Olá, aluno(a), que bom tê-lo aqui conosco novamente. Nessa lição daremos continuidade aos estudos da gestão financeira, mas dessa vez abordando os chamados indicadores de lucratividade.
O cálculo dos indicadores de lucratividade é de fundamental importância para as empresas avaliarem a sua lucratividade e a eficiência de suas atividades, pois tais indicadores são capazes de mostrar qual é a margem de lucro de um negócio, a sua capacidade de gerar receitas e quais são as despesas envolvidas. Essas informações permitem que ela seja capaz de tomar decisões estratégicas de forma mais eficiente, como definir preços de venda, cortar custos desnecessários ou até mesmo mudar o foco do seu negócio.
Os indicadores de lucratividade também são importantes porque ajudam a avaliar a saúde financeira da empresa. Quando os resultados não são positivos, isso indica que a empresa está com problemas em sua gestão financeira, seja por excesso de despesas, preços muito baixos, ou altos demais, o que reduz suas vendas, falta de controle de estoque, entre outros. Ao calcular os indicadores de lucratividade, a empresa consegue identificar esses problemas de forma mais precisa e, assim, tomar medidas para resolvê-los.
Por essa razão, conhecer e estudar os indicadores de lucratividade são fundamentais para que a empresa se mantenha competitiva no mercado – razão pela qual o profissional que deseja atuar nessa área deve conhecê-los – pois, por meio deles, o gestor financeiro pode ajustar os potenciais problemas da empresa. Além disso, a análise desses indicadores permite que a empresa identifique oportunidades de melhoria em seus processos, aumentando a eficiência e a produtividade e, consequentemente, seus lucros.
No mercado de trabalho, o profissional de uma área deve estar pronto para atender às demandas que são postas em sua mesa, ou seja, tem que possuir o conhecimento necessário para poder resolvê-las.
Do ponto de vista da gestão financeira, os indicadores de lucratividade são uma das principais ferramentas utilizadas pelo administrador financeiro para a tomada de decisões dentro de uma empresa, visto que é a partir desses indicadores (junto aos demais, rentabilidade, liquidez, endividamento e alavancagem) que é possível ter uma visão mais ampla sobre a rentabilidade do negócio e identificar onde estão os pontos de melhoria.
No entanto, uma preocupação real do mercado de trabalho é que muitos administradores financeiros não sabem calcular os indicadores de lucratividade, sendo que alguns nunca nem ouviram falar sobre! Isso pode ser reflexo de uma formação profissional ruim ou desinteresse em se manter atualizado na área. Independente do motivo, essa falta de conhecimento pode trazer consequências graves para a empresa.
Um administrador financeiro que não sabe calcular os indicadores de lucratividade pode tomar decisões erradas – e normalmente toma –, visto que elas serão baseadas em intuição ou em dados imprecisos (errados), o que pode levar a empresa a resultados negativos, dada a realização de investimentos pouco rentáveis, a manutenção de produtos ou serviços que geram prejuízos e a falta de controle sobre os custos.
Além disso, a falta de conhecimento sobre os indicadores de lucratividade pode gerar uma visão distorcida da realidade financeira da empresa, pois o gestor pode acreditar que a empresa está indo bem quando na verdade está em situação financeira delicada, ou vice-versa, prejudicando assim o planejamento financeiro de longo prazo. Dessa forma, é mais do que fundamental que indivíduos que desejam atuar na parte da gestão financeira conheçam esses indicadores, e sempre estejam atualizados e capacitados para analisar os indicadores de lucratividade, visto que dessa forma a empresa terá uma visão clara e objetiva sobre a sua rentabilidade e, a partir disso, poder traçar estratégias para alcançar o sucesso financeiro.
Vamos desenhar o seguinte cenário: imagine que você é o(a) gestor(a) financeiro(a) de uma empresa de roupas, que fabrica e vende diversos produtos para o mercado, mas surge para você a necessidade de avaliar a margem de contribuição e o lucro líquido da empresa, para ter uma visão clara da rentabilidade do negócio.
Para calcular a margem de contribuição, você precisa identificar todas as receitas obtidas com as vendas dos produtos e subtrair os custos variáveis envolvidos na produção desses produtos. Como já sabemos, custos variáveis mudam de acordo com a quantidade produzida. Ao dividir o resultado pela receita total, você terá a margem de contribuição.
Já o lucro líquido, como iremos aprender, é obtido após a dedução de todas as despesas, incluindo custos fixos, como aluguel, salários e despesas de manutenção, além dos impostos e encargos sociais. Para calcular o lucro líquido, basta subtrair todas as despesas da receita total.
Suponha que a receita total da sua empresa no mês de agosto de 2023 tenha sido de R$ 800.000,00 e os custos variáveis e fixos totalizaram nesse mesmo mês R$ 320.000,00 e 240.000,00, respectivamente. Além disso, o pagamento de encargos e impostos representaram R$ 80.000. Como você já está cursando a disciplina de Administração Financeira e Orçamentária, sabe que a margem de contribuição será de R$ 480.000 (R$ 800.000 - R$ 320.000), que dividido pela receita total de R$ 800.000, resultará em uma margem de contribuição de 60%, enquanto o lucro líquido será R$ 160.000 (R$ 800.000 - R$ 320.000 - R$ 240.000 - R$ 80.000).
O que você pode dizer sobre a empresa, a partir desses resultados? A empresa está tendo um bom ou mal desempenho? É essa a pergunta que os proprietários da empresa farão.
Para saber como interpretar tais resultados e indicar para os proprietários da empresa qual tem sido o desempenho dela, fique comigo, pois será isso que aprenderemos na presente lição!
Você consegue se recordar quais os tipos de indicadores que já utilizamos? Vamos lá, não é tão difícil! Vimos os indicadores de liquidez, os de endividamento e os de rentabilidade, certo? Na presente lição, vamos aprender agora sobre mais uma categoria de indicadores, os de lucratividade.
Talvez agora você se pergunte: no entanto, rentabilidade e lucratividade não são a mesma coisa? A resposta para isso está lá em nossas lições sobre Introdução à Economia, visto que aprendemos que uma coisa é a receita gerada pela firma, ou seja, tudo o que ela vende multiplicado pelo preço de venda, outra coisa é o lucro, que é a receita menos os custos totais que teve para produzir.
Então, analisar rentabilidade é avaliar capacidade de geração de receita da empresa, que usará para isso seus ativos e passivos (lá do balanço patrimonial), outra coisa é observar qual a capacidade da empresa de ser lucrativa, ou seja, se suas receitas têm sido maiores que seus custos. Antes de tratarmos sobre os indicadores de lucratividade, vamos aprender um pouco mais sobre esse assunto.
Primeiramente, é necessário que se conheça o que é margem de lucro, que é um importante indicador financeiro para empresas, visto que ela permite avaliar a eficiência e a saúde financeira do negócio. Uma margem de lucro alta vai sinalizar que a empresa está obtendo um retorno positivo e elevado sobre o investimento realizado, enquanto uma margem de lucro baixa é um sinal de alerta por indicar problemas. No entanto, é importante que você saiba que a margem de lucro não é uma medida absoluta e pode variar dependendo do setor de atuação, do nível de concorrência e das condições de mercado (ASSAF NETO, 2012).
Por essa razão, como já expliquei em aulas anteriores, é necessário avaliar esses fatores cuidadosamente para definir metas e estratégias adequadas que permitam à empresa alcançar o sucesso financeiro a longo prazo, ou seja, é preciso analisar todos os demais indicadores da empresa (e que você já conhece!).
Como apontado acima, os indicadores de lucratividade são uma forma de avaliar a saúde financeira de uma empresa, sendo que cada um desses indicadores mede o desempenho em relação a uma métrica específica, ou seja, a uma referência específica, como a receita gerada em um período determinado. Essas métricas são úteis para identificar como o negócio está sendo gerido e ajudam os gestores a fazer escolhas estratégicas para melhorar os resultados da empresa (MATARAZZO, 2010).
É importante que você saiba que existe uma fórmula para cada tipo de indicador de lucro, e tais indicadores variam de acordo com as variáveis que são inseridas na fórmula. Assim como vimos nos demais indicadores, os de lucratividade também são representados de forma percentual, sendo que esse valor pode, e geralmente é, comparado com períodos anteriores, justamente para avaliar o desempenho financeiro da empresa.
Existem duas grandes classificações para esses indicadores, que são as chamadas relações nas margens, que mostram geração de lucro a partir da receita, e os índices de fluxo de caixa, que indicam a capacidade de fazer receitas virarem dinheiro (lembre-se da definição de ativos líquidos das lições passadas). Para que você possa compreender melhor, vamos trabalhar esses dois aspectos de forma separada. Nesta lição, nosso foco será nos indicadores relacionados a relações na margem. Veremos também, em outra lição, sobre os índices de fluxo de caixa. Vamos lá?
Os indicadores que fazem parte dessa categoria indicam, como mencionado, a capacidade da empresa de fazer com que sua receita se transforme em lucro. Aqui, vamos fazer um apontamento muito importante para a continuação de nossa lição, existem diferentes tipos de lucros! Isso mesmo, você não leu errado, existem distintos tipos de lucros! (ASSAF NETO, 2012).
Lucro, de forma geral, é o resultado da diferença entre receita e custo, mas para a empresa, existem diferentes tipos de lucros. Para você começar a entender esses lucros, vamos inicialmente começar com a chamada margem de contribuição.
A margem de contribuição é uma medida de lucratividade que mostra quanto cada unidade vendida de produto, ou serviço, contribui para a empresas pagar os seus custos fixos e gerar lucro. A margem de contribuição é calculada subtraindo os custos variáveis do preço de venda, da seguinte forma:
Margem de contribuição = Preço de venda - Custos variáveis
Os custos variáveis de uma empresa são aqueles que mudam, aumentam ou diminuem, de acordo com a quantidade de produção. Exemplos desses custos são os gastos para comprar insumos, pagar comissão para vendedores etc. Os custos fixos são aqueles que não se alteram significativamente (por isso o nome fixo) com o volume de produção, como o pagamento de aluguéis, energia elétrica etc. (ASSAF NETO, 2012).
Como um exemplo sempre ajuda, vamos colocar essa definição em valores. Imagine uma empresa que produz e vende calças. O preço de venda de cada calça é R$100 e os custos variáveis são R$50 por calça mais R$20.000 de custos fixos. Imagine também que em um mês a empresa vendeu 400 calças.
Para calcular a margem de contribuição, primeiro é preciso obter a receita total, que é dada pela multiplicação do preço unitário do produto e a quantidade vendida:
Receita total = Preço de venda x Quantidade vendida Receita total
Receita total = R$100 x 400
Receita total = R$40.000,00
Agora, com a receita, vamos partir para os custos. A começar pelos variáveis totais, obtidos pela multiplicação do custo variável unitário com a quantidade produzida:
Custos variáveis totais = Custos variáveis por unidade x Quantidade vendida
Custos variáveis totais = 50,00 x 400
Custos variáveis totais = 20.000,00
Agora, sim! Com receita e custo variável, podemos obter a margem de contribuição, a partir da seguinte equação (MATARAZZO, 2010):
Margem de contribuição = Preço de venda unitário – custo variável unitário
Margem de contribuição = 100,00 – 50,00
Margem de contribuição = 50,00
E a total:
Margem de contribuição total = Margem de contribuição x quantidade vendida
Margem de contribuição total = 50 x 400
Margem de contribuição total = 20.000
O que esse valor de R$ 20.000 representa? Ele significa que após tirar todos os custos variáveis que a empresa possui, sobra para ela R$ 20.000,00 para cobrir seus custos fixos e gerar lucro.
Após a margem de contribuição, fica mais fácil entender a margem de lucro líquida, explicada abaixo.
A margem de lucro líquido de uma empresa é um indicador de lucratividade que mede a porcentagem de lucro que uma empresa obtém em relação à sua receita líquida, calculada ao se subtrair todos os custos da empresa, como custos de operação, impostos, juros, da receita total e, em seguida, dividindo esse resultado pelo valor da receita (MATARAZZO, 2010). Como você deve ter percebido, a margem de lucro líquida mostra quanto dinheiro a empresa mantém após deduzir todos os seus custos. A margem de lucro líquida é obtida da seguinte forma:
Margem de lucro líquido = (lucro líquido/receita) x 100
Por exemplo: imagine que uma empresa tenha gerado em um ano uma receita de R$ 800.000,00 e seu lucro líquido (descontando todos os custos), tenha sido de R$ 100.000,00. Para encontrar a margem de lucro líquida basta aplicar a fórmula que descobriremos que o resultado da empresa em termos de lucro líquido foi de:
Margem de lucro líquido = (100.000,00 / 800.000,00) x 100
Margem de lucro líquido = 12,5%
A margem de lucro operacional da empresa, como indica Matarazzo (2010) é uma forma de mensurar (medir) a geração de lucros da empresa a partir das chamadas despesas operacionais, ou seja, as despesas que fazem parte da atividade diária da empresa, mas sem considerar nestes custos o pagamento de impostos, de juros ou depreciação. O importante nesse indicador é que ele vai mostrar qual a capacidade da empresa de gerar lucro considerando suas atividades principais.
Para se calcular a margem de lucro operacional, basta dividir o lucro operacional pela receita e multiplicar por cem, como indicado a seguir:
Margem de lucro operacional = [(lucro líquido - tributos - juros) /receita] x 100
ou simplesmente
Margem de lucro operacional = (lucro operacional /receita) x 100
Vamos pensar novamente em um exemplo? Imagine que a empresa que vimos no exemplo anterior, que teve uma receita de R$ 800.000,00 teve as seguintes despesas operacionais:
Custos dos produtos vendidos: R$ 320.000,00.
Despesas operacionais: R$ 240.000,00.
Despesas com juros: R$ 4.000,00.
Impostos: R$ 8.000,00.
Qual sua margem de lucro operacional? Primeiro, vamos obter o lucro operacional da empresa, que é igual ao lucro líquido menos as despesas operacionais e despesas com juros e impostos:
Lucro operacional = receita – custos dos produtos vendidos – despesas operacionais – despesas com juros - impostos
Lucro operacional = 800.000,00 - 320.000,00 - 240.000,00 - 4.000,00 - 8.000,00
Lucro operacional = 228.000,00
Como o lucro operacional em mãos, podemos aplicar a fórmula da margem de lucro operacional:
Margem de lucro operacional = (228.000 /800.000,00) x 100
Margem de lucro operacional = 28,50%
Note que o lucro líquido é menor que o operacional, visto que o líquido considera todos os custos da empresa, enquanto o operacional apenas custos de operação e despesas no geral. Por meio desse valor podemos dizer que nossa empresa fictícia é capaz de gerar 28 centavos de lucro operacional a cada um real de receita gerada.
A margem EBITDA indica a porcentagem de lucro que a empresa gera, considerando suas receitas, antes de contemplar os custos de juros, impostos, depreciação e amortização, por isso o nome EBITDA, que vem do inglês earnings before interest, taxes, depreciation and amortization, ou do português lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (LAJIDA) (MATARAZZO, 2010).
A margem EBITDA é utilizada para analisar como a empresa tem sido capaz de gerar lucros a partir de suas operações e, é obtida, pela fórmula a seguir:
Margem EBITDA= [(lucro líquido + tributos + juros + depreciação + amortização) /receita] x 100
Vamos continuar com a empresa dos indicadores anteriores, que teve uma receita de R$ 800.000,00. Supondo os seguintes valores:
Custos de produção: R$ 160.000,00.
Despesas operacionais: R$ 80.000,00.
Tributos: R$ 54.000,00.
Juros: R$ 32.000,00.
Depreciação: R$ 24.000,00.
Amortização: R$ 8.000,00 .
Para calcular a margem EBITDA, primeiro vamos obter os lucros antes dos juros, impostos, depreciação e amortização:
EBITDA = Receita Total - Custos de Produção - Despesas Operacionais - Tributos + Juros + Depreciação + Amortização
EBITDA = 800.000,00 – 160.000,00 - 80.000,00 – 54.000,00 + 32.000,00 + 24.000,00 + 8.000,00
EBITDA = 678.000,00
Como o valor do EBITDA, podemos obter a margem EBITDA, para isso, basta aplicarmos a fórmula:
Margem EBITDA= (678.000,00 /800.000,00) x 100
Margem EBITDA = 84,75%
A empresa de nosso exemplo tem uma margem EBTIDA de 84,75%, ou seja, para cada um real de receita que ela gera, ela consegue obter um lucro de 85 centavos de EBITDA.
Com tudo o que foi estudado na presente lição, esperamos que você tenha compreendido o conhecimento dos indicadores de lucratividade, que é fundamental para o sucesso financeiro de uma empresa, visto que é por meio deles que se torna possível identificar as áreas de maior lucro e direcionar os esforços para torná-la mais eficiente, bem como avaliar a rentabilidade geral do negócio.
Um gestor financeiro que não conhece esses indicadores tomará decisões equivocadas, podendo utilizar de forma errada os recursos da empresa, seja por investir em um produto ou serviço com baixa margem de contribuição, sem ao menos saber que isso pode comprometer a lucratividade da empresa como um todo. Ainda, pode ter dificuldades em negociar com fornecedores e clientes, uma vez que não terá informações precisas sobre a margem de lucro de sua empresa.
É importante ressaltar que o conhecimento dos indicadores de lucratividade não é apenas uma responsabilidade do gestor financeiro, mas sim de toda a equipe envolvida na gestão da empresa. Todos devem estar cientes da importância desses indicadores e trabalhar em conjunto para alcançar melhores resultados financeiros e aumentar a competitividade da organização.
Para encerrarmos nossa lição, gostaria de desafiá-lo. Pegue um papel e uma caneta, volte no case desta lição e faça um pequeno texto registrando sua análise sobre o que pode ser interpretado dos valores que foram obtidos para a margem de contribuição de 60% e do lucro líquido de $ 160.000 (agora que você sabe calcular, faça a análise da margem de lucro líquido). Compare os resultados com seus colegas para ver se todos entenderam corretamente a aplicação desses indicadores.
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços: Abordagem Básica e Gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.