Olá, estudante, seja bem-vindo(a) a mais uma lição de nossa disciplina de Logística e Gerenciamento de Estoques, do curso Técnico em Agronegócio. Já demos vários passos em busca de novos conhecimentos em nossa disciplina e, em nossa última lição, vimos o quão importante é tentar nos antecipar às condições encontradas em períodos futuros ao estudar sobre previsão de demanda e seus requisitos. Vimos, inclusive, que ela não é certa, que pode oscilar e que devemos nos preparar para diferentes cenários a serem encontrados.
Na lição de hoje, damos uma pausa nesta construção de conhecimentos novos e fazemos uma espécie de revisão de tudo que aprendemos até aqui. Traremos o papel da logística, agora que você já conhece sua abordagem mais ampla, que abrange diversas frentes de atuação, e identificaremos como ela pode ser aplicada quando estudamos o agronegócio. Aprenderemos que possuímos, inclusive, diversas limitações e gargalos de preocupação em nosso país quando tratamos deste tema. Vamos aprender mais sobre o que pode ser considerado logística e sua atuação no agronegócio?
No universo dinâmico do agronegócio, onde cada colheita, transporte e entrega influenciam diretamente a qualidade dos produtos e a competitividade no mercado, o estudo da logística se torna um pilar essencial para o sucesso. Entender isto é um investimento no futuro do setor e no próprio desenvolvimento profissional, isso porque, como vimos na disciplina até aqui, logística, ao contrário do que muitos pensam, não é apenas movimentar caixas e caminhões, é o estudo de todas as etapas, desde o plantio até a chegada dos produtos aos consumidores. No contexto agrícola, isso significa planejar, eficientemente, o transporte de insumos, a colheita, o armazenamento e a distribuição, com o objetivo final de garantir produtos de qualidade nas prateleiras e, consequentemente, satisfação do cliente.
Você, enquanto Técnico(a) em Agronegócio, estará capacitado a enfrentar os desafios logísticos do setor, compreendendo como a falta de armazenagem impacta a competitividade do país, como a otimização do transporte pode reduzir custos e como a eficiência logística está diretamente ligada à qualidade do produto final. Além disso, o estudo da logística abre portas para soluções inovadoras ao permitir pensar, de maneira estratégica, sobre como melhorar processos, implementar novas tecnologias e promover uma cadeia produtiva mais sustentável. Vem comigo entender estas e outras questões na lição de hoje.
No case desta lição, trago a você algo que ocorreu em uma fazenda chamada Terra Fértil, conhecida por seus campos vastos e produtivos. Nesta fazendo, vivia Edgar, um fazendeiro que sempre sonhou em expandir seus negócios e fornecer alimentos de alta qualidade para todo o país. À medida que a fazenda crescia, surgiram desafios logísticos que precisavam ser superados. Os campos estavam repletos de culturas diversas, mas o processo de transporte e armazenamento estava se tornando um obstáculo para alcançar o potencial máximo da fazenda.
A falta de armazéns suficientes na propriedade rural resultava em congestionamentos constantes, especialmente durante as colheitas. Os caminhões esperavam em longas filas, causando atrasos e perdas significativas de qualidade nos produtos. Edgar, homem visionário que era, decidiu enfrentar estes desafios, contando com a ajuda de seu Técnico em Agronegócio de confiança, que implementou mudanças inovadoras. Primeiro, investiu na construção de armazéns modernos e eficientes, equipados para lidar com grandes volumes de produção.
Em seguida, desenvolveu um sistema de transporte mais ágil e estratégico. Introduziu rotas de entrega otimizadas, reduzindo o tempo e os custos de transporte. Além disso, explorou parcerias com empresas de logística para garantir que seus produtos chegassem ao mercado de forma rápida e segura. As mudanças foram percebidas por todos, pois, agora, operavam de maneira mais eficiente, evitando congestionamentos e perdas de qualidade. Os produtos da Terra Fértil ganharam destaque no mercado nacional, devido seu frescor e confiança.
Este relato, mesmo sendo fictício, ajuda-nos a perceber como enfrentar desafios logísticos pode transformar uma fazenda comum em um negócio de sucesso. Além disso, ressalta a importância de estudarmos sobre o papel da logística no agronegócio e sobre como decisões estratégicas podem impactar, positivamente, toda a cadeia produtiva.
De acordo com Ballou (2010), a logística empresarial engloba tarefas essenciais, como movimentação e armazenagem, que desempenham um papel crucial em facilitar a jornada dos produtos desde a obtenção da matéria-prima até chegar às mãos dos consumidores. Além disso, a logística abrange os fluxos de informação que colocam esses produtos em movimento. Assim, o grande objetivo da logística empresarial é garantir níveis de serviço satisfatórios aos clientes, mantendo custos razoáveis. Isso não é diferente quando concentramos nossos estudos em relação ao agronegócio.
No coração desta jornada logística está o processamento de pedidos, uma atividade que dá início à movimentação de produtos e à prestação de serviços. É crucial destacar que comunicações lentas e imprecisas podem ter um alto custo para a organização. Clientes insatisfeitos, devido à demora, podem resultar em vendas perdidas, estoques em excesso, transporte imprevisível e programação de produção envolvendo preparações desnecessárias e dispendiosas.
A atividade de manutenção de estoques, como ressalta Ballou (2010), lida com a necessidade de garantir a disponibilidade de produtos entre a oferta e a demanda. Esta prática é importante para assegurar que os produtos estejam disponíveis quando os consumidores precisarem, contribuindo para a satisfação do cliente e evitando contratempos na cadeia logística. *Basta lembrar da lição passada sobre previsão de demanda.
De acordo com Bowersox e Closs (2009), as decisões relacionadas aos estoques são arriscadas e impactantes, pois manter um estoque envolve investimentos e a possibilidade de que os produtos se tornem obsoletos, ou seja, ultrapassados, ao longo do tempo. A atividade de transporte, conforme explicado por Ballou (2010), trata dos métodos utilizados para movimentar produtos, como transporte rodoviário, ferroviário e aéreo, entre outros. Cada um destes métodos possui características específicas.
Neste sentido, a logística se apresenta como um elemento estratégico na cadeia de suprimentos, especialmente porque tanto os recursos quanto os consumidores estão distribuídos por uma ampla área geográfica. Ela desempenha um papel global significativo, permitindo que cada região explore suas vantagens, como a especialização na produção de determinados produtos. É interessante notar que, conforme destaca Ballou (2010), a logística de distribuição física pode consumir entre 15% e 20% do Produto Nacional Bruto (PNB). Isso ressalta a magnitude da importância econômica da logística na movimentação de mercadorias e produtos em escala nacional.
As atividades logísticas têm sido parte essencial dos sistemas de produção desde tempos antigos, evoluindo ao longo das necessidades das civilizações em busca de bem-estar. Desde os silos de armazenagem de trigo, no Antigo Egito, até a construção de pontes para facilitar o transporte, a logística foi usada para alcançar os resultados desejados. No entanto foi somente após a Revolução Industrial e, especialmente, após a Segunda Guerra Mundial, que os estudos e as teorias sobre logística ganharam destaque, formando uma nova ciência. O debate sobre logística abrange a ideia de que ela é a soma de ações e infraestruturas relacionadas à movimentação de produtos, matérias-primas e sistemas de armazenamento, incluindo diferentes modos de transporte.
A logística é vista como o elo que conecta diversos setores, como produção, comercialização, marketing, finanças, custos, pesquisa e desenvolvimento. Todos estes setores, juntos, têm um objetivo comum: alcançar suas metas. Durante o desenvolvimento dos processos produtivos ou em qualquer fase do processamento de produtos, inclusive, nos setores voltados ao agronegócio, a logística está em ação todos os dias, durante todo o ano, como destaca Caxito (2011). Isso destaca a natureza contínua e essencial da logística em nossa vida e nas operações diárias das empresas.
Conforme explica Malinsk (2018), a logística é um processo que engloba todas as atividades com o objetivo de disponibilizar bens e serviços aos consumidores, quando e onde desejam. Planejar como transportar insumos e produtos é crucial. Escolher o melhor método de transporte para mover a maior quantidade de produtos, gastando menos e no menor tempo possível, é essencial. O transporte é uma parte vital da logística e, geralmente, consome a maior parte dos recursos nas empresas, sobretudo, no agronegócio.
O transporte não apenas move os produtos, mas também garante que cheguem no prazo certo, em boas condições e a um custo razoável. É uma função crucial que afeta muitos aspectos da cadeia produtiva, incluindo fornecedores e compradores. A armazenagem é uma prática importante na logística, especialmente para empresas agrícolas. Ela envolve organizar e distribuir os produtos colhidos na propriedade rural ou em locais destinados para este fim. Pode ser realizada pelos próprios agricultores ou por meio da terceirização das operações de armazenamento.
No passado, a atividade de armazenagem tinha uma função bastante simples - guardar a produção. Os armazéns eram, basicamente, locais para manter os produtos em segurança, sem muita utilidade, além disso, pelo menos, na visão dos produtores rurais. Com o tempo, as empresas agrícolas começaram a perceber que a atividade de armazenagem podia fazer mais do que simplesmente guardar produtos. Ela poderia agregar valor quando integrada às atividades de produção, marketing e finanças.
Hoje em dia, as empresas agrícolas estão profundamente preocupadas em agregar valor por meio da logística. Elas veem, nas atividades logísticas, uma maneira eficaz de responder, rapidamente, de forma flexível e confiável, à cadeia produtiva. Para alcançar isso, as empresas agropecuárias precisam demonstrar competência operacional e comprometimento, especialmente em relação aos clientes-chave. A Figura 1 mostra um exemplo de como essas atividades logísticas se conectam, representando um fluxo logístico (SÁ; SOUZA, 2017). Esta imagem visualiza como as diversas etapas da logística estão interligadas, contribuindo para a eficiência global das operações agrícolas. Veja a seguir:
A falta de armazenagem nas propriedades rurais, conforme observado por Malinsk (2018), causa sérios problemas para o sistema nacional de armazenagem. Isso prejudica a competitividade no agronegócio, causa congestionamentos em toda a cadeia logística e coloca pressão sobre os armazéns coletivos, gerando longas filas de caminhões esperando para descarregar. Este processo incorre em perdas de qualidade que podem chegar a 10% do volume e do valor dos produtos.
Ao analisar dados sobre o transporte agrícola e a capacidade de armazenamento no Brasil, Malinsk (2018) percebeu evidências de que muitas regiões, especialmente as novas fronteiras agrícolas, enfrentam dificuldades para transportar e armazenar sua produção. Isso destaca a necessidade urgente de planejamento logístico para transporte e armazenamento bem como investimentos em novas infraestruturas. Esta é uma questão crítica que afeta diretamente os preços dos grãos no país e a rentabilidade dos produtores rurais.
Assim, podemos dizer que os armazéns existentes no país não têm capacidade suficiente para lidar com a produção atual. Mas, para mais informações, seria necessária uma análise econômica e financeira, envolvendo produtores, empresários, políticas públicas nacionais e estaduais bem como governos municipais. No entanto isso se mostra custoso, e, pelos dados que já temos, é possível perceber a necessidade de aumentar a capacidade de armazenamento para permitir o crescimento futuro da produção agrícola no Brasil.
Viu como a logística está extremamente presente no agronegócio? Continue estudando mais sobre isto nas próximas lições.
A atividade de hoje será um pouco diferente em relação às demais que já fizemos por aqui, pois ela se destinará mais a elencar possíveis usos da teoria demonstrada na lição de hoje. Isso porque, como você deve ter visto, já vínhamos falando sobre a logística como um todo, mas com enfoque em questões relacionadas ao agronegócio. Hoje, fizemos uma espécie de apanhado de como estes conceitos estão presentes nas questões específicas de sua atuação profissional, e é sobre isto que será nossa atividade de hoje, na verdade, nossa lista de tarefas possíveis de serem realizadas por você. Então, se preferir, faça todas, no entanto, fique à vontade para escolher aquelas que mais despertou interesse, ou que estão interligadas à sua vivência na área.
Isso porque podemos, aqui, tentar simular um planejamento logístico de uma propriedade agrícola fictícia, ou até mesmo de uma em que você possa morar agora. Se escolher esta atividade, considere aspectos, como transporte, armazenagem e distribuição. Leve também em conta desafios, como a falta de armazenagem e a necessidade de planejamento eficiente. Se não morar em uma propriedade rural, tente realizar esta atividade por meio de um caso real ou fictício de uma região agrícola específica. Pense nos problemas que podem se apresentar e sugira soluções eficientes para melhorar a logística na região.
Você pode também usar um tempo para realizar uma visita, mesmo que virtual, a um armazém agrícola, utilize recursos on-line, como vídeos e imagens para verificar o funcionamento interno de um armazém. Isso, com intuito de identificar os processos logísticos, os desafios enfrentados e as possíveis melhorias. Também pode apresentar estratégias para otimizar transporte, armazenagem e distribuição, considerando as características e os desafios únicos desta propriedade ou armazém.
Estas atividades têm como objetivo proporcionar uma compreensão prática dos desafios logísticos no agronegócio e o incentivar a desenvolver soluções criativas e eficientes para estes problemas. Espero que tenha gostado de realizá-las. Lembre-se: caso tenha realizado alguma visita técnica, principalmente de forma física, em alguma instituição, conte ao seu professor para que possam trocar experiências com o grupo. Assim, desejo a você sucesso na realização das atividades propostas e nos encontraremos na próxima lição. Até lá!
BALLOU, R. H. Logística Empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. Tradução Hugo T. Y. Yoshizaki. São Paulo: Atlas, 2010.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística Empresarial: o processo de Integração da Cadeia de Suprimento. Tradução Equipe do Centro de Estudos em Logística e Adalberto Ferreira das Neves. São Paulo: Atlas, 2009.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTE. Transporte e desenvolvimento. Entraves logísticos ao escoamento de soja de soja e milho. Confederação Nacional de Transporte, 2014. Disponível em: https://repositorio.itl.org.br/jspui/bitstream/123456789/185/2/Transporte%20%26%20Desenvolvimento%20%20Entraves%20Log%C3%ADsticos%20ao%20Escoamento%20de%20Soja%20e%20Milho%20-%20Principais%20dados.pdf. Acesso em: 4 mar. 2024.
CAXITO, F. Logística: um enfoque prático. São Paulo: Saraiva, 2011.
MALINSK, A. Cadeias produtivas do agronegócio III. Revisão técnica: Júlio Graeff Erpen. Porto Alegre: Sagah, 2018.
SÁ, A. C.; SOUZA, G. E. Agronegócio: escoamento de soja no Brasil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, a. 2, ed. 4, v. 1, p. 344-358, jun. 2017. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/escoamento-de--soja. Acesso em: 7 dez. 2023.