Olá, estudante do Ensino Médio! Seja bem-vindo a mais uma lição de nossa disciplina!
Como você já deve ter imaginado, nosso foco nesta disciplina é sobre os aspectos ligados ao armazenamento de produtos, sobretudo agrícolas, e de como se dão os aspectos logísticos envolvidos nesse processo. Na última lição, focamos mais na identificação dos produtos, inclusive, utilizando-se de tecnologias mais avançadas, como radiofrequência, códigos de barras ou outras ferramentas. Também, vimos sobre como tais identificações são importantes no acompanhamento do ciclo de vida desses produtos.
Na lição de hoje, continuaremos estudando um aspecto relevante a esses produtos, sobretudo aos que têm ciclo de vida curto, que são perecíveis. Isso porque entenderemos um pouco mais sobre como se dá o processo de previsão de demanda e seus principais requisitos. Não pretendo abordar aqui todos os temas possíveis a esse tipo de estudo, pois continuaremos com ele em outras lições, sobretudo quando abordamos sobre previsão de estoque para suprir tal demanda. Venha comigo começar a entender, de forma mais aprofundada, sobre esse assunto na lição de hoje!
Compreender os princípios da logística e do gerenciamento de estoques é fundamental para você, enquanto futuro profissional Técnico em Agronegócios, pois, ao explorar conceitos, como previsão de demanda e programação da produção, aprendemos como as empresas planejam, coordenam e controlam suas operações para atender às necessidades do cliente de maneira eficiente.
A gestão adequada da demanda, a integração de informações e o uso de técnicas de previsão são elementos-chave que permitem a sincronização das operações em toda a cadeia de suprimentos. Existem diversas técnicas, desde qualitativas até séries temporais e causais que demonstram a importância da adaptação a diferentes contextos comerciais.
Ao entender esses conceitos, você estará melhor preparado para enfrentar os desafios do setor agrícola, em que a gestão eficaz dos recursos, o planejamento colaborativo e a previsão são cruciais. Isso porque a aplicação desses conhecimentos não apenas otimiza as atividades logísticas, mas também contribui para o alcance dos objetivos organizacionais, promovendo eficiência e eficácia nas operações. Assim, ao incorporar esses princípios, você estará capacitado para impulsionar o sucesso e a sustentabilidade no complexo ambiente empresarial contemporâneo. Vamos entender mais sobre esse mundo tão importante?
O estudo de caso que lhe contarei hoje é uma situação fictícia, baseada em fatos reais do dia a dia de produtores rurais. Passa-se em uma pequena propriedade agrícola, em uma comunidade dedicada à produção de frutas e hortaliças. Nela, vivia a família Silva. Dona Maria sempre foi uma agricultora dedicada, mas as dificuldades recentes na gestão do estoque e na logística começaram a impactar diretamente o sustento da família. A falta de planejamento na produção e a ausência de técnicas adequadas de previsão de demanda levaram a situações de excesso de oferta em determinadas épocas, resultando em perdas significativas. Produtos perecíveis, como tomates e morangos, muitas vezes, apodreciam por falta de uma estratégia adequada para lidar com a sazonalidade da demanda.
Diante desse cenário, a filha mais velha, Karla, decidiu dedicar-se ao estudo de logística e gestão de estoques, buscando compreender como as práticas eficientes poderiam transformar a realidade da sua família. Ao longo de seus estudos, Karla aprendeu sobre a importância da previsão de demanda, da integração de informações e da utilização de técnicas específicas para a gestão de estoques em um contexto agrícola.
Com o conhecimento adquirido, implementou práticas mais eficientes na propriedade da família. Começou a utilizar métodos de previsão de demanda, considerando sazonalidades e entendendo melhor as necessidades do mercado local. Além disso, introduziu sistemas de gestão de estoques que permitiam uma visão mais clara dos níveis de inventário e das datas de validade, evitando desperdícios. Os resultados foram notáveis. A produção da família Silva passou a ser mais alinhada com as demandas do mercado, evitando perdas e garantindo que seus produtos chegassem aos consumidores no momento certo. A eficiência logística melhorou, reduzindo custos operacionais e contribuindo para a rentabilidade do negócio.
Sendo assim, mesmo que fictício, esse case reforça a importância do estudo dedicado à logística e ao gerenciamento de estoques e como isso pode ser transformador para pequenos produtores no agronegócio. Esses conhecimentos não apenas impactam positivamente na produção e no lucro, mas também promovem a sustentabilidade dessas comunidades agrícolas, permitindo que continuem prosperando de maneira equilibrada e eficiente. Seu papel, como Técnico em Agronegócio, é realmente esse: fornecer melhores condições a esses produtores!
A logística enfrenta um grande desafio: tornar a produção e a entrega de bens e serviços mais ágeis, de forma que os consumidores consigam obter o que desejam, quando e onde precisam e nas condições desejadas. Segundo Ballou (2007), para superar esse desafio, as empresas utilizam um processo de distribuição que envolve tanto aspectos físicos quanto informacionais. Isso inclui instalações, estoques, veículos de transporte, informações diversas, tecnologias e, é claro, a equipe de trabalho.
A logística abrange diversas etapas, desde a aquisição de matéria-prima até a entrega do produto ao consumidor final. A armazenagem desempenha papel crucial nesse processo, contribuindo para tornar a movimentação das mercadorias mais eficiente. Os armazéns, também, conhecidos como centros de distribuição, podem representar uma parcela significativa, variando de 12 a 40%, dos custos logísticos, dependendo de sua importância para a cadeia logística (BALLOU, 2007).
Conforme mencionado por Ballou (2007), a armazenagem é o processo de administrar o espaço necessário para manter estoques. Isso significa planejar, coordenar, controlar e desenvolver as operações dedicadas a armazenar e manter os materiais de maneira adequada, pronta para uso, e enviá-los quando necessário.
A armazenagem envolve determinar o espaço do depósito, a organização do estoque e o design das áreas de carga e descarga para os veículos.
De acordo com Oliveira et al. (2020), a atividade de armazenagem está diretamente ligada aos objetivos das organizações. A escolha do tipo e da quantidade de depósito está relacionada ao tempo em que os produtos ficarão estocados, ou seja, quanto mais tempo um produto fica armazenado, maior o custo associado. No entanto, se a demanda for cuidadosamente controlada, de modo que a entrega seja programada para o momento exato em que o item chega ao depósito, pode não ser necessário armazenar por muito tempo. Esse equilíbrio é um dos grandes desafios para as empresas, especialmente em uma era em que o comércio eletrônico tem crescido significativamente.
Para lidar com esses desafios, a logística de armazenagem busca maximizar o uso do espaço, proteger e abrigar os materiais, facilitar o acesso aos itens e a movimentação interna no depósito, além de otimizar a utilização de mão de obra e equipamentos. Sendo assim, um bom gerenciamento do estoque de produtos prontos começa com o entendimento da demanda que a empresa recebe e deseja atender. Essa demanda pode variar conforme as características do produto e ser classificada em cinco tipos, como explica Ballou (2007), conforme ilustrado na Figura 1.
Primeiro, temos a demanda constante, ou permanente, que se refere a produtos com um ciclo de vida muito longo, exigindo um suprimento contínuo, como itens alimentares do dia a dia, por exemplo, pão, leite, arroz e feijão. Outro tipo é a demanda sazonal, relacionada a produtos que têm picos de consumo em períodos específicos, como confetes e serpentinas no carnaval, chocolates na Páscoa e panetones no Natal. Para gerenciar o estoque desses produtos, é crucial conhecer a demanda e o tempo em que ela ocorre.
A demanda irregular refere-se a produtos com uma demanda variável, tornando difícil a sua previsão. Exemplos incluem itens que não são comprados regularmente, mas que, ocasionalmente, são necessários, como álcool em gel, roupas de cama e banho e lâmpadas. Há, também, a demanda em declínio, associada a produtos que estão em declínio em seu ciclo de vida. É necessário prever quando e quanto esses produtos devem ser estocados até sua descontinuação, algo mais comum devido à evolução tecnológica, que torna obsoletos produtos como DVDs e telefones fixos. Por fim, a demanda derivada está ligada à demanda de outro produto. A previsão dessa demanda parte da previsão do produto principal, como no caso de embalagens de ovos de Páscoa, brinquedos que são brindes na compra de um sanduíche infantil e outros produtos cuja demanda depende da saída do produto principal.
Para que a logística seja usada como recurso estratégico, trazendo benefícios tanto para a empresa quanto para o cliente, é crucial entender a importância da integração. Isso significa facilitar o fluxo de informações para garantir que todas as operações estejam sincronizadas. Quando utilizamos dados em diferentes formatos e sistemas de informação que não são compatíveis, a precisão na previsão da demanda pode ser prejudicada, e a visibilidade dos estoques pode ser reduzida. O ponto principal a se saber é que esses problemas podem levar a outros problemas maiores, como compras desnecessárias, afetar o fluxo de caixa e resultar na obsolescência de peças em estoque. Portanto, a falta de integração nas operações pode causar retrabalhos e fretes extras, o que aumenta os custos operacionais e reduz a margem de lucratividade da empresa.
A gestão da demanda, que inclui a previsão da demanda e a programação da produção, não se limita apenas à logística, mas também envolve a colaboração de outras áreas na organização, como marketing e produção. Esse processo determina a quantidade de materiais (matérias-primas, produtos em processo e produtos acabados) e serviços que serão disponibilizados ao longo da Cadeia de Suprimentos.
Conforme Tomaselli (2007) destaca, as atividades desse processo têm o papel de controlar e guiar as etapas logísticas e produtivas nas organizações da Cadeia de Suprimentos. Isso significa decidir qual a quantidade de produtos deve ser produzida, como eles serão transportados e onde serão armazenados. Essas decisões visam um gerenciamento eficiente, alocando os recursos necessários para realizar essas ações ao longo da cadeia logística. Para entender como prever a demanda, é importante conhecer as técnicas de previsão, que podem ser classificadas da seguinte forma:
Previsão Qualitativa: feita por especialistas em situações em que há poucos dados históricos, contando mais com informações de pesquisas e reuniões administrativas.
Séries Temporais: utiliza abordagem estatística, baseando-se em dados históricos e análise de tendências e padrões. Geralmente, é usada para previsões de curto prazo, usando métodos como médias móveis e ajustamento exponencial.
Previsão Causal: busca a relação entre fatores interdependentes para prever a demanda. Exemplos incluem a regressão simples e a múltipla.
A escolha do método certo depende de critérios, como precisão, período de tempo da previsão, valor da previsão, disponibilidade de dados, tipo de padrão dos dados e experiência de quem faz a previsão (BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2007). Por isso, é fundamental perceber que as previsões logísticas são essenciais para apoiar o planejamento colaborativo, orientar o planejamento das necessidades e melhorar o gerenciamento dos recursos. Isso permite que a organização seja mais eficiente nas atividades logísticas e alcance seus objetivos com maior eficácia.
Ao explorar temas, como previsão de demanda, programação da produção e técnicas de gestão, temos uma base sólida para compreender como as empresas agrícolas planejam, executam e controlam suas operações de forma eficiente. A gestão eficaz da demanda, a integração de informações e a aplicação de diversas técnicas de previsão são essenciais para garantir a sincronização de atividades ao longo da cadeia de suprimentos.
Ao estudar esses assuntos, estaremos preparados para enfrentar os desafios específicos do setor agrícola, em que a eficiência na gestão de recursos e a precisão na previsão desempenham papéis cruciais. Ao aplicarmos esses conceitos, não apenas otimizamos as operações logísticas, mas também podemos contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais.
Estudar sobre a previsão de demanda e seus requisitos é essencial para que você, enquanto profissional técnico em agronegócio, seja eficiente ao planejar a produção, otimizar recursos, gerenciar estoques e tomar decisões estratégicas. Isso permite ajustar a produção de acordo com as necessidades do mercado, evitar excessos ou escassez, atender, eficientemente, às demandas e reduzir riscos associados à produção agrícola. Em síntese, esse conhecimento é fundamental para uma gestão eficaz e estratégica no agronegócio.
A atividade que vou lhe propor hoje é algo bem aplicado mesmo: trata-se, de forma resumida, de tentar identificar qual será a demanda pelos produtos de uma propriedade rural. Vai funcionar assim: imagine uma pequena propriedade agrícola. Escolha um tipo de cultura para plantio (por exemplo, morangos, tomates ou qualquer outra cultura relevante para sua região). Lembre-se de identificar fatores sazonais, como épocas de plantio e colheita e variações na demanda.
Feito isso, agora vem a parte do planejamento de demanda: realize uma pesquisa de mercado fictícia. Imagine quais dados você deveria coletar sobre a demanda esperada para o produto escolhido ao longo de um período específico. Baseado nesses dados, crie uma previsão de demanda, considerando aspectos, como sazonalidade, tendências e padrões. Se você fizer esses itens aqui, já estarei extremamente satisfeito, mas pense, caso consiga já nesse momento, como será o estoque necessário para suprir tal demanda?
Ao realizar essa atividade, será possível que você aplique boa parte dos conceitos aprendidos na aula de hoje. Digo isso porque ele continuará sendo tema de lições futuras; então, se não conseguir responder à alguma dessas perguntas aqui, nesse momento, não se preocupe, pois estudaremos, mais a fundo, esse assunto logo mais à frente!
BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2007.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2007.
OLIVEIRA, T. D. de. et al. Gestão da distribuição física. Porto Alegre: SAGAH, 2020.
TOMASELLI, M. O lado do mercado. Logística, São Paulo, v. 27, n. 201, p. 28-30, jun. 2007.