Olá, estudante do ensino médio! Seja bem-vindo a mais uma lição da disciplina de Logística e Gestão de Estoques, do curso Técnico em Agronegócio. Na lição de hoje, iremos aprender um pouco mais sobre as áreas funcionais das empresas, sobretudo aquelas que estão atreladas ao setor logístico. E além disso, veremos o que são os canais de distribuição e quais são os seus tipos, ou principais mecanismos utilizados.
Devo alertá-lo que se trata de uma continuação da lição anterior sobre os processos logísticos e, portanto, preciso que você se recorde dos conteúdos abordados na última lição. Vimos sobre a importância de diferentes processos e seu gerenciamento, como foi o caso do Serviço ao Cliente, em que uma empresa de distribuição pode se destacar respondendo a consultas e solicitações de informações sobre produtos, entregas e disponibilidade de estoque.
Vimos, também, sobre a Administração de Estoques, em que se mantém vigilância sobre os níveis de estoques necessários para assegurar suprimento adequado em cada período. Outro item analisado que você precisa recordar é sobre a Gestão do Pedido e das Informações Logísticas, em que se faz uso de sistemas de gestão para o processamento das solicitações dos clientes, status dos pedidos e prazos de entrega.
Há, ainda, o setor de Compras, onde são considerados fatores como custo, qualidade e disponibilidade de materiais, o setor de Tomadas de Decisão Relacionadas à Localização das empresas, sendo mais próximo a fornecedores ou a mercados-alvo consumidores, todo o setor de Transportes, incluindo qual modal será utilizado e a maneira mais eficiente dessa entrega, a Armazenagem, inclusive com fins de oportunidades de vendas futuras a preços melhores, o setor de Manuseio de Materiais, incluindo máquinas utilizadas e de Embalagem Protetora, auxiliando na conservação dos produtos até o consumidor final. Agora que já se recordou desses processos, então, vamos de fato iniciar a lição de hoje!
Você considera importante que uma empresa conheça os seus principais setores ou departamentos? Se sua resposta foi sim, você está correto. É importante conhecer quais são as principais áreas funcionais de uma empresa, pois, como veremos na lição de hoje, para conseguir gerenciar ou liderar algo, é necessário que se conheça o negócio em que se atua. Da mesma forma, para o funcionamento eficiente de uma empresa, é essencial que ela compreenda minuciosamente todas as suas atividades.
Além disso, você acha importante que uma empresa entenda por onde seus produtos chegarão até os seus clientes, ou, ainda, de onde receberá ou adquirirá os seus insumos? Será que, se a empresa escolher um tipo diferente de canal de distribuição, deve tomar diferentes ações?
Se estas questões despertaram sua curiosidade, você está no lugar certo! Vamos explorar as respostas para essas perguntas e muito mais nesta lição. Acompanhe-nos nesta jornada de aprendizado.
No case de hoje, apresento uma história real sobre algumas empresas e suas principais áreas de atuação ou canal de distribuição de seus produtos. Há uma empresa que provavelmente já deve ter ouvido falar, ela se chama Apple, criada por Steve Jobs em 1976 nos Estados Unidos. Você acha que esse tipo de empresa, proprietária das marcas iPhone e MacBook, entre outras mundialmente renomadas, seria conhecida dessa maneira se estivesse escolhido um canal de distribuição em lojas de varejo? Ou, ainda, e se distribuísse seus produtos em feiras ou supermercados? Será que esses seus produtos teriam o mesmo valor?
Acontece que essa loja e outras marcas renomadas, como Tesla, Louis Vuitton, Rolex, Dell, adotam o canal de distribuição que aprendemos na lição de hoje como distribuição exclusiva, ou seja, possuem lojas específicas que vendem apenas os seus produtos. Assim, afastam seus concorrentes, bem como as comparações ou disputa de públicos e preços.
Portanto, tente pensar agora qual a importância da escolha correta do canal de distribuição e do seu alinhamento com as estratégias das empresas, bem como as áreas funcionais que devem ser desenvolvidas. Nesse caso, as áreas de inovação e marketing são as mais desenvolvidas na Apple, sendo extremamente importantes para que seja possível concretizar os objetivos propostos pela empresa.
Iniciamos nossa conceitualização de hoje definindo o que são áreas funcionais. Elas são definidas como diferentes divisões ou departamentos dentro de uma empresa, local onde trabalham pessoas em conjunto para gerenciar as atividades de um determinado setor.
Em se tratando de áreas funcionais da logística, portanto, representam os setores e departamentos dentro de uma empresa que estão voltados à atividade logística. Cada área funcional do sistema desempenha um papel específico na cadeia de suprimentos e, de acordo com Christopher (2016), as principais áreas funcionais da logística são:
Suprimentos e Compras: responsável por adquirir matérias-primas, componentes e produtos acabados dos fornecedores. Essa área trabalha para garantir o suprimento adequado de insumos, ao melhor custo-benefício, para atender às necessidades da empresa.
Gestão de Estoques: responsável pelo planejamento, controle e monitoramento dos níveis de estoque em toda a cadeia de suprimentos. Essa área visa garantir a disponibilidade dos produtos e materiais necessários, minimizando os custos associados ao armazenamento.
Armazenagem e Distribuição: encarregada de gerir os espaços de armazenagem e distribuição dos produtos. Isso envolve a organização dos estoques, a movimentação de mercadorias dentro do armazém e a coordenação da distribuição dos produtos para os pontos de venda ou diretamente aos clientes.
Transporte e Distribuição Física: responsável por planejar, coordenar e executar o transporte de mercadorias da origem ao destino final. Essa área envolve a escolha das modalidades de transporte adequadas (terrestre, marítimo, aéreo), a roteirização eficiente e o acompanhamento das entregas.
Planejamento de Demanda: realiza análises e projeções da demanda futura de produtos com base em dados históricos, tendências de mercado e informações de vendas. Isso ajuda a empresa a se preparar para atender à demanda dos clientes de forma eficiente.
Tecnologia da Informação (TI): essa área oferece suporte tecnológico para a gestão logística. Ela inclui o desenvolvimento e a manutenção de sistemas de gestão de estoques, sistemas de rastreamento de transporte, sistemas de gerenciamento de transportadoras, entre outros.
Logística Reversa: trata da gestão do fluxo de produtos e materiais que retornam à empresa após o uso pelo consumidor. Inclui atividades como devoluções, trocas, reciclagem e descarte adequado de produtos.
Atendimento ao Cliente: essa área é responsável por atender às necessidades e dúvidas dos clientes em relação aos pedidos, entregas, status de estoque, entre outros. O atendimento ao cliente é um fator crítico para a satisfação do consumidor.
Essas áreas funcionais trabalham em conjunto para garantir a coordenação e a eficiência de todas as atividades logísticas da empresa, desde a aquisição de matérias-primas até a entrega do produto final ao cliente. Uma gestão integrada e colaborativa entre essas áreas é essencial para o sucesso da logística e para proporcionar uma experiência positiva aos clientes.
Mas, professor, isso não foi o que estudamos na lição passada como processos logísticos? A diferença entre áreas funcionais da logística e processos logísticos está na abrangência e no foco de atuação de cada um.
Segundo Bowersox e Closs (2009), as áreas funcionais da logística são as diferentes divisões ou departamentos dentro de uma empresa que trabalham em conjunto para gerenciar todas as atividades logísticas de forma abrangente. Cada área funcional tem uma responsabilidade específica dentro da cadeia de suprimentos, sendo assim, cada área funcional é responsável por uma parte específica do processo logístico e contribui para o funcionamento eficiente de toda a cadeia de suprimentos. Elas trabalham em conjunto para garantir que todos os elos da cadeia estejam bem coordenados e alinhados aos objetivos da empresa.
Ainda segundo Bowersox e Closs (2009), os processos logísticos são as atividades ou etapas específicas que compõem a gestão logística de uma empresa. Eles representam as tarefas e operações que ocorrem ao longo da cadeia de suprimentos, desde o planejamento até a entrega do produto final ao cliente. Cada processo logístico é uma peça fundamental no fluxo de materiais e informações dentro da cadeia de suprimentos. Esses processos são interligados e dependem do bom funcionamento de todas as áreas funcionais da logística para que a empresa consiga operar de forma eficiente e atender às demandas dos clientes de maneira satisfatória.
Em resumo, as áreas funcionais da logística representam os diferentes setores ou departamentos da empresa que trabalham em conjunto para gerenciar todas as atividades logísticas, enquanto os processos logísticos são as etapas específicas que compõem a gestão logística e envolvem as operações logísticas concretas realizadas para garantir a movimentação eficiente de materiais e produtos ao longo da cadeia de suprimentos.
Para que um produto esteja disponível nas prateleiras de um supermercado ou loja, ele precisa passar por um extenso percurso, que é facilitado pelos canais de distribuição logística. Dentro desses canais, atuam os intermediários, que desempenham o papel de conectar as matérias-primas aos produtores e, posteriormente, as mercadorias aos varejistas e atacadistas. Um ponto importante a se atentar é que, quanto mais canais de logística estiverem envolvidos, mais altos serão os custos de produção e de distribuição.
Um exemplo disso é o caso dos produtos importados. Você já reparou que o preço das coisas importadas geralmente é mais alto? Por exemplo, se pensarmos em um perfume nacional e um importado, certamente o perfume importado terá um custo maior, e isso ocorre devido à grande rede de distribuidores que participam dos processos logísticos, ou seja, isso ocorre devido à extensa rede de distribuição envolvida no trajeto do produto até chegar ao consumidor. Segundo Pascarella (2013), existem 3 principais tipos de distribuição: a distribuição intensiva, seletiva e exclusiva. Veja com mais detalhes cada um desses tipos a seguir:
Este tipo de distribuição envolve empresas que trabalham com diversas marcas e produtos ao mesmo tempo. Como exemplo, posso citar a você as redes de supermercados e atacadistas, pois geralmente esses locais dependem de um intermediário para que possam disponibilizar produtos em seus pontos de venda.
Este tipo de estratégia é adotado quando se escolhe trabalhar com apenas um tipo de produto ou com poucas marcas. Nesse caso, um bom exemplo para que você consiga visualizar um local que atua com essa distribuição seriam as lojas de eletroeletrônicos, e também todas as lojas especializadas em segmentos específicos. Como resultado, esses estabelecimentos se concentram em atender a um público específico.
Nesta classificação, entram os pontos de vendas que atuam com apenas um tipo de produto ou com um único fornecedor. Como exemplo de locais que atuam com esse tipo de distribuição, podemos pensar nas lojas oficiais de produtos originais como Adidas, Nike, Chanel, Polishop e Apple. Isso significa que, em uma loja oficial da Adidas, você não encontrará produtos da Nike, e vice-versa.
Existem vários tipos de canais, sendo necessário, assim, a escolha do canal mais adequado. Deve ser realizado de acordo com o negócio em que irá atuar. Quando pensamos nos canais de distribuição, estamos pensando nas rotas ou caminhos pelos quais os produtos são transferidos do fabricante ou produtor até o consumidor final. Desta forma, esses canais são cruciais para garantir que os produtos cheguem aos clientes de forma eficiente, atendendo às suas necessidades e expectativas. Apresentarei, a seguir, alguns dos principais utilizados:
Canal Direto: nesse canal, o fabricante ou produtor vende diretamente ao consumidor final, sem intermediários. Isso pode ocorrer por meio de lojas próprias, lojas on-line ou vendas diretas. É um canal de distribuição mais curto e permite que a empresa tenha maior controle sobre o processo de vendas. Um exemplo desse canal seria o produtor rural que cultiva e colhe os alimentos e vende nas feiras.
Canal Indireto: esse canal envolve a presença de intermediários entre o fabricante e o consumidor final. Os intermediários podem incluir atacadistas, distribuidores, revendedores ou agentes. O fabricante vende para esses intermediários, que, por sua vez, vendem os produtos aos consumidores. É um canal de distribuição mais longo e é comum em produtos que possuem ampla cobertura geográfica ou demandam grande quantidade de pontos de venda. Um exemplo desse canal é quando os supermercados e/ou lojas especializadas em hortifrúti adquirem seus produtos para revenda em uma central de abastecimento (CEASA).
Canal de Varejo: esse canal é caracterizado pela venda direta ao consumidor final por meio de lojas de varejo, as quais podem ser físicas (supermercados, shoppings, lojas especializadas) ou on-line (e-commerce). É um canal amplamente utilizado em diversos setores, incluindo alimentos, roupas, eletrônicos, entre outros.
Canal de Atacado: nesse canal, os produtos são vendidos em grandes quantidades para atacadistas, que, por sua vez, vendem para os varejistas ou outros clientes comerciais. O atacado geralmente trabalha com volumes maiores e preços mais baixos do que o varejo.
Canal de Vendas Diretas: esse canal envolve a venda direta ao consumidor por meio de representantes ou consultores de vendas. É comum em setores como venda de cosméticos, produtos de cuidados pessoais e suplementos nutricionais. Não confunda com canal direto, pois lá o contato é direto entre o produtor e o consumidor, aqui existe um vendedor intermediando essa relação. Pensando no setor agrícola, como exemplo para este canal podemos pensar em um produtor de geleias que mora em uma propriedade rural, e passa seus produtos para uma determinada pessoa vender na cidade.
Canal de E-commerce: nesse canal, os produtos são vendidos através de plataformas de comércio eletrônico, como sites de vendas on-line ou marketplaces.
A escolha do canal de distribuição adequado é uma decisão estratégica importante para as empresas, uma vez que pode impactar a eficiência da logística, o alcance do mercado, a satisfação do cliente e a rentabilidade do negócio. É essencial avaliar todas as características do produto, as preferências dos clientes e as condições do mercado para determinar a melhor abordagem de distribuição.
Na lição de hoje, estudamos sobre os canais de distribuição e as áreas funcionais da logística, e para o profissional técnico em agronegócio, esse conhecimento é fundamental por várias razões. Ao estudar sobre esse assunto, torna-se possível compreender todo o caminho que os produtos agrícolas passam até chegar ao consumidor final. Além disso, essa compreensão auxilia na escolha dos métodos de distribuição, para, assim, otimizar os processos para alcançar os objetivos dos negócios.
Portanto, conhecer os canais de distribuição e o que são as áreas funcionais da logística é algo extremamente importante para o técnico em agronegócio desempenhar um papel eficaz na gestão e operação de empresas agrícolas, garantindo, assim, o sucesso nos negócios e atendendo às demandas do mercado.
Sendo assim, na tarefa de hoje, quero que você pense em uma empresa, se possível em uma em que você tenha contato próximo. Pode ser uma empresa do seu bairro ou cidade. Agora, tente classificá-la em relação aos canais de distribuição que mais utiliza, relacionando com quais áreas funcionais ela também necessita com mais frequência.
Se você quiser, você pode fazer uma pesquisa em alguma empresa que sempre teve curiosidade. Pode ser uma empresa do setor agropecuário, uma agroindústria ou qualquer outro setor. Tente identificar se alguém já estudou sobre ela, se há alguma matéria que apresenta dados sobre quais os canais de distribuição ela mais utiliza e quais áreas funcionais têm desenvolvido ultimamente. Compartilhe com seus colegas o que encontrou, e escute o que eles encontraram! Essa atividade fará com que você compreenda ainda mais sobre o assunto abordado nesta lição.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística Empresarial. O Processo de Integração da Cadeia de Suprimento. São Paulo: Atlas, 2009.
CHRISTOPHER, M. Logistics and Supply Chain Management. 5th ed. Upper Saddle River, NJ: FT Press, 2016.
PASCARELLA, R. Gestão de canais de distribuição. Rio de Janeiro: FGV, 2013.