Olá, estudante do ensino médio técnico! Seja bem-vindo a mais uma lição da disciplina de Logística e Gerenciamento de Estoques, do curso Técnico em Agronegócio.
Em lições anteriores, foi possível compreender que, no universo do agronegócio, a eficiência logística é fundamental para garantir que produtos agrícolas frescos e que outros insumos cheguem aos mercados de forma oportuna. Acontece que a identificação precisa dos produtos desempenha papel crucial nessa questão! Na última lição, vimos sobre a importância de reduzir os custos existentes no agronegócio, sobretudo os voltados ao processo produtivo, do qual a logística faz parte. Uma das formas é evitando custos desnecessários!
Na lição de hoje, exploraremos a importância da identificação de produtos no contexto do agronegócio e como as tecnologias avançadas, os códigos de barras e a identificação por radiofrequência (RFID) podem ser aplicados com sucesso. Também, aprenderemos sobre o ciclo de vida existente em diversos produtos agrícolas e como eles se relacionam com a importância do processo de identificação nas suas diferentes formas. Venha comigo nesta importante jornada!
No agronegócio, a identificação de produtos é essencial para rastrear e gerenciar a origem e o destino dos produtos agrícolas e para garantir a conformidade com os regulamentos de segurança alimentar. Por exemplo, imagine uma fazenda que produz maçãs orgânicas. Cada caixa de maçãs deve ser identificada de forma única para rastrear a safra, a variedade, a data de colheita e outras informações relevantes. Isso permite que os agricultores e os distribuidores saibam exatamente de onde vêm os produtos e forneçam informações precisas aos consumidores.
Isso não seria possível se os produtores rurais não tivessem essas informações registradas de forma clara e objetiva. Também, de maneira alguma isso chegaria até o consumidor final. Mas, afinal, você, enquanto consumidor, sabe de qual fazenda vem os produtos que compra na feirinha do supermercado? Já se interessou por olhar atentamente as informações contidas nas caixas das frutas que compra? Será que a existência dessas informações e sua divulgação aos consumidores são fatores que geram maior confiança, ou não? Descubra algumas dessas implicações na lição de hoje!
O estudo de caso que contarei hoje, embora fictício, fala muito do cotidiano encontrado por pequenos agricultores. Trata de um pequeno produtor rural que era conhecido por sua dedicação à agricultura e seu compromisso com a qualidade de seus produtos. Ele acreditava na importância da correta identificação dos produtos agrícolas, principalmente devido a seu curto ciclo de vida.
Um dia, decidiu cultivar uma variedade especial de milho, pois acreditava ser mais resistente a pragas e doenças. Ele plantou as sementes com cuidado e acompanhou o crescimento das plantas a cada passo do caminho. Ele usou métodos naturais de controle de pragas e evitou o uso de produtos químicos nocivos. À medida que o milho crescia, continuou observando de perto e notou que as folhas estavam saudáveis, e as espigas de milho estavam ficando cheias e suculentas. Ele estava animado com a perspectiva de colher uma safra abundante.
O produtor sabia que era essencial monitorar o ciclo de vida do milho para garantir a qualidade e a segurança de seus produtos. Ele colheu as espigas de milho com cuidado, verificou se estavam maduras e, em seguida, classificou e embalou os grãos de acordo com seu tamanho e qualidade. Depois de colher o milho, rotulou cada embalagem com informações detalhadas sobre a variedade de milho, a data de colheita e os métodos de cultivo. Isso conquistou a confiança dos clientes, que sabiam que estavam adquirindo um produto de alta qualidade. O milho do produtor ganhou uma excelente reputação na região e se tornou muito procurado. Os clientes apreciavam não apenas o sabor excepcional, mas também a transparência e a responsabilidade demonstradas pelo pequeno produtor!
Essa história destaca a importância da identificação dos produtos agrícolas em relação ao seu ciclo de vida. Ao acompanhar e comunicar todas as etapas do processo não apenas garantimos a qualidade dos produtos, mas também a confiança dos clientes, podendo beneficiar, assim, tanto os produtores quanto os consumidores, promovendo práticas sustentáveis e responsáveis na agricultura.
É bem sabido que um dos grandes agravantes do setor alimentício é seu baixo período de validade. Assim, torna-se importante que saibamos identificá-lo corretamente e que consigamos garantir que os produtos sejam manejados da melhor forma possível, para que seu consumo seja maximizado. Nada melhor do que sabermos exatamente onde cada produto está em tempo real ou a cada etapa do processo de produção que ele passa, não é mesmo?! Para isso, temos algumas opções, como o uso de código de barras e outras tecnologias.
Os códigos de barras são uma ferramenta amplamente utilizada no agronegócio para essa finalidade. Cada caixa de produtos agrícolas pode ser rotulada com um código de barras único que contém informações detalhadas sobre os produtos. Isso facilita a identificação e o rastreamento eficaz de produtos agrícolas em toda a cadeia de suprimentos. No entanto o agronegócio, também, está adotando tecnologias mais avançadas, como a identificação por radiofrequência (RFID). Nesse tipo de identificação, cada caixa de produtos é equipada com uma etiqueta RFID que pode ser lida por dispositivos de leitura quando os produtos entram ou saem de um armazém. Isso permite um rastreamento em tempo real dos produtos, evitando perdas, melhorando a gestão de estoque e garantindo que produtos frescos cheguem ao mercado no momento certo.
Embora tanto os códigos de barras quanto o RFID desempenhem papel importante na identificação de produtos no agronegócio, a escolha entre eles dependerá das necessidades específicas de cada empresa. O RFID oferece uma vantagem significativa no rastreamento em tempo real, o que é crucial para produtos perecíveis, como frutas e vegetais. Já os códigos de barras podem ser mais econômicos e adequados para situações em que o rastreamento em tempo real não é uma prioridade.
Outra ferramenta que pode ser utilizada no agronegócio é o certificado de origem, que basicamente serve para auxiliar na identificação e no rastreamento de produtos agrícolas, especialmente quando se trata de produtos com denominações de origem protegida, como vinhos, queijos, azeites, entre outros. Um certificado de origem é um documento oficial emitido pelas autoridades competentes de um país, que atesta a origem de um produto específico. Ele fornece informações detalhadas sobre a proveniência do produto, indicando o local onde foi produzido, processado e fabricado. Para produtos agrícolas, como vinho, o certificado de origem pode incluir informações sobre a região de cultivo das uvas, os métodos de produção, a safra e outros detalhes que são cruciais para a identificação precisa do produto.
Os certificados de origem desempenham papel vital na proteção das Denominações de Origem (DO) e das Indicações Geográficas (IG), uma vez que atesta que o item foi produzido em determinada região, seguindo métodos tradicionais e, portanto, é um produto genuíno. Sendo assim, o uso de certificados de origem é fundamental para garantir a autenticidade e a qualidade de produtos agrícolas de alto valor, como vinhos, azeites, queijos e produtos orgânicos. Os consumidores podem confiar que estão adquirindo produtos autênticos e de qualidade, e os produtores têm a garantia de que seus produtos estão sendo protegidos contra falsificações e imitações. Ele garante a autenticidade, a rastreabilidade e a qualidade de produtos com denominações de origem protegida. É uma ferramenta que beneficia tanto os produtores quanto os consumidores, fortalecendo a reputação de produtos agrícolas de alta qualidade e tradição.
Assim, a gestão do ciclo de vida dos produtos agrícolas é uma abordagem que considera todas as etapas, desde o cultivo até o descarte ou reciclagem, com o objetivo de otimizar a eficiência e a sustentabilidade. A identificação de produtos agrícolas desempenha papel fundamental na implementação bem-sucedida da gestão do ciclo de vida, pois permite a rastreabilidade ao longo de todas as etapas do ciclo de vida. Isso significa que é possível saber exatamente de onde os produtos vieram e como foram produzidos, promovendo, assim, a transparência na cadeia de suprimentos e permitindo que os consumidores façam escolhas informadas com base em critérios de sustentabilidade e ética.
A identificação pode incluir informações sobre práticas de cultivo, uso de pesticidas e fertilizantes e outras decisões agrícolas que afetam o meio ambiente. Essas informações permitem que os produtores, distribuidores e consumidores avaliem o impacto ambiental dos produtos ao longo de seu ciclo de vida e tomem medidas para reduzir esse impacto.
Segundo a Instrução Normativa Conjunta (INC) n° 2/2018, os produtos deveriam ser rastreados ao longo da cadeia produtiva de produtos, sobretudo os vegetais frescos voltados à alimentação humana. Principalmente, com propósito de aumentar a produtividade da lavoura e garantir produtos de boa qualidade e nutrição ao consumidor (BRASIL, 2018).
Para Medeiros e Sprenger (2021), ao introduzir tais procedimentos, ocorre uma melhoria da segurança do consumidor, pois ele, também, passa a ter acesso a essas informações, que, até então, eram de posse apenas do agricultor. No entanto, em seu estudo de viabilidade, os autores visualizaram algumas dificuldades quanto à implementação dessas diretrizes, sobretudo aos pequenos produtores, principalmente, em relação à obtenção de informações precisas e confiáveis e aos controles e às análises relacionadas à gestão de seu empreendimento agrícola.
Além disso, a identificação de produtos agrícolas, também, está relacionada à gestão da qualidade e da segurança dos produtos, isso porque informações detalhadas sobre a origem e o histórico de produção ajudam a garantir que os produtos atendam aos padrões de qualidade e segurança ao longo de sua vida útil. Também, vale lembrar que a gestão do ciclo de vida inclui a consideração de como os resíduos agrícolas são tratados e, idealmente, reciclados. A identificação de produtos agrícolas pode ajudar, inclusive, na destinação correta de seus resíduos e materiais recicláveis, tornando mais fácil a gestão responsável dos resíduos no final do ciclo de vida.
Devemos levar em consideração que boa parte de alguns produtos, como é o caso dos alimentos, acaba sendo perdida durante o processo produtivo, e isso faz com que a produção tenha de ser intensificada, o que, segundo Mueller (2007), intensifica os efeitos ambientais derivados dessa atuação. Isso pode ser em relação ao aumento das viagens necessárias para a realização do transporte desses produtos, pode ser em relação ao aumento do uso de energia, agrotóxicos, desmatamentos, entre outros fatores.
Ao fazermos uma gestão adequada do ciclo de vida, podemos reduzir os desperdícios de recursos ou, até mesmo, de produtos acabados que não podem ser consumidos, principalmente, quando falamos de produtos perecíveis. Isso elevaria o poder de consumo das famílias, ao ponto que essa redução de gastos desnecessários poderia resultar em melhores destinações desses recursos financeiros. Isso sem irmos muito longe, pois, se lembrarmos que a disponibilidade de produtos a serem consumidos a baixos custos está ligada a fatores, como poder de compra de alimentos ou itens básicos, poderíamos, inclusive, eliminar esse desperdício de recursos e materiais e nos atentarmos a problemas mais graves, como fome, desigualdade social e doenças (BRASIL, 2014).
Informações, como datas de validade dos produtos, permitem uma distribuição e armazenamento mais eficientes, reduzindo o desperdício de produtos perecíveis, o que contribui para uma gestão mais eficaz do ciclo de vida, evitando perdas ao longo da cadeia de suprimentos. Além disso, também, podem refletir em certificações de sustentabilidade e práticas agrícolas responsáveis. Essas informações incentivam os produtores a adotar práticas mais sustentáveis e os consumidores a apoiar produtos que estejam alinhados com seus valores ambientais e sociais.
Enfim, a identificação de produtos agrícolas desempenha papel central na gestão do ciclo de vida, fornecendo informações críticas para tomar melhores decisões, avaliar o impacto ambiental, garantir a qualidade e segurança dos produtos e promover práticas mais sustentáveis ao longo de toda a cadeia de suprimentos agrícolas. Essa abordagem contribui para a eficiência e a responsabilidade em todos os estágios do ciclo de vida dos produtos agrícolas.
Você, futuro técnico em agronegócio, deve compreender a identificação dos produtos agrícolas e o ciclo de vida, pois, em sua vida profissional, precisará classificar e garantir a qualidade dos produtos, possibilitando a rastreabilidade na cadeia de suprimentos. Dessa forma, o conhecimento do ciclo de vida é indispensável para o manejo eficiente da produção, auxiliando na determinação dos momentos ideais para plantio, colheita e armazenamento.
Além disso, esse entendimento embasa decisões estratégicas, como a escolha de culturas e o gerenciamento de estoques. Adaptar-se às mudanças do mercado, também, é facilitado por essa base de conhecimento, permitindo ajustes nas estratégias para atender às demandas em constante evolução. Em outras palavras, a identificação dos produtos e a compreensão de seus ciclos de vida são fundamentais para uma gestão eficiente e adaptável no agronegócio.
E, agora, que tal colocar a mão na massa? Nosso desafio de hoje será a sugestão de uma aplicação totalmente aplicada. Sim, os trocadilhos foram propositais! Isso porque, como vimos na lição de hoje, os produtos possuem identificações, em formato de etiquetas, sensores, informações em rótulos ou nas caixas, que contêm uma série de informações quanto à procedência e às características dos produtos vendidos. Isso serve para qualquer produto que decidamos consumir, no entanto,focaremos mais nos itens de alimentação, frutos do agronegócio, por ser o foco de nossa formação.
Quero lhe deixar uma tarefa relativamente simples. Vá até um supermercado ou hortifruti, escolha um produto da feirinha ou de algum derivado do agronegócio e procure pelas informações que achar disponível. Se possível, tire uma foto delas para mostrar a seu professor e colegas de sala, para que seja possível identificar quais informações o produtor colocou em seus produtos. Será que ele deveria ter colocado alguma coisa importante que não se encontrava disponível? Analise e observe as mais diferentes informações que você e seus colegas encontraram.
Lembrando que, caso não seja possível ir a nenhum local de revenda desses produtos, você pode fazer a busca por meio de seu celular ou computador de maneira on-line! No entanto, se tiver a oportunidade, realize essa atividade de maneira física, indo até o local de venda, pois algumas informações podem não ficar tão evidentes no formato on-line e, também, porque, presencialmente, você pode exercer seu olhar observador para encontrar tais informações!
BRASIL. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 21 fev. 2024.
BRASIL. Instrução Normativa Conjunta INCC nº 2, de 7 de fevereiro de 2018. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 8 fev. 2018. Seção 1, p. 26-149.
MEDEIROS, D. R.; SPRENGER, K. B. Rastreabilidade de produtos agrícolas: análise de custos para implementação da INC nº 02/2018. Revista Eletrônica de Ciências Contábeis, v. 10, n. 1, p. 257-287, 2021.
MUELLER, C. C. Os economistas e as relações entre o sistema econômico e o meio ambiente. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2007.