Olá, estudante! Primeiramente, seja bem-vindo(a) a mais uma lição da disciplina de Logística e Gerenciamento de Estoques, do curso técnico em Agronegócio. Na lição anterior, começamos definindo o que é logística, demonstrando sua importância às empresas e ao próprio agronegócio. Além disso, conhecemos seus principais objetivos. Dessa forma, neste momento, nosso objetivo é aprender um pouco mais sobre o assunto e compreender como isso impacta a vida do produtor rural.
Nesta lição, definiremos o que é uma cadeia de suprimentos e demonstraremos a importância de realizar uma boa gestão. Pronto para mais uma parte de nossa aventura juntos? Então vamos nessa?!
Imagine que você deseja produzir uma mercadoria e não consegue encontrar onde estão os insumos necessários para sua produção, apesar de estarem registrados em algum sistema que você utiliza para consulta. O que resultaria desse impasse? Sua capacidade de produção ficaria paralisada, certo?
Agora, considere outra situação: suponha que não tenha havido um estudo prévio para determinar quais itens seriam necessários a essa produção, e portanto, os insumos não foram pedidos, e a empresa da qual você encomendaria os materiais possui um prazo de entrega de 90 dias. O que você faria? Talvez, uma das opções seria entrar em contato com o cliente que adquiriu seus produtos e solicitar mais 90 dias de prazo. Contudo, será que isso não afetaria a satisfação desse cliente? Ou, ainda, será que haveria tempo hábil para produzir a mercadoria e entregá-la ao cliente a tempo de ser utilizada e consequentemente, atender à necessidade do consumidor?
Situações como essas podem ser complexas, e para evitar que estes e muitos outros problemas se materializem – se tornem reais – é de extrema importância um planejamento minucioso das necessidades da empresa em relação aos insumos para que seja possível realizar a produção das mercadorias de acordo com a demanda dos clientes, sem comprometer a satisfação do cliente por falta de gestão da cadeia de suprimentos da empresa.
Começou a ficar claro a você como a gestão da cadeia de suprimentos é crucial? No entanto, como fazer isso corretamente? Venha aprender mais sobre esse assunto!
No case de hoje, apresento a você a situação do Sr. João. Dessa vez, ele se aprofundou mais no conteúdo discutido em nossa última lição, buscando compreender melhor os caminhos logísticos de sua produção e como identificá-los, com o objetivo de reduzir seus custos.
Conforme sua prática habitual, Sr. João recorreu a um técnico em agronegócio para auxiliá-lo nesta tarefa. Sendo assim, o profissional, por sua vez, consultou seus materiais de estudo e conseguiu esboçar a cadeia de suprimentos do Sr. João, que é um produtor de soja. Essa cadeia envolve a aquisição de insumos, a produção própria de insumos, o processamento, a distribuição e, por fim, o direcionamento ao consumidor final.
O técnico explicou que em cada uma dessas etapas de produção são realizados diferentes processos, o que demanda uma análise criteriosa de cada uma delas. Entretanto, em sua análise, pode sintetizar para o Sr. João que o processo de gestão da qualidade, da quantidade, dos preços e de todos os processos envolvidos estão presentes em todas as etapas do processo. Por fim, seu João agradeceu muito a explicação e está aguardando ansiosamente as próximas visitas para explorar novos tópicos sobre os assuntos.
Este case foi escolhido para que fosse possível você visualizar como a atuação de um Técnico em Agronegócio pode ser muito útil ao produtor rural, visto que, este profissional possui amplo conhecimento sobre o assunto. Neste caso em específico, foi possível que ele auxiliasse o Sr. João a organizar e esquematizar sua cadeia de suprimentos para uma melhor atuação produtiva!
Na lição passada aprendemos sobre as definições de logística e a importância de efetuar uma organização eficaz das atividades produtivas de uma empresa, sobretudo, no que diz respeito ao ambiente externo da empresa, que envolve fornecedores e o ciclo completo desde a venda da mercadoria até o recebimento pelo consumidor. Hoje, vamos aprofundar nossa compreensão por meio das definições encontradas na literatura. Com relação ao conceito de cadeia de suprimentos.
Iniciaremos com a definição mais antiga e progressivamente avançaremos para as mais recentes. Segundo Lambert, Stock e Vantine (1998, p. 822) a cadeia de suprimentos é definido como: “a integração dos processos do negócio do usuário até os fornecedores originais que proporcionam bens e serviços e informações que agregam valor para o cliente”. Sendo assim, a ideia a ser compreendida seria que a parte logística se conecta com a obtenção dos insumos necessários a uma empresa.
No entanto, ao continuarmos com as definições, encontramos a de Christopher (1999, p. 13), que aponta que a cadeia de suprimentos é “uma rede de organizações, através de ligações nos dois sentidos, dos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de bens e serviços que são colocados nas mãos do consumidor final”.
Podemos notar que essa afirmação fala em dois sentidos agora, então seria relacionada ao processo de entrega também?
Avançando, chegamos a definição de Lummus e Vokurka (1999), que apresentam uma definição sintetizada sobre cadeia de suprimentos, a qual engloba todas as atividades envolvidas no processo de entrega da mercadoria ao cliente. Isso inclui desde a aquisição de recursos de matéria-prima e componentes, passando pela fabricação e montagem, todo o armazenamento e rastreio, entrada e gerenciamento de pedidos. Também estariam incluídos a distribuição, a entrega ao consumidor e o sistema de informação de monitoramento das atividades.
Esse entendimento é confirmado por autores como Ballou, Gilbert e Mukherjee (2000), onde se referem a cadeia de suprimentos como sendo composta por todas as atividades associadas à transformação e fluxo de bens e serviços. Incluindo o fluxo de informações, desde o abastecimento de matérias-primas até o usuário final. Por outro lado, Mentzer et al. (2001) acrescentam que uma cadeia de suprimentos deve possuir uma equipe de três ou mais entidades (organizações ou indivíduos) diretamente envolvidas a um fluxo de bens em ambas as direções: da empresa para traz (fornecedores) e da empresa para a frente (com setor de serviços, financeiro e informação de atendimento ao consumidor).
Para finalizar, citaremos apenas mais um trabalho, escrito por Handfield e Nichols Jr (2002, p. 35), no qual identificam a cadeia de suprimentos como “abrangendo todas as organizações e as atividades associadas com o fluxo e a transformação de bens, desde o estágio de matérias-primas até o consumidor final, com o fluxo financeiro e de informações associados”.
É importante ressaltar que os fluxos, tanto de material, quanto de informação, ocorrem em ambos os sentidos da cadeia.
De fato, o conceito de cadeia de suprimentos e de logística fica bem próximo em diferentes literaturas, visto que o objetivo da cadeia de suprimentos é gerar satisfação ao cliente, atendendo a todos os seus requisitos e no menor tempo possível. Pelo lado da empresa, tem-se como objetivo a redução de custos e aumento da qualidade dos produtos – objetivos muito próximos ao papel da própria logística.
Segundo Cooper et al. (1997), o gerenciamento da cadeia de suprimentos é um tipo de filosofia integrativa, abrangendo o gerenciamento do fluxo total do canal de distribuição desde o fornecedor até o consumidor final. Dessa forma, tornam-se redundantes as definições apresentadas, pois se trata de gerenciar uma cadeia de suprimentos, que já foi amplamente definida em nossa lição. No entanto, o que, de fato, significa gestão?
Segundo Christopher (1999), seria no sentido de organizar e estabelecer fortes relacionamentos com os principais agentes dessa cadeia, com objetivo de entregar um valor superior ao consumidor com baixo custo para todos os participantes do conjunto da cadeia. Por sua vez, Lambert e Cooper (2000) lembram da integração de processos-chave durante esse processo, desde o fornecedor original até o usuário final, fornecendo bens, serviços e informações que adicionem valor ao consumidor.
Isso é confirmado por Ranzoline (2001, p. 53), que enfatiza que o processo de administração deve ser realizado de maneira sinérgica, ou seja, com bastante energia, empenho e dedicação, abrangendo os canais de suprimentos de todos os participantes da cadeia, integrando seus processos de negócios, visando sempre agregar valor ao produto final em cada elo da cadeia, gerando assim, vantagens competitivas sustentáveis ao longo do tempo.
Isso é confirmado por Ranzoline (2001, p. 53), que enfatiza que o processo de administração deve ser realizado de maneira sinérgica, ou seja, com bastante energia, empenho e dedicação, abrangendo os canais de suprimentos de todos os participantes da cadeia, integrando seus processos de negócios, visando sempre agregar valor ao produto final em cada elo da cadeia, gerando assim, vantagens competitivas sustentáveis ao longo do tempo.
E, por último, compartilho as palavras de Tan (2001, p. 42), que define a gestão de cadeias de suprimento como uma organização com “metas comuns de gerenciamento eficiente e eficaz, incluindo a integração de compras, gerenciamento da demanda, design de novos produtos e desenvolvimento e planejamento e controle de fabricação”.
Em resumo, podemos dizer que a cadeia de suprimentos está intimamente ligada ao papel da logística em fornecer de maneira suficiente e ideal as mercadorias e insumos necessários para a produção, bem como conduzir estes recursos da empresa até o consumidor final. Da mesma forma, as informações coletadas podem representar insumos importantíssimos às empresas, portanto, cabe aqui uma atuação conjunta como os departamentos de marketing, logística, tecnologia da informação, e do setor produtivo das empresas, chegando a ser definido por esses autores como um processo de integração destas áreas.
E, com relação à gestão desses recursos, vale mencionar o papel que uma gestão eficaz desempenha na execução perfeita de um planejamento. No contexto do objetivo central desse processo – atender às necessidades do cliente – a gestão adequada de recursos, do tempo, do sistema de produção e de entregas, é de extrema importância para que o produto correto seja entregue ao consumidor final no tempo previsto, oferecendo excelentes condições de uso e satisfação plena de seus interesses.
Chegamos a etapa de aplicação do conhecimento adquirido, e o desafio de hoje será fácil e interessante. Como você deve ter percebido, Sr. João, nosso personagem do case, contratou um técnico em agronegócio para esboçar a cadeia de suprimentos da soja. Como essa pode ser uma de suas atividades como Técnico(a) em Agronegócio o desafio desta aula será que você procure as informações pertinentes a esse assunto e escreva como ele ocorre. Você deverá inserir como os insumos são adquiridos, indicar quais são e também de onde vem os insumos, e demonstrar como é realizado o escoamento da produção.
Realizar essa atividade permitirá que você obtenha um controle maior das necessidades de insumos e os meios para adquiri-los, bem como entender e fortalecer as relações existentes entre os diversos elos produtivos. Além disso, também permitirá que você conheça os prazos para obtenção desse recurso, para que seja possível antecipar os seus pedidos a serem realizados.
Analise as informações que você já possui Com relação a esse assunto, sejam aquelas adquiridas pelo conhecimento obtido em outras disciplinas, ou então, pela vivência, caso tenha contato em propriedades rurais que atuam com essa cultura. Fazendo isto, você experimentará um pouquinho como é atuar como um(a) técnico(a) em agronegócio. Não esqueça de compartilhar com seus colegas o que inseriu em seu esboço!
Sucesso na realização de sua tarefa! Até sua próxima lição!
RIBEIRO, R. H.; OLIVEIRA, A. M.; MUKHERJEE, A.; Novos desafios gerenciais, novos desafios a partir de oportunidades na cadeia de suprimentos. Industrial Marketing Management, Nova York, v. 29, n. 1, p. 7-18, jan. 2000.
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OLIVEIRA, R. B.; NICHOLS JR, E. L.; Redesenho da cadeia de suprimentos: convertendo sua cadeia de suprimentos em sistema de valor integrado. Rio Upper Saddle, NJ: Financial Times Prentice Hall, 2002.
OLIVEIRA, D. M.; COOPER, M. C.; Problemas na gestão da cadeia de suprimentos. Industrial Marketing Management, Nova York, v. 29, n. 1, p. 65-83, jan. 2000.
LAMBERT, D. M.; STOCK, J. R.; VANTINE, J. G. Administração estratégica da logística. Tradução Maria C. Vondrak. São Paulo: Vantine Consultoria, 1998.
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TAN, C. C.; Um framework sobre a literatura de gestão da cadeia de suprimentos. Revista Europeia de Compras e Gestão de Suprimentos. v. 7, p. 39-48, 2001.