Olá, estudante, está preparado(a) para mais uma aula sobre análise de indicadores? Na presente lição, aprenderemos sobre os indicadores que mostrarão o quão rentável é a empresa.
Talvez você esteja pensando, com base no que aprendemos nas últimas duas lições (indicadores de liquidez e de endividamento): as empresas, de fato, fazem tantas análises assim sobre finanças e patrimônio? A resposta para essa pergunta é: as empresas de sucesso, sim!
Por mais que existam diversas formas de analisar e conhecer como está a saúde financeira e patrimonial de uma empresa, infelizmente, muitos empresários ainda não fazem tal análise e os motivos para isso, são diversos, como: falta de conhecimento sobre esses indicadores, falta de interesse em aperfeiçoar sua administração, “falta de tempo”, escassez de recursos para contratar um profissional ou, até mesmo, falta de interesse.
Conhecer essas análises, especialmente as dos indicadores os quais estamos aprendendo, é um fator que pode influenciar e muito o desempenho da empresa, pois faz o empresário ter conhecimento da atual situação dela, o que o permite tomar alguns cuidados quanto a decisões com potencial de comprometer as finanças de forma, muitas vezes, irreversível.
Dessa forma, para que você seja um(a) futuro(a) profissional capaz de avaliar a saúde financeira e patrimonial da empresa, na presente lição, aprenderemos sobre os indicadores de rentabilidade, que, basicamente, mostram a capacidade da empresa de gerar receitas.
Uma pergunta que espero que você responda rapidamente, afinal, temos visto determinada questão ao longo de toda a disciplina e, também, em outras, como Introdução à Economia e Marketing. A pergunta é: qual o principal objetivo de uma empresa?
Se respondeu ter lucros, parabéns, você acertou! No entanto, ainda que o objetivo seja relativamente fácil de compreender, ele é composto por dois pontos: receitas e custos. Se as receitas geradas forem maiores do que os custos, então a empresa conseguirá ter lucro – pelo menos naquele momento — mas se as receitas forem menores do que os lucros, então ela terá prejuízos!
Basicamente, para a empresa ter lucros, ela deve se concentrar em usar, de forma mais eficiente, todos os recursos a seu dispor, para ter o máximo de receita e o mínimo de custo, certo? Na microeconomia, esse é o tema de estudo da chamada teoria da produção ou teoria da firma.
Na vida real, como aprendemos, uma empresa pode avaliar qual tem sido sua estrutura de dívida por meio dos indicadores de endividamento (tema da lição anterior) bem como sua condição de crédito ou de liquidez (que também já aprendemos), mas como avaliar a capacidade da empresa de gerar receitas? Como avaliar se o negócio é rentável ou não? Essa análise, junto com a de liquidez e de endividamento — além da de lucratividade — é ponto quase que sagrado para muitos analistas financeiros, pois esses indicadores complementam-se em termos de diagnóstico da empresa, indicando qual é sua real condição e o que pode e o que não pode ser feito.
Os indicadores de rentabilidade mostrarão ao gestor qual tem sido sua capacidade de gestão em termos do resultado dos ativos da empresa (seus bens e direitos) em relação ao seu passivo (suas obrigações). Será que a empresa tem sido capaz de gerar receitas em uma proporção suficiente para seus custos? O ativo está sendo utilizado de forma eficiente à geração de receitas? É esse o problema que resolveremos, nesta lição.
Assim como nas demais lições que abordamos os indicadores, proporei o seguinte caso de análise de alguns dados contábeis, a fim de verificar se você é capaz de avaliar a situação da empresa em termos de geração de receitas.
Imagine-se como um profissional formado na área da gestão financeira e orçamentária. Um empresário que realizou um grande investimento te procura para saber se a empresa dele tem tido boa rentabilidade. Os dados que esse empresário te passa são:
Ativos totais = R$ 100.000,00
Investimentos iniciais = R$ 10.000,00
Patrimônio líquido = R$ 40.000,00
Lucro líquido = 12.000,00
A partir dessas informações, o que você poderia dizer ao empresário? A empresa é rentável? O investimento feito gerou bons resultados para a empresa ou não? Se sim, qual a percentagem de ganho desse investimento? É recomendado que a empresa continue da forma como está ou é necessário realizar algumas mudanças em suas estratégias e ações?
Se você quer saber como fazer essas contas e responder a essas questões, então venha comigo aprender sobre os indicadores de rentabilidade!
Assim como vimos em lições passadas, a análise da situação financeira e orçamentária da empresa pode ser feita por meio de indicadores, como os de liquidez, endividamento e de rentabilidade (estes você aprenderá aqui).
Para Matarazzo (2010), os indicadores de rentabilidade mostrarão — como o próprio nome diz — o quão rentáveis têm sido os investimentos realizados na empresa. Por que isso é importante? Ora, como sabemos, o objetivo final de um indivíduo, ao abrir uma empresa, é ter lucro e, para ela começar suas atividades, precisa ter dinheiro, este sairá do bolso do(s) proprietário(s), os quais esperam recuperar esse dinheiro com ganhos.
Você pode pensar na empresa como um indivíduo que pegou dinheiro emprestado de outro e que precisa pagar por esse dinheiro. Nesse sentido, é como se os indicadores de rentabilidade mostrassem se vale a pena ou não emprestar, além de também indicar em quanto tempo esse “empréstimo” retornará ao bolso do proprietário.
Dessa forma, medir o desempenho econômico da empresa resulta em verificar o lucro obtido pelas aplicações de recursos. Também, a partir dos indicadores de rentabilidade, é possível identificar o tempo necessário para que o investimento efetuado seja capaz de trazer retorno. Além disso, por meio desses indicadores, é possível analisar a saúde das finanças da empresa, o que permite fazer avaliações futuras.
Como vimos anteriormente nos outros indicadores, há diversas formas bem como perspectivas diferentes para avaliar a rentabilidade de uma empresa, mas deve ficar claro o seguinte: uma coisa é rentabilidade, outra coisa é lucratividade.
Quando falamos de rentabilidade, devemos ter em mente que ela analisa o retorno do investimento realizado, para mostrar se a empresa apresenta um bom retorno sobre esse dinheiro. Já a lucratividade diz respeito ao lucro que foi gerado pela empresa, dada a quantidade de receita gerada por ela. Lembre-se que receita, para uma empresa, é a quantidade que ela vendeu de um produto vezes o preço desse(s) produto(s), enquanto o lucro é a diferença entre o total de receita com o total dos custos.
Se você tem afinidade com a matemática, as duas equações, a seguir, podem te ajudar:
Rentabilidade = lucro / investimento.
Lucratividade = lucro / receita de vendas .
Ao avaliar os indicadores de rentabilidade, a empresa passará a ter maior assertividade, ou seja, a ser mais eficiente na forma como os recursos são administrados, o que permite maior e melhor conhecimento sobre os potenciais que ela apresenta bem como a elaboração de metas e objetivos em curto, médio e longo prazo.
Há, pelo menos, três indicadores de rentabilidade:
Retorno sobre o Capital ou ROE.
Retorno sobre o Investimento ou ROI.
Retorno sobre o Ativo ou ROA.
O Retorno Sobre o Patrimônio Líquido, do inglês Return on Equity, utiliza as informações do lucro e do patrimônio líquido da empresa e, por meio dele, é possível descobrir o quanto a empresa utiliza seu capital próprio para se manter na ativa ou, de outra forma, se os lucros gerados são suficientes para arcar com os seus gastos.
Analistas financeiros utilizam o ROE para mostrar aos investidores qual a capacidade da empresa de gerar valor mediante seus recursos próprios. Lembre-se que a empresa possui duas fontes de obtenção de recursos: capital de terceiros e próprio. Um ROE com um bom valor indica que a empresa é capaz de se financiar utilizando apenas o que nela foi investido, não sendo dependente do capital de terceiros.
A fórmula do ROE é dada por:
ROE = Lucro líquido/Patrimônio líquido
Quanto maior o valor obtido no ROE, melhor é a situação da rentabilidade da empresa. O ROE é positivo ou negativo (visto que o lucro pode ser negativo, ou seja, um prejuízo). Se o ROE for maior do que zero, ou seja, positivo, a empresa é capaz de gerar ativos (bens e direitos), mas se for menor do que zero, negativo, a empresa está em uma situação na qual consome seu caixa para “sobreviver”.
O Retorno Sobre o Investimento, ou Return on Investiment, indica, como o próprio nome já diz, qual foi o retorno financeiro de um investimento, qualquer que seja ele. De uma forma mais simples de entender, é como se ele mostrasse o ganho ou perda da empresa, para cada real que nela é aplicado, razão pela qual o ROI também é chamado de taxa de retorno, taxa de lucro e taxa de retorno, pois indica justamente o retorno gerado, em termos monetários, do dinheiro investido.
A fórmula do ROI é:
ROI = Lucro líquido/Investimento inicial
Alguns textos base também utilizam a seguinte fórmula para representar o ROI:
ROI = (Receitas – Investimento inicial)/Investimento inicial
Assim como o ROE, quanto maior o valor do ROI, melhor para a empresa, mas seu valor pode ser positivo ou negativo. Para o primeiro caso (positivo), a empresa potencialmente ganhou dinheiro, mas, no segundo caso (negativo), potencialmente perdeu. O “potencialmente” é para enfatizar que os indicadores de rentabilidade devem ser avaliados em conjunto, pois o resultado do ROI isolado não é suficiente para dizer se a empresa está tendo ou não bons retornos.
O Retorno sobre Ativos, ou Return on Assets, indica a capacidade de a empresa obter algum retorno dado os ativos que ela possui, não importando sua origem, ou seja, se de capital próprio ou de terceiros.
Por meio de uma perspectiva mais geral, é como se o ROA mostrasse o quão rentável é a empresa em termos de gestão, visto que seus ativos são capazes de trazer retornos superiores às obrigações geradas.
O ROA é calculado como:
ROA = Lucro líquido/Ativos totais
Novamente, quanto maior o valor, melhor para a empresa, indicando que ela é produtiva, ou seja, com seus recursos, ela é capaz de ter lucros.
Se você se atentou, o cálculo do ROE e do ROA são semelhantes, a única diferença é que, no denominador (o valor “embaixo”), no ROE, fica o patrimônio líquido, enquanto no ROA, ficam os ativos totais. Isso porque a análise do ROE indica a geração de lucro a partir dos recursos próprios da empresa, enquanto o ROA indica a capacidade dos ativos da empresa de gerarem lucro.
Um ponto importante a ser destacado é que a apresentação de todos os indicadores anteriores pode ser tanto em valores decimais ou percentuais. Da forma como foi apresentado, o resultado será decimal, por exemplo, 0,85; 1,4; 2,5 (apenas números hipotéticos). Para a representação percentual, basta multiplicar o resultado por 100 e, neste caso, teremos, usando os mesmos valores hipotéticos, 85%; 140% e 250%.
Agora que já conhecemos os principais indicadores de rentabilidade, que tal fazer uma análise aplicada?
Você se lembra de nossa empresa Administradores S.A.? Pelas análises que fizemos dos indicadores de endividamento na lição passada, constatamos que a empresa está em uma situação difícil do ponto de vista de dívidas, certo? Com o intuito de reverter isso, os representantes da empresa conversaram com seus gestores de Marketing e querem investir na venda dos seus produtos.
A equipe de Marketing, ao fazer uma pesquisa, descobre que um investimento de R$ 20.000,00 traria um retorno de cerca de R$ 60.000! Qual seria o ROI esperado desse investimento? Basta aplicar a fórmula:
ROI = (Receitas – Investimento inicial)/Investimento inicial
ROI = (60.000,00 – 20.000,00)/20.000,00
ROI = 2
O ROI esperado é de 2 ou, se pensarmos em percentuais, 200%! Veja que esse cálculo foi estimado pela equipe. Se ocorrer tal investimento e a receita gerada for de, por exemplo, R$ 40.000,00, o ROI do investimento, de fato, foi:
ROI = (40.000,00 – 20.000,00)/20.000,00
ROI = 1
Dessa forma, o ROI será de 1 ou de 100%.
Como seria o cálculo do ROE? Mantendo o exemplo de nossa empresa hipotética, Administradores S.A., no fim do ano passado, ela teve um lucro líquido de R$ 50.000,00 e seu patrimônio líquido ficou em R$ 500.000,00. Qual será o retorno sobre o seu patrimônio líquido? Aplicando a fórmula, teremos:
ROE = Lucro líquido/Patrimônio líquido
ROE = 50.000,00/500.000,00
ROE = 0,1 ou 10%
Supondo que uma empresa, de fato, apresente esses valores, então para cada R$ 1,00 investido, a empresa tem ganho de R$ 0,10, ou para cada R$ 10,00 investido, ela gera R$ 1,00 de lucro.
Veja: se a empresa tiver prejuízo no período, o ROE, assim como o ROI e o ROA, também será negativo!
Por fim, supondo que nossa empresa tenha, no final do exercício social, apresentado um lucro de R$ 5.000,00, enquanto seu ativo total foi de R$ 1.000.000,00 (um milhão). Para calcular o retorno sobre o ativo, aplicamos a fórmula:
ROA = Lucro líquido/Ativos totais
ROA = 5.000/1.000.000,00
ROA = 0,005 ou 0,5%
Nesse caso, a empresa Administradores S.A. tem um retorno sobre o seu capital de 0,5% que, mesmo não sendo um valor negativo, mostra que a empresa possui alguns problemas de gestão de ativos, pois essa gestão está resultando um retorno baixo, em termos de seus ativos.
Com isso, fechamos o conteúdo relacionado aos indicadores de rendimento e, na próxima lição, aprenderemos sobre os indicadores de lucratividade que, mesmo sendo muito parecidos com os indicadores vistos nesta lição, têm algumas características específicas, por exemplo, considerar a tributação.
Agora que você aprendeu o que são os indicadores de rentabilidade, aliado ao seu conhecimento sobre os indicadores de liquidez, endividamento e, também, as análises vertical e horizontal, você já possui um bom conjunto de ferramentas de análise financeira e patrimonial!
A questão a qual gostaríamos que ficasse clara é: nem todo administrador trabalha diretamente com a parte das finanças da empresa, apenas os profissionais que, de fato, tiveram tanto a formação quanto a especialização nessa área (mesmo com algumas exceções a essa regra).
Uma coisa é o indivíduo saber encontrar o valor do lucro, definir preço de venda, outra é ele ser capaz de fazer uma análise completa sobre a condição de endividamento, de liquidez e de rentabilidade (lembre-se: em nossa próxima lição, aprenderemos sobre os indicadores de lucratividade).
Dessa forma, por meio desta disciplina, você está sendo exposto(a) ao conhecimento o qual apenas analistas financeiros empresariais têm, o que lhe dará vantagem caso, no futuro, deseje atuar como um profissional nessa área.
Para ter certeza de que você aprendeu o conteúdo, te proporei, novamente, um desafio. Suponha que o mesmo empresário lá da seção Case gostou de seu trabalho e pede uma nova avaliação acerca da empresa dele, após outra campanha de Marketing. Os valores apresentados foram:
Ativos totais = R$ 150.000,00
Investimentos iniciais = R$ 20.000,00
Patrimônio líquido = R$ 40.000,00
Lucro líquido = 30.000,00
Você pode notar, inicialmente, que houve alterações nas contas da empresa, certo? Seu trabalho é apresentar os indicadores de rentabilidade aprendidos nesta lição. Além disso, escreva um relatório para o empresário sobre a condição da empresa do ponto de vista da rentabilidade. Compare os resultados e o conteúdo do relatório com seus colegas. Bons estudos.
MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços: Abordagem Básica e Gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.