Olá, querido(a) aluno(a) do Ensino Médio Técnico em Agronegócio! Seja bem-vindo(a) mais uma vez a nossa disciplina de Logística e Gerenciamento de Estoques. Na última lição, vimos a importância do controle de estoques para a eficiência operacional e rentabilidade das empresas e abrangemos conceitos fundamentais, como previsão de demanda e métodos de controle. Também vimos a aplicação de tecnologias modernas, evidenciando a importância da gestão eficiente para a competitividade empresarial.
Na lição de hoje, nosso objetivo principal será proporcionar uma compreensão abrangente da gestão de estoques. Começaremos com a explicação dos processos envolvidos na movimentação interna das mercadorias e finalizaremos com a apresentação de métodos e classificações essenciais. Ao destacar a relevância desses conceitos na cadeia de suprimentos moderna, buscaremos demonstrar a aplicabilidade direta da gestão de estoques e suas implicações específicas para lidar com os desafios únicos enfrentados pelo setor, como sazonalidade das colheitas e perecibilidade dos produtos.
Assim, o foco central é capacitar você a entender, aplicar e adaptar os princípios de gestão de estoques, a fim de melhor atender às demandas e oportunidades do mercado agrícola. Venha aprender mais na lição de hoje!
Ao explorar a complexidade da gestão de estoques no contexto do agronegócio, surge uma série de desafios significativos que requerem tanto abordagens estratégicas quanto soluções eficazes. Um dos principais dilemas enfrentados pelas empresas agrícolas é a gestão da sazonalidade das colheitas, que pode resultar em flutuações extremas na demanda por insumos agrícolas.
O principal desafio aos profissionais da área é: como equilibrar a necessidade de manter um estoque adequado durante os períodos de alta demanda com a minimização de custos e desperdícios durante os períodos de baixa sazonalidade?
Além disso, a perecibilidade dos produtos agrícolas adiciona uma camada adicional de complexidade, pois exige uma rotação eficiente do estoque para evitar perdas e garantir a qualidade dos produtos entregues aos consumidores. Nesse contexto, o desafio é em torno dessa questão: como implementar estratégias de gestão de estoques as quais garantam a frescura dos produtos perecíveis, ao mesmo tempo que se mantém uma operação logística eficiente e econômica?
Por fim, a volatilidade dos preços das commodities agrícolas apresenta desafios adicionais, especialmente na seleção do método de avaliação de estoque mais adequado. Diante de flutuações de preços imprevisíveis, surge o questionamento: como escolher entre métodos como FIFO e LIFO, para garantir uma gestão financeira sólida e uma avaliação precisa do estoque?
Essas e muitas outras questões complexas destacam a necessidade da compreensão aprofundada da gestão de estoques no agronegócio e a aplicação estratégica de métodos e classificações que enfrentem os desafios únicos desse setor. Vamos aprendê-las na lição de hoje! Está preparado(a)?
Na vasta extensão de uma fazenda familiar no interior do Paraná, João, um jovem agricultor, enfrenta desafios diários na gestão de seu negócio agrícola. Com o auxílio de sua família, ele cultiva uma variedade de produtos, desde hortaliças até frutas e grãos. No entanto João vê-se constantemente lutando para equilibrar a oferta de seus produtos com a demanda do mercado e os desafios sazonais que enfrenta.
Uma manhã, enquanto supervisionava a colheita de suas plantações de tomate, João percebeu que uma grande quantidade de sua produção estava prestes a atingir o pico de maturação ao mesmo tempo. Preocupado com o risco de excesso de oferta e preços baixos, lembrou-se das lições sobre gestão de estoques que aprendeu em seu curso de técnico em Agronegócio.
Lembrando-se do método FIFO, esse agricultor decidiu priorizar a colheita dos tomates mais antigos, garantindo que fossem os primeiros a serem vendidos, a fim de minimizar o desperdício e preservar a qualidade. Enquanto isso, a avó de João, Dona Maria, estava ocupada cuidando da horta de vegetais frescos da fazenda. Com a chegada iminente de uma nova remessa de sementes e fertilizantes, Dona Maria enfrentava o desafio de gerenciar o espaço limitado do depósito da fazenda, para isso, pediu auxílio do neto.
Recordando-se da importância da análise ABC, João orientou a avó a priorizar o armazenamento dos insumos agrícolas mais importantes e valiosos, garantindo que estivessem prontamente disponíveis quando necessário, enquanto os itens menos críticos deveriam ser armazenados em áreas menos acessíveis. Enquanto isso, o irmão mais novo de João, Pedro, estava encarregado de supervisionar o armazém de grãos da fazenda.
Com os preços dos cereais em constante flutuação, Pedro, também técnico em Agronegócio, enfrentava o desafio de determinar o método de avaliação de estoque mais adequado. Lembrando-se das lições sobre métodos de avaliação, ele optou por utilizar o método LIFO, pois considerou a recente alta nos preços dos grãos. Essa escolha estratégica permitiu que a fazenda obtivesse, além da melhor gestão financeira, uma avaliação mais precisa de seu estoque.
No final, enquanto a família se reunia para celebrar mais uma colheita bem-sucedida, refletiam como os conteúdos aprendidos no curso técnico em Agronegócio haviam sido fundamentais para enfrentar os desafios do dia a dia na fazenda. Com a compreensão mais profunda da gestão de estoques e a aplicação estratégica de métodos e técnicas adequadas, João e sua família estavam prontos para enfrentar, com confiança e sucesso, os desafios futuros do agronegócio.
Agora, após conhecer situações em que o conteúdo de hoje pode ser necessário, vamos nos aprofundar nesse assunto?
Iniciamos nossa conceitualização dizendo que a movimentação de estoque envolve processos internos pelos quais as mercadorias são transferidas dentro do depósito, da área de recebimento para o box de distribuição, para a localização de armazenamento designada, ou ainda, desses pontos para a área de consolidação de pedidos e docas de embarque no armazém. A fim de que tudo isso ocorra de modo correto, a gestão eficaz de estoques é um componente crucial da cadeia de suprimentos moderna, e várias abordagens e métodos têm sido desenvolvidos para otimizar esse processo. De acordo com Chopra e Meindl (2019), métodos como FIFO (First-In, First-Out), LIFO (Last-In, First-Out), FEFO (First-Expired, First-Out), lote por lote, e o método médio ponderado são amplamente empregados pelas empresas para gerenciar a movimentação de seus estoques.
O FIFO, também conhecido como PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai), assume que os itens mais antigos são usados ou vendidos primeiro, assim, é particularmente útil para produtos perecíveis ou sujeitos à obsolescência. Por outro lado, o LIFO (em português, UEPS: Último que Entra, Primeiro que Sai) é mais vantajoso quando os preços de compra estão aumentando, pois permite a dedução de custos mais altos do estoque recentemente adquirido. Já o FEFO (em português, PVPS, Primeiro a Vencer, Primeiro a Sair) é crucial para produtos com data de validade, porque garante que os itens mais próximos do vencimento sejam utilizados primeiro, minimizando o desperdício. Além disso, métodos como lote por lote e método médio ponderado oferecem abordagens específicas para gerenciar estoques com diferentes características e necessidades. Enquanto o lote por lote permite o rastreamento individual de cada lote de itens, o método médio ponderado calcula o custo médio ponderado por unidade com base no custo total dos itens em estoque.
No que diz respeito às classificações de movimentação de estoque, diferentes sistemas foram desenvolvidos para categorizar os itens de estoque com base em sua importância, variabilidade de demanda, valor monetário e vida útil. Segundo Monczka et al. (2015), a análise ABC classifica os itens em categorias A, B e C com base em sua importância relativa, enquanto a análise XYZ categoriza os itens de acordo com a variabilidade de sua demanda. Outras classificações incluem a classificação por valor, que categoriza os itens com base em seu valor monetário, e a classificação por vida útil, que é utilizada para produtos perecíveis ou sujeitos à obsolescência (JACOBS; CHASE; AQUILANO, 2017).
Esses métodos e classificações são essenciais para ajudar as empresas a gerenciar eficientemente seus estoques, minimizar custos e atender às demandas dos clientes, conforme discutido por Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2014). Ao aplicar esses princípios e técnicas, as organizações podem melhorar significativamente seu desempenho operacional e sua competitividade no mercado. Assim, existem vários métodos de movimentação de estoque que as empresas podem empregar, dependendo de suas necessidades específicas e da natureza de seus produtos.
FIFO ou PEPS (First-In, First-Out, Primeiro que Entra, Primeiro que Sai): este método assume que os itens que entram no estoque primeiro são os primeiros a serem vendidos ou utilizados na produção, ou seja, os itens mais antigos são usados ou vendidos antes dos mais recentes. É útil para produtos perecíveis ou sujeitos à obsolescência.
LIFO ou UEPS (Last-In, First-Out, Último que Entra, Primeiro que Sai): este método pressupõe que os itens mais recentes adicionados ao estoque são os primeiros a serem vendidos ou usados. É útil quando os preços de compra estão aumentando, pois permite a dedução de custos mais altos do estoque.
FEFO (First-Expired, First-Out): este método é comumente utilizado para produtos perecíveis. Os itens com a data de validade mais próxima são os primeiros a serem usados ou vendidos.
Lote por lote: neste método, cada lote de itens é rastreado separadamente, e os itens de um lote específico são utilizados ou vendidos antes de passar para o próximo. É útil para produtos com diferentes especificações ou características.
Custo médio ponderado: este método calcula o custo médio ponderado por unidade com base no custo total dos itens em estoque. O custo médio é então usado para avaliar o valor dos itens vendidos ou usados.
Just-in-Time (JIT): este método visa minimizar o estoque mantendo apenas o estoque necessário para atender à demanda imediata. Os itens são recebidos apenas quando são necessários para produção ou vendas, reduzindo assim os custos associados ao armazenamento e à obsolescência.
Método ABC: classifica os itens de estoque com base em sua importância relativa, geralmente, em três categorias: A (itens de alta importância), B (itens de importância média) e C (itens de baixa importância).
Método XYZ: classifica os itens de estoque com base em sua variabilidade de demanda. Os itens são classificados em três categorias: X (itens de demanda estável), Y (itens de demanda moderada) e Z (itens de demanda errática).
Classificação por valor: classifica os itens de estoque com base em seu valor monetário, geralmente, em três categorias: alta, média e baixa, com base no custo unitário do item.
Classificação por vida útil: classifica os itens de estoque com base em sua vida útil ou durabilidade, útil principalmente para produtos perecíveis ou sujeitos à obsolescência.
No setor do agronegócio, a gestão eficaz de estoques é fundamental para garantir a disponibilidade oportuna de insumos, como sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas, e também para lidar com a sazonalidade das colheitas e demandas do mercado. Vamos considerar como alguns dos métodos e classificações discutidos se aplicam a esse contexto específico?
O método FIFO, por exemplo, é frequentemente empregado na gestão de estoques de produtos agrícolas, cujas frescura e qualidade dos produtos são essenciais. Por exemplo, em uma fazenda que produz hortaliças, como alface e tomate, o método FIFO garante que os produtos colhidos primeiro sejam os primeiros a serem vendidos ou distribuídos, a fim de minimizar o desperdício e garantir a qualidade para os consumidores.
Já o método LIFO pode ser mais relevante para operações de armazenamento de commodities agrícolas, como grãos e cereais, cujos preços podem flutuar ao longo do tempo. Por exemplo, em um armazém de grãos, adotar o método LIFO permite que os grãos mais recentemente adquiridos sejam os primeiros a serem utilizados ou vendidos, o que pode ser vantajoso em períodos de aumento de preços.
Para produtos agrícolas com data de validade, como frutas e vegetais frescos, o método FEFO é crítico para garantir a rotação adequada do estoque e evitar perdas devido à deterioração. Por exemplo, em uma fazenda de frutas, como maçãs ou laranjas, o método FEFO garante que as frutas mais próximas do vencimento sejam utilizadas primeiro, o que reduz o desperdício e maximiza a lucratividade.
Quanto às classificações de movimentação de estoque, a análise ABC é frequentemente aplicada no agronegócio para identificar os produtos de maior valor e importância. Por exemplo, em uma cooperativa agrícola, a análise ABC pode revelar que os fertilizantes representam uma parcela significativa do valor do estoque e, portanto, exigem atenção especial em termos de gestão e controle de inventário.
A classificação por vida útil também é crucial no agronegócio, especialmente para produtos perecíveis, como produtos lácteos e carne. Por exemplo, em uma fazenda leiteira, a classificação por vida útil ajuda a priorizar a distribuição de leite fresco, garantindo que os produtos mais antigos sejam vendidos ou processados primeiro, minimizando o desperdício.
Note que esses exemplos ilustram como os métodos de movimentação de estoque e classificações são aplicados de maneira prática e relevante no contexto do agronegócio, ajudando as empresas a gerenciar eficientemente seus estoques e atender às demandas do mercado!
O profissional técnico em Agronegócio precisa compreender métodos de movimentação de estoque e classificações para otimizar a gestão no setor. Esses conhecimentos permitem a organização eficiente dos produtos agrícolas dentro de armazéns, portanto, garantem disponibilidade no momento certo e reduzem desperdícios. Ao entender como armazenar, organizar e deslocar os produtos, bem como classificá-los de acordo com critérios relevantes, como tipo e qualidade, o técnico pode aumentar a eficiência operacional, atender às demandas do mercado e manter a qualidade dos produtos, contribuindo para o sucesso do negócio no agronegócio.
Agora, que tal uma situação hipotética, porém bem próxima da realidade que você encontrará enquanto técnico(a) em Agronegócio, para experimentar como será na prática? Imagine a seguinte situação: um agricultor de uma fazenda de vegetais orgânicos está se preparando para a próxima colheita de alfaces. Ele sabe que sua produção estará pronta em uma semana e, devido à alta qualidade e à reputação de seus produtos, espera uma demanda significativa no mercado local. No entanto esse agricultor enfrenta um dilema logístico: ele tem espaço limitado no depósito da fazenda e, por isso, precisa decidir entre encomendar uma grande remessa de caixas de transporte para armazenar as alfaces colhidas ou investir em uma nova tecnologia de refrigeração para manter a frescura dos produtos até a hora da entrega. Esse agricultor possui apenas essas duas opções devido às restrições orçamentárias.
Considerando o conhecimento que você tem até o momento, bem como os assuntos abordados em nossas lições e disciplinas, analise a situação e recomende a melhor decisão ao agricultor. Lembre-se de considerar fatores como a perecibilidade das alfaces, a demanda esperada no mercado, o espaço disponível no depósito, o custo das caixas de transporte, o custo da tecnologia de refrigeração e a capacidade financeira do agricultor.
Ao final dessa atividade, apresente suas recomendações a seus colegas, justificando-as com base nos princípios de gestão de estoques estudados, juntos, discutam as diferentes abordagens propostas. Essa atividade permitirá que vocês apliquem seus conhecimentos teóricos a uma situação prática do agronegócio e desenvolvam habilidades de análise e tomada de decisão crítica. Bons estudos!
CHOPRA, S.; MEINDL, P. Supply chain management: Strategy, planning, and operation. 7th ed. New York: Pearson Education, 2019.
JACOBS, F. R.; CHASE, R. B.; AQUILANO, N. J. Operations and supply chain management. 15th ed. Boston: McGraw-Hill Education, 2017.
MONCZKA, R. M. et al. Purchasing and supply chain management. 6th ed. New York: Cengage Learning, 2015.
SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKY, P.; SIMCHI-LEVI, E. Designing and managing the supply chain: Concepts, strategies, and case studies. 3rd ed. Boston: McGraw-Hill Education, 2014.