é um exemplo notável da importância da redução de custos para o agronegócio e como uma abordagem estratégica pode levar a resultados surpreendentes.
A Holland Binkley Company, um fabricante de renome de componentes para reboques de tratores, enfrentou um desafio comum no mundo dos negócios: a busca por eficiência e economia. Como parte de suas operações, a empresa comprava arame de soldagem da Lincoln Electric, mas quando começaram a explorar alternativas para obter um preço mais competitivo, a Lincoln entendeu a necessidade de encontrar uma solução que fosse além da simples redução de preços.
Foi nesse ponto que a Lincoln Electric apresentou seu Programa de Garantia de Redução de Custos (GCR), uma abordagem inovadora para abordar o desafio da concorrência de preços. Quando a Holland Binkley Company expressou a intenção de buscar preços mais baixos, a Lincoln e a distribuidora responsável não apenas igualaram a oferta da concorrência, mas também assumiram o compromisso de encontrar reduções de custos na fábrica da Binkley que fossem equivalentes ou até mesmo superiores à diferença de preço entre os produtos da Lincoln e dos concorrentes.
O que inicialmente parecia ser uma economia modesta de US$ 10 mil, transformou-se em algo extraordinário. A parceria entre a Lincoln Electric e a Holland Binkley Company resultou em uma redução de custos de seis dígitos, o que era muito além das expectativas iniciais. Essa economia significativa não apenas aumentou a rentabilidade da Binkley, mas também fortaleceu a relação entre cliente e fornecedor.
Sendo assim, com essa história, podemos ver a importância de olhar além dos preços superficiais e adotar uma abordagem estratégica para a redução de custos no agronegócio. Através de parcerias colaborativas, inovação e compromisso com a melhoria contínua, as empresas podem alcançar economias substanciais que não apenas impactam positivamente os resultados financeiros, mas também promovem relacionamentos de longo prazo e impulsionam o crescimento dos negócios.
A Holland Binkley Company e a Lincoln Electric demonstraram que, no agronegócio e em qualquer setor, a redução de custos bem-sucedida vai além de simplesmente cortar despesas, trata-se de encontrar maneiras criativas de otimizar processos, reduzir desperdícios e, assim, construir parcerias duradouras que beneficiam a todos os envolvidos.
A redução dos custos logísticos no agronegócio é um fator crucial que pode determinar a competitividade e a sustentabilidade desse setor vital para a economia global. Para compreender plenamente a importância desse desafio, é fundamental considerar a complexidade e a amplitude das operações logísticas envolvidas na produção e distribuição de produtos agrícolas.
Em primeiro lugar, o agronegócio é um dos pilares da economia em muitos países, gerando empregos e contribuindo significativamente para o PIB. No entanto, os custos logísticos representam uma parte substancial dos gastos totais das empresas agrícolas, desde o transporte de insumos até a entrega dos produtos aos consumidores. Portanto, a redução desses custos pode aumentar a lucratividade das empresas, tornando-as mais resilientes a flutuações econômicas.
Além disso, a eficiência logística no agronegócio desempenha um papel crucial na segurança alimentar global. Uma logística eficaz permite que os produtos agrícolas sejam transportados de forma rápida e segura, garantindo que os alimentos cheguem às prateleiras dos supermercados e às mesas dos consumidores de maneira oportuna. Isso é especialmente importante em um mundo que está em crescimento populacional, em que a demanda por alimentos está em constante aumento.
A redução dos custos logísticos também está diretamente relacionada à sustentabilidade ambiental. O transporte de produtos agrícolas envolve o consumo de combustíveis fósseis e a emissão de gases de efeito estufa. Portanto, ao otimizar as operações logísticas, é possível reduzir a pegada de carbono do setor agrícola, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e para a preservação do meio ambiente.
Para alcançar a redução dos custos logísticos no agronegócio, várias estratégias podem ser adotadas. Isso inclui o uso de tecnologias avançadas, como sistemas de rastreamento por GPS, que ajudam a otimizar as rotas de transporte e a reduzir o desperdício de recursos. Além disso, a integração de diferentes elos da cadeia de suprimentos e a colaboração entre os atores do agronegócio podem simplificar as operações e eliminar redundâncias, reduzindo os custos operacionais.
Bom, já falamos em nossa disciplina que as operações logísticas envolvem desde a matéria-prima até a chegada dos produtos nas mãos dos consumidores. Isso implica dizer que, os custos envolvidos nesse processo são diversos e sobretudo elevados. Segundo Faria e Costa (2010), alguns desses custos são de movimentação, armazenagem, transportes, embalagens, manutenção de inventários, tecnologia da informação e tributários.
Como já definimos, boa parte dos tipos de custos na lição passada, voltamos nosso estudo para como podemos reduzi-los ou como as empresas têm utilizado estratégias inovadoras para possibilitar que cada vez mais o seu processo produtivo aconteça com menores desembolsos.
É fato que, dependendo do setor, os custos podem ser mais altos ou mais baixos. Pode inclusive acontecer de existir setores que possuem custos totalmente diferenciados entre si. No entanto, uma preocupação é constante em todas as empresas, e não seria diferente no setor do agronegócio: independentemente do tamanho desses custos, se houver a possibilidade de o reduzir, a empresa irá realizar esse processo de redução.
Para tanto, torna-se necessário que a empresa conheça os seus reais custos e as possibilidades que têm de reduzi-los. Os custos podem ser vistos como todo valor que a empresa aplica ao produzir um determinado produto ou prestar um serviço. Por exemplo, se pensarmos no agronegócio, em uma plantação de soja, todos os insumos, operações agrícolas, custos administrativos ou indiretos, entram no cálculo de custos da empresa rural. Assim, quando o produtor rural vai determinar o preço a ser vendido pelo seu produto, ele tem que ser maior do que esses custos para que ele possa obter uma margem de lucro.
Acontece que, como já vimos, a estrutura que ele está inserido não permite que ele cobre altos preços, mas sim, que tenha de oferecer seus produtos ao preço de mercado. Dessa forma, a única maneira que sobra para que ele aumente as suas margens de lucro é reduzindo os custos, e isso, muitas vezes, se dá através de uma corrida atrás de novas tecnologias, negociações diretas com fornecedores, realização de parcerias com cooperativas, tanto para redução do preço dos insumos adquiridos, quanto para dividir custos com assistência técnica e administração.
Faria e Costa (2010, p. 69) apontam que: “Os custos são elementos essenciais considerados nas estratégias competitivas de uma empresa”. Acontece que os custos sempre estarão entre as atividades empresariais, devendo ser bem administrados, calculados e trabalhados com o intuito de obter um maior nível de competitividade. Quando a empresa ou produtor rural consegue obter custos menores, pode repassar uma parte dessa diferença via preços ao consumidor, o que pode elevar suas vendas frente às suas concorrentes, ou ainda, pode manter o preço, aumentar a sua margem de lucro e, inclusive, utilizar esse recurso extra para investir em outras atividades pensando na diferenciação do produto e lucros futuros.
Os autores Faria e Costa (2010) lembram que os custos logísticos estão diretamente relacionados à contabilidade, visto que, sempre que forem gerados, devem ser registrados e controlados. Há de se lembrar ainda que, a redução de custos pode ocorrer tanto em relação aos custos fixos quanto às variáveis. No entanto, o maior foco de redução são os custos fixos, pois eles não contribuem diretamente para o produto. Assim, pode-se buscar aluguéis mais acessíveis, negociação de contratos de contas fixas, como valor do arrendamento da terra, valor da hora de maquinários agrícolas utilizados da propriedade, entre outros.
É bom lembrar também que, quando falamos de custos, estamos falando da parte dos gastos desembolsados pela empresa que realmente foram utilizados no processo produtivo, seja como mão de obra ou matéria-prima. Então, podemos ainda dividi-los em um outro grupo denominado perdas, que geralmente está associado a falhas de planejamento ou de operação, uma previsão de vendas que não se concretizou, fazendo com que o estoque vencesse a validade e fosse perdido, dificuldade no manuseio das mercadorias durante o período de estocagem, armazenamento ou transporte, entre outros.
Acontece que, quando falamos de logística, principalmente relacionada ao processo de armazenamento, esse custo pode ser visto como um tipo de custo desnecessário, pois se existisse um perfeito alinhamento entre a visualização da demanda futura e a produção estes níveis poderiam ser reduzidos a valores próximos de 0. No entanto, quando isso não acontece, as mercadorias paradas podem representar custo, no sentido de não estarem sendo transformadas em dinheiro e representarem assim, um capital parado na empresa. Segundo Faria e Costa (2010, p. 79):
Há um grande esforço por parte das empresas para minimizar o uso dos locais de armazenagem, com o objetivo de sincronizar a produção com a demanda do consumidor, visando a evitar o acúmulo dos estoques ao longo da cadeia para que obtenham menores custos, carregamentos e descarregamentos mais frequentes e giros mais rápidos de estoques.
Segundo Faria e Costa (2010), uma maneira de sincronizar a produção com os pedidos dos clientes é utilizar a chamada produção puxada, em que o cliente puxa produção por meio do pedido, e, assim, determina o que deve ser produzido. Dessa maneira, a empresa apenas entrega o pedido sob demanda e evita os custos com estoque.
Por fim, segundo Faria e Costa (2010), esse custo com estoque pode ser conhecido como custo do armazém. Muitas vezes não é em relação a uma estrutura própria, mas, sim, algo alugado. Além disso, se forem muito grandes, podem ocasionar custos maiores em relação ao deslocamento dentro do próprio armazém e maior desgaste de equipamentos como empilhadeiras entre outros. Poderíamos pensar inclusive na delimitação de rotas de transporte eficientes, até em repensar o design dos produtos, para que possa otimizar cada viagem e, assim, reduzir o uso de veículos ou a quantidade de viagens necessárias para entregar uma mesma quantidade de produção.
Mas isso necessitaria de uma lição exclusiva, ou até mesmo se constitui uma matéria inteira, conhecida como Economia Circular, que pode ser entendida como ciência que tem por objetivo evitar que se gastem recursos desnecessários ou que se reaproveitem recursos vindos de outras linhas de produção, onde encontramos conceitos como reciclagem, reutilização, redução de insumos (que é a subárea que mais tem relação com a temática da lição de hoje), entre outros.
Kotler e Keller (2018) deixam ainda uma importante alternativa de redução de custos, a ferramenta chamada análise produto-valor. Essa metodologia de redução de custos estuda cuidadosamente cada um dos componentes de um produto, de maneira a determinar se ele pode ser reprojetado, padronizado ou fabricado a partir de outros métodos mais baratos, sem que isso impacte negativamente o desempenho dos produtos. Assim, a equipe responsável identifica, por exemplo, componentes que foram projetados para além dos requisitos mínimos do produto, ou seja, que teriam uma durabilidade mais longa do que a própria do produto. Isso também caracteriza como um custo desnecessário, visto que esse gasto adicional de produzir um produto de maior qualidade não terá utilidade ao consumidor, pois já terá encerrado o processo de consumo daquele produto decorrente das demais peças.
Esse método também pode ser utilizado pelos fornecedores, como estratégias para que se possa conquistar uma conta. Enfim, se existem alguns custos desnecessários, devemos eliminá-lo, pois não adianta nada fazermos bem feito uma coisa que não precisava nem ter sido feita. No entanto, se o custo realmente precisa ocorrer, então, que tenhamos o mesmo da melhor forma possível, ou seja, ao menor custo isso pode incluir o desenho de operações e componentes de produtos, para que se possa obter produtos mais baratos e não necessariamente com menor qualidade.
A redução dos custos logísticos no agronegócio é essencial para promover a competitividade, a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental. É um desafio que requer investimento em tecnologia, inovação e colaboração entre os diversos participantes da cadeia de suprimentos agrícolas. Ao fazê-lo, não apenas melhoramos a eficiência do setor, mas também garantimos que ele continue a desempenhar um papel fundamental no abastecimento de alimentos para o mundo.
Agora, você já sabe que a compreensão e aplicação da redução de custos em logística são vitais para o técnico em agronegócio. Isso se traduz diretamente em melhorias financeiras, aumento da competitividade, eficiência operacional, práticas sustentáveis, tomada de decisões informadas, adaptação ao mercado e desenvolvimento estratégico. Em um setor dinâmico como o agronegócio, a habilidade de gerenciar eficientemente os custos logísticos é crucial para o sucesso e a sustentabilidade das operações.
Sendo assim, dito sua importância, agora chegou a hora de aplicar um pouco dos conteúdos que aprendeu a lição de hoje! Vou colocar para você uma situação real do dia a dia do produtor rural para que você utilize dos seus conhecimentos adquiridos até o momento e ofereça algumas possibilidades para que essa situação seja resolvida, ou menos amenizada.
A situação é a seguinte: No Brasil, quando falamos em processos logísticos referentes ao agronegócio, já lembramos de quanto de nossa safra é perdida no processo de transporte, durante o trajeto entre a propriedade e isso ocorre na maioria das vezes através de caminhoneiros.
Apresente agora algumas sugestões de melhorias para resolver esse problema! Pense comigo, se parte da produção acaba sendo desperdiçada em ruas e rodovias ao longo de todo o país, isso implica custos às empresas ao produzirem esses produtos, mas eles não estão chegando até a mão do consumidor final, e, sim, sendo perdido no meio do processo. Aqui entra uma boa oportunidade para você atuar na redução de custos, simplesmente reduzindo o desperdício ocorrido no processo de transporte. Mostre suas melhores ideias e compartilhe com seus colegas, para ver se juntos encontram qual delas seria a mais viável. Bom trabalho!
FARIA, A. C.; COSTA, M. de F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2010.
KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. 15. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2018.